Detecção precoce de câncer tem limite*

Prometi que não publicaria a mesma informação aqui e no blog da SBI, mas, neste caso, não resisti. 

“Quanto mais cedo o câncer for detectado, maiores serão as chances de cura”. Não há nada de novo nesta afirmação, certo? Mas para garantir tal detecção precoce, você estaria disposto(a) a implantar em seu corpo um sensor que libera um sinal (câncer!) lido por um equipamento do tamanho de um celular que você mesmo carrega? Fico imaginando a seguinte cena: a pessoa acorda, liga o aparelho e pergunta: “será que é hoje o dia em que serei diagnosticado(a) com câncer?”

Sensores in vivo para detecção de câncer. Fonte: Koch Institute/MIT

Escutei sobre tais sensores in vivo na última sexta-feira (30/abril), como parte de uma das atividades do evento BetterWorld, organizado pelo Fórum de empreendedorismo do MIT. Urvashi Upadhyay, médica e pesquisadora do Koch Institute (MIT), explicou que os sensores utilizam sistemas micro-eletromecânicos que detectam, por exemplo, uma alteração de pH. Combinados a nanopartículas que permitem visualizar alterações moleculares e celulares, os sensores podem ser utilizados não só para detecção precoce mas também para liberação de drogas no local e no momento apropriados. 

Não há dúvidas de que a tecnologia é de fronteira e pretende tratar eficientemente a doença mais temida da humanidade. Robert Urban, diretor executivo do Koch Institute, falou sobre a estratégia que os engenheiros e cientistas do instituto estão adotando. “O câncer é uma doença tão complexa que optamos não por buscar a cura, e sim por usar tecnologias para melhorar o tratamento”, disse.

Mas será que é saudável carregar tais sensores? Eles devem ser adotados por todos ou apenas por grupos de risco? Será que eles nos fariam doentes? Há algum paralelo entre os sensores e os testes genéticos? O que você faria com a informação de que está escrito no seu DNA que você tem 30% de chance de desenvolver um câncer aos 58 anos? E onde entram os RNAs, que podem regular tudo isso?

Enfim, este post deveria ter seguido o modelo do Perguntas de Biruta, de André Báfica.

E, para terminar, mais uma pergunta: será que Ray Kurzweil está certo? Segundo o futurista, sofremos tantas doenças pois o nosso DNA está desatualizado. Está na hora de reprogramar o nosso código genético com implantes de microchips para acompanhar a contento o desenvolvimento tecnológico?

Adoro a liberdade que o blog permite. Mais perguntas do que respostas.

*Publicado originalmente no SBlogI.

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