Blue Zones: locais onde as pessoas vivem muito, e com qualidade
Ontem o lindo final de tarde convidava para um happy hour à beira do rio ou do mar. Mas a curiosidade em saber mais sobre as Blue Zones – locais no mundo onde as pessoas vivem muito e com qualidade – venceu, e fui assistir a uma palestra proferida por Dan Buettner no Museum of Science, como parte da série “celebridades da ciência”.
Explorador da revista National Geographic, Buettner viajou mundo afora em busca de histórias de vida, padrões de comportamento e hábitos alimentares de idosos e centenários que vivem em hotspots de longevidade: Okinawa (Japão), Sardenha (Itália), Icária (Grécia), Nicoya (Costa Rica) e Loma Linda (Califórnia, EUA). Com a ajuda de uma equipe de cientistas, Buettner identificou o que os velhinhos, vivendo em regiões tão distintas e distantes do planeta, têm em comum. Veja se há algo parecido com o seu estilo de vida:
– Eles não se exercitam “formalmente”, e sim se movimentam naturalmente. Por exemplo, as casas em que vivem os okinawas são estruturadas de forma a estimular que se levantem e abaixem aproximadamente 40 vezes por dia.
– Todos têm um propósito de vida. Achei especialmente interessante a valorização do idosos observada em todas as Blue Zones. “Quanto mais velho, mais celebrado”.
– Todos se alimentam com sabedoria: vinho ou saquê ao final do dia, dieta baseada em plantas (muito feijão, lentilhas, grãos, verdes, nozes, castanhas) e moderada (param de comer quando se sentem 80% satisfeitos).
– Todos fazem parte de redes sociais, seja com amigos e/ou família.
– Todos têm alguma crença religiosa ou espiritual.
Confesso que torci um pouco o nariz, tanto na palestra quanto no livro, quando o tom de autoajuda predominava. Por outro lado, é interessante observar se (e o quanto) nos distanciamos dos hábitos dos moradores das Blue Zones e o que podemos fazer para viver mais e com qualidade.
Sobre viver com qualidade, um dado que me chocou: os moradores destas Blue Zones, além de viveram cerca dez anos a mais do que a média mundial, morrem de maneira natural e menos traumática. Os chamados “anos de morbidade” são reduzidos, em média, para menos de um ano. Segundo Buettner, os norte-americanos têm uma expectativa de vida de 78 anos e três anos de morbidade (mobilidade prejudicada, afetados por doenças, requerem cuidados médicos diários). No caso dos okinawas, por exemplo, muitos aproveitam a vida plenamente até os últimos momentos e vários morrem dormindo.
A pesquisa do explorador, capa da National Geographic em 2005, foi uma das três edições mais vendidas na história da revista. Durante a palestra, Buettner mostrou um vídeo de um senhor de 80 anos andando de bicicleta, em alta velocidade, para ir visitar a mãe de 104 anos. A plateia adorou!
Dan Buettner em palestra ontem no Museum of Science.
Por falar em plateia, as perguntas foram afiadíssimas. Várias perguntas começavam assim: “acredito que você esteja familiarizado com a pesquisa de X, Y, Z”. Literatura sobre envelhecimento na ponta da língua…
Ao final, claro, fui pedir um autógrafo. Veja o que ele escreveu: