Os organizadores planejam limitar as emissões a 1,58 milhão de toneladas métricas de CO2 equivalente para os próximos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de verão.
À medida que Paris se prepara para receber milhões de visitantes e atletas, a cidade enfrenta a pressão de cumprir suas promessas olímpicas em um cenário global desafiador. A questão não é apenas se Paris pode realizar um evento grandioso, mas se conseguirá fazê-lo de forma sustentável, deixando um legado positivo para além dos Jogos. Este também será um teste para inspirar mudanças duradouras no modo como vivemos e experimentamos megaeventos globais, demonstrando que é possível combinar excelência esportiva com responsabilidade ambiental e inclusão social.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, prometeu tornar o Rio Sena novamente navegável, e até arriscou um nado no rio, mas a sua limpeza tem se mostrado mais difícil do que o esperado, com altos índices de bactérias detectados em testes pré-Olímpicos. Apesar dos esforços para melhorar a qualidade da água, incluindo novas instalações de tratamento de águas pluviais, a viabilidade das competições de natação no Sena permanece incerta. O Estado e as autoridades locais da região Île-de-France investiram € 1,4 bilhão desde 2016 para tornar o rio Sena e seu principal afluente, o Marne, próprios para banho.
“É um sonho realizado. Este mergulho simbólico é o marco de um legado importante para Paris.” Anne Hidalgo, prefeita de Paris, após nadar alguns minutos no Rio Sena.
Outra inovação será a primeira cerimônia de abertura fora de um estádio tradicional, às margens do Sena. Mas obstáculos inesperados atrasaram os planos desde que a cidade foi anunciada como sede dos jogos deste no. A pandemia forçou três lockdowns nacionais e atrasou os planos de revitalização da cidade. Além disso, tensões internacionais e ataques terroristas geraram novas preocupações de segurança, impactando os preparativos, especialmente a aguardada cerimônia de abertura a céu aberto.
A emblemática Torre Eiffel, cuja pintura em dourado era uma das expectativas para os Jogos, viu seu cronograma adiado devido à descoberta de chumbo em camadas de tinta anteriores. O projeto agora aponta para conclusão entre 2025 e 2026, muito além do prazo original.
Além disso, com a expectativa de um aumento significativo no número de visitantes durante os Jogos, o transporte público de Paris, especialmente o Metrô, enfrenta um teste de capacidade sem precedentes. Embora haja melhorias em andamento, como a expansão das linhas existentes, a conclusão de novos projetos foi adiada, causando preocupações sobre a capacidade de atender à demanda durante o evento.
Paris 2024 se propõe a ser um marco na história olímpica, adotando metas ambiciosas para reduzir sua pegada de carbono e promovendo práticas sustentáveis. Com 95% das instalações sendo estruturas existentes ou temporárias, e o uso exclusivo de energia renovável, a cidade busca minimizar seu impacto ambiental. No entanto, a gestão eficaz das emissões de CO2 e do gerenciamento de resíduos continua sendo um desafio crítico.
Referências:
FRANCE 24. Can Paris still deliver on its Olympic promises with only three months to go? Disponível em: <https://www.france24.com/en/france/20220328-can-paris-still-deliver-on-its-olympic-promises-with-only-three-months-to-go>. Acesso em: 12 jul. 2024.
Carbon Market Watch. Assessing the Carbon Budget of Paris 2024 Olympics. Disponível em: <https://carbonmarketwatch.org>. Acesso em: 12 jul. 2024.
INTERNATIONAL OLYMPIC COMMITTEE. Organising more responsible games. Disponível em: https://olympics.com/en/paris-2024/our-commitments/the-environment/organising-more-responsible-games. Acesso em: 10 jul. 2024.
Jaqueline Nichi é jornalista e cientista social. É doutora em Ambiente e Sociedade pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (NEPAM-UNICAMP) e mestre em Sustentabilidade (EACH-USP). Sua área de pesquisa é centrada nas dimensões sociais e políticas das mudanças climáticas, adaptação e planejamento urbano e governança multinível e multiatores.
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