Vaca Mimosa ganha IgNobel

cow1.jpgEste é o RNAm, seu radar do IgNobel

Afinal nós já havíamos comentado antes sobre o trabalho que ganhou o IgNobel este ano, que constatou que vacas que recebem um nome dão mais leite. Para ler o post original, clique aqui.

Lá você vai encontrar divagações sobre porque exatamente dar um nome ao bicho faz ele produzir mais leite, e comentários abalizados como este: “Sendo assim um fazendeiro que tenha 5.000 cabeças de gado vai gastar uma graninha fazendo crachás pra fazer as vacas se sentirem melhor.”

Se bem que, na área de “bovinologia” eu acho que o trabalho das vacas magnéticas merecia mais o premio IgNobel. Ele é fantástico!

Com, isso iniciamos uma série de posts sobre o IgNobel deste ano. Nada muito rebuscado, só vamos tentar extrair o máximo de piadas e também algo de útil deste lado bravatesco da ciência.

Algo de útil sim. Porque o objetivo desse prêmio não é denegrir e mandar as pesquisas para o brejo, mas sim provocar pesquisadores e publico. E funciona!

Bom, o post da vaca estava pronto. Bom pra mim, porque sobra espaço pra mandar um salve pro pessoal da fazenda Santa Xurupita:

Mandá um salve pá Mimosa da Xurupita

Mandá um salve pá Estrela da Xurupita

Mandá um salve pá, …pá, …pá…

Mandá um salve pá Morena da Xurupita

Mandá um salve pu Zebu da Xurupita

Aliás, falando em Zebu, será que boi com nome também dá mais leite?

Bom… talvez seja melhor deixar essa dúvida pra lá, seria um experimento muito bizarro mesmo para um IgNobel.

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Zumbis? Atire primeiro, pergunte depois!

Os zumbis são figuras cativas na cultura pop, sendo normalmente retratados como mortos-vivos trazidos de volta à “vida” por ação de algum surto infeccioso, uma epidemia, maldições, ou só porque o Inferno lotou e merecemos todos morrer mesmo (esse último é uma crença da Idade Média, auto-explicativo, certo?)…
zombies13.jpg

Shiny Happy Zombies holding hands


Pensando nisso, um grupo de estudantes MUITO ocupados realizou um estudo de modelagem matemática de um ataque zumbi hipotético – calma, não precisa comprar a shotgun ainda – utilizando suposições biológicas baseadas nos populares filmes de zumbis. Esse estudo está publicado como um dos capítulos de um livro que trata de doenças infecciosas chamado Infectious Disease Modelling Research Progress.
Peraí, Zumbis? Como assim, Bial?
Isso mesmo, zumbis… quem falou que cientista não tem senso de humor? Temos aqui um exemplo clássico da combinação álcool, stress de entrega de tese e Ócio Criativo (se algum dos autores quiser me processar por dizer isso, digam que é só me procurar no boteco do seu Zé, na esquina do laboratório).
zombie1.jpgVoltando ao assunto, é melhor definirmos o tipo de zumbi estamos tratando aqui. De acordo com o ÓTIMO livro Guia de Sobrevivência a Zumbis, escrito por Max Brooks (redator do Saturday Night Live e filho de Mel Brooks), e com a cultura criada pelos filmes feitos pelo cineasta George A. Romero, zumbi são corpos reanimados que se alimentam de carne humana fresca. Até aqui todo mundo sabe, afinal, ninguém esquece da pérola “mioooooooooooooloooos!!!!!”, certo?
O que talvez pouca gente saiba é que as histórias de zumbis se originaram do Vodou, uma crença Afro-caribenha (a pronúncia é vudu), e descrevem pessoas controladas por feiticeiros poderosos, como vocês podem ler nesse ótimo texto feito por Kentaro Mori, no site Ceticismo Aberto. Depois, vieram os filmes de Romero, onde os zumbis são verdadeiros idiotas (chega a dar impressão que eles querem comer “miooolos” prá ver se ficam mais espertinhos), apesar de não serem “marionetes”.
Já os filmes atuais deram uma guinada nos nossos conceitos… A última novidade em filmes como Extermínio (28 Days Later) e o remake de Madrugada dos Mortos (Dawn of the Dead), foram os zumbis atléticos. De uma hora prá outra os zumbis antes letárgicos e até um pouco patéticos (como parodiado no ótimo Todo Mundo Quase Morto, ou Shaun of the Dead), viraram máquinas de correr, pular e morder, mais prá cachorro de pitboy do que pros zumbis retardados que tínhamos como referência popular.
O “modelo” de zumbi escolhido pelos canadenses foi o clássico assim até eu mato zumbi, com zumbis lentos imbecis, que te ganham no cansaço ou por maior número, e, claro, desespero e burrice da sua parte (características inerentes a todos os personagens desses filmes, tirando o mocinho ou mocinha).
i-dont-hate-zombies-200x200.gifAinda assim, de acordo com os cenários estudados no modelo, é possível repelir com sucesso um ataque desses monstros comedores de cérebros. A chave é “atacar com força, e de modo intenso.” (uau, parece o George Lucas dirigindo seus atores quando filmava Star Wars“Faster, and more intense!”).
Nas palavras dos autores à Revista Wired: “Um surto de zumbis é potencialmente desastroso, a menos que sejam empregadas táticas extremamente agressivas contra esses mortos-vivos. É imperativo que os zumbis sejam confrontados rapidamente, ou poderemos nos ver numa situação realmente complicada.”
E, realmente, eles se dedicaram bastante aos cálculos: “O modelo leva em conta a possibilidade de quarentena (que pode, apesar de pouco provável, levar à erradicação desses zumbis) e tratamento (alguns humanos sobrevivem, mas ainda podem coexistir com os zumbis), mas conclui que há uma única estratégia com probabilidade razoável de sucesso: a erradicação impulsiva.”
Traduzam “erradicação impulsiva” como chumbo neles. Dá praticamente na mesma.
Dica: acrescente A Cavalgada das Valquírias de Wagner ao se imaginar com um fuzil ou lança-granadas nas mãos, sentando o dedo nas hordas de zumbis estúpidos que não conseguem desviar de uma pedra no chão, que dirá de uma bala (ou míssil, ié iééé!).
“Somente ataques em número e freqüência suficientes, com força crescente, resultarão na erradicação, considerando-se que os recursos necessários para esses ataques possam ser mobilizados no tempo correto.”
E o que acontece se ficarmos com cara de tontos e demorarmos a pegar rifles e espingardas, partindo pro pau?
“Se o tempo do surto aumentar, entramos no cenário apocalíptico: o número crescente de zumbis resultará no colapso da civilização, com cada humano infectado, ou morto. Isso acontecerá pelo suprimento ilimitado que as mortes e nascimentos humanos serão para os zumbis infectarem, ressuscitarem, e converterem humanos restantes.”

Óquei, entendi… Tem que ser bala direto, no esquema “atire primeiro, pergunte depois”… Mas quanto tempo teríamos para lidar com o surto de zumbis, com chances de sucesso?
Vejam na fórmula abaixo, que é a equação inicial que define o modelo discutido aqui:
ModeloZumbi.JPG
S são os indivíduos susceptíveis à infecção
Z são os zumbis (dãh)
R são os indivíduos removidos, mortos por zumbis ou outras causas
Seta vermelha: esse parâmetro indica que os indivíduos em S podem morrer de causas naturais, ou, nesse caso, “não-zumbis”
Seta azul: indica que alguns indivíduos mortos podem “retornar” como zumbis
Seta preta: indica que indivíduos S podem ser infectados por zumbis, entrando no grupo Z
Seta verde: zumbis que foram “mortos” e não podem retornar pelo parâmetro indicado na seta azul, pois tiveram suas cabeças arrancadas e/ou cérebros destruídos (use a imaginação para pensar mil e uma maneiras de COMO se pode fazer isso)
De acordo com as variáveis do modelo, se o surto de infecção começar numa cidade de 500 mil habitantes e nada for feito, os zumbis (Z) sobrepujarão o grupo S (indivíduos saudáveis) em rápidos 3 dias!
Em compensação, se usarmos a tática “pé na porta, tapa na cara” (ou, nesse caso, tirambaço de calibre 12), em 10 dias é possível se exterminar 100% dos zumbis, comparem os gráficos que mostram a invasão sem qualquer ação por parte dos humanos (à esquerda) e o combate pesado aos zumbis (à direita):
grafs.JPG
Bom saber que, com a força de vontade e as armas certas, já definimos cientificamente que podemos dar conta de uma invasão de zumbis à lá Resident Evil (tinha gente achando que eu nem ia mencionar né? Rá!)
E a gente aqui, morrendo de medo da Gripe Suína… Minha sugestão é: guardem o dinheiro do Tamiflu para comprarem balas… tipo, muitas balas. E, claro, decorem o Protocolo Bluehand (abaixo)!
protocolobluehand.JPG

Nunca, NUNCA esqueçam isso!


Ou, melhor ainda: acessem o ZombieTools, um site excelente que vai te ajudar a montar um arsenal específico para acabar com esse zumbis malditos!
ps: apesar de parecer, não ganhei nada prá linkar esse monte de gente… mas aceito “presentinhos”, se quiserem podem mandar uma camiseta, livro, ou quem sabe esta belezinha abaixo!
urban-bone-machete-mark-3-2.jpg

Ahh, nada como arrancar cabeças de zumbis pela manhã…


Quem quiser ver todos os cálculos feitos, deixo aqui a citação do trabalho: “When Zombies Attack!: Mathematical Modelling of an Outbreak of Zombie Infection” by Philip Munz, Ioan Hudea, Joe Imad and Robert J, Smith?. In “Infectious Disease Modelling Research Progress,” eds. J.M. Tchuenche and C. Chiyaka, Nova Science Publishers, Inc. pp. 133-150, 2009.
Agradecimentos a Emílio Garcia, que me enviou o artigo para que eu escrevesse o post. Ele sempre manda coisa boa, sigam-no em seu twitter @Piscolisco. Lembrando aos interessados que o meu twitter é o @Gabriel_RNAm
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Imagens: Podcasting News; Supersônica; ZombieTools

Apresentação padrão de powerpoint

Substitua o “chicken” por trechos da sua tese e está pronto para um congresso científico!

Não seria engraçado se todas as apresentações, científicas ou não, não fossem todas iguais! Quem já foi a um congresso sabe.
Está na hora de mudar, não acham? Inovar de algum jeito.
Mas como?
Envie sugestões ou exemplos nos comentários.
Via @cardoso

Salvem o sexo comprando calças!

bonobo.JPG

Acima: Banner da loja no Scienceblogs gringo.O dono deve ser biólogo, certeza

Quando recebi esta propaganda por um amigo que a viu na revista WIRED, pensei que os donos da marca não sabiam do que estavam falando. Mesmo depois vendo na página do Scienceblogs em inglês duvidei da proposta.
Mas o pior é que sabem. A loja de calças se chama “Bonobo”.
Para biólogos e interessados este nome remete aos nossos parentes mais próximos. Bonobos são primatas parecidos com chimpanzés, mas não são chimpanzés. Eles são famosos não só pela proximidade com o Homo sapiens mas pela sua interessante vida social e sexual. Aliás uma é totalemtne dependente da outra na sociedade bonobo (e porque não dizer também na nossa?). Nossos primos-irmãos fazem sexo o tempo todo, e com todos. É como o famoso ato de catar piolho, só que com as genitais. E isso é corriqueiro, como um aperto de mãos. E não tem tabu não. É macho com fêmea, fêmea com fêmea, macho com macho, adultos e filhotes. Vale tudo.
Entendeu porque tantas piadinhas entre biólogos sobre os bonobos? Inveja da sua atitude tranquila e natural quanto ao sexo.
Já escrevi sobre bonobos aqui e o Discutindo Ecologia aqui
bermuda banana.JPGEntrando na página da loja Bonobo, que é especializada em calças (?) percebemos um banner explicando que o nome vem de um macaco e que na compra de uma bermuda com estampa de bananas, de gosto muito duvidoso e que custa 78 DÓLARES(!!!), 5 dólares são doados a um orfanato de bonobos, o Lola Ya Bonobo. Afinal bonobos estão ameaçados de extinção.
Recomendo que doem diretamente uma quantia maior que comprar esta coisa horrorosa, mas o título do banner da loja que é engraçado: “Salvem o sexo, salvem os bonobos. Comprem e salvem este primata promíscuo.”
Agora, se a campanha veio do nome ou se o nome já era parte da campanha de doação para os bonobos eu já não sei.
Tem também um vídeo com a evolução da calça e um blog falando sobre a campanha.
Mas fica a idéia. Quando for abrir sua próxima empresa, adote uma causa logo de cara. Mas talvez com menos apelação e preços mais módicos.

Vídeo infame: A física do PETREFIOLISMO(???).

Essa nem o pessoal da física aqui do ScienceBlogs vai saber. Na parte de imunologia eu boiei.
Fantástico.

Isso é pra quem só tem visto vídeos de americanos falando absurdos (que também são ótimos, não fossem trágicos).
Pena que não tem nem como traduzir pro inglês uma coisa dessas. E mostrar para os brothers em que pé anda o conhecimento do povo no Brasil.
Mas a pergunta que fica é: o que impede a pessoa de falar “Não sei”?
Valeu a dica, Gus