Belo Monte mais uma vez

Depois de alguns comentários no post Belo Monte, um ponto de vista, tive a impressão que talvez a capacidade de me expressar pela escrita estivesse falhando absurdamente. Mas achar isso foi um exagero meu, afinal eu não escrevo tão mal assim, então resolvi escrever outro post a respeito e tentar ser mais clara agora, pra quem sabe não restar dúvidas sobre meu ponto de vista em relação à obra.

Outro dia zapeando pela TV vi o final do programa que está aqui em cima (infelizmente os conteúdos das globo tem tempo de vida na internet) e hoje buscando mais informações sobre Belo Monte pude assistí-lo e compartilhá-lo. Achei sensacional colocarem 2 pessoas para debater sobre o assunto, uma a favor e outra contra. Conheço o Roberto Smeraldi pessoalmente, inclusive sigo-o no twitter.

Hoje na Folha de S. Paulo, coincidentemente ou não, saiu na seção debate um ponto de vista a favor e outro contra sobre a usina (infelizmente exclusivo para assinantes). Mudou apenas a pessoa a contra , dessa vez o Marcelo Furtado, do Greenpeace. Seria Luiz Pinguelli Rosa o maior e único defensor da Usina?

De verdade, em ambos debates achei que o Luiz se saiu melhor, tanto no discurso do Roberto Smeraldi como no do Marcelo Furtado encontrei falhas em seus argumentos, achei suas argumentações fracas e insuficientes para me convencer que fazer aquela hidrelétrica é pior coisa que pode acontecer. Mas nem por isso acho que a usina tem que ser feita, só constatei que os argumentos de quem a defende são melhores e mais consistentes.

Quais argumentos do Roberto Smeraldi e do Marcelo Furtado são fracos? Estamos falando de uma mega obra de engenharia que por si só gera um impacto enorme independente de onde for feita, falar que o local não está preparado para receber uma obra dessas é chover no molhado, existe algum lugar no mundo que estaria? Ela causaria impactos de todos tipos onde quer que fosse instalada, imagine fazer uma obra desse porte no Estado de São Paulo (lugar mais impactado e desmatado do Brasil, achismo meu), ela causaria tantos impactos, diferentes dos que serão causados na Amazônia, mas causariam também. Marcelo cita um estudo do Greenpeace chamado de (R )evolução energética, ainda não li, mas  a maneira como ele fala parece que para termos energia eólica e solar é a mágica que ninguém descobriu ainda, só Greenpeace! Por favor, energia causa impacto não importa de onde venha, ou você acha que os painéis solares são feitos de que? E as hélices das usinas eólicas? E que fazendas de captação de energia eólica não causa impacto nenhum? Não existe mágica nem mundo perfeito e duvido que as energias alternativas sejam tão cor-de-rosa assim.

Roberto Smeraldi também cita argumentos dos quais eu concordo como a inacessibilidade à energia gerada por essas grandes hidrelétricas para as pessoas da região norte, a falta de subsídio de igual tamanho para energia eólica ou a falta de efeciência na geração, tramissão e consumo da energia. Mas esses argumentos não são especificamente relacionados à Belo Monte, são argumentos para serem usados para criticar a política energética do país, entao ao meu ver não cabem necessariamente nessa discussão.

A grande maioria das pessoas que entraram no post anterior para defender o fim de Belo Monte apontam fatores sociais para a não construção da Usina. Ok, entendo que é um dos fatores mais delicados da obra e de verdade a única solução que eu vejo pra esse caso ao invés de se sair bradando contra a usina (ou talvez essa seja uma boa alternativa, depende do ponto de vista), eu defendo que a Amazônia como um todo tem de ser defendida, defendida com um desenvolvimento tecnológico e científico agressivo para toda a floresta, só assim todos envolvidos poderão se defender de projetos impactantes como esse de forma coerente e inteligente, não como já foi feito 2 vezes pelos índios com agressões e ameaças físicas. De verdade, antes de ser contra ou a favor de Belo Monte eu defendo tecnologia, ciência e educação da mais alta qualidade para todaa as pessoas da região norte do país, sem isso tudo me parece atrasado e incoerente.

Belo Monte, um ponto de vista

USINA DE BELO MONTE NO XINGU Rio Xingu

Sobre a obra de Belo Monte, de verdade, a única certeza que eu tenho é que temos dúvidas demais. Pelo menos tudo que tenho lido a respeito me leva a crer nisso. Mas com todo o bafafá da licença que foi liberada para a construção do canteiro de obras resolvi dar uma olhada em alguns dados.

Essa licença parcial polêmica que saiu autoriza a supressão de 238 hectares de vegetação, entre outras ações. E será que isso é muito? Talvez a questão nem seja discutir isso, mas vou me ater a esse dado. 238 hectares equivale a 2,38 km2, isso é uma área de aproximadamente 1,5km x 1,5km.

Considerando que só nos meses de novembro e dezembro de 2010 foram desmatadas na Amazônia 135 mil km2 (13,500ha), desmatar 238ha para uma obra do tamanho que é Belo Monte é quase ridículo.

Ok, ok, essa é só a licença de instalação e a área total da obra são 51,600 ha, ou seja, mais desmatamento por conta da obra vem por ai. Mas vamos combinar que pra quem já desmatou em um único mes, só na Amazônia, 48,500ha, desmatar por conta de uma obra um pouco mais que isso em aproximadamente 4 anos não me parece tão absurdo assim. A gente desmata, queima e destrói provavelmente ilegamente um número absurdo de floresta e agora para construir uma hidrelétrica fica todo mundo fazendo drama? Energia tem que vir de algum lugar e infelizmente tem seus custos e alguém tem que pagar.

Calma! Antes que comecem a me apedrejar aqui é o seguinte, eu nao to dizendo que a obra de Belo Monte tá tudo certo e vamos que vamos construir mais uma hidrelétrica, não é isso! O que eu to querendo demonstrar aqui é que a gente destrói de floresta sem construir nada em troca e muitas vezes ilegalmente muito mais floresta do que vão desmatar com  Belo Monte, percebe a lógica? Belo Monte tem vários outros problemas além do desmatamento? Sim, com toda a certeaza, só pra começar uma licença parcial que inexiste na legislação ambiental brasileira para caso de hidrelétricas, mas também não podemos esquecer de outros argumentos para esse discussão, todo mundo quer falar de crescimento, desenvolvimento, mas tudo isso tem um custo e alguém tem que pagar por ele. Torço e espero de verdade que os técnicos do IBAMA e do Ministério do Meio Ambiente estejam fazendo o melhor para que essa obra não se torne um arrependimento ambiental no futuro. Eu só tenho percebido que o debate tem ficado somente de um lado e não podemos esquecer que tudo pode ter vários lados.

Leia um artigo muito bem ponderado sobre a usina: Pela imparcialidade em Belo Monte.

As Catástofres Naturais no Brasil

Toda época de chuva no Brasil é o mesmo dejà vu, seja no verão no Sudeste, seja no inverno no Nordeste, enchentes, deslizamentos e inevitavelmente mortes. Mas o que mais me preocupa sempre é o que as pessoas resolveram fazer DEPOIS da catástrofe. Porque imediatamente depois sempre vem ajuda, dinheiro, solidariedade, mas e na hora de reconstruir tudo e a aprender com a desgraça o que acontece?

Recebi um material (diga-se de passagem já tem muitos meses) da Fundação Bunge sobre o trabalho deles no Vale do Itajaí depois das enchentes e deslizamentos de 2008 e eu fiquei muito contente em saber que lá eles aprenderam com os erros e estão tentando não repetí-los. O projeto chama-se “Conhecer para sustentar” e visa não apenas ajudar as famílias a reconstruirem suas vidas, mas também a conhecer melhor o local onde vivem e por que acontecem esses eventos.

Tomara que a população da região serrana do Rio de Janeiro também tenha essa clareza e possa aprender com essa situação difícil, nem que o aprendizado seja apenas votar diferente daqui 2 anos. Entendo que nem tudo a gente pode esperar do governo, esse projeto por exemplo vem de uma iniciativa privada, mas ter governantes conscientes e responsáveis é um bom começo.

Veja o trailer do documentário produzido pela Fundação Bunge sobre o projeto:

Esses dias vi no Jornal Nacional (veja a seguir) uma reportagem sobre o trabalho que está sendo realizado lá no Vale do Itajaí depois dos desastres de 2008 e foi bem legal ver que a prefeitura resolveu instituir uma “Diretoria de Gelologia” para cuidar das áreas de risco da cidade e ajudar no planejamento urbano.

Umas das falas que eu achei interessante foi do Prefeito de Blumenau quando ele diz que 2 anos é um tempo muito longo para quem espera, mas eles optaram pelo caminho mais longo e mais seguro. Achei legal um prefeito/ político enfatizar isso, pois na grande maioria das vezes eles são imediatistas e querem apenas ficar bem na fita com o eleitorado, imagino o quanto não deve ter sido fácil para ele aguentar o povo cobrando e exigindo soluções rápidas e fáceis. Acho que temos um bom caso de sucesso no Brasil, em que uma tragédia pode e deve ensinar muito, principalmente a planejar e fazer melhor.

Produtos ecológicos, selos verdes…

 

Existe alguma definição de produto ecológico para eu entender o que um produto de fato tem de diferente para se declarar assim?

Vez ou outra vejo por ai as pessoas falando de produto ecológico. Que todos devemos comprar produtos ecológicos, que o produto tem um diferencial ecológico e portanto seria melhor que os outros ou perguntam até quanto eu estaria disposta a pagar por um produto ecológico.

Com a ajuda de um colega de internet achei esse artigo (em inglês) “O valor do consumidor no projeto sustentável”. O artigo tenta ilustrar como o valor adicional pode encorajar o desenvolvimento de produtos sustentáveis (com menor impacto ambiental e menores custos externos), o artigo se refere especificamente a móveis. O que mais me interessou nesse artigo foi saber o que eles consideravam como menor impacto ambiental e custos externos. Para isso eles submeteram os produtos (e toda a sua produção) a 3 métodos: Avaliação do ciclo de vida (Life Cycle Assessment-LCA), Custo do ciclo de vida (Life Cycle Costing – LCC) and Contingent Valuation (CV) (não encontrei uma tradução que me convencesse).

Vou tentar explicar o que eu entendi de cada um desses métodos. O LCA identifica e quantifica a energia, os materiais e os poluentes produzidos, essa avaliação vai ao longo de toda a vida do produto que inclui: extração e processamento da matéria-prima, manufaturamento, distribuição, uso, reciclagem e disposição final. O modelo usa um inventário de ciclo de vida composto por vários bancos de dados (queria saber se todos os produtos que se declaram ecológicos tem um inventário desses). Alguns dos dados coletados por eles sobre a fabricação dos móveis foram: descrição do processo de fabricação; fluxo dos materiais usados em todos os estágios do processo incluindo descrições e quantidades; consumo de energia durante o processo de fabricação; e quantidades finais dos resíduos gerados (emissões atmosféricas, efluentes e resíduos sólidos).

O método LCC considera todos os custos que ocorrem durante o ciclo de vida completo do produto. Eles podem ser divididos em 2 categorias: Custos internos e custos externos. Custos internos é a soma dos custos  de que uma companhia tem responsabilidade, como o pagamento de seus funcionários e custos externos (ou custos sociais) são custos que as companhias não são necessariamente responsáveis, como a poluição do ar por conta da emissão de poluentes na fabricação de seus produtos.

O Contingent Valuation é um método que testa a disponibilidade dos consumidores a pagarem por determinado serviço ecológico, por exemplo eles pesquisam entre as pessoas o quanto elas estariam dispostas a pagar para manter uma floresta. No caso do artigo eles usaram esse método para medir o quanto as pessoas estariam dispostas a pagar a mais por um produto com menor impacto ambiental.

Juntando tudo isso acho que deu pra perceber que pra eles chegarem a conclusão de que os consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos com menor impacto ambiental não foi assim tão simples.

 

itatiaia 047 Produto ecológico pra mim é esse moranguinho silvestre que ninguém plantou, é orgânico e depois que eu comi não deixou resíduos.

O que eu quero mostrar é que para chamar um produto de ecológico ou ter um selo verde ou ser sustentável muita coisa em toda a vida do produto é levada em consideração. Economizar água na produção, tratar os efluentes, usar materiais reciclados, como fazer a distribuição dos produtos, pensar na melhor maneira de extração da matéria-prima ou ainda pensar em como esse produto deve ou pode ser reciclado depois de usado são algumas das ações que devem ser consideradas para tentar fabricar um produto com menor impacto. E quando eu listo cada uma dessas ações não estou dizendo que a preocupação deve ser uma OU outra a preocupação deve ser em todos esses aspectos e mais um tantão de outros. Eu já disse, Ser sustentável é difícil, acredite. Então, como qualquer ser humano sabe que cumprir todas essas tarefas beira o impossível não me diga que seu produto é ecológico, que tem selo verde e bla bla bla. Dizer que se comprometeu a usar de maneira responsável os recursos hídricos, consumir energia elétrica de forma consciente e descartar corretamente o lixo ou reaproveitar materiais pré consumo para a produção de escova de dente não faz do seu produto sustentável, isso beira a obrigação de qualquer empresa que quer continuar existindo nesse mundo e não joga dinheiro pela janela. As mudanças que foram feitas em um dos seus produtos pode fazê-lo um pouco melhor que os outros, pode representar o seu interesse pelo tema, mas não pense que isso é o melhor que pode ser feito, acredite, não é.

Ser sustentável é difícil, acredite!

4597080456_dc0820dbb8_b Imagem: http://goo.gl/UMfKX

Quantas pessoas você conhece que podem ser consideradas preocupadas com a causa ambiental? Eu conheço poucas, mas poucas mesmo, aliás, devo conhecer muitas que se preocupam, mas por preguiça, desinteresse ou desinformação (quero muito acreditar que é pelo terceiro motivo) fazem pouco ou fazem pela metade.

Outro dia li num comentário de algum vídeo que as pessoas eram hipócritas pois não trocavam o prato num restaurante de buffet para evitar lavar mais um prato, mas quando iam tomar banho ligavam o chuveiro e ficava brincando com o cachorro ao invés de entrar logo no banho. Bom, já ouvi dizer que essa de não trocar de prato é lenda pois ao usar o mesmo prato você aumenta a chance de contaminação e é preferível gastar mais água que a chance de transmissão de doenças entre as pessoas e/ou estragar a comida.

Mas esse tipo de exemplo é o mais comum de se ver. Eu por exemplo conheço pessoas que separam o lixo de casa, mas vão de carro na padaria da esquina, ou ainda separam o lixo da cozinha, mas esquecem do lixo do resto da casa, como por exemplo o rolo de papelão do papel higiênico, a embalagem do shampoo ou o papel da mala direta que chegou pelo correio. Compram comida orgânica, mas deixam todas as luzes da casa acesa o tempo todo. Não comem carne vermelha por conta do desmatamento ou pelos maus tratos dos animais, mas comem salmão que vem lá do Chile e deve ter uma pegada de carbono monstro

E ai, como faz? Não faz nada já que fazer tudo beira o impossível? Eu não tenho essa resposta, mas acho que se você quer ser ecologicamente correto e todo o blablabla que foi criado de uns tempos pra cá por conta do aquecimento global, da sustentabilidade, da responsabilidade socioambiental, comece a prestar atenção em TODAS as suas ações e tente reformá-las, eu tenho plena consciência que não é nada fácil, eu mesma não dou conta de tudo por uma série de motivos e tenho alguns dos meus pecados ambientais confessados. O que não dá é pra ser ecochato, encher a boca para dar sermão nas pessoas que não fazem isso ou aquilo sabendo que ninguém é capaz de ser impacto zero e ações individuais e isoladas significam pouco para mudar de fato os rumos da humanidade.

Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta contra a Violência à Mulher

Lendo hoje o Blog do Sakamoto percebi que a violência contra mulher não é só a física, essa é a única que salta nossos olhos e faz pensar sobre o assunto, mas as outras “agressões” sofridas por praticamente 100% das mulheres no mundo, pouca gente percebe, muitas vezes nem as próprias mulheres se dão conta.

Recentemente, assistindo um dos episódios do seriado Glee, acho que até agora o meu favorito, aborda as dificuldades que meninas, mulheres sofrem no mundo. Provavelmente essas dificuldades mostradas na série são as do tipo imperceptíveis para a grande maioria das pessoas e devem ser incomparáveis ao que a maioria das  meninas e mulheres devem sofrer no mundo oriental, árabe e em países em desenvolvimento.

O tema central do episódio é a Madonna, afinal trata-se de uma série musical, ela não foi apenas uma referência musical importante para a cultura pop, como eu achava, mas ela por meio de suas músicas levantou temas de muita importância para as mulheres e minorias. Infelizmente não consegui colocar minha cena inteira preferida aqui, mas acho que só os meninos cantando What is feel like for a girl (Como uma garota se sente) ajuda a pensar no que é ser mulher e todas as pressões e preconceitos por conta disso, pelo menos foi esse o efeito que esse clip teve em mim, nenhum homem sabe de fato como uma garota se sente.

Você mulher já parou para pensar nas pressões que sofre por ser mulher? Nas sutis agressões e ameaças que já sofreu? Ou até mesmo nas exigências que colocou a si mesma para ser mais forte? Ou até mesmo ao contrário como diz a música: “Strong inside but you don’t know it/ Good little girls they never show it/ When you open up your mouth to speak/ Could you be a little weak”?

Empresas, vocês REALMENTE sabem o que quer dizer sustentabilidade?

planeta terra 

Perdemos o Banco Real. Não sei se os clientes do banco realmente lamentam por isso, mas pra quem conhecia o case Real de sustentabilidade talvez seja alguma perda.

O Santander, comprador do Banco Real, provavelmente vai dizer que todas as práticas do Real de sustentabilidade foram mantidas e blablabla, mas qualquer um que conhecia das práticas do Real sabe que isso pode não ser bem verdade.

Vou usar um exemplo bem emblemático. Fórmula 1. O que a Fórmula 1 tem a ver com a sustentabilidade? Um esporte que transporta toneladas de equipamentos ao redor do mundo durante uns 8 meses do ano, que causa a maior poluição sonora, que queima combustível fóssil para ver quem chega mais rápido, que deve gerar uma quantidade louca de resíduos (alguém faz ideia com o que acontece com todos aqueles pneus usados nas corridas e treinos?)… Sustentável, hein? Nada contra Fórmula 1, nada mesmo, até costumo acompanhar pela tv de vez em quando, mas dizer que é um esporte sustentável é forçar bem a barra. Não que o Santander tenha dito isso, mas um banco que preza por ações que se preocupam com o futuro do planeta não tem nada a ver com o patrocínio de um esporte como esse… Ainda se fosse uma competição de vela…

Outra coisa que tem causado minha indignação… Empresas que fazem ações relacionadas a sustentabilidade e insistem no papo ação individual, economia de energia, reciclagem… Até quando as empresas vão ficar repetindo esse mantra?? Ação individual pode ajudar alguma coisa mas não vai NUNCA resolver o problema, economizar energia e reciclar não são o suficiente para conseguirmos melhorar a nossa situação no planeta. Quem DE FATO precisa mudar são as empresas e não apenas numa linha de produtos, mas em todo seu modo de produção e operação, por que será que é tão difícil de entender isso? Ok, ok, não é fácil, não é barato ser sustentável, nem tenho certeza se isso é lá muito possível, mas não me vem tentar tapar o sol com a peneira. Propagandear sustentabilidade não é sustentabilidade, nem aqui nem na China, onde acho que começam a se preocupar como tema…

Outra coisa também são os sites corporativos… Todos, TODOS (principalmente os relacionados com atividades industriais) tem em algum lugar de seus sites alguma coisa relacionada a sustentabilidade. Pode não dizer nada de concreto, mas tá aí no site que a minha empresa tem, tá? Seja lá o que de fato isso for.

Eu não gosto de ser assim rabugenta, não gosto mesmo, mas irrita ver todo mundo falando que está preocupado com o futuro do Planeta, mas de concreto mesmo só discurso, economia de energia e reciclagem, gente, vamos passar dessa fase, por favor? Quando vamos entender que a redução da população mundial e do consumo é que vão de fato fazer a diferença pra conseguirmos continuar com a espécie humana por aqui por mais algum tempo?

Imagem: http://www.flickr.com/photos/projectarchive/1232148672/

Jalapão II

Impressões aleatórias sobre o Jalapão e Palmas.

 

jalapao (97) Um “chuveirinho” típico do “deserto”do Jalapão.

 

  • Em Palmas adorei as feiras noturnas, fui na de domingo e achei fantástico ver algumas comidas típicas do Tocantins como a paçoca salgada, os caldos (que fiquei me questionando como eles conseguem tomar com todo aquele calor), os bolinhos de milho, o artesanato de capim dourado…
  • Infelizmente no meu pacote de viagem comida não foi o ponto alto, digo na variedade e diversidade. Eu esperava encontrar comidas típicas, muito peixe e algumas frutas da região. A única coisa de diferente que comi mesmo foi a paçoca salgada que fez parte do lanche da trilha de um dos dias e só. Não que a comida não fosse boa, mas a minha expectativa era outra.
  • As queimadas e a fumaça das queimadas. A paisagem da minha viagem ficou prejudicada por conta das queimadas… 🙁 O que se costuma ver no Jalapão é o céu azul e a visibilidade ótima, mas por conta da fumaça o céu estava meio acinzentado e a visibilidade prejudicada… Queimada não é só ruim pelas emissões de CO2 ou a destruição da floresta, também prejudica a beleza da paisagem.
  • Não vi sequer 1 único cartão postal pra vender, tanto em Palmas como no Jalapão. Quem me conhece sabe que eu gosto pra caramba de postais. E eu acho uma forma muito legal de divulgar o local.
  • Achei pouquíssimas informações, na verdade poucos relatos de pessoas na internet, sobre o passeio pelo Jalapão. Em tempos de web 2.0 isso é fundamental.

Água – Blog Action Day

Hoje é Blog Action Day!

Não lembra o que é o Blog Action Day? É um evento anual que une blogueiros de todo o mundo postando mensagens sobre o mesmo assunto num mesmo dia nos seus próprios blogs, com o objetivo de provocar uma discussão em torno de uma questão de importância global.


Esse ano o tema escolhido é água. E quem acompanha esse blog sabe que eu já falei sobre ele algumas vezes, portanto por falta de tempo vou indicá-los aqui e traduzir os 5 fatos sobre a água que foram enviados pelo pessoal do Blog Action Day, que achei interessantes.

1. Água não potável e falta de saneamento mata mais pessoas anualmente do que todas as formas de violência, incluindo a guerra. Água de beber suja pode incubar algumas doenças muito assustadoras, como E. coli, Salmonella cólera e hepatite A. Essa mistura de bactérias, não é nenhuma surpresa que a água, ou a falta dela, faz com que 42 mil mortes a cada semana.
2. Mais pessoas têm acesso a um telefone celular do que a um banheiro. Hoje, 2,5 bilhão de pessoas carecem de acesso a banheiros. Isso significa que o esgoto transborda para rios e córregos, contaminando a água potável e causando doenças.
3.  Todos os dias, mulheres e crianças na África a pé um total de 109 milhões de horas para conseguir água. Eles carregam cisternas pesando cerca de 20 quilos quando cheio, a fim de recolher a água que, em muitos casos, ainda está poluída. Além de colocar uma grande pressão sobre seus corpos, como andar longas distâncias manter as crianças fora da escola e as mulheres longe de outros empreendimentos que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida em suas comunidades.
4. São necessários 6,3 litros de água para produzir apenas um hambúrguer. Esses 6,3 litros cobre tudo, desde a rega do trigo para o pão e fornecimento de água para a vaca para assar o pão. E isso é apenas uma refeição! Levaria mais de 184 bilhões de galões de água para fazer apenas um hambúrguer para cada pessoa nos Estados Unidos.
5. O norte-americano usa em média 159 litros de água por dia – mais de 15 vezes do que uma pessoa média nos países em desenvolvimento. De tomar banho e lavar nossas mãos, para regar nossos jardins e lavar os carros, os americanos usam uma grande quantidade de água. Para colocar as coisas em perspectiva, em um chuveiro médio, em cinco minutos são utilizados cerca de 10 litros de água. Agora imagine usar essa mesma quantidade para tomar banho, lavar suas roupas, cozinhar as suas refeições e saciar a sua sede.

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Jalapão I

Minha última viagem foi para o Jalapão, TO.  Um destino praticamente intocado ainda, se você quer visitar um local com pouca interferência do homem e portanto pouca estrutura turística, certeza que lá é o local.

Eu contratei uma agência de turismo em Palmas, a Ricanato, um pacote de 3 dias 2 noites. Gostaria de ter feito o pacote de 4 dias, mas como estava sozinha tive que me juntar a um grupo já formado (que coincidentemente eram todos da mesma cidade que eu).

Fui pra Palmas um dia antes da saída e o que mais me impressionou na cidade foi o CALOR! Não sei quantos graus estava aqui em SP antes de sair, mas cheguei lá e estava marcando nos termômetros algo em torno de 38C! Foi a primeira vez que eu senti o suor escorrer da minha testa enquanto eu estava sentada dentro de um ônibus! Pra variar, questionei a viabilidade de fazermos cidades em locais com temperaturas tão extremas assim, mas isso não vem ao caso para esse post…

Aproveitei para conhecer a blogueira Daiane do blog Vivo Verde que está em Palmas já tem quase 10 anos.

Mas vamos ao Jalapão que é o objetivo desse post.

Primeiro dia saímos de Palmas em direção à Ponte Alta do Tocantins, cidadezinha de uns 5 mil habitantes, conhecemos a cachoeira do rio Soninho, nadamos no rio Soninho, conhecemos a cachoeira da Fumaça e fomos na Pedra Furada no fim da tarde.

jalapao 011 Cachoeira do rio Soninho.

Todo o passeio é feito num carro 4×4 em estradas de terra, na verdade alguns trechos estradas de areia. A distâncias entre os atrativos é enorme, coisa de dezenas de quilômetros, portanto conhecer o Jalapão sem carro é quase impossível, digo isso por que já fui pra Chapada dos Veadeiros e conheci os atrativos mais importantes sem nenhum meio de transporte, só caminhada.

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Rio Soninho.

Se você não curte caminhada esse passeio é uma boa, o carro chega quase na porta de todos os atrativos visitados, mas prepare-se para rodar algo aproximado a 300 quilômetros por dia! Sim, pegada de carbono gigante, ainda mais se contarmos o voo de SP-Palmas. De novo questiono se num mundo sustentável podemos viajar assim pra tão longe, mas perder de conhecer essas belezas é muito triste.

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Cachoeira da Fumaça.

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Pedra Furada.

Segundo dia conhecemos a cachoeira do Lageado, a cachoeira da Velha, a prainha do rio Novo e as dunas do Jalapão. Dormimos em Mateiros, uma vila (acho que chamar de cidade um exagero), a cidade deve ter uns 2 mil habitantes.

jalapao Cachoeira do Lageado.

O único lugar com cara de parque, afinal o Jalapão é um Parque Estadual desde 2001, é na Cachoeira da Velha. Ou seja, quase não há sinalização, indicação dos atrativos ou explicações sobre cada um dos locais. A área é gigantesca e tenho certeza que o estado não deve dar conta de fiscalizar tudo. Pra se ter uma ideia na prainha do rio Novo tinha um pessoal acampado e que ainda levou o cachorro! 🙁

jalapao (25)Cachoeira da Velha.

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Prainha do Rio Novo.

Um dos lugares mais fantásticos na minha opinião foram as dunas do Jalapão. Principalmente por causa da cor delas. Vi em Natal e em Florianópolis dunas de areia branca e as imagens que vejo de grandes desertos é sempre de areias brancas ou na máximo amareladas, essas do Jalapão são alaranjadas, em determinados pontos com tons de salmão todo especial e único, é realmente lindo!

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Dunas do Jalapão. Com o córrego assoreado.

Infelizmente o córrego que passava no pé da duna foi assoreado. Não sei dizer até que ponto o processo foi natural ou se tem um dedinho do homem nesse processo, mas veja a foto de como era antes.

duas Dunas do Jalapão antes do assoreamento do córrego.

O terceiro dia foram os highlights da viagem! Pelo menos na minha opinião a cachoeira da Formiga e o Fervedouro são dois locais que dificilmente se vê em outros lugares. Aliás, acredito que o Fervedouro seja de fato um fenômeno único. Lá é o que se chama de ressurgência, a água brota da areia e quando você entra nesse “lago” pa
rece que você vai afundar numa areia movediça, mas a pressão da água saindo de lá tão grande que não deixa você afundar, é muito curioso e divertido!

jalapao (109)Fervedouro.

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Cachoeira da Formiga.

E por fim o famoso Capim Dourado, aliás deve ser esse o principal motivo da divulgação do Jalapão. Fomos no povoado onde a arte com esse “matinho” começou numa então comunidade quilombola, Mumbuca.

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Comunidade Mumbuca.

Volto depois com mais dicas e impressões da viagem, ok?