Que tal Bach para encerrar evento de tecnologia?

Michael Hawley estava com pressa para pegar seu voo. Olhou várias vezes para o relógio, o que facilmente despertaria indignação da plateia que passou três dias ouvindo sobre tecnologia no EmTech, conferência que terminou ontem.

Por milagre da música de Bach, não foi o que aconteceu.

Michael Hawley ontem no MIT.

Pianista clássico, jazzista, autor do maior livro do mundo, pioneiro no campo de mídia digital*, Hawley tocou o piano lindamente, com amostras de tocantes músicas de Bach, no encerramento da reunião organizada pela revista Technology Review, editada pelo MIT.

Foi uma verdadeira aula sobre Bach, que morreu há 350 anos e continua sendo o músico mais popular de todos os tempos.

Por que Bach foi tão bem-sucedido? Por que ele inspirou tantos músicos? “Há algo na música de Bach que transcende, te faz sentir vivo”, disse Joshua Bell, em trecho do documentário “Bach&Friends” exibido durante a apresentação.

“A musica de Bach é, de certa forma, engenheirada, colocada de um jeito que nerds e geeks acham esteticamente interessante”, disse Hawley (aos 10min do vídeo).

Aos 36min do vídeo, Hawley faz um paralelo da música com o mundo natural. Música como uma cola para juntar pessoas. 

Minha vontade agora? Assistir ao filme “Bach&Friends”. O trailer dá uma ideia da lindeza da produção.

*segundo Jason Pontin, editor da Technology Review

Vejam só o descompasso: o mesmo país que abriga as melhores universidades do mundo (notícia de hoje

Vejam só o descompasso: o mesmo país que abriga as melhores universidades do mundo (notícia de hoje na Folha e Estadão) tem um precário sistema educacional do aqui chamado K-12, da educação infantil ao ensino médio. Preocupados em melhorar o ensino de ciência, tecnologia, matemática e engenharia, conselheiros do Presidente Obama se reuniram há poucos dias para discutir os resultados de um relatório que será lançado em breve. 

Foi nessa reunião que Brian Greene, professor da Columbia University e co-fundador do World Science Festival, proferiu o discurso acima.

Greene deu exemplos de quão fantásticas tais áreas são e de como o ensino atual, focado em detalhes e não nas grandes ideias, “deixa a ciência sem vida”.

Contagiante. Queria que servisse para inspirar muita gente mundo afora.

Mergulhando com Sucuris | Diving with Anacondas from Daniel De Granville on Vimeo. O vídeo acima foi

Mergulhando com Sucuris | Diving with Anacondas from Daniel De Granville on Vimeo.

O vídeo acima foi feito pelo talentoso Daniel De Granville, fotógrafo de natureza (Photo in Natura) que está no momento explorando rios no Cerrado, nas bordas do Pantanal e na Amazônia em busca de belas imagens de sucuris, arraias de água doce e botos-cor-de-rosa. Isso tudo ao lado do suíço Franco Banfi e do tcheco Jiří Řezníček, renomados fotógrafos especializados em imagens subaquáticas. Leia mais sobre a expedição no blog da Photo in Natura.

Em minhas aventuras de infância pelo Cerrado, meu avô sempre dizia: “sucuri come bezerro inteiro, mas perigosas mesmo são as jararacas de cabeça chata”. Apesar do alerta do Vô Jorge de que as sucuris eram de certa forma inofensivas, no meu imaginário dominavam as assustadoras imagens de sucuris estrangulando gente e comendo bichos grandes.

Com tal pano de fundo, assim que assisti ao vídeo do mergulho com as sucuris, pensei nos riscos para os fotógrafos. Leia o que Daniel diz a respeito:

Não tem risco mergulhar com as gigantes sucuris? Já aconteceu algum acidente com vocês?

Até agora nunca presenciei nenhum momento de tensão relacionado a um possível ataque da sucuri. Só em uma ocasião, que o fotógrafo chegou com o flash muito perto dela, houve uma ameaça (não concretizada) de morder o acessório. Nós decidimos então que era hora de deixá-la em paz, pelo bem dela e nosso.

Mas ataque no sentido de tentar sufocar a pessoa, procedimento que é parte do hábito alimentar das sucuris, jamais. No meu entendimento, e pelas leituras que fiz, a sucuri é um animal de espreita, ou seja, fica escondida aguardando a presa passar para então atacá-la. Quando alguém a encontra e vai em sua direção, como é o caso com fotógrafos, o instinto é de fuga, já que o bicho é “pego de surpresa”. Vale ressaltar que esta aproximação, como você vê no vídeo, só é feita quando notamos que o indivíduo em questão não alimentou-se recentemente, já que nestas ocasiões a sucuri pode regurgitar o alimento em uma tentativa desesperada de fuga. Nestes casos, há um risco – comprovado por pesquisadores – de morte do animal, ainda não se sabe exatamente a razão (pode ser pelo fato dela estar extremamente debilitada após o esforço de captura do alimento, ou a ocorrência de ferimentos graves no trato digestivo durante o ato de regurgitar, ou um pouco de ambos). Isto é duplamente ruim, pois não só a sucuri morre, como sua presa (um animal silvestre, como uma capivara) também morre sem cumprir sua função na cadeia alimentar.

Por que o interesse específico dos fotógrafos internacionais por sucuris?

Vejo os seguintes motivos: (a) o mito negativo criado ao redor destas serpentes, em parte devido a lendas de povos nativos e em parte (maior) devido aos filmes sensacionalistas de Hollywood – ou seja, as pessoas admiram a “coragem” de um fotógrafo assim, e somente desta forma conseguem ver imagens deste bicho que jamais presenciariam ao vivo; (b) o próprio aspecto fascinante da sucuri, um animal de grande porte, mas muito mais dócil do que aparenta; (c) o fato de que poucos fotógrafos, neste mercado cada vez mais competitivo e em busca de imagens inusitadas, terem conseguido boas imagens de sucuris debaixo d’água na natureza; (d) as características especiais aqui da região de Bonito, onde consegue-se ver um animal destes – bem como peixes e outro bichos – dentro de águas cristalinas.

Tive o prazer (e sorte) de conhecer o Daniel durante o curso de especialização em jornalismo científico, pelo Labjor/Unicamp, que fizemos juntos.

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