Seja o dono de uma grande farmacêutica, seu porco capitalista!

Algumas das coisas mais odiadas no mundo atualmente:

As duas primeiras não precisamos explicar, mas é da última que vamos falar aqui.

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Saiu um jogo de simulação [tipo SimCity lembra?] chamado Big Pharma, que coloca o jogador no comando de uma dessas indústrias. Estas são tão criticadas por tocarem em uma lógica meio absurda que traz desconfiança nas pessoas: quanto mais doentes, quanto mais doenças, melhor para os negócios.

Por isso pessoas se revoltam, gritam que essa indústria é sádica; que só trata doenças de pessoas e países ricos; que usa pobres como cobaias; que sabota tratamentos naturais/alternativos/caseiros; e que faz remédios que só servem para piorar as pessoas, como os quimioterápicos, e fazê-las comprar mais remédios.

Essas acusações são verdadeiras? Assim como com a Dilma e o Fernando, nem todas. Quimioterapia não é feita para debilitar mais ainda o paciente, e a sabotagem não é tão conspiratória como se pensa, mas essas indústrias não são santas, claro.

A dúvida que o jogo traz é: se essas pessoas que criticam estivessem no lugar do empresário dono da indústria, o que fariam no lugar dele? Deixariam de lucrar com ricos para fazer remédios baratos para pobres? Deixariam de sabotar seus concorrentes?

Bom, talvez só jogando para saber.

 

Vi no BoingBoing

 

Tratamentos virtuais, resultados reais.

Os avanços da tecnologia 3D, que atingiu seu ápice – por enquanto – com o mega blockbuster Avatar, de processadores e de resolução dos monitores trouxe um novo gás para o desenvolvimento de ambientes em realidade virtual.
Além de ser o sonho de consumo de praticamente todo gamer que se preze, existem várias iniciativas de uso dessas tecnologias em jogos direcionados à redução da sensação de dor em diversos tratamentos médicos. O conhecimento referente à essa atividade foi agrupado e discutido no artigo “The effectiveness of virtual reality distraction for pain reduction: A systematic review”, de Kevin Malloy e Leonard Milling (University of Hartford), publicado em Dezembro de 2010 (citação completa no final do post).
Diminuir a dor é importante não pelo fato em si. Ninguém – bom, algumas pessoas sim – gosta de sentir dor, mas de acordo com um levantamento realizado nos EUA em 2003 com mais de 28 mil trabalhadores adultos entrevistados, o custo estimado de perda de tempo produtivo entre faltas e performance reduzida devido a episódios de dor é de 61.2 bilhões de dólares. São bilhões de motivos para existirem pessoas dedicadas ao estudo de formas para se reduzir esse cenário.
Com base em diversos estudos controlados, a revisão de Malloy e Milling encontrou casos de jogos virtuais de sucesso, como dois estudos de 2008 que avaliaram o jogo Snow World. A realidade virtual simula um ambiente muito gelado no qual o jogador é inserido, e foi idealizado para auxiliar sessões de hidroterapia e trocas de curativos de pacientes com queimaduras graves, algo conhecidamente muito doloroso.

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Dois momentos dos games: tratando pacientes e criando doentes.
Ambos os estudos, realizados com pacientes de 3 a 40 anos, foram bem sucedidos em comparação a outros métodos de distração, e o jogo tem sido usado para ajudar a recuperação de soldados americanos queimados com sucesso. O vídeo abaixo é uma matéria sobre o jogo e seu uso nessa recuperação:

Outros casos a se prestar atenção:
  • Dores causadas por punções ou acessos venosos: em estudos de 2004 e 2005, adultos e crianças em quimioterapia mostraram redução significativa dos índices de dor quando jogavam Virtual Gorilla, em que o jogador é um gorila em seu habitat. No entanto, outras distrações (não necessariamente realidade virtual) tiveram desempenho semelhante, de modo que o assunto se encontra em discussão.
  • Colocação de acesso intravenoso: um estudo de 2006 realizado com crianças utilizando o jogo Street Luge, de skate, trouxe resultados promissores, mas ainda inconclusivos.

O artigo comentado aborda utilizações bem sucedidas da tecnologia dos games, assunto recorrente no RNAm, e vai prá lista de argumentos contra os reclamões que só conseguem enxergar jogos como diversão, “perda de tempo” e coisa de moleque não quer crescer.

Se quiser ver os outros exemplos discutidos pelo Rafael e por mim, visite:

Dica da @linagarrido ressucitada pela matéria “A cura pela realidade virtual”, publicada em Março de 2011 na Isto É Independente.

KM Malloya & LS Milling. The effectiveness of virtual reality distraction for pain reduction: A systematic review. Clinical Psychology Review. Vol. 30, Issue 8, Pag. 1011-1018 (2010).
doi:10.1016/j.cpr.2010.07.001

Como criar seu próprio exército de cidadãos-cientistas

Space.Invaders.Class

Chega de joguinho de criança, o lance é jogar no espaço real!

Veja o problema: um astrônomo tem 1 milhão de imagens de galaxias para serem analisadas, caracterizadas e classificadas. Computadores não são bons o suficiente para fazerem isso, então como ele faz? Normalmente jogamos esse trabalho para os pobres alunos de iniciação científica ou pós-graduação. Um aluno de pós conseguiu caracterizar 50.000 em uma semana, provavelmente a base de muita cafeína e uma vida social muito triste.

Para acelerar o trabalho o astrônomo Chris Lintott montou um site para atrair voluntários, e ele precisava de algumas centenas. Para sua surpresa, eles são hoje centenas de milhares. Mais precisamente 375.000 pessoas que já fizeram 200 milhões de classificações no seu tempo livre e no conforto de suas casas. Isso gerou mais de 20 artigos científicos.

Agora há outros projetos no site http://www.zooniverse.org/home, sendo um para estudos da Lua, do Sol do clima e até caça a planetas.

Isso lembra o jogo de dobrar proteínas que ajuda cientistas a identificar suas estruturas 3D, e fico imaginando se dados de genôma e sequênciamentos de DNA podem ser adaptados para que os não-cientistas possam ajudar e se divertir ao mesmo tempo. Afinal esses estudos geram muitos dados e não há gente suficiente para analisá-los. Os computadores ainda não dao conta sozinhos. No caso das galáxias, o computador pode errar 30% das vezes, isso é muito. E outra coisa, nós vemos padrões que fogem da analise da máquina, como o caso de um cara comum uma professora do ensino fundamental que analisando as imagens notou objeto diferente, nunca visto antes e que ainda não tinha explicação pelos astrônomos . Agora este fenômeno leva seu nome (Hanny´s Voorwerp) e está sendo estudado pelos telescópios mais potentes do mundo e revelou-se uma nuvem de hidrogênio (correções do leitor Evandrofisico). Isso é muito legal.

Participar ativamente de um processo é o melhor jeito de aprender e se interessar por ele. Isso sim é popularização e democratização da ciência!

 

Vi no Science Insider

World of Warcraft nada. Use seu tempo jogando pela ciência!

virginity-virginity-kid-dork-tool-fail-warcraft-world-towel-demotivational-poster-1239307933.jpgQue tal deixar de se um inútil jogador de WoW, Winning Eleven, ou golf no Wii? Uns cientistas bolaram um jogo em que você tem que dobrar a estrutura de uma proteína da melhor maneira possível, como um quebra-cabeça 3D.
Assim a proteína pode ser melhor compreendida, os pesquisadores ganham mais tempo e você pode estar ajudando a torná-la um novo medicamento!
Assim, quando sua mãe pegar no seu pé após horas de jogo você pelo menos vai poder gritar: “Estou ajudando na cura do câncer, jájá eu desço pra jantar!”
Olha o video aqui.
RT da @alesscar
Além de ajudar na pesquisa jogos podem ajudar a ensinar ciência. E funcionam! Mas como o preconceito é grande, ao invés da palavra “jogo” os desenvolvedores tem usado “plataforma de mudança comportamental” (olha o tucanês aí).
Tem alguns que já fizeram relativo sucesso, como o “Climate Change” (mudança climática) que baseou o que está para sair, “Fate of the Earth” (Destino Terrestre).
Mas treino é treino, e jogo é jogo.

O brinquedo científico mais legal.

Está dáda a largada. Veja aqui, no fantástico Blog do Brinquedo, os brinquedos mais fabulosos, separados aqui nos de ciência.

Escolha o seu predileto e conte porquê escolheu o tal.

Mesmo eu sendo biólogo molecular e tendo na lista um kit de extração de DNA, o que eu achei mais bacana é esse de desenterrar um fóssil!
esqueleto-dinossauro-kit-01.jpg
Nada mais didático e estimulante do que fazer exatamente o que paleontólogos fazem. Deve dar quase a mesma emoção do fato real.

Parceria do jogo Spore com o Projeto SETI

Pesquisadores do SETI e suas criaturas
Pesquisadores do SETI e suas criaturas

O projeto SETI (Procura por Inteligência Extraterrestre) é um projeto sério, mas muito criticado. Essa procura por sinais de inteligência, como ondas de rádio ou outras emissões pelo espaço afora, luta para manter seu financiamento. Afinal é uma busca que ainda não gerou resultados.
Se alguém souber mais sobre o projeto por favor mande material. Assumo que sei muito pouco.
Mas a parceria deste projeto com o jogo Spore me deixou intrigado. Dêm uma olhada neste site. Pagando 25 dolares você adquire uma assinatura SETI para receber informações do projeto e também poder participar da “tribo” das criaturas criadas pelos pesquisadores, participar de reuniões tribais das criaturas, e por aí vai.
Acho interessante esta integração do hype com a ciência, mas talvez traga um pouco de descrédito à já sofrida reputação do SETI.
Acho que o melhor tipo de interação seria como está mostrado neste vídeo da Seed.
Will Wright, criador dos jogos Sim City, The sims e o novo Spore, conversa com a astrobióloga do projeto SETI, Jill Tarter sobre jogos e ciência, o valor de revoluções cinetíficas e o futuro.

Seedmagazine.com The Seed Salon

Spore – O jogo é científico?

Spore- A febre do momento. Ou Hype, para usar um termo mais modernoso.
Um jogo em que podemos dirigir a evolução. Bem bacana, bonito, bem feito e divertido. Perfeito para crianças e jovens (claro que o velhão aqui está louco para jogar também). Já que é assim, será que podemos usá-lo para ensinar biologia?

É, parece que não é pra tanto. Realmente o jogo é muito amplo e complexo. Algoritmos de criação aleatória fazem com que as possibilidades do jogo tendam ao infinito. O Gerador de Criaturas do jogo é fantástico (principalmente por ter um demo grátis). Lá você pode moldar o corpo do jeito que você quiser. Escolher que tipo de aparelho bucal, com base na alimentação que ele vai ter ou no som que irá fazer para se acasalar. Vários números e tipos de olhos, pernas, pés, mãos, colorações, e por aí vai.

Ciência ou pura diversão?
Claro que um zoólogo vai sentir falta de algumas coisas. Por exemplo, no Criador de Criaturas demo só dá para criar um vertebrado. Você começa com uma coluna vertebral e esqueleto interno. Assim não dá pra fazer um inseto ou um molusco. Outro fato importante: não dá para colocar órgãos sexuais! Sendo que sexo é a base da variação genética necessária para a evolução ocorrer.
Outra coisa estranha. O jogo começa numa fase unicelular, quando seu bichinho chega num planeta dentro de um meteorito. Até aí tudo bem, essa é uma teoria aceita para a origem da vida na Terra, também chamada “teoria da origem extraterrestre”. O interessante é como um ser unicelular pode ter olhinhos fofos? Nada contra serem fofos, mas olhos são feitos de muitas células, coisa que um ser unicelular não tem.
É aí que reside o dilema dos criadores do jogo. Ele deve ser estritamente científico ou atrativo como diversão? Foi aí que algumas concessões foram feitas. Olhos em seres unicelulares, viagens espaciais em velocidade maior do que a luz (sim, você pode desenvolver seu ser até ele criar civilização e conquistar o espaço), etc.
Como eu disse acima, no jogo você dirige a evolução. Mas a evolução no mundo real não é dirigida e não tem um objetivo. Não é uma escalada para a civilização. É só uma questão de sobrevivência no ambiente.Daí a preocupação do jogo levantar a bola do Design Inteligente.
Vale ou não vale?
Bom, que fazemos então? Proibimos nossas crianças de jogar Spore? Não é pra tanto. O jogo deixa claro que é uma brincadeira. Seus bichinhos fofos não nos deixam confundir o virtual com a realidade. E podemos aprender sim sobre o pensar científico, causas e conseqüência, competição, experimentação.
Enfim, o jogo não é um simulador da vida, mas um laboratório onde podemos fingir que brincamos com ela.
links relacionados:
Revista Seed
Citrus