Explicações globais, totalizantes ou narrativas mestras são termos comumente utilizados para se referirem a metanarrativas. As discussões concernentes a modernidade e a pós-modernidade (leia aqui o post anterior!) perpassam pelas metanarrativas. Mas, afinal, do que se trata?
Metanarrativas podem ser compreendidas como explicações gerais, amplas e universalizantes sobre o mundo e a sociedade na qual vivemos. Os ideais e princípios da modernidade alicerçam-se em narrativas mestras. Por exemplo: a construção de um sujeito racional; o uso da ciência e da tecnologia como fonte de “progresso”; a “libertação” e “autonomia” dos sujeitos; a política baseada em certezas e, entre outras coisas, o desejo de explicações com caráter totalizante.
A fim de tornar mais entendível, posso tomar a própria educação como exemplo. No momento em que se busca aplicar uma pedagogia ou um currículo escolar que, ambiciosamente, vai dar respostas a todos os anseios e problemas escolares do país podemos dizer que temos, então, uma metanarrativa educacional.
Por outra via, o pensamento pós-moderno questiona estes fundamentos, ou princípios modernos. Em meio a isso, nas últimas décadas, estes pontos fixos ou as bases já estabelecidas da modernidade têm sido postas em xeque. Esse “adeus às metanarrativas” nos possibilita olhar para as micronarrativas, para as questões em menor escala, os pequenos movimentos, reentrâncias e acontecimentos que, até então, eram suprimidos pelas metanarrativas.
Não se trata aqui de desconsiderar (ou invalidar) todas as políticas que possuem caráter generalista ou as que se destinam ao número elevado de indivíduos. Entendo, que ao construir estas ações “maiores”, tenhamos de atentar para o que dizem as diferentes vozes, inserir os saberes populares, bem como as crenças, costumes e tradições do grupo social a que se destina.
Pensar para além das metanarrativas nos abre espaço para dialogar também com quem, por muito tempo, figurou às margens dos livros de história, no almoxarifado do processo educativo. Ou seja, não era visibilizado em pesquisas científicas e até mesmo no cinema e na televisão. Refiro-me aqui aos movimentos e estudos feministas, LGBTQI+, negro, entre outros. As vozes, as ideias, as expressões e as narrativas destes grupos até então marginalizados, ganham relevo e passam a figurar nas mais diferentes instâncias por meio dos questionamentos postos pelo pós-modernismo.
Por fim, a associação entre metanarrativas e pós-modernidade, expressa no título, pode nos fazer pensar no contraste que estabelecem, ou na antítese implicitamente sugerida. A pós-modernidade (ou o sujeito que pretende se movimentar pelo pensamento pós-moderno) implica em não mais prescrever receitas para tudo, mas, sim, assumir um papel em que se coloca como restrita, parcial, vulnerável e sujeita a erros; ou seja, um abandono aos grandes moldes, aos grandes relatos, um abandono das metanarrativas.
Para saber mais:
PARAÍSO, M. A. Pesquisas pós-críticas em educação no Brasil: esboço de um mapa. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/cp/v34n122/22506.pdf.
SILVA, T. T. O Adeus às metanarrativas educacionais. In: ______. (org.) O sujeito da educação: estudos foucaultianos. Petrópolis: Vozes, 1994. p. 247-258.
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