Revista Veja quebra o côco científico mas não arrebenta a sapucaia

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Essa doeu na gente! Esta capa é velha mas representa a dor que sentimos.

Confesso que tenho uma certa tendência de ver um assunto sempre pelo outro lado e tentar defendê-lo, o famoso “advogado do diabo”. Mas acho que este tipo de atitude é saudável para qualquer discussão se usado com moderação.

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A bola da vez é a revista Veja e suas escorregadas científicas desta semana. Uma das críticas é a de plágio sem citar a fonte da reportagem de capa “Genética não é espelho”. Clique aqui para entender.

Outra crítica, com relação à reportagem na sequência da já referida, traz um erro muito crasso, um gráfico mostrando pontes de hidrogênio, que só têm função estrutural, como genes. E o pior não é isso, mas sim a carta de resposta a uma crítica enviada à revista:

“Por não ser uma revista científica, VEJA pode sim representar os genes como bolinhas. Cometeríamos erro se tivéssemos trocado os genes pelo DNA ou coisas do gênero.(…)” Veja a história e a figura no Brontossauros em Meu Jardim.

Plágio e erro gráfico/conceitual sem retratação não têm desculpa, concordo plenamente. Mas afirmar que a reportagem toda é um lixo acho que já é um exagero.

Alguns pontos positivos:
-A reportagem de capa, fala de epigenética e da ação do ambiente sobre os genes e características (fenótipos) das pessoas. É uma idéia difícil de se ver na imprensa, que está cheia de determinismo genético com seus “gene da violência”, “gene do câncer de mama”, gene disso, gene daquilo. Esta é uma das poucas reportagens que eu vejo que abordam a importância do ambiente diretamente sobre a expressão dos genes.

-Trouxe um glossário para explicar o que é genoma, DNA, RNA, micro-RNA e epigenética.

-Explicou também como funcionam os estudos com gêmeos, importantíssimos quando se quer ver os pesos da genética e do ambiente.

-Falou até da importância e do mistério que é o desenvolvimento de um organismo, desde o zigoto até o nascimento, que é realmente uma das fronteiras mais importantes de nosso conhecimento.

Como disse, estou sendo advogado do diabo. Não simpatizo com a Veja em muitos aspectos, principalmente nos científicos. Fica aqui o contra-ponto e a sugestão de passar as matérias científicas por um consultor científico. Aposto que custará menos que estas manchas na reputação da revista.

Bebê à prova de câncer?

O título não é idéia minha, mas sim da BBC Brasil. Aliás, uma péssima idéia. Mas sensacionalismo vende jornal, fazer o quê… (por isso copio a idéia, mas fica aqui a crítica no melhor estilo “faça o que eu digo e não o que eu faço”).
O que os médicos britânicos fizeram foi usar uma técnica já muito utilizada, o Diagnóstico Genético Préimplantacional, do inglês “Pre-implantation genetic Diagnosis” – PGD, e não como foi erroneamente traduzido na reportagem da BBC Brasil: Diagnose com Pré-implantação Genética (alguém avise a eles que, em biologia, mudar a ordem dos fatores altera o produto sim, afinal, o que viria a ser uma preimplantação genética?).
A técnica consiste em retirar uma célula do embrião de oito células e identificar nela se um gene específico está presente. Sem prejuízo ao embrião, que será implantado na mãe posteriormente. Isto é uma seleção, afinal a fertilização é feita in vitro no laboratório e são gerados alguns embriões. O que se faz é verificar se há ou não o gene de interesse e implantar apenas o embrião com a característica desejada. Neste caso, de quatro embriões, selecionaram um que não tinha a cópia cancerígena do tal gene.
O bebê é mesmo à prova de câncer?
Não. Ele é à prova de alguns tipos de câncer de mama e de ovário que são os ligados a este gene, o BRCA-1. Este gene e um dos mais bem estudados por ter esta forte e clara tendência hereditária. Na família do pai deste bebê, o câncer de mama é muito importante, tendo afetado a avó, mãe, irmã e prima, todas em idade nova.
A chance de esta criança desenvolver este tipo de câncer seria de 80%. Muito maior que a média da população. Agora sua chance de adquirir um câncer qualquer continua a mesma da média das pessoas.
Deixo aqui minha crítica à reportagem da BBC Brasil, que foi copiada por muitos outros jornais como o Estadão e afins. Muito resumida e simplista, com aquele erro crasso de tradução do nome da técnica e o título sensacionalista. Coisas que não se pode perdoar já que a reportagem original, da BBC internacional, está muito bem escrita.

Células reprogramadas: a promessa nascida em 2008

Saiu na revista Science a eleição do “breakthrough of the Year”, ou seja, a coisa que estourou a boca do balão no ano que passou.

E as células pluripotentes induzidas foram as escolhidas.

A técnica é simples: Pega-se uma célula adulta (da pele por exemplo), ativa-se 3 ou 4 genes nela e esta célula se comportará com uma células embrionária. Podendo dar origem a outros tipos celulares como células cardíacas e neurônios.

No futuro elas poderão tudo e muito mais do que se planejava fazer com as células-tronco embrionárias.

Aqui um videozinho da Science falando da história toda e um texto comentando. Aviso: está em inglês, e na página da Science, por isso não sei se você terá acesso. Caso não consiga, eu tentei.

Blogagem coletiva África: Um continente tratado apenas como um país


– Este post é parte integrante da blogagem coletiva “África: o que você sabe sobre ela?”
Pra quem não sabe, a Áfica é um continente. Desculpe se você já sabia disso, mas muita gente não sabe. Sarah Palin a candidata derrotada a vice-presidente dos EUA não sabia.
Mas sejamos sinceros, quem agem realmente como se a África fosse um continente? Um CONTINENTE! Ou seja, a maior classificação de uma porção de terra do nosso mundo. Só temos 5 deles. Toda diversidade de clima, terrenos, plantas, animais e pessoas divididas em cinco. E a África é um deles. E se é tão grande, tão diversa, e tão complexa como qualquer outro continente, porque a tratamos como um país?
Vemos a África como grandes savanas, sempre com leões, elefantes e girafas. Graças ao foco, talvez excessivo, dos documentários da BBC e afins. Alguns ainda lembram esporadicamente que o Sahara fica por aquelas bandas também.
Falamos dos problemas da África como se fossem de uma natureza só. Sempre a história dos europeus saqueando, dividindo e abandonando. Isso para quem não acha que só há savanas por lá. Mas o que havia antes da colonização? O que há agora?
Sempre falamos dos africanos como se fossem uma só população.
Como este blog que vos fala é de cunho científico, principalmente biológico, só pretendo comentar este tema da população. Deixo para blogs mais politizados os outros temas.
Como está escrito no blog Brontossauros em Meu Jardim (recomendo fortemente a leitura), podemos ver que a África é, sem dúvida, o berço da humanidade. Lá se desenvolveram os HOMO. E quando um deles conseguiu ficar de pé (Homo erectus) ele andou. E andou muito, mas muito mesmo. E atrás dele foi o Homo sapiens.
É importante notar que uma pequena população de 10 mil deu origem a todos nós.

Mas algo também interessante é que só uma parte dessa população saiu da áfrica e logo depois ficou isolada lá fora. Esta leva que saiu foi que formou todas as populações fora da África: europeus, australianos, asiáticos e ameríndios.
Apesar da grande diferença que notamos entre as chamadas “raças” (termo não mais usado pois nã há diferenças suficiente para determinar raças diferentes), elas ocorreram nessa pequena população que saiu da África e se espalhou pelo mundo. Somos parentes muito mais próximos do que podemos imaginar.
Caldeirão de povos da África
Se nesse tempo fora da África as populações já adquiriram características diferentes como pele clara, olhos azuis, cabelos ruivos ou olhos puxados, imaginem as várias populações que já existiam na África e não saíram dela. Paradas no tempo é que não ficaram. Com o clima e a geografia mudando, elas também foram se modificando.
Hoje, europeus, australianos e asiáticos, são mais parecidos do que duas populações africanas entre si. Zulus e pigmeus, vivendo no mesmo continente, são parentes mais distantes entre si, com mais diferenças físicas, culturais e genéticas do que europeus e seus irmãos japoneses do outro lado do mundo.
Além disto, há muito mais “raças”, ou melhor, populações humanas, dentro da África do que somando todas fora dela.
Portanto, não há informação mais vaga do que chamar alguém que vem da África de africano.
Está na hora de pensarmos na África com a complexidade que ela merece.
Bônus: para mais informações sobre nossas origens acesse o documentário interativo www.becominghuman.org

É dos nerds que elas gostam mais! São mais férteis e vivem mais.

“De acordo com a revista científica New Scientist, nerds possuem espermatozóides mais saudáveis que os de outros homens. Por isso, seriam mais férteis e gerariam descendência inteligente.
Para realizar o estudo, diversos homens tiveram de passar por uma bateria de testes que medem o nível de inteligência. Depois disso, foi atestado que aqueles que pontuaram mais no teste apresentaram espermatozóides mais saudáveis e em maior quantidade, enquanto que os menos espertos, que tiveram menor pontuação, produziram quantidade também menor de gametas, além de haver maior ocorrência de indivíduos doentes e fracos nesse último caso”.

Notícia no Yahoo

Pena que há uma contrapartida. Outras pesquisas relatam que homens mais inteligentes sofrem mais de ejaculação precoce. E faz todo sentido. Afinal como que pode ter tanto nerd por aí se eles têm uma dificuldade intrínseca em se relacionar com o sexo oposto?
Duas explicações possíveis: primeiro que a pesquisa analisa inteligência e não nerdismo, que podem ser coisas diferentes; e segundo, já que são tão férteis, quando eles finalmente ficam com uma mulher, a combinação “maior fertilidade + ejaculação precoce” garante o sucesso reprodutivo do nerd. É o famoso tiro certeiro.
Mas que ligação é essa entre inteligência e espermatozóides saudáveis?
Já vemos que na verdade não há um índice de “nerdismo”. A pesquisa aplicou testes de QI, não de conhecimentos em Star Wars. Então parece que há uma relação entre Qi alto e maior fertilidade em homens.
Provavelmente a inteligência do homem trás vantagens para as mulheres. Afinal várias pesquisas mostram que mulheres preferem homens inteligentes tanto para casar quanto para uma noite e nada mais. Um marido inteligente para criar os filhos parece uma vantagem óbvia, mas pra que escolher homens inteligentes para relacionamentos de apenas uma noite?
Talvez pelo mesmo motivo que outras fêmeas escolhem machos com rabos maiores, maiores jubas ou melhores canções: estes podem ser indícios de melhores genes.
Inteligência, beleza, canções e bons genes

Dizer que homens e mulheres preferem pessoas bonitas não é dizer nenhuma novidade. A novidade é que beleza põe mesa sim. Homens mais simétricos, considerados mais bonitos, têm espermatozóides mais saudáveis. Assim, a beleza é um indicador das condições da saúde de um macho humano.
Quanto à inteligência, recentemente um comentário na Nature confirma que pessoas mais inteligentes (bem sucedidas nos testes de QI) vivem mais tempo. Aqui vão algumas hipóteses levantadas ao tentar responder por que QI alto leva a uma vida maior:
– maior inteligência ligada a melhor educação e melhores empregos, levando a pessoa a viver em ambientes mais saudáveis;
– pessoas mais inteligentes teriam comportamentos mais saudáveis, como alimentação e exercícios físicos;
– eventos prematuros na vida das pessoas, desde a vida intrauterina, podem ter relação com o desenvolvimento intelectual e também com a saúde futura;
– um QI alto pode ser um indicador de que o corpo como um todo está funcionando bem. Respostas ao ambiente podem depender de características como reflexos rápidos, exigindo tanto um processo mental como uma resposta física.
Claro que esta área de pesquisa chamada Epidemiologia Cognitiva ainda está se desenvolvendo e não tem dados suficientes ainda para dizer qual o peso de cada uma destas causas para ligar inteligência e vida longa. Mas parece ficar claro que inteligência é sim vantajosa. E do mesmo jeito que mulheres podem selecionar saúde e vantagens em seus pretendentes pela beleza, a inteligência parece um fator importante nessa seleção.
Portanto meninos estudem! E se não forem inteligentes, enganem bem bancando o gênio citando as infos que você lê aqui no RNAm. Porque malandragem também é uma estratégia nessa guerra da seleção sexual.
Link de interesse: Do intelligent men have better sperm?

Bicarbonato de sódio NÃO cura o câncer

Atualização 08/07/09: Leia depois o post sobre o trabalho que comprova a eficácia do bicarbonato contra metástase. Mas nada de cura ainda, e muito menos de fungos.


Mais uma cura para o câncer foi achada!
Agora é o bicarbonato de sódio. Simples e barato. O sonho de qualquer doente. Por isso mesmo devemos desconfiar. É o tradicional “quando a esmola é demais o santo desconfia”.
O médico Tullio Simoncini chama atenção pela simplicidade do tratamento que criou.
Segue aqui um trecho do spam que flutua pela internet:

“O médico observou que todo paciente de câncer tem aftas. Isso já era sabido da comunidade médica, mas sempre foi tratada como uma infecção oportunista por fungos – Candida albicans.
Esse médico achou muito estranho que todos os tipo de câncer tivessem essa característica, ou seja, vários são os tipos de tumores mas têm em comum o aparecimento das famosas aftas no paciente.
Então, pode estar ocorrendo o contrário – pensou ele. A causa do câncer pode ser o fungo. E, para tratar esse fungo, usa-se o medicamento mais simples que a humanidade conhece: bicarbonato de sódio.
Assim ele começou a tratar seus pacientes com bicarbonado de sódio, não apenas ingerível, mas metodicamente controlado sobre os tumores.
Resultados surpreendentes começaram a acontecer. Tumores de pulmão, próstata e intestino desapareciam como num passe de mágica, junto com as Aftas. Desta forma, muitíssimos pacientes de câncer foram curados e hoje comprovam com seus exames os resultados altamente positivos do tratamento.”


O fungo causando o câncer. Alias, TODOS os tipos de câncer.
Bom, seria simples verificar pelo menos a presença do fungo ou de seus produtos nos tumores. Não sei se alguém já fez isto, mas é algo que o médico que propõem o tratamento deve ter feito. Deve ter feito testes em ratos e camundongos. Deve ter identificado como o fungo causa mutação no DNA das células do tecido atacado.
Não, nada disso foi feito. Mesmo em seu site o médico, que pelo que pude averiguar não é mais médico pois teve seu registro cassado, não realizou nenhum estudo minimamente cuidadoso. Não testou em animais, não tem uma lista confiável para acompanhamento de pacientes tratados, ou seja, ele e seu tratamento vivem à margem da medicina.
O pior de tudo é que ele nega veementemente o fato do câncer ser uma doença ligada ao DNA, sendo que sabemos hoje que esta é a base de sua origem. Não existe mistério nenhum aqui, como Simoncini afirma existir. Uma prova simples é a síndrome Li-Fraumeni, que faz a pessoa ter câncer muito mais cedo que a maioria da população por possuir uma cópia (alelo) a menos de um gene importante na regulação da célula. Os filhos de pessoas com a síndrome também têm maior chance de desenvolver câncer prematuramente. Isso prova que o câncer é sim ligado à genética.
Mortes pelo tratamento
Encontrei aqui neste site acusações mais sérias, dizendo até que uma pessoa tratada por este médico na Holanda morreu em decorrência ao tratamento.
E fechando com chave de ouro, veja se um médico que se diz injustiçado e busca reconhecimento pela seriedade deveria colocar em sua página fatos como este no seu perfil: “Quando estudante no colegial e na faculdade, suas habilidades musicais o levaram a formar bandas que fizeram shows pelo centro da Itália”.
Bandas? Ah… que bom. Informação muito pertinente.
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Atualização 08/07/09: Leia depois o post sobre o trabalho que comprova a eficácia do bicarbonato contra metástase. Mas nada de cura ainda, e muito menos de fungos.

Projeto Genoma Pessoal

Prof. Misha doa células para PGP
Prof. Misha doa células para PGP

Ao invés de querer seqüenciar todo o genoma de uma pessoa, que tal simplificar e seqüenciar só os trechos que vão virar realmente proteína? Essa parte representa só 1% do genoma, o que reduz o esforço em muito. Adicione a isto as informações médicas detalhadas sobre a tal pessoa. Faça isso com 100.000 pessoas e disponibilize para todos o mundo as informações. Este é o Projeto Genoma Pessoal (PGP), realizado pela Havard, que tem por objetivo ceder informações sobre a tecnologia de genoma pessoal de forma correta, responsável e efetiva.
Para começar foram recrutados 10 voluntários muito bem informados sobre a tecnologia, como o próprio idealizador do projeto, George Church (aqui num artigo da Wired, o diretor da 23andMe Esther Dyson, o lingüista Steven Pinker e o professor e blogueiro Misha Angrist.
Você também pode se voluntariar no site do projeto. Mas cuidado, afinal seu relato médico vai ficar online para o mundo todo, desde problemas cardíacos até frieiras no pé ou impotência. Afinal é um banco de dados onde vai ficar tudo armazenado e aberto para qualquer um fazer pesquisa. Inclusive alguém pode querer saber se pessoas com impotência têm mais da proteína X ou Y, coisas desse tipo.
O projeto tem como objetivo também seqüenciar o genoma inteiro destas pessoas. O que não vai demorar muito, já que o preço e a velocidade dos seqüenciamentos estão diminuindo vertiginosamente.
Como as pessoas, e o resto do mundo, reagirão tendo suas informações genômicas em mãos? É isto que todos queremos saber. E o PGP vai nos responder.
Vi no Genetic Future
Artigos do MIT Technology Review e do The New York Times
Artigos RNAm sobre o assunto

Os homens (e não as mulheres) dominam a evolução… ou não

Certificado de garantia


Sabe quando uma informação já está na sua cabeça, mas você nunca parou pra pensar realmente nela, e de repente alguém fala disso e você grita “NÓÓÓSSA, é mesmo”! Pois é, minha cabeça explodiu desse jeito agora.
A evolução é a chave da nossa existência, correto? Bom, pelo menos para nós biólogos sim. Mas “evolução não é uma coisa ou uma força, é um processo, uma idéia. Que está repleta de fatos e mecanismos. Os principais são: mutação, seleção, deriva genética e recombinação. Sendo que a mutação é a base, pois todas as outras dependem da variabilidade que ela gera. Pois bem, as mutações são falhas ao copiar o DNA, que podem acontecer por fatores externos (radiação UV, temperatura, ataque químico) ou internos, na hora da divisão celular.
Quais as células mais propensas a mutações? As que se dividem mais. Células da pele e as da medula que produzem células do sangue, por exemplo. Mas essas mutações não têm importância evolutiva porque não passam para os descendentes. Um tipo de célula que se divide pra diabo é a que faz espermatozóides. Milhões e milhões deles. Milhões e milhões de divisões celulares. Milhões e milhões de… MUTAÇÕES! (existem sistemas de reparo, mas eles falham, afinal são humanos. A prova disto é que nós não temos mais rabos ou barbatanas)
Sendo assim, os homens são os responsáveis pela evolução da espécie humana!!! (Vide o video de Michael Lynch na FAPESP)
Leitor-interlocutor diz: “E essa foi a idéia que fez explodir sua cabeça?!”
Poxa, sim… é que como eu disse, nunca tinha pensado nisso, mesmo tendo todas as informações na cabeça.

Ok, não vou apelar, os homens só são os maiores responsáveis pelo aumento na variabilidade. Mas se quem escolher os parceiros for a mulher, elas estariam comandando a seleção. Qual é mais importante, variação ou seleção? É, não dá pra decidir quem guia a evolução humana.

Desculpem o post inútil.

Ambiente social e cultural, ou genética? Qual decide nosso destino?

Ambiente social e cultural, ou genética? Qual decide nosso destino?
Casos e mais casos sugerem a influência dos dois. Como eles interagem ainda permanece um mistério. Afinal, como a dieta de uma larva de abelha pode definir se ela será uma operária ou uma rainha? Como o ambiente social pode “neutralizar” o efeito de um gene, deixando alguém mais ou menos violento?
É difícil pensar nas nossas ações, decisões e personalidades sendo moldadas por genes. Mas não é tão difícil imaginar que o exemplo dos pais pode moldar a personalidade de uma criança. Afinal, o exemplo paterno está na mesma classe de eventos que a formação da personalidade infantil: a psicológica. O gene está ligado só a doenças, ao corpo diretamente. E se tudo isto estiver interligado?
Isso leva a uma pergunta antiga: a mente está ligada ao corpo? Os bons e velhos cartesianos achavam que não. E por muito tempo esta foi a visão mais aceita pelo mundo. Hoje em dia, estudos de fisiologia, psiquiatria, psicologia, neurociências, têm mostrado a ligação direta entre o corpo e a mente.
Muitas de nossas ações são moduladas por hormônios e neurotransmissores, que são todas proteínas, e as proteínas são feitas por genes. Uma das grandes perguntas que se faz hoje em dia é esta, já feita acima, mas aqui generalizada: como o ambiente pode interagir com nossas proteínas e influenciar nosso comportamento?
Prometo trazer toda informação possível para esclarecê-lo, caro leitor. Porque eu faço isto? Não sei. Talvez minhas proteínas precisem do seu reconhecimento. E isto talvez só Freud explique!

O gene do bom futebol.

Comentando a notícia: Cientista nega existência de “gene de craque de futebol”

Mais uma área caiu na bravata do determinismo genético. Agora até clube de futebol foi atrás de geneticistas para investir em pesquisa e descobrir o “gene do craque”. Assim, as escolinhas de base poderiam incluir testes genéticos para descobrir quem será o próximo Ronaldinho Gaúcho.

Graças a deus, o geneticista Henning Wackerhage tem a cabeça no lugar, e falou que “não há e nem haverá um teste para identificar o próximo Cristiano Ronaldo.”

“Um grande jogador precisa de condições cerebrais, noção de bola, condição física e uma série de coisas nas quais entram em jogo (atentem para o trocadilho “entrar em jogo”) cerca de 500 genes”, diz Wackerhage indicando o impedimento.

Não só isso, meu querido Wackerhage. São 500 genes e treino, muito treino. Afinal, quem disse que a falta de um gene não pode ser compensada com MAIS treino?

Claro que o geneticista não poderia deixar de puxar a sardinha para o seu lado, quando afirma que tendências para esportes menos complexos, como os 100 metros rasos, poderiam ser detectadas no futuro. Só não sei qual critério ele usa para definir um esporte como menos complexo que outro. Cartão amarelo para ele.

E mesmo que tais testes fossem possíveis, não poderiam ser usados por empresas. Muito menos para contratação (como já foi escrito aqui).

Mas que seria desejável um teste genético para selecionar cartolas de futebol, isso seria.