Minicérebros crescidos em biorreator impresso em 3D

Cientistas do MIT e do Instituto Indiano de Tecnologia de Madras cultivaram pequenas quantidades de tecido cerebral auto-organizável, conhecido como organoides, em um minúsculo sistema impresso em 3D que permite a observação enquanto crescem e se desenvolvem.

O artigo intitulado “A low-cost 3D printed microfluidic bioreactor and imaging chamber for live-organoid imaging” apresenta um biorreator com canais microfluídicos fabricados por impressora 3D para o cultivo desses organóides cerebrais.

Os organóides são partes do tecido cerebral e são muito utilizados no estudo de doenças e no efeito de medicamentos in vitro.

Entretanto, o cultivo desses organóides exigem equipamentos de alto custo para o cultivo de células como as placas de vidros específicas para um tipo de microscópio.

O biorreator microfluídico desenvolvido pelos pesquisadores é composto por três componentes principais: uma tampa de alumínio, um chip microfluídico e uma folha acrílica para visualização por microscópio, conforme figura abaixo.

Biorreator microfluídico com vista detalhada. Crédito: Ikram Khan

A tampa de alumínio é composta por duas partes (superior e inferior) e é responsável por manter a temperatura do sistema constante em 37 °C.A tampa é aberta quando se deseja fazer a visualização através de um microscópio dos organoides nos poços.

O chip microfluídico funciona por meio do escoamento do meio de cultura até os poços dos organoides. Além disso, o biorreator microfluídico possui um sistema de controle de feedback para temperatura e controle de válvulas responsáveis pela renovação do meio de cultura nos poços.

O biorreator microfluídico foi fabricado em resina biocompatível e curada com luz ultravioleta. Os custos de fabricação foram de cerca de 5 dólares por chip. Os chips utilizam em torno de 764 μl de meio de cultura a cada renovação.

O custo do biorreator microfluídico fabricado em 3D se comparados aos meios tradicionais de cultivo de células são realmente mais baixos, além dos chips serem reutilizáveis. 

Os resultados obtidos na pesquisa foram organoides mais saudáveis dos que aqueles cultivados pelos métodos tradicionais, sendo que foi possível o cultivo por períodos maiores de tempo.

Khan, um dos autores do artigo, disse em uma entrevista ao American Institute of Physics quais as vantagens do chip desenvolvido no estudo:

Uma vantagem oferecida por nosso dispositivo microfluídico é que ele permite a perfusão constante da câmara de cultura, que chega mais de perto de uma perfusão de tecido fisiológica do que a cultura convencional e, portanto, reduz a morte celular no núcleo organoide.

 

Novamente vemos as vantagens de se aliar Microfluídica com impressão 3D para obter dispositivos mais baratos e de alta eficiência comparado aos métodos tradicionais.


Texto escrito por Mariana G. M. Lopes, @marigmlopes

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Sobre Harrson S. Santana

Doutor em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) com enfoque em Microfluídica, Simulação Numérica e Biodiesel. É também especialista em Impressão 3D de microdispositivos. • Atuou como Prof. Dr. da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) na área da Termodinâmica Aplicada e Operações Unitárias`; Foi Professor colaborador da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) na área de Microrreatores; Professor Visitante na Universidade de São Paulo (USP) e no Instituto ESSS. • Atuou como Pesquisador na UNICAMP nas áreas de Microfluídica, Manufatura Aditiva, Simulações Numéricas e Processos Químicos. • Ministrou Cursos e Workshops acerca de diversos temas, tais como Modelagem e Simulação de Dispositivos Microfluídicos e Impressão 3D de Dispositivos Microfluídicos, a convite de diversas instituições como Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal do Espírito Santo. Também foi palestrante convidado de diversas conferências nos temas de Biotecnologia, Energia, Microfluídica entre outros. • Foi editor dos livros "Process Analysis, Design, and Intensification in Microfluidics and Chemical Engineering" e "A Closer Look at Biodiesel Production". • Atualmente atua como editor convidado dos periódicos “JoVE Journal” e “Frontiers in Chemical Engineering”. • Participou até o momento de 18 projetos de pesquisa, como coordenador e integrante gerando como resultados 33 artigos científicos em importantes periódicos internacionais, 6 patentes depositadas e 7 programas de computador com registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). • É criador do blog Microfluídica & Engenharia Química, onde apresenta conteúdos dessas duas áreas e como elas influenciam a nossa sociedade. Seu interesse científico se concentra em fenômenos de transporte, engenharia das reações química, simulações numéricas de dispositivos microfluídicos aplicados em processos químicos, físicos e biológicos, impressoras 3D e bioimpressão, além de sistemas robóticos.

2 respostas para Minicérebros crescidos em biorreator impresso em 3D

  1. Tel U diz:

    this has been eye-opening for me. especially inducing disassociation. thank you the author

  2. thanks for sharing this info

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