Ray Kurzweil, inventor, cientista e futurista, prevendo como nos alimentaremos no futuro, em entrevista à Time do próximo dia 6 de dezembro. Entrevista completa aqui.

Produziremos carnes clonadas in vitro em fábricas computadorizadas e controladas por inteligência artificial. Você pode produzir apenas a parte do animal que você come. Algumas pessoas dizem, ‘ai, isso soa nojento’. Eu digo: ‘Bem, por que você não visita um abatedouro? Você verá que produzir carne a partir de animais vivos é nojento’. Mas precisaremos de um gênio do marketing para vender a ideia.

Engajamento em temas de ciência: apelando para os rock stars

Você acha que colocar cientistas ao lado de estrelas do rock ou celebridades ajudaria o público a ler mais, se interessar e debater assuntos de ciência?

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O cantor Seal com os cientistas Eric J. Topol e David B. Agus. Fonte: Rock Stars of Science.

Jon Miller acha que não. A foto abaixo, que tirei durante uma reunião de jornalistas e escritores de ciência que aconteceu no começo deste mês em New Haven – onde fica a famosa Universidade de Yale -, mostra o descontentamento de Miller com essa ideia.

Jon Miller na reunião NASW, New Haven.

Apontando o dedo, o professor da Universidade de Michigan, e um dos cientistas mais importantes da chamada “alfabetização científica” ou “conhecimento sobre ciência”, disse: “Isso não vai durar cinco minutos. Precisamos de longevidade nisso tudo”.

Quem trouxe o tema rock stars para a discussão foi Chris Mooney. Conheci Mooney no ano passado, ao frequentar palestras do programa Knight de jornalismo científico do MIT, do qual ele foi bolsista. Ele escreveu, entre outros, o livro Unscientific America, tem um blog (aqui) e apresenta o Point of Inquiry (aqui).

Chris Mooney defendendo os Rock Stars of Science.

Voltando a New Haven… Mooney, após apresentar dados do quanto os norte-americanos sabem pouco sobre ciência – citam Einstein, Bill Gates e Al Gore quando perguntados quais cientistas conhecem – defendeu que a solução para engajar o público em temas de ciência é olhar para a mídia de entretenimento. “Não precisamos chegar a Hollywood, mas termos rock stars junto ajuda”, disse.

Miller se retorceu, claro, pois ele aposta no fortalecimento da educação em ciência como forma de ter um público engajado. Ele defende que todos precisam saber princípios básicos da ciência. “Você precisa saber o que é um átomo e uma molécula para entender nanotecnologia”, disse. 

Bom, o assunto é vasto e polêmico. Sei que chamadas como “o genoma de Ozzy Osbourne foi sequenciado” fazem muito mais sucesso do que chamadas sobre o sequenciamento do genoma de uma alga com implicações importantes para o problema energético no mundo. Como disseram em New Haven, colocar Lady Gaga no titulo também dá certo.

Mas, precisamos mesmo apelar para as celebridades?

O assunto está rendendo. Veja post de ontem no blog hospedado pelo The Guardian (aqui) e a resposta de Mooney hoje (aqui). 

Paul Auster como refúgio

Olha, meus colegas de profissão bem sabem que às vezes esbarramos com artigos científicos bem complicados, que exigem um esforço enorme da nossa parte para tornar a leitura sobre a pesquisa dos cientistas agradável e instigante para quem nunca ouviu falar daquilo antes.

Semana passada eu tive sorte. Depois de enfrentar as 25 páginas de um artigo publicado na renomada revista Cell, pensando em metáforas para explicar os caminhos das células produtoras de anticorpos dentro dos chamados centros germinativos, fui conhecer Paul Auster.

Paul Auster como refúgio.

Paul Auster lendo trechos de seu mais novo livro, Sunset Park.

De voz mansa e suave, o premiado escritor norte-americano leu trechos de seu mais novo livro, Sunset Park – nome de um bairro no Brooklyn, NY – para a plateia da Livraria de Harvard, em Cambridge. Dele só li até agora Desvarios no Brooklyn e Homem no Escuro. Meu cunhado disse que Achei Que Meu Pai Fosse Deus é “simplesmente matador”. Preciso conferir.

Fico impressionada com a habilidade de Auster em manter o leitor envolvido com três ou quatro histórias que correm paralelas. Haja destreza! Vejam o que Umberco Eco escreveu sobre Auster (copiei das revisões do Sunset Park):

“Nabokov certa vez disse ‘divido a literatura em duas categorias: os livros que eu gostaria de ter escrito e os livros que eu escrevi.’ Na primeira categoria, incluo livros escritos por Kurt Vonnegut, Don DeLillo, Philip Roth e Paul Auster”.

Uau!

Hora de voltar para a ciência.

Mayana Zatz fala sobre o futuro das carreiras na área de genética

Entrevistei recentemente a Professora Mayana Zatz para a Pré-Univesp, uma revista digital de apoio ao estudante pré-universitário, editada pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp).

                                   

Mayana Zatz é professora da USP, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano e do projeto Instituto Nacional de células-tronco em doenças genéticas. Arquivo pessoal.

Mayana contou que se apaixonou pela genética já durante o ensino médio e entrou na universidade determinada a estudar genética humana/médica. Ela falou sobre as diferentes áreas de atuação de um geneticista e destacou que, como será cada vez mais fácil e barato sequenciar o genoma de uma pessoa, o campo do aconselhamento genético deverá crescer muito. “Haverá uma grande quantidade de informação e muito pouco conhecimento. Vamos precisar de geneticistas para explicar para a população o que significa aquela mutação, qual é o impacto que pode ter na vida dela, se é preocupante ou não (…)”, disse. E olha que a profissão de aconselhamento genético ainda não está regulamentada no Brasil.

No contexto dos dez anos do Projeto Genoma Humano, o que os cientistas aprenderam? O conhecimento científico gerado até agora teve impacto em práticas de saúde? Quais? Para saber a opinião de Mayana sobre isso e conhecer as linhas de pesquisa pesquisas realizadas no Centro de Estudos do Genoma Humano da USP, sob sua coordenação, leia a entrevista completa (aqui).

A edição atual da Pré-Univesp está recheada de reportagens interessantes, além de artigos, infográficos, vídeos e dicas de livros. Vale a leitura!

Sobre comidas azuis

A mãe abriu um saco de papel, entregou uma coxinha para sua filha e, para acompanhar, nada melhor do que suco, certo? Mas o suco precisava ser azul?

Presenciei essa cena em uma visita recente ao Consulado brasileiro em Boston e me lembrei de uma discussão antiga na minha família, levantada pela minha irmã: por que abominamos comidas azuis? A repulsa não se explica apenas por conta da artificialidade, pois não gosto dos sucos artificiais alaranjados mas adoro o suco de tangerina do restaurante Pitanga em São Paulo. Não tomo gatorade verde mas não resisto a um suco de couve com laranja.

A teoria da minha irmã é que não gostamos de comer nem beber coisas azuis pois não há comida azul na natureza. Segundo ela, blueberry (mirtilo, em português) e batatas azuis são, na verdade, roxas.

Aí me lembrei de uma vez em que fui ao Museu de História Natural de Harvard e ouvi Hillery Metz explicar que, na maioria dos animais, a cor azul não é produzida por pigmentos azuis, e sim por luz azul refletida por estruturas microscópicas que formam sulcos, camadas finas, bolhas de ar. Ou seja, diferentes comprimentos de onda são refletidos dependendo da maneira como essas estruturas se organizam; são as chamadas cores estruturais. Metz é pós-graduanda da universidade de Harvard.

Fui pesquisar se os azuis das plantas são produzidos assim também. Sim, há cores estruturais em plantas, embora seja uma área ainda pouco explorada pelos pesquisadores, segundo trabalho publicado por Beverley Glover e Heather Whitney no Annals of Botany (aqui). Mas há pigmentos azuis em plantas, como é o caso da antocianina.

Bom, continuo sem saber explicar a repulsa a comidas azuis. Alguma pista?

É possível computar todo o conhecimento presente no mundo?

Título provocativo, devo assumir.

Stephen Wolfram diz que é possível computar todo o conhecimento do mundo usando o WolframAlpha, sistema lançado ano passado por sua empresa. “O projeto mais complexo em que já trabalhei”, segundo o físico e cientista da computação, criador do Mathematica e autor do livro A New Kind of Science.

Stephen Wolfram e Jason Pontin, no EmTech (MIT).

Faça você mesmo um teste. Acesse o http://www.wolframalpha.com/ e digite qualquer pergunta (infelizmente tudo em inglês, por enquanto). Escrevi “Visitors to Brazil” e recebi de volta um relatório com número de turistas, meio de transporte e motivo da viagem. Legal! Tente, por exemplo, “Red + yellow”. Se você gostar de números e cálculos, digite qualquer fórmula matemática. Tente “Fruit fly gene map” e “Oscar for best actress 1958”.

Motivo de viagem de visitantes ao Brasil (gráfico gerado pelo WolframAlpha).

Diferentemente do Google, que retorna as respostas mais populares para a sua pergunta, o WolframAlpha interpreta o enunciado e devolve um relatório padronizado usando fontes primárias da informação, como o Center for Disease Control se a pergunta for sobre alguma doença. “Os dados primários estão em diferentes domínios. O nosso desafio é achar a fonte primária e interagir com eles”, disse Wolfram durante a conferência EmTech, que aconteceu em setembro no MIT. Está explicado o motivo de sua empresa ter mais de 500 funcionários de diferentes áreas do conhecimento.

Wolfram fala rápido. A impressão que dá é que as engrenagens do seu cérebro estão a mil. Aliás, ele foi laureado, em 1981, com o prêmio MacArthur, conhecido como o “prêmio dos gênios”. Não gosto de estereótipos assim, mas resolvi falar do prêmio pois tem muita gente interessante listada no site. Vale a pena dar uma olhada (aqui).

Algo incomoda na ideia de computar todo o conhecimento do mundo?

Jason Pontin, editor da Technology Review, disse ter uma objeção filosófica a essa ideia. “As questões que mais interessam a humanidade têm respostas ambíguas e não podem ser facilmente computadas”, disse. Como responder à pergunta “qual é o maior terrorista de todos os tempos?”. Wolfram tentou explicar falando sobre os julgamentos das informações. Disse que no sistema procuram sempre conectar informações a fatos. Humm, mas ficou sim um buraco. O ambicioso objetivo de computar todo o conhecimento do mundo nunca será atingido, na minha opinião.

Veja o fluxograma publicado na última segunda-feira na revista Wired. Que site de busca devo usar? Se você está atrás de fatos, use WolframAlpha (quadrado azul).

Veja uma entrada recente, explorando a história da Terra. E tem muito mais. Use a sua imaginação e compare dados do Google com os gerados pelo WolframAlpha.

Saiba mais sobre os algoritmos e racional do sistema assistindo ao vídeo da palestra (aqui).

Para pensar: qual é a melhor fonte primária? Isso nem sempre é claro, certo? Fica a dúvida.

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