Nomeado o novo presidente do MIT, bom para o Brasil

No ano passado ajudei, administrativamente, na organização da Conferência Brasil-MIT. Aproveito para dizer que algumas das apresentações estão disponíveis aqui.

Fiquei impressionada com o fato de que Rafael Reif, então provost* da instituição, participou ativamente dos dois dias da conferência, anotando tudo em seu caderno.

Reif acaba de ser nomeado como presidente do MIT. Bom para o Brasil.

A coletiva de imprensa sobre o anúncio está acontecendo agora (aqui).

*a tradução de provost é reitor; aqui o provost é o braço direito do presidente de uma universidade.

 

 

Vinho, inventores e transportes

Na última quinta-feira (10), após um burocrático dia de trabalho, fui tomar vinho e ouvir sobre transporte e mobilidade (breve interrupção para dizer que venho observando os diversificados formatos dos eventos daqui, pois a ideia de discutir ciência e tecnologia em fóruns informais muito me agrada). 

Em um estúdio de TV, quatro inventores, todos com passagem pelo MIT e fundadores de empresas com foco em mobilidade, falaram brevemente. Uma espécie de talk-show ao vivo.

Christina Lampe-Onnerud, Tod Hynes, Ben Gulak e Anna Mracek Dietrich

Christina Lampe-Onnerud, fundadora da empresa Boston-Power, foi a primeira a falar. Em operação há sete anos, sua empresa já conseguiu 360 milhões de dólares em financiamento. Ela disse que fundou a Boston-Power com a missão de criar baterias que fossem portáteis, de rápido carregamento (bastam 12 minutos para obter 40% de recarregamento) e seguras, tendo em mente a CSR (corporate social responsability). Primeiro cliente? HP.

Persuasiva, Christina ressaltou que a invenção em si, bateria, não é nova, mas que a grande inovação foi usar o conceito de blocos de construção, inspirados nos legos com os quais brincava com seus filhos (mais sobre a plataforma aqui). “O que acontece se você der uma peça de lego de energia para engenheiros?”, perguntou. A empresa possui 158 patentes em química, engenharia mecânica e eletrônica e agora está voltada ao desenvolvimento de baterias com alta eficiência energética para veículos elétricos.

Tod Hynes, presidente da XL Hybrids, descreveu a tecnologia desenvolvida pela empresa para converter veículos de carga, como vans e caminhões, em híbridos elétricos, levando a uma redução de 20% nos custos com combustíveis e na emissão de poluentes (mais sobre a tecnologia aqui). Eles conseguiram até agora 4 milhões de dólares em financiamento e pretendem lançar o produto nas principais cidades norte-americanas em meados deste ano.

Quem falou em seguida foi Ben Gulak, inventor do Uno e do DTV Shredder. Gulak, que cresceu no mundo da engenharia, disse que em determinado momento pensou: por que não construir um veículo elétrico que mude de forma enquanto se locomove? Assim surgiu o Uno, resultado de um projeto para feira de ciências enquanto cursava o último ano do ensino médio.

Em velocidades baixas, o Uno é um monociclo e, conforme a velocidade aumenta, vira uma motocicleta. Uma das vantagens de poder compactar o transformer é a facilidade de estacioná-lo. O vídeo abaixo mostra um teste do Uno nas ruas próximas ao MIT.

[youtube_sc url=”http://youtu.be/x2DgwY5QQBk”]

A última invenção da noite foi apresentada por Anna Mracek Dietrich, uma das fundadoras da empresa Terrafugia. Anna e sua equipe vêm recebendo uma enorme atenção da mídia desde o lançamento do carro voador, resultado de projeto de alunos do Departamento Aeroastro e da escola de negócios do MIT.

Imagine a seguinte cena: você sai da garagem com o seu carro (que tem placa e está dentro da lei para dirigir na cidade), passa no posto para abastecer, pega a estrada em direção a um aeroporto regional. Chegando ao aeroporto, você desliga o carro e aciona os comandos para que as asas do seu carro se estendam, o que demora 40 segundos. Você desce do carro, que agora é um avião, faz o protocolo operacional padrão de checagem e está tudo pronto para a sua decolagem.

[youtube_sc url=”http://youtu.be/x6MVQ4m0vaE”]

Anna defende a utilização do carro voador em viagens regionais, com distâncias entre 160km-800km, cujas rotas normalmente não são bem atendidas pelos sistemas de transporte tradicionais. Ela comentou que os aeroportos regionais são subutilizados e não têm infraestrutura de estacionamento, táxis ou sistemas de transporte público interligados. Por isso o carro voador (ou avião que é convertido em carro) é uma boa saída, disse.

Conseguir dinheiro não tem sido fácil e os financiamentos da Terrafugia têm vindo basicamente de fontes individuais.

Christina levou a fábrica da Boston-Power para a China (e recebeu uma avalanche de críticas). Anna disse que foi convidada a montar a fábrica da Terrafugia em Detroit e que não conseguiu incentivo para ficar aqui em Massachusetts.

Sobre as tendências futuras em transporte, eles destacaram os sistemas integrados de energia (por exemplo, a energia gerada em casas como fonte de energia para os sistemas de transporte) e se mostraram preocupados com as mudanças climáticas. Gulak parece mesmo estar interessado em veículos lunares. Mais um representante da iniciativa privada invadindo a exploração espacial (aqui).

O evento foi organizado pela Redstar Union.

Categorias

Sobre ScienceBlogs Brasil | Anuncie com ScienceBlogs Brasil | Política de Privacidade | Termos e Condições | Contato


ScienceBlogs por Seed Media Group. Group. ©2006-2011 Seed Media Group LLC. Todos direitos garantidos.


Páginas da Seed Media Group Seed Media Group | ScienceBlogs | SEEDMAGAZINE.COM