Sobre comidas azuis

A mãe abriu um saco de papel, entregou uma coxinha para sua filha e, para acompanhar, nada melhor do que suco, certo? Mas o suco precisava ser azul?

Presenciei essa cena em uma visita recente ao Consulado brasileiro em Boston e me lembrei de uma discussão antiga na minha família, levantada pela minha irmã: por que abominamos comidas azuis? A repulsa não se explica apenas por conta da artificialidade, pois não gosto dos sucos artificiais alaranjados mas adoro o suco de tangerina do restaurante Pitanga em São Paulo. Não tomo gatorade verde mas não resisto a um suco de couve com laranja.

A teoria da minha irmã é que não gostamos de comer nem beber coisas azuis pois não há comida azul na natureza. Segundo ela, blueberry (mirtilo, em português) e batatas azuis são, na verdade, roxas.

Aí me lembrei de uma vez em que fui ao Museu de História Natural de Harvard e ouvi Hillery Metz explicar que, na maioria dos animais, a cor azul não é produzida por pigmentos azuis, e sim por luz azul refletida por estruturas microscópicas que formam sulcos, camadas finas, bolhas de ar. Ou seja, diferentes comprimentos de onda são refletidos dependendo da maneira como essas estruturas se organizam; são as chamadas cores estruturais. Metz é pós-graduanda da universidade de Harvard.

Fui pesquisar se os azuis das plantas são produzidos assim também. Sim, há cores estruturais em plantas, embora seja uma área ainda pouco explorada pelos pesquisadores, segundo trabalho publicado por Beverley Glover e Heather Whitney no Annals of Botany (aqui). Mas há pigmentos azuis em plantas, como é o caso da antocianina.

Bom, continuo sem saber explicar a repulsa a comidas azuis. Alguma pista?

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