O Blog
Toda vez que eu encontrava o meu saudoso avô paterno, Jorge Caldas, a nossa saudação começava com a tradicional “bênção”. O ritual seguia com o franzino mineiro abrindo um potinho prateado, contendo um pó, e oferecendo para que eu o cheirasse.
O tal pó era o rapé da foto abaixo, cujo aroma vem das sementes de uma árvore do Cerrado, a Amburana cearensis*, conhecida por variados nomes como imburana, amburana, amburana-de-cheiro, cabocla, cambaru, cerejeira-rajada, cumaré, cumaru, cumaru-das-caatingas, umburana, umburana-lisa, umburana-macho, umburana-vermelha, e por aí vai.
Eu pegava um pouquinho do pó escuro, apertando o dedão e o indicador, e o colocava dentro de cada narina, aspirando com força. O efeito era imediato: vários espirros e uma sensação de alma lavada, semelhante a um protocolo de desintoxicação, por mais contraditório que possa parecer.
Das lembranças dos espirros nasce o blog “Pó de imburana”, representando a minha inquietude em achar várias áreas da ciência instigantes, e também consagrando o contato com a natureza e ciência que tive desde cedo, pela minha família.
Ao invés de deixar anotações, sentimentos e percepções enclausurados nos meus caderninhos pretos, resolvi compartilhar aqui tudo que ando vendo e aprendendo sobre ciência, tecnologia e inovação. É a minha liberdade.
*Sinonímia: Torresea cearensis, segundo a Rede de Sementes do Cerrado
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