Espero não chegar lá…
Assista o vídeo abaixo e descubra o que acontece quando um ornitólogo esquece de tomar seu gardenal. Espero não chegar lá um dia…
31 de Outubro, Dia do Saci, do Caapora e do Mapinguari!
Esqueça o Dia das Bruxas, 31 de Outubro é o Dia do Saci. Em se tratando de um blog que recebeu a alcunha de uma criatura com relações de parentesco próximas ao Saci, o Caapora não poderia deixar essa data passar em branco. No entanto, deixemos o anfitrião da festa e o padrinho do blog um pouco de lado, e vamos comemorar a data falando um pouco sobre outro personagem do folclore brasileiro e ícone da criptozoologia amazônica, o Mapinguari.
Personagem do rico folclore amazônico, o Mapinguari é descrito como um animal detentor de garras enormes sendo completamente coberto por uma vasta pelagem castanho avermelhada que esconde a pele coriácea semelhante a de um jacaré. Geralmente, se locomove sobre quatro patas, mas eventualmente assume uma postura bípede, podendo então passar dos dois metros de altura. Ainda segundo a lenda, o Mapinguari exala um cheiro muito forte e extremamente desagradável que deixa as pessoas desorientadas, e também é capaz de emitir um grito ensurdecedor que pode ser escutado a quilômetros de distância.
Em outras versões da lenda, a criatura assume uma imagem bem mais assustadora e é descrita como decaptadora e devoradora de homens, tendo os pés virados para trás, apenas um olho e uma boca descomunal que iria até a barriga. Alguns contam que o Mapinguari é um velho pajé que descobriu o segredo da imortalidade e foi amaldiçoado, condenado a viver para sempre como uma besta peluda e fedorenta vagando pela floresta.
São inúmeros os relatos de pessoas que juram de pé junto já terem ficado cara a cara com um Mapinguari. As histórias se repetem nos lugares mais longínquos e isolados da Amazônia, índios, seringueiros e caçadores dos confins do Acre, Amapá, Pará e Amazonas afirmam já terem visto o que alguns acreditaram ser o próprio “coisa ruim”, outros afirmaram até já terem matado o bicho, mas foram impossibilitados de se aproximar por conta do cheiro fétido exalado pela besta.
Desde 1977, quando iniciou suas pesquisas com aves amazônicas, o ornitólogo estadunidense David Oren, atualmente pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi, sempre ouviu histórias sobre o Mapinguari contadas pelos moradores locais durante seus trabalhos de campo em regiões remotas da Amazônia, mas mantinha-se cético sobre o assunto. No entanto, em 1988 , Oren ouviu um relato de um encontro com um Mapinguari na região norte do Tocantins que o fez duvidar que seu interlocutor estivesse mentindo. Este relato fez ele racionalizar os fatos e pensar um pouco se aquilo poderia mesmo ser verdade e caso fosse, qual seria esse animal tão bizarro capaz de dar origem a lenda? A resposta que lhe veio a cabeça foi surpreendente, uma preguiça terrestre gigante da família Megalonychidae!
Atualmente, os bichos-preguiças se resumem a apenas cerca de seis espécies viventes, mas há cerca de 20 mil anos atrás o grupo das preguiças era muito mais diversificado, ocorrendo por quase todo continente americano e era representado por várias espécies de preguiças terrestres, muitas delas gigantescas, como Megatherium, que podiam atingir o tamanho de um elefante! De acordo com o registro fóssil, as preguiças terrestres estariam extintas há alguns milhares de anos, os fósseis mais recentes datam de aproximadamente 10.000 anos atrás. Segundo David Oren, no entanto, os numerosos relatos de encontros de pessoas com Mapinguari podem corresponder na verdade a encontros com preguiças terrestres que ainda hoje habitam a região amazônica.
A convicção do pesquisador era tão grande que a partir de 1988 ele organizou várias expedições por quase toda a Amazônia, algumas até apoiadas por instituições como a National Geographic, com o intuito de provar a existência do Mapinguari e contabilizou o relato de mais de cem pessoas que alegam tê-lo visto, escutado ou até matado. Até agora, nenhuma das expedições de Oren conseguiu localizar evidências concretas que comprovam a existência desta criatura lendária, e ao menos por enquanto, o Mapinguari sobrevive apenas no imaginário dos povos amazônicos. Mas, quem sabe não se esconde em alguma região inatingível da Amazônia uma das maiores, senão a maior, descoberta zoológica de todos os tempos.