Sempre vejo essa comparação entre o olho humano e uma câmera fotográfica, mas fico imaginando se a origem dessa tecnologia foi mesmo bioinspirada ou se é só um jeito didático de explicar essa convergência. Alguém sabe?
E falando em convergência, a convergência adaptativa do nosso olho e o dos polvos é impressionante, mesmo nós sendo primos tão distantes:
Update 10/10/14: O querido Takata do blog Gene Repórter mais uma vez contribuiu nos nossos comentários:
“É mais convergência. As câmaras fotográficas são desenvolvimentos das câmaras escuras (camara obscura, pra quem quer gasta latim) – que eram câmaras mesmo, uma sala escura com um buraco em uma das paredes (como um pinhole, inicialmente sem lentes).
A menção mais antiga que nos chegou até hoje de uma câmara escura é de um texto chinês do séc. 5 a.C. Euclides usou o funcionamento da câmara escura como prova de que a luz viaja em linha reta.
Apesar de Alhazen ser considerado tanto o pai da óptica quanto o pai da oftalmologia, por seus estudos com a câmara obscura e anatomia do olho; parece que a comparação do funcionamento do olho com o funcionamento da camara obscura começou nos anos 1600. Em 1604 Kepler – que leu muito os trabalhos de Alhazen – cunharia o termo ‘camara obscura’ e usaria a compreensão da formação da imagem nela para apoiar a hipótese de que a imagem no olho era formado na retina. http://www.mpiwg-berlin.mpg.de/Preprints/P333.PDF
Com o desenvolvimento de instrumentos ópticos com lentes e seu uso em pesquisas científicas, é possível que tenha começado a bioinspiração.
A coisa é simples: uma prótese que entende quando o amputado quer esticar ou encolher e como ele quer fazer isso, com força ou devagar. Tudo controlado pelo cérebro mesmo, do jeito mais natural possível. Claro que um computador tem que ficar no meio do caminho, mas não parece incomodar não. É só olhar o vídeo.
Finalmente temos algo do jeito que deveria funcionar mesmo. Agora sim dá pra subir escadas!
A tecnologia está tão avançada, com o homem indo e voltando da Lua e mandando robôs nucleares pra Marte, que não dá pra acreditar que estamos tão atrasados em certas coisas básicas, como fazer uma prótese que funcione como essa que só conseguiram fazer agora. Mas porque esse atraso todo?
Eu não chamo de atraso não. Isso mostra que os maiores desafios, os mais difíceis de resolver, estão no nosso planeta mesmo. É muito mais fácil mandar 3 pessoas numa cápsula de metal, com toneladas de combustível altamente inflamável, pra fora do nosso planeta, acertar numa pedra gigante chamada Lua, e trazer esses 3 de volta, do que entender como o cérebro, de dentro de nossas próprias cabeças, comanda o movimento que fazemos todos os dias, sem esforço e sem perceber.
O pesquisador brasileiro Miguel Nicolelis está procurando fazer a mesma coisa, mas ele quer detonar o limite maior: quer fazer um tetraplégico dar o pontapé inicial da copa do mundo no Brasil, usando uma prótese que fica por fora do corpo, como a armadura do Homem de Ferro, mas controlada pelo cérebro da própria pessoa.
O National Center for Biotechnology Information (Centro Nacional para “Biotecnologia da Informação”), ou NCBI, tem duas ferramentas excelentes para ajudar quem gosta de ler artigos científicos e também para quem não aguenta mais ler esses arquivos em PDF no computador.
A primeira recomendação é para quem não tem acesso às assinaturas caríssimas de periódicos científicos. Chama-se PubMed Centralhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/ e é um braço da base dados PubMed que possui conteúdo 100% aberto, independentemente de qualquer tipo de assinatura, cadastro, afiliação etc.
É só acessar o link e fazer uma busca pelo assunto de interesse. Encontrou os artigos? Pode baixar quantos quiser!
A outra ferramenta do NCBI que quero indicar é uma novidade que me agradou muito: o PubReaderhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/about/pubreader/ foi desenvolvido para oferecer uma leitura otimizada dos artigos disponíveis na PubMed Central. Direto do browser, sem PDF.
Cliquem na imagem abaixo para uma explicação rápida de como ele funciona e no link de exemplo para ver como um artigo é apresentado no PubReader:
Pessoalmente, adorei a nova apresentação e torço muito para que essa ferramente seja replicada para outras bases! Aposto que vai ser especialmente bom para leitura em tablets e smartphones.
E vocês, o que vocês acharam do novo visual?
P.S. 1: Tenho que mencionar que o Brasil também possui uma opção muito boa de acesso livre a periódicos chamada Portal Periódicos CAPES http://www.periodicos.capes.gov.br/, mas vou escrever um texto específico sobre ele que vale à pena.
P.S. 2: Sim, estou vivo e a maior novidade de todas é que estou morando nos EUA desde Setembro. Vim para cá pelo programa Ciência Sem Fronteiras fazer um ano de doutorado-sanduíche no MIT, em Cambridge. More on that later =)
Dias atrás comentei a realização de um Ato Público encabeçado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) contra o projeto de lei que prevê a redistribuição dos royalties do petróleo.
As críticas à Proposta de Lei Substitutiva 448 extrapolam a cobertura da mídia sobre o entrave entre os Estados e Municípios produtores e não produtores, baseando-se no fato de a nova proposta extinguir itens que tratam da destinação de percentagens específicas para Ciência, Tecnologia & Inovação previstos na legislação vigente.
O evento terminou com a decisão das entidades organizarem um movimento para solicitar aos deputados da Câmara Federal mudanças no PLS 448 que destinem por lei percentuais para as áreas supracitadas. Um resumo do Ato foi publicado pela SBPC em “Já a partir de 2012, os fundos setoriais perderão quase metade do valor atual“.
Olhe o absurdo: um cientista da computação mexicano recebe uma caixa com o aviso “parabéns, aqui está o prêmio que você ganhou”. Ao abrir, o pacote explode. Era uma bomba. Armando Herrera Corral e seu colega Alejandro Aceves López estão hospitalizados, e só não estão em um necrotério porque a bomba não explodiu completamente, mas havia explosivo para derrubar um pedaço do prédio.
Em abril e maio outras bombas foram enviadas para um centro de nanotecnologia mexicano, que por sorte falharam.
Os terroristas são um grupo que odeia cientistas que trabalham com nanotecnologia e computação, por acharem que o mundo vai ser dominado por uma inteligência artificial. Os caras acham que Exterminador do Futuro era um documentário, fala sério.
Como tudo que eles querem é publicidade eu não coloquei o nome do grupo aqui. Se você quiser mesmo saber pode achar facilmente por aí.
Ataques a bomba a cientistas não são novidade, mas normalmente os terroristas são ativistas pelos direitos animais. Destroem casas, carros e laboratórios por todo o mundo e aqui no Brasil também. Um laboratório já foi totalmente destruído e um amigo bem próximo, trabalhando no laboratório de uma das maiores universidades de São Paulo, atendeu o telefone para ser avisado que devia sair do prédio pois havia uma bomba no jardim. E era uma bomba mesmo! De terroristas pró-animais-não-humanos – afinal, lembre-se que nós somos animais também. E novamente não vou dar nomes para não dar publicidade ao grupo.
Esses caras estão num nível de loucura tão grande que um colega foi a um congresso de bem-estar animal, afinal quem trabalha com animais se preocupa sim com seu bem-estar, mas percebeu que o congresso só tinha pessoas anti-experimentação animal(-não-humano). E se deparou com um dos ícones desse movimento dizendo que as pessoas não sabem fazer ameaças direito, e passou a ensiná-las como fazer! “Tem que descobrir onde o filho do pesquisador estuda, colocar um bilhete na mochila do moleque, pra saberem que você sabe da vida dele”!!!
Eu tenho medo desse pessoal anti-experimentação. Eles são sempre muito agressivos em discussões. Veja um desses meus encontros com eles aqui.
Eu entendo a motivação desse pessoal, mesmo não concordando com eles, mas partir pra violência não tem cabimento nenhum.
E, desculpem meu humor negro, mas eu queria dizer outra coisa com “precisamos fazer a ciência bombar no Brasil”.
Os avanços da tecnologia 3D, que atingiu seu ápice – por enquanto – com o mega blockbuster Avatar, de processadores e de resolução dos monitores trouxe um novo gás para o desenvolvimento de ambientes em realidade virtual.
Além de ser o sonho de consumo de praticamente todo gamer que se preze, existem várias iniciativas de uso dessas tecnologias em jogos direcionados à redução da sensação de dor em diversos tratamentos médicos. O conhecimento referente à essa atividade foi agrupado e discutido no artigo “The effectiveness of virtual reality distraction for pain reduction: A systematic review”, de Kevin Malloy e Leonard Milling (University of Hartford), publicado em Dezembro de 2010 (citação completa no final do post).
Diminuir a dor é importante não pelo fato em si. Ninguém – bom, algumas pessoas sim – gosta de sentir dor, mas de acordo com um levantamento realizado nos EUA em 2003 com mais de 28 mil trabalhadores adultos entrevistados, o custo estimado de perda de tempo produtivo entre faltas e performance reduzida devido a episódios de dor é de 61.2 bilhões de dólares. São bilhões de motivos para existirem pessoas dedicadas ao estudo de formas para se reduzir esse cenário.
Com base em diversos estudos controlados, a revisão de Malloy e Milling encontrou casos de jogos virtuais de sucesso, como dois estudos de 2008 que avaliaram o jogo Snow World. A realidade virtual simula um ambiente muito gelado no qual o jogador é inserido, e foi idealizado para auxiliar sessões de hidroterapia e trocas de curativos de pacientes com queimaduras graves, algo conhecidamente muito doloroso.
Dois momentos dos games: tratando pacientes e criando doentes.
Ambos os estudos, realizados com pacientes de 3 a 40 anos, foram bem sucedidos em comparação a outros métodos de distração, e o jogo tem sido usado para ajudar a recuperação de soldados americanos queimados com sucesso. O vídeo abaixo é uma matéria sobre o jogo e seu uso nessa recuperação:
Outros casos a se prestar atenção:
Dores causadas por punções ou acessos venosos: em estudos de 2004 e 2005, adultos e crianças em quimioterapia mostraram redução significativa dos índices de dor quando jogavam Virtual Gorilla, em que o jogador é um gorila em seu habitat. No entanto, outras distrações (não necessariamente realidade virtual) tiveram desempenho semelhante, de modo que o assunto se encontra em discussão.
Colocação de acesso intravenoso: um estudo de 2006 realizado com crianças utilizando o jogo Street Luge, de skate, trouxe resultados promissores, mas ainda inconclusivos.
O artigo comentado aborda utilizações bem sucedidas da tecnologia dos games, assunto recorrente no RNAm, e vai prá lista de argumentos contra os reclamões que só conseguem enxergar jogos como diversão, “perda de tempo” e coisa de moleque não quer crescer.
Se quiser ver os outros exemplos discutidos pelo Rafael e por mim, visite:
KM Malloya & LS Milling. The effectiveness of virtual reality distraction for pain reduction: A systematic review. Clinical Psychology Review. Vol. 30, Issue 8, Pag. 1011-1018 (2010). doi:10.1016/j.cpr.2010.07.001
Assim termina o programa de ônibus espaciais da NASA, o Projeto Constelation. A Atlantis voará e fim. A pergunta é: valeu a pena? Muita gente critica o gasto deste programa, afinal levar e trazer um ônibus é muito caro. Exatamente 100 bilhões de dólares. E eu mesmo sempre tive essa dúvida, se vale a pena esse gasto. Para a ciência foi importante, claro, afinal temos o Hubble e suas fotos e descobertas, além das aplicações tecnológicas desenvolvidas para viagem espacial e aplicadas hoje em nosso dia-a-dia (Clique aqui para ver uma animação bem legal mostrando tecnologia espacial que já usamos no banheiro ou na cozinha).
Mas não teríamos avançado mais por menos dólares se tivessem investido em foguetes sem volta e viagens não tripuladas? Eu acho que sim.
Talvez o que tenha acontecido é que chegaram dois projetos na mesa dos caras, um dos ônibus espaciais retornáveis e outro dos foguetes descartáveis (tática russa) e na hora de decidir quiseram inovar, mas escolheram a que acabou sendo mais cara, fazer o quê? Acontece. Importante é saber a hora de parar.
Segue aqui um texto muito bom do José Monserrat Filho, chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB), e que respondeu várias perguntas que eu tinha sobre isso. LEIA!
A revista britânica The Economist, edição de 30 de junho, anuncia "o fim da Era Espacial" (The end of the Space Age). Como subtítulo, a matéria de capa adianta algo para se começar a entender sua proposta: "O espaço interior é útil. O espaço exterior é história" (Inner space is useful. Outer space is history). A primeira frase parece correta, a outra, nem tanto. Continue lendo
Só um comentário: sobre a exploração para viagens particulares ao espaço ele diz que é um luxo inútil, mas eu não tiro a razão de quem sonha em fazer isto. Veja este vídeo do avião que voa mais alto do mundo e tire suas conclusões.
E se todo ser humano pudesse passar por essa experiência, o mundo mudaria?
Bônus:Space Tourists – este documentário passou na TV Cultura, mostra uma dicotomina interessante entre turistas espaciais milhonários e catadores de lixo espacial russos. MUITO BOM!!!
Eu não sou zoólogo, mas dá pra não se apaixonar pelas aranhas?! Para isso é so olhar essas coisas sensacionais que outro não-zoólogo apaixonado juntou no Rainha Vermelha.
Aqui na BBC tem o vídeo de uma ressonância magnética em uma aranha! Coisa que eu nunca tinha visto antes. E dá pra ver o coração batendo! Sim, aranhas parecem cruéis mas elas tem coração, ou algo que se parece com um.
Não é tao bonito quanto elas por fora, mas ainda sim vale a pena.
Para que estudar o coração da aranha?
Bom, imagine como é dificil definir os batimentos delas: um estetoscópio bem pequenininho e impreciso ou enfiar uma agulha dentro da aranha. Melhor mesmo a ressonância.
Interessante que na reportagem o pesquisador diz que pode ajudar a pesquisa com venenos e “venenos tem aplicação na agricultura como pesticidas”. Isso parece o papo de pesquisador que precisa pôr no projeto algum objetivo intere$$ante economicamente para poder receber dinheiro para a pesquisa.
Mas o mais legal (e aposto que é a real intenção do pesquisador) é que pode-se usar a ressonância no cérebro do bicho, e talvez até estudar seu comportamento por dentro, como é feito em humanos no escaneamento funcional (fMRI), ajudando assim no estudo da evolução do comportamento e da inteligencia.
Incrível pensar que uma caixa metálica enviada por primatas da Terra a milhares de Km pode filmar coisas tão lindas e interessantes e que acabam fazendo estes primatas entenderem mais sobre o espaço, seu mundo e sobre eles mesmos.