Os zumbis são figuras cativas na cultura pop, sendo normalmente retratados como mortos-vivos trazidos de volta à “vida” por ação de algum surto infeccioso, uma epidemia, maldições, ou só porque o Inferno lotou e merecemos todos morrer mesmo (esse último é uma crença da Idade Média, auto-explicativo, certo?)…
Shiny Happy Zombies holding hands
Pensando nisso, um grupo de estudantes MUITO ocupados realizou um estudo de modelagem matemática de um ataque zumbi hipotético – calma, não precisa comprar a shotgun ainda – utilizando suposições biológicas baseadas nos populares filmes de zumbis. Esse estudo está publicado como um dos capítulos de um livro que trata de doenças infecciosas chamado Infectious Disease Modelling Research Progress.
Peraí, Zumbis? Como assim, Bial?
Isso mesmo, zumbis… quem falou que cientista não tem senso de humor? Temos aqui um exemplo clássico da combinação álcool, stress de entrega de tese e Ócio Criativo (se algum dos autores quiser me processar por dizer isso, digam que é só me procurar no boteco do seu Zé, na esquina do laboratório).
Voltando ao assunto, é melhor definirmos o tipo de zumbi estamos tratando aqui. De acordo com o ÓTIMO livro Guia de Sobrevivência a Zumbis, escrito por Max Brooks (redator do Saturday Night Live e filho de Mel Brooks), e com a cultura criada pelos filmes feitos pelo cineasta George A. Romero, zumbi são corpos reanimados que se alimentam de carne humana fresca. Até aqui todo mundo sabe, afinal, ninguém esquece da pérola “mioooooooooooooloooos!!!!!”, certo?
O que talvez pouca gente saiba é que as histórias de zumbis se originaram do Vodou, uma crença Afro-caribenha (a pronúncia é vudu), e descrevem pessoas controladas por feiticeiros poderosos, como vocês podem ler nesse ótimo texto feito por Kentaro Mori, no site Ceticismo Aberto. Depois, vieram os filmes de Romero, onde os zumbis são verdadeiros idiotas (chega a dar impressão que eles querem comer “miooolos” prá ver se ficam mais espertinhos), apesar de não serem “marionetes”.
Já os filmes atuais deram uma guinada nos nossos conceitos… A última novidade em filmes como Extermínio (28 Days Later) e o remake de Madrugada dos Mortos (Dawn of the Dead), foram os zumbis atléticos. De uma hora prá outra os zumbis antes letárgicos e até um pouco patéticos (como parodiado no ótimo Todo Mundo Quase Morto, ou Shaun of the Dead), viraram máquinas de correr, pular e morder, mais prá cachorro de pitboy do que pros zumbis retardados que tínhamos como referência popular.
O “modelo” de zumbi escolhido pelos canadenses foi o clássico assim até eu mato zumbi, com zumbis lentos imbecis, que te ganham no cansaço ou por maior número, e, claro, desespero e burrice da sua parte (características inerentes a todos os personagens desses filmes, tirando o mocinho ou mocinha).
Ainda assim, de acordo com os cenários estudados no modelo, é possível repelir com sucesso um ataque desses monstros comedores de cérebros. A chave é “atacar com força, e de modo intenso.” (uau, parece o George Lucas dirigindo seus atores quando filmava Star Wars… “Faster, and more intense!”).
Nas palavras dos autores à Revista Wired: “Um surto de zumbis é potencialmente desastroso, a menos que sejam empregadas táticas extremamente agressivas contra esses mortos-vivos. É imperativo que os zumbis sejam confrontados rapidamente, ou poderemos nos ver numa situação realmente complicada.”
E, realmente, eles se dedicaram bastante aos cálculos: “O modelo leva em conta a possibilidade de quarentena (que pode, apesar de pouco provável, levar à erradicação desses zumbis) e tratamento (alguns humanos sobrevivem, mas ainda podem coexistir com os zumbis), mas conclui que há uma única estratégia com probabilidade razoável de sucesso: a erradicação impulsiva.”
Traduzam “erradicação impulsiva” como chumbo neles. Dá praticamente na mesma.
Dica: acrescente A Cavalgada das Valquírias de Wagner ao se imaginar com um fuzil ou lança-granadas nas mãos, sentando o dedo nas hordas de zumbis estúpidos que não conseguem desviar de uma pedra no chão, que dirá de uma bala (ou míssil, ié iééé!).
“Somente ataques em número e freqüência suficientes, com força crescente, resultarão na erradicação, considerando-se que os recursos necessários para esses ataques possam ser mobilizados no tempo correto.”
E o que acontece se ficarmos com cara de tontos e demorarmos a pegar rifles e espingardas, partindo pro pau?
“Se o tempo do surto aumentar, entramos no cenário apocalíptico: o número crescente de zumbis resultará no colapso da civilização, com cada humano infectado, ou morto. Isso acontecerá pelo suprimento ilimitado que as mortes e nascimentos humanos serão para os zumbis infectarem, ressuscitarem, e converterem humanos restantes.”
Óquei, entendi… Tem que ser bala direto, no esquema “atire primeiro, pergunte depois”… Mas quanto tempo teríamos para lidar com o surto de zumbis, com chances de sucesso?
Vejam na fórmula abaixo, que é a equação inicial que define o modelo discutido aqui:
• S são os indivíduos susceptíveis à infecção
• Z são os zumbis (dãh)
• R são os indivíduos removidos, mortos por zumbis ou outras causas
• Seta vermelha: esse parâmetro indica que os indivíduos em S podem morrer de causas naturais, ou, nesse caso, “não-zumbis”
• Seta azul: indica que alguns indivíduos mortos podem “retornar” como zumbis
• Seta preta: indica que indivíduos S podem ser infectados por zumbis, entrando no grupo Z
• Seta verde: zumbis que foram “mortos” e não podem retornar pelo parâmetro indicado na seta azul, pois tiveram suas cabeças arrancadas e/ou cérebros destruídos (use a imaginação para pensar mil e uma maneiras de COMO se pode fazer isso)
De acordo com as variáveis do modelo, se o surto de infecção começar numa cidade de 500 mil habitantes e nada for feito, os zumbis (Z) sobrepujarão o grupo S (indivíduos saudáveis) em rápidos 3 dias!
Em compensação, se usarmos a tática “pé na porta, tapa na cara” (ou, nesse caso, tirambaço de calibre 12), em 10 dias é possível se exterminar 100% dos zumbis, comparem os gráficos que mostram a invasão sem qualquer ação por parte dos humanos (à esquerda) e o combate pesado aos zumbis (à direita):
Bom saber que, com a força de vontade e as armas certas, já definimos cientificamente que podemos dar conta de uma invasão de zumbis à lá Resident Evil (tinha gente achando que eu nem ia mencionar né? Rá!)
E a gente aqui, morrendo de medo da Gripe Suína… Minha sugestão é: guardem o dinheiro do Tamiflu para comprarem balas… tipo, muitas balas. E, claro, decorem o Protocolo Bluehand (abaixo)!
Nunca, NUNCA esqueçam isso!
Ou, melhor ainda: acessem o ZombieTools, um site excelente que vai te ajudar a montar um arsenal específico para acabar com esse zumbis malditos!
ps: apesar de parecer, não ganhei nada prá linkar esse monte de gente… mas aceito “presentinhos”, se quiserem podem mandar uma camiseta, livro, ou quem sabe esta belezinha abaixo!
Ahh, nada como arrancar cabeças de zumbis pela manhã…
Quem quiser ver todos os cálculos feitos, deixo aqui a citação do trabalho: “When Zombies Attack!: Mathematical Modelling of an Outbreak of Zombie Infection” by Philip Munz, Ioan Hudea, Joe Imad and Robert J, Smith?. In “Infectious Disease Modelling Research Progress,” eds. J.M. Tchuenche and C. Chiyaka, Nova Science Publishers, Inc. pp. 133-150, 2009.
Agradecimentos a Emílio Garcia, que me enviou o artigo para que eu escrevesse o post. Ele sempre manda coisa boa, sigam-no em seu twitter @Piscolisco. Lembrando aos interessados que o meu twitter é o @Gabriel_RNAm
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Imagens: Podcasting News; Supersônica; ZombieTools