Querido leitor, antes de nos aventurarmos nos estudos e aplicações da microfluídica e da engenharia química, resolvi fazer alguns textos explicando alguns conceitos dessas duas áreas. Esses textos farão parte de uma série desse blog sobre Origens & Fundamentos. Essa série visa explicar para o leitor a evolução dessas duas áreas do conhecimento e os conceitos básicos delas.
Como são áreas muito amplas, não seria possível (e eu nem tenho conhecimento para isso ainda) um texto só para colocar toda essa informação. Fazendo uma série de textos a leitura por parte de você leitor, fica mais agradável e menos cansativa.
Nesse texto em particular, como o título já diz, vou comentar um pouco com vocês sobre o que é a engenharia química e sem mais delongas, vamos ao texto.
O que é a engenharia química?
Isso é uma pergunta um quanto difícil para mim, leitor. Na minha defesa de doutorado (19/07/2016), eu comecei a minha apresentação explicando uma das várias aplicações da engenharia química. Uma das razões disso foi que a minha família estava presente (e você a de concordar comigo leitor que explicar o que um engenheiro químico faz não é uma das tarefas mais fáceis). A outra razão foi a dificuldade de enunciar uma definição para a engenharia química. Na minha pesquisa para a escrita desse texto, encontrei dois textos bem interessante sobre o que seria a engenharia química.
O primeiro é do Portal de Engenharia Química (Link aqui) que nos diz que a Engenharia Química trabalha com a transformação de matérias-primas em produtos de valor agregado, contribuindo para a nossa qualidade de vida. Para exemplificar, sabe aquela gasolina vendida nos postos de combustíveis? Bom, ela é obtida através de vários processos químicos (em outra oportunidade eu irei tratar sobre processos químicos) em uma refinaria de petróleo (Figura 1) utilizando como matéria-prima o petróleo. Ou seja, nós temos a matéria-prima (petróleo), mas o que nos interessa é o produto (gasolina).

Figura 1: Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) em Araucária, Paraná. Foto: Divulgação Petrobrás
Uma vez que nós entendemos um pouco o trabalho da engenharia química, podemos elucidar a definição de Engenharia Química. A melhor que eu encontrei na pesquisa foi a da Federação Europeia de Engenheiros Químicos: “A Engenharia Química é a concepção, desenvolvimento, design/dimensionamento, melhoramento e aplicação de processos e de seus produtos. Isso inclui a análise econômica, design/dimensionamento, construção, operação, controle e gestão das plantas industriais para esses processos junto com a pesquisa e a educação nesses domínios” [1].
Essa definição mostra o quão amplo é a Engenharia Química, porque não só envolve profissionais que trabalham no dia a dia das industrias (os engenheiros de processos), como profissionais que trabalham na concepção e implementação de projetos das plantas industriais e também os engenheiros que atuam nas universidades. Nessa visão, poderíamos dizer que os engenheiros químicos levam a química de laboratório para a escala industrial, o que permite a produção em massa de produtos utilizados por nós no dia a dia.
Uma definição interessante da profissão de engenheiro químico é dada pelo Instituto Americano de Engenheiros Químicos (AIChE) na sua constituição (Link aqui): “A Engenharia Química é a profissão na qual o conhecimento de matemática, química e outras ciências naturais adquiridas pelo estudo, experiência e prática é aplicado com julgamento para desenvolver formas econômicas de utilizar materiais e energia para o benefício da humanidade”
Com os conhecimentos citados acima, o engenheiro químico consegue atuar em áreas bem diversificadas desde a produção em larga escala de commodities (produtos produzidos em larga escala e comercializados em escala mundial) até indústrias e pesquisas nas áreas farmacêuticas [2, 3], eletrônicas [4] e robóticas [5, 6].
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[1] GILLET, J. E. Chemical Engineering Education in the Next Century. Chem. Eng. & Tech., v. 24 (6), p.561-570, 2001. Link para o artigo.
[2] ROBERGE, D. M. et al. Microreactor Technology and Continuous Processes in the Fine Chemical and Pharmaceutical Industry: Is the Revolution Underway?. Org. Process Res. Dev., v. 12 (5), p. 905-910, 2008. Link para o artigo.
[3] AM ENDE, D. J. Chemical Engineering in the Pharmaceutical Industry. John Wiley & Sons, Inc., Hoboken, New Jersey, 2011. Link para o artigo.
[4] CLANCY, P. Chemical engineering in the electronics industry: progress towards the rational design of organic semiconductor heterojunctions. Current Opinion in Chemical Engineering, v. 1, p. 117-122, 2012. Link para o artigo.
[5] GRANCIC, P.; STEPANEK, F. Active targeting in a random porous médium by chemical swarm robots with secondary chemical signaling. Phys. Ver. E Stat Nonlin Soft Matter Phys, v. 84, 2011. Link para o artigo.
[6] KUKSENOK, O.; BALAZS, A. C. Designing Dual-functionalized Gels for Self-reconfiguration and Autonomous Motion. Scientific Reports, v. 5, 2015. Link para o artigo.
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