Sacolas plásticas são a solução, pra quem?

Lendo os resultados do estudo que fez uma análise de ecoeficiência (eita palavrinha que não quer dizer nada) das sacolas plásticas me fez pensar…

5613401773_4076ac8ea7.jpg

Acondicionar lixo em sacolas plásticas é uma boa solução?

Pesquisa patrocinada pela Braskem, qual resultado você esperava? E outra, as pessoas só pegam sacolas plásticas quando vão ao supermercado? Hoje em dia te dão sacolas plástica na padaria, na banca de jornal, na papelaria, no delivery de comida, na loja de roupa, na casa de sucos, na barraquinha do camelô para qualquer quantidade e tamanho de mercadoria e ai? Esses e tantos outros casos não foram contabilizados… Não conta? O dia que uma pesquisa contemplar tudo isso eu passo a acreditar. 

Outro dado, quem disse que acondicionar lixo em sacolas plásticas é a melhor solução? Ok, eu sei que no momento é o que a maioria das pessoas podem, mas as pessoas deveriam saber que não é a melhor opção que existe, desperdiçar uma área gigante para acondicionar lixo e inutilizá-la para sempre não me parece solução muito inteligente… Então, a partir desse estudo a gente pode concluir que se você usar as suas sacolas plásticas para colocar o lixo todos os problemas estão resolvidos e não tem importância nenhuma usar sacolas plásticas, ok? O problema do lixo inexiste, certo?

Ah, se a vida fosse simples que nem esse estudo eu tava feliz… Mania cretina que as pessoas adquiriram ao achar que uma vez que você coloca alguma coisa no lixo o problema acaba…

Ultimamente a maioria dos supermercados (pelo menos os que frequento) andam disponibilizando caixas de papelão para as pessoas colocarem suas compras, o que eu acho muito mais prático de carregar do que sacolas plásticas. Acho formidável pois uso-as para colocar meu lixo reciclável, ou seja, não uso nenhum tipo de sacola. A quantidade de lixo molhado em casa é mínima e as sacolas que inevitavelmente aparecem em minha vida (como por exemplo a do delivery) são para o lixo molhado… É possível viver com o mínimo de sacolas plásticas é só querer, se esforçar e ficar atento. Nada muda se você não muda de comportamento e parece que o que mais pregam por aí é que você pode mudar sem mudar nada… Difícil, viu?

Imagem: http://www.flickr.com/photos/labcon/5613401773/sizes/m/in/photostream/

O seu jeans é sustentável?

Como eu já disse ser sustentável não é fácil… Descobri por ai que a Casa Versace comprometeu-se a não utilizar mais a areação em seus jeans. Areação pra quem não sabe é um processo de tratamento do jeans que consiste em esfregá-lo na areia. E por que a Casa Versace fez isso? Porque esse método de tratamento tem causado problemas para os trabalhadores que o fazem, essa técnica nada mais é do que o jateamento de areia sob alta pressão no tecido para que ele tenha um aspecto gasto. E isso tem se mostrado bastante insalubre pois durante o jateamento a poeira causada pode provocar nas pessoas uma doença nos pulmões chamada silicose, a mesma causada nas pessoas que trabalhavam na mineração de asbesto.

jeans-ecologicamente-correto
A Casa Versace e algumas outras marcas resolveram fazer isso por pressão de uma aliança de organizações  de 15 países europeus chamada Clean Clothing Campaing. Algumas marcas como C&A, Benetton, Gucci, Levi’s entre outras, publicamente já declararam que não utilizam mais esse método em seus jeans, achei formidável! Você pode até assinar o manifesto contra do jeans “assassino” no site deles e ainda ver a lista das marcas que já se declararam contra o uso dessa técnica.
Mas e quando eu não uso jeans de nenhuma dessas marcas, como faz? É só não comprar nenhum jeans que usou a areação… Ok, eu não entendo de moda, será que qualquer jeans com cara de gasto que eu ver usou esse método? E aqui no Brasil será que isso é feito? Ou todo jeans desgastado é importado? Nesse manifesto eles se referem principalmente à Turquia, México e Cambodia. Só lá que fazem isso de forma a prejudicar a saúde de seus trabalhadores?
Alguém que entende de moda e indústria textil saberia me informar?

É, ser sustentável não é só separar seu lixo, andar de bicicleta e comprar produtos orgânicos…

Enquanto isso lá fora…

Adoro quando tenho tempo para colocar meus feeds em dia e eis que encontro no The Greenwashing Blog uma questão sobre garrafas de plástico feitas de matéria-prima vegetal. Olha, e não é que eu falei disso em março no post A embalagem, o lixo e o ciclo de vida?

dasani-greenwash-plant-bottlegreen_bottle

 

Esse blog cita mais 2 outros blogs (um deles com um post de 2009!) perguntando se essa é mesmo uma solução para o problema (seja ele qual for, reciclagem, lixo, água engarrafada, fonte de matéria-prima) ou se não passa apenas de greenwashing da marca dona da água que propagandeia a garrafa com 30% de plástico de origem vegetal (veja que aqui no Brasil nós conseguimos evoluir, nossas garrafas são 100% de origem vegetal!).

Eu já dei a minha opinião a respeito e parece que mais gente pelo mundo também anda questionando as empresas sobre o assunto. E ai, usar matéria-prima renovável é um pequeno passo para uma nova direção ou apenas maquiagem verde?

A dúvida

sacrificio

Foto: cortesia Andrea Corsi

Esses dias estou a pensar se as poucas coisas que eu acho que faço a favor do meio-ambiente, como consumir menos, por exemplo, realmente faz alguma diferença. De verdade a única diferença que eu tenho sentido é a minha insatisfação e sensação de impotência.

Por exemplo, eu não troco meu telefone celular faz 3 anos, ao longo de 7 anos, tive três aparelhos, 1 está engavetado, meio capenga, mas ainda funcionando, o outro em uso com meu irmão e o atual comigo. Pois bem, até penso em trocar de aparelho, mas eu fico com peso na consciência pois estou substituindo um item que ainda está em funcionamento, e me pergunto se realmente é necessário. Só que ao me redor parece que eu sou a única pessoa que pensa alguma vez antes de trocar seu aparelho celular… As pessoas simplesmente trocam seus aparelhos, por que apareceu um modelo novo mais legal, por que a bateria acabou, por que o atual aparelho tá velho ou por que deu vontade…

Outra coisa, comida… Só eu me privo de comer salmão, cação, frango, aquele sorvete Melona, o Häagen-Dazs e outras tantas coisinhas porque considero a pegada de carbono, ou a biodiversidade, ou o mínimo de respeito aos animais, nao vejo ninguém por ai dizendo que não come camarão por princípios, aliás a única coisa que eu já ouvi alguém dizendo é que não come é foie gras, que convenhamos, não acho que faça parte do prato cotidiano de muitos brasileiros.

Me pergunto: toda essa chatice minha serve pra quê? Para fazer parte do clube das pessoas que se sacrificam em prol de um mundo melhor e não ganham nada com isso? De verdade eu não vou dormir mais feliz por causa disso, nem me sinto uma pessoa que faz alguma diferença no mundo. É, talvez tudo isso seja uma grande bobagem mesmo e eu tô me sacrificando à toa.

África

Já falei sobre a África algumas vezes, já foi feita até uma blogagem coletiva sobre o continente e volto hoje mais uma vez para falar dele aqui.

A jornalista Eliza Capai fez uma viagem para a África que eu sempre quis fazer, ou algo bem parecido, e além de conhecer as mais variadas facetas do continente ela ainda filmou tudo e entrevistou várias mulheres. Agora ela quer fazer um filme, um documentário chamado Africanas e para torná-lo realidade ela precisa fazer um primeiro corte e para isso ela escolheu fazê-lo com a ajuda de várias pessoas, por meio de um financiamento coletivo, o crowdfunding.

O financiamento coletivo nada mais é do que um grupo de pessoas que se identificam com um determinado projeto e financiam-o. O legal é que essas pessoas não precisam se conhecer, não precisam investir uma grana absurda e não necessariamente conhecem a pessoa que vai desenvolver o projeto. Existem vários sites de crowdfunding por ai, são verdadeiras vitrines de projetos legais esperando o incentivo financeiro de pessoas comuns para poderem ser levados a frente.

Lendo o Brainstorm 9 fiquei sabendo desse projeto e depois de ver o video que está abaixo me identifiquei na hora com o tema e simpatizei muito com a Eliza, fiquei super curiosa de ver e ouvir os relatos das africanas e sem pensar muito resolvi colaborar, fazendo a minha doação e divulgando aqui e para vários amigos com seus pés na África…

Africanas from movere.me on Vimeo.

 

Sabe aqueles R$15,00 que você paga para ver aquele filme hollywoodiano ruim? Ou naquele creme de marca mais caro? Ou então ainda naquele taxi desnecessário que você pegou só porque você tava com uma puta preguiça de andar? Que tal fazer um pouco diferente e ajudar a fazer um projeto acontecer?

Eu nem sei ainda se o projeto Africanas vai rolar, pois a Eliza só vai receber o dinheiro se o valor que ela pede for atingindo, mas fico muito contente de saber que pude ajudar de alguma forma um projeto tão bacana.

Ainda sobre lixo

Na visita à ONG Doe seu Lixo uma das maiores dificuldades encontradas pelas coperativas e onde é o gargalo deles é a coleta do material. Fazer o material chegar no local de triagem é a maior dificuldade, devido à logística, não é barato ter caminhões para coleta e quando ela é feita no braço (o que eu acredito ser a realidade da maioria das cidades brasileiras) esse serviço está sujeito às intempéries e todas as dificuldades que um serviço feito por uma pessoa casa à casa pode ter.

Mas vocês sabiam que ter o lixo coletado na porta de casa é um luxo que muitos países ricos não tem?

Pois é, se você tem coleta de lixo na porta da sua casa considere-se um privilegiado, se for coleta de material reciclável então, saiba que isso não acontece nem em países como a Suíça.

E como é feito, então? As pessoas tem que levar seu lixo até o local designado para tal.

DSC05319

Levando o lixo separado para local.

DSC05320DSC05321DSC05322

Local onde todos os moradores levam seu lixo, na Suíça.

As fotos são em uma pequena cidade da Suíça, mas esse sistema de “coleta” de lixo acontece em vários países da Europa, é você quem leva seu lixo. Em algumas cidades é montado até um depósito para que você possa levar móveis usados que não quer mais e deixá-los lá para quem estiver precisando.

Perguntei para o Júlio César Santos, o coordenador nacional da ONG, se eles tinham alguma experiência de entrega voluntária do material, ele respondeu que não pois a dificuldade deles era manter esse material guardado e seguro para evitar roubos de catadores individuais. Realmente manter aqui no Brasil um local como esse ai das fotos não deve ser fácil, reparem na limpeza do local, reparem que o local não tem nenhuma “cara”de lixão, agora veja essa foto que eu achei aleatoriamente na internet, essa aqui no Brasil.

reciclagem

Local de armazenamento de materias recicláveis, no Brasil.

Percebe a diferença? O brasileiro precisa mudar a sua percepção do lixo, provavelmente o fato de você ter que levar seu material até algum outo local e ter de armazená-lo em casa por algum tempo faz com que a sua relação com o lixo e todo o material acumulado seja diferente. O que faz uma embalagem de iogurte ser considerada lixo ou uma embalagem que pode ser usada como copo? A sujeira! Pense, você teria na sua mesa durante dias um copo de iogurte vazio e limpo, mas ele não duraria nem uma hora em cima da sua mesa se estiver sujo (desde é claro que você não seja uma pessoa porca e desleixada), percebe a relação?

Sem dúvida tudo isso  muda por conta da educação e do conhecimento. A limpeza e a organização dos materiais e do local reflete diretamente na relação das pessoas com o lixo, a educação e conhecimento faz toda a diferença, desde de quem produz o lixo em casa, na hora de separá-los, até quem vai recebê-los e como irá armazenar. Sem dúvida nenhuma existirá uma preocupação em levar os materiais mais organizados e limpos num local que é minimamente agradável de se ir do que se a única obrigação é deixá-lo na porta para alguém pegá-lo.

A reciclagem começa  em casa, no seu consumo e descarte, só por que você pode largar o problema para trás não quer dizer que ele não será mais seu.

A realidade da reciclagem no Brasil

Na terça passada, a convite da Coca-cola, conheci a ONG Doe Seu Lixo no Rio de Janeiro que junto com o Instituto Coca-cola ajuda coperativas de reciclagem do Brasil inteiro a se profissionalizarem. É sensacional o trabalho que eles fazem, dignificando a profissão de catador de materiais recicláveis, oferecendo cursos e profissionalização para as coperativas e gerando renda.

_MG_7690

 

Qualquer pessoa que estuda um pouco sobre reciclagem no Brasil sabe que ela só deu “certo” por causa da miséria, ou seja, se a reciclagem no Brasil hoje existe não é por conscientização ambiental ou por preocupação da administração pública com o meio ambiente, ela existe mal e porcamente por conta de pessoas que viram no lixo uma alternativa de sobrevivência. São poucos os exemplos de cidades que implantaram um sistema de coleta seletiva eficiente, a coleta seletiva e a reciclagem no Brasil ainda não é regra geral. Segundo dados do IBGE na região norte do país, por exemplo, a coleta seletiva praticamente inexiste (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – 2008).

Portanto, falar de coleta seletiva no Brasil ainda não é uma realidade, a reciclagem pode até acontecer, como no caso das latinhas de alumínio que conseguimos reciclar mais de 90%, mas os outros materiais variam em torno de 45% a 55% ainda, mas uma coleta organizada e efetiva ainda é muito incipiente na grande maioria das cidades brasileiras.

E a reciclagem dos 3% do lixo brasileiro como acontece na grande maioria das vezes? Por meio das coperativas de catadores de materias recicláveis, são essas pessoas que por causa da miséria encontraram no lixo uma alternativa de vida digna.

Esse evento que participei na semana passada foi para promover a Semana do otimismo que transforma da Coca-cola. Não vou dizer o que penso sobre esse “evento”, já falei sobre a empresa em outros posts, não é de hoje que a marca vem tentando se associar ao tema sustentabilidade e portanto vou dar um voto de confiança que ela tem tentado, não sei se da melhor forma ou de forma acertada, mas é uma preocupação e o que ela fez e faz por meio do Instituto Coca-cola para as coperativas atendidas pela ONG Doe Seu Lixo me pareceu muito legítimo. Pelas palavras da diretora-executiva, Claudia Lorenzo, do Instituto Coca-cola ainda é muito pouco o que é feito perto da importância e da relevância da marca Coca-cola para o mundo (são 125 anos de empresa no mundo e 70 anos no Brasil), ela sabe que tem um desafio monumental pela frente e diante dos apenas 5 anos do Instituto acho que tem seguido um bom caminho.

Antes que eu perca a ternura

che verdeImagem peguei aqui.

Esses dias recebi um e-mail de um amigo contando vários podres de uma empresa super famosa por ser sustentável… Aliás vira e mexe esse e tantos outros amigos me contam podres de uma ou outra empresa que muitas vezes são consideradas benchmark de sustentabilidade. E ai, o que a gente faz? Desacredita de tudo e vai morar no meio do mato plantando e criando o próprio sustento? Tenho certeza que eu seria um fracasso nessa tarefa, talvez até passasse fome nos primeiros meses…

O que eu quero levantar aqui é que não dá pra ser extremamente radical em nenhum do lados, cega e ingenuamente acreditando nas empresas e tudo que elas dizem que fazem para diminuir seus impactos ou totalmente cético e exigente sempre, argumentando que nada do que é feito é suficientemente bom ou o bastante ou então que é tudo obra do mundo capitalista do mal que quer acabar com tudo e todos para que os ricos fiquem com o que sobrar, se é que vai sobrar alguma coisa.

Posso estar sendo boba e inocente por dar um voto de confiança para algumas empresas que são consideradas sustentáveis, mas tenho plena consciência de que o que elas fazem, apesar de ser um diferencial em relação à média do mercado, ainda é ínfimo perto do que já deveria estar sento feito por qualquer empresa ou pessoa. Saber dos podres e contradições das empresas só me faz ter certeza que temos um longo caminho a percorrer, aliás mesmo sem saber desses detalhes nunca perco a perspectiva de que sustentabilidade é uma utopia e que sempre será necessário fazer mais.

Deixar de dar esse voto de confiança para as empresas ou até mesmo para as pessoas seria o fim para mim, seria perder a fé de que um outro mundo é possível, de que as pessoas estão tomando um pouco mais de consciência, de que faz algum sentido vir aqui e escrever de vez em quando tanto para elogiar ou criticar algumas coisas que eu vejo por ai. Nesse admirável mundo sustentável a contradição é parte do dia-a-dia, provavelmente a maneira como as empresas lidam com ela é que faça a diferença como empresas preocupadas de verdade, ou não, com a sustentabilidade.

O destino dos aviões

Em 2008 descobri por acaso o destino dos navios e me choquei com o que vi. Dessa vez vi no Jornal Nacional de ontem (16/04/2011) o destino dos aviões e fiquei um pouco mais contente com o exemplo mostrado, veja a seguir:

Infelizmente isso não é realidade aqui no Brasil, achei essa reportagem do Fantástico falando dos aviões abandonados. Veja:

Nos EUA os “cemitérios” de aviões são chamados de Aircarft boneyard,  na Wikipedia eles falam que são retiradas partes das aeronaves que são vendidas ou reutilizadas, não citam nada a respeito de reciclagem completa do avião ou algo que o valha, tanto que são várias as fotos de enormes áreas repletas de aeronaves armazenadas, inclusive virou até reportagem da BBC. Aliás esses locais servem até como locação de filmes, comenciais, encontrei até alguns depoimentos de pessoas que visitaram um cemitério na Califórnia.

Veja no video a seguir com fotos de um cemitério desses no Texas:

 

Acho válida a ideia de transformar alguns desses aviões em museus e atrações turísticas, mas creio que não deve ser possível nem a melhor solução fazer isso com todos, desperdício é algo que realmente me aborrece e não consigo parar de pensar que abandonar esse aviões e largá-los lá para ver o tempo destruí-los não é digno de muita inteligência.

Aliás, navios e aviões são coisas distantes de seres humanos comuns, mas alguém já parou para pensar o que aconteceu com todos os carros que a sua família já teve? Será que estarão até hoje rodando ou foram parar em algum ferro velho ou  abandonado em algum lugar como todo esses aviões?

Torço que num futuro próximo eu possa escrever um post para contar que alguma montadora resolveu se preocupar com o ciclo de vida completo de seus carros e caminhões e resolveu cuidar e garantir que todos os carros, caminhões e ônibus produzidos por ela tenha um destino inteligente.

A embalagem, o lixo e o ciclo de vida

23377_go_green_leaves_320

Acho que aqui no blog nunca critiquei as embalagens de plástico de origem vegetal, então chegou a hora de falar. Plásticos que são de origem vegetal e não são biodegradáveis não tem meu apoio.

O “bioplástico” mais famoso e falado que tem é o da Braskem, feito de cana-de-açúcar, tá, ótimo, origem renovável e o destino dele qual é? O lixão da cidade, o córrego, o bueiro… E ai? Que vantagem Maria leva? Ah, o plástico é reciclável… Convenhamos, a grande maioria dos plásticos são recicláveis, o problema não é ele ser ou não reciclável e sim, ele ir de fato para a reciclagem. Acho que ele seria muito mais útil se fosse biodegradável, tipo, depois de 3 meses ele já está reintegrado ao ambiente. E não falo de micropartículas de plástico que ficarão lá eternamente, eu falo de decomposição que contribua e agregue alguma coisa ao solo, se é que isso seja possível.

Uma dúvida de ignorante, será que na hora da reciclagem esse plástico de origem vegetal se integra totalmente ao plástico de origem fóssil? Pois afinal, quando você compra algum objeto de plástico e manda-o pra reciclagem você não sabe qual a origem dele e na hora que mistura todos os tipos de plásitco não atrapalha na reciclagem? Eu sei que cor de vidro é uma coisa séria, assim como a cor do plástico na hora da reciclagem e a origem do plástico alguém já sabe? Se ele for examente igual ao plástico de origem fóssil você já sabe o que acontece quando ele não vai pra reciclagem, né?

Há algumas semanas a Pepsico lançou sua embalagem ecológica dizendo que são 100% recicláveis, tá, até onde eu sei todas as garrafas PET também são, mas isso nunca garantiu que 100% delas fossem recicladas e será que se eu mandar essas garrafas pra reciclagem junto com as PET convencionais vai ter algum problema?

Não entendo com tanto blablabla de sustentabilidade as empresas ainda estão pensando ainda só de um lado da questão. É bom lembrar que agora temos a Política Nacional de Resíduos Sólidos que resposabiliza todos pelos resíduos gerados, será que só agora vão se dar conta que olhar só a origem do produto ou da embalagem já não é mais suficiente?

Sugiro para as empresas que ao invés de ficar gastando dinheiro em como fazer produtos e embalagens com matéria-primas renováveis e alternativas por que não pensam em tentar reciclar, reutilizar ou abolir embalgens? Que tal venda de sorvete, refrigerante e bolachas a granel? Quando eu vejo essa ausência de inovação que fará com que as pessoas mudem de fato seu comportamento para um mundo mais sustentável eu quase desacredito na sustentabilidade, eu chego a acreditar que quando as empresas falam desse assunto é, de fato, apenas marketing. Vejo que ninguém quer mudar comportamento, o máximo que fazem é mudar a matéria-prima e continuam fazendo o resto tudo igual. De verdade o mundo não vai ser melhor e mais sustentável se ao invés de continuar consumindo milhares de escovas de dente, garrafas ou copos de plástico de origem fóssil, a partir de agora o plástico for de origem renovável. Resolver só um lado da equação não resolve o problema, a vida do produto não acaba depois que você o joga fora.