Potenciais usos e aplicações das técnicas de edição genética

Potenciais usos e aplicações das técnicas de edição genética

As recentes técnicas de engenharia genética trarão transformações importantíssimas em várias esferas da nossa existência. Antes de entrar no domínio da manipulação do genoma humano, observemos por exemplo uma aplicação notável: a CRISPR-cas9 promete ser capaz de erradicar a epidemia de ZIKA e de dengue, de acabar com a malária e doenças semelhantes transmissíveis via mosquitos.

No que diz respeito à espécie humana as promessas são ainda maiores. Dentro das aplicações possíveis da edição genética neste âmbito, há duas esferas que pedem para ser imediatamente consideradas. A primeira tem a ver com a terapêutica; a segunda, com a eugenia.

Terapêutica

O leque de usos possíveis da edição genética em relação à saúde é assombroso: diversos tipos de tumores, malformações e doenças hereditárias; enfermidades como o HIV, a Hepatite B e inclusive transtornos mentais como a depressão ou a esquizofrenia poderiam ser combatidos e eliminados [1].

E há mais. Combinando tecnologias, a comunidade científica está considerando seriamente a possibilidade de criar clones idênticos ao indivíduo doente porém sem cérebro e com órgãos sãos, de maneira que, caso necessário, possa ser executado o transplante com independência da disponibilidade “natural” de doadores e com uma compatibilidade inédita em relação ao corpo do receptor.

Eugenia

Mas os usos possíveis das novas tecnologias não são apenas negativos: não se trata somente de uma libertação da dor, mas da articulação positiva de uma vida “melhor”. O segundo âmbito onde as aplicações das novas tecnologias se perfilam é, para dizê-lo claramente, o da eugenia.

Ter uma pele mais resistente às radiações nocivas; gerar ossos, músculos, tendões com uma performance otimizada; livrar a humanidade de pequenas deficiências como a miopia, o astigmatismo ou similares e uma longa série de upgrades: tudo isso não é mais ficção científica.

Os cientistas se debatem: falam de introduzir mudanças para o melhoramento da espécie, de estender a vida, de dar um novo salto evolutivo “controlado”, independente das delongas próprias dos processos naturais e sem dar lugar à aleatoriedade. Os otimistas se empolgam. Os investidores se interessam. A população observa, atônita, enquanto os intelectuais e os Estados lidam como podem com o fenômeno.


[1] Quando a engenharia genética se combina com a neurociência um universo novo de possibilidades – e problemas – se abre. Cfr. DALL´AGNOL, D., Edição de genes e problemas morais na interface entre bioética e neuroética.

 

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