Texto escrito por Tatyana Tavella
#IVERMECTINA, um breve histórico
2015, o ano em que pesquisadores que descobriram um medicamento que contribuiu para uma diminuição drástica de doenças parasitárias em países tropicais, ganharam o tão almejado Prêmio Nobel de Medicina. William Campbel, da Merk, e Satoshi Omura, do Kitasato, foram laureados pela pesquisa que levou ao descobrimento da ivermectina!
No entanto, o que parecia um conto de fadas em formato de uma parceria público-privada bem-sucedida sofreu uma reviravolta. Isto é, Uma pesquisa voltada para o bem-estar social tão importante como esta ganhou um tom mais realista na pandemia do novo coronavírus. Qual? Nem toda história tem um final feliz.
Causos recentes: a persistência e manutenção da desinformação…
No fim de janeiro de 2021, começou a circular em alguns grupos e mídias sociais do Brasil, uma “Meta análise”. Mas, o que é uma Meta análise? É um estudo que coleta TODAS as informações disponíveis sobre um determinado assunto. Posteriormente a isto, avalia a qualidade e homogeneidade dos dados, para verificar se os estudos concordam entre si. Assim, o pilar da meta análise é o rigor científico. Isto quer dizer que existem critérios que devem ser seguidos para validar um estudo de Meta Análise.
No caso desta “meta análise” que estava circulando nas redes sociais e grupos, havia uma suposta “prova” que a ivermectina funciona no tratamento da COVID-19. Todavia, ressaltamos: no caso da Meta Análise divulgada sobre a ivermectina na COVID-19, nenhum critério científico que valide o estudo foi seguido.
Recentemente, um estudo clínico concluiu que o tratamento à base de ivermectina não apresentou benefícios clínicos em pacientes com COVID-19. Esta pesquisa cumpriu os protocolos de metodologia com duplo-cego randomizado e envolvendo mais de 400 pacientes. Sua conclusão foi de que o tratamento à base de ivermectina não apresentou benefícios clínicos em pacientes com COVID-19. O trabalho foi publicado no início de março (2021) na JAMA, uma das revistas de medicina mais prestigiadas do mundo.
Sobre a criação do mito da ivermectina
O Brasil é um dos únicos países do mundo que insiste em destinar recursos públicos para comprar ivermectina para tratamento da COVID-19. Mesmo sem comprovação científica. Isso ao invés de investir em estratégias que realmente funcionam, como VACINAS. Mas de onde veio a ideia de que esse medicamento funciona para o tratamento da COVID-19?
A ivermectina se tornou uma das drogas mais populares no mundo devido à pandemia do novo coronavírus, disso todo mundo sabe. O frenesi em relação à droga fez com que a medicação se esgotasse das farmácias por todo o Brasil. Lembrando que nós estamos entre os países que mais investem no medicamento para tratamento da COVID-19 (ao lado de México, Egito e Argentina).
Em março de 2020, um trabalho publicado mostrou que doses altas de ivermectina reduziram 99.98% do RNA viral em células infectadas com SARS-CoV-2 in vitro.
UM ALERTA: AS PALAVRAS “CÉLULAS” E “IN VITRO” INDICAM QUE A PESQUISA AINDA NÃO ACONTECEU NO SER VIVO “INTEIRO” – O TESTE ACONTECE NUMA PLACA DE LABORATÓRIO
Isto ocorreu pouco depois de a OMS declarar a pandemia de COVID-19, e a pesquisa era de um grupo australiano da Universidade de Monash.
Um trabalho aparentemente promissor, uma vez que o reposicionamento de fármacos reduz o tempo do descobrimento de drogas para uma doença emergente.
Este tipo de pesquisa, busca diferentes aplicações para compostos que já passaram por ensaios clínicos de segurança. Assim, por já terem cumprido uma etapa de segurança com sucesso, já estão aprovados para uso em humanos por órgãos regulatórios. Entretanto, bom lembrar que os “ensaios clínicos de segurança” incluem testes de toxicidade. Além disso, há prescrição de dose máxima e análise de doses letais para seres humanos. Ou seja, há indicação clara de qual dose é DANOSA ao ser humano (informação que vem na bula, por exemplo).
É importante ressaltar que esse estudo foi publicado em um momento de tensão em que o mundo assistia o sistema de saúde italiano colapsar. Dessa forma, viralizou como uma faísca de esperança no combate do novo coronavírus.
No entanto, antes de acabar com os estoques de ivermectina das farmácias achando que a ivermectina previne, trata, ou cura COVID-19, devemos considerar alguns pontos desse estudo:
1. Tratava-se de um estudo preliminar in vitro.
Os testes in vitro são realizados em cultura de células (ambiente artificial, controlado) para verificar a atividade e toxicidade de um composto ou medicamento. Assim, com esses testes, são selecionadas moléculas promissoras para testes em modelos animais, os chamados testes in vivo. Isto é, estes testes são modelos um pouco mais próximos do organismo humano (ensaios pré-clínicos). Os compostos promissores nos modelos animais avançam para serem testados em humanos quanto à eficácia e segurança (ensaios clínicos), antes de serem comercializados.
Nesse estudo, a ivermectina foi testada em doses altas em células de rim de macaco in vitro. Outros estudos já haviam reportado atividade antiviral da ivermectina contra vírus de RNA in vitro.
No entanto, nenhum trabalho demonstrou atividade antiviral da ivermectina in vivo.
Apesar de inibição in vitro, o tratamento à base de ivermectina não mostrou benefícios na prevenção da infecção letal de Zika vírus em camundongos. Isto é, mesmo funcionando in vitro, no modelo in vivo não obtivemos resultados. E todo o experimento com fármacos precisam desta fase pois é ela que PROVA que dentro do corpo, existe combate à doença.
Apesar de atividade contra dengue in vitro, um ensaio clínico de fase III feito na Tailândia mostrou que o tratamento com ivermectina não reduziu a viremia. Além disso, os resultados também não apontaram benefícios no quadro clínico de pacientes com dengue. Vale frisar que no pipeline de descobrimento de drogas existem dezenas de milhares de compostos testados. No entanto, quando vamos olhar o número de compostos aprovados para uso comercial cai para casa de um dígito. Ou seja, é MUITO difícil encontrar uma molécula que passe por todas as fases do pipeline. Em suma, a pesquisa in vitro e as análises in vivo são etapas fundamentais e representam resultados parciais em um trabalho INICIAL.
2. A dose de ivermectina utilizada no estudo é alta.
O estudo constatou que em tratamentos in vitro realizados com a dose de 5 µM, a ivermectina foi capaz de reduzir em 99.98% a quantificação de RNA viral da célula infectada com SARS-CoV-2. Aparentemente a ivermectina tem uma atividade potente contra o novo coronavírus in vitro. No entanto, quando consideramos as propriedades farmacocinéticas desse composto, observamos outra coisa. Essa concentração é mais 17 vezes maior do que a concentração sérica máxima mais alta (Cmax) de ivermectina reportada na literatura.
Assim, isso significa que para testar se a ivermectina tem um potencial clínico no tratamento da COVID-19, precisaríamos de uma dose de ivermectina muito maior do que as reportadas nos testes de segurança desse medicamento. Ou seja, a dose necessária para o teste clínico equivale a uma dose maior do que a segurança para as pessoas. Em suma, de novo, traduzindo: esta dose equivale a uma intoxicação grave e as pessoas podem MORRER tomando as doses reportadas no estudo.
3. O reposicionamento de fármacos só funciona em uma situação específica
O reposicionamento funciona? Sim, mas com uma ressalva fundamental! Se as doses utilizadas para tratar uma doença nova se encontram dentro do intervalo de segurança clínica para qual o composto obteve aprovação! Dessa forma, nesse caso, o estudo utilizou uma concentração de droga extremamente alta e inatingível, mesmo com dosagens excessivas do medicamento. Isto é, a ivermectina tem ação in vitro contra o vírus. Mas no corpo humano, na concentração usada no estudo, ele mataria o hospedeiro também (ou seja: nós…). Conclusão: a concentração de ivermectina utilizada no estudo é IRRELEVANTE do ponto de vista clínico, pois pode (e eventualmente vai) matar o ser humano.
Sobre a Ivermectina e o Tratamento precoce no Brasil
Em janeiro de 2021, durante o colapso do sistema de saúde de Manaus, o Ministério da Saúde lançou o aplicativo TratCov. Este aplicativo estava estruturado em uma pontuação de sintomas do paciente. Qualquer sintoma mínimo de COVID-19 (qualquer pontuação), sugeria a prescrição de um coquetel de medicamentos. Este coquetel tinha indicações SEM EFICÁCIA CIENTÍFICA para tratamento da COVID-19 (ivermectina estava incluída na lista).
Nesse mesmo período, o Twitter reconheceu as postagens do Ministério da Saúde do Brasil referentes ao “Tratamento Precoce” como “enganosas”.
Nós fomos o único país do mundo a ter posts de um ministério ocultados por uma rede social.
No início de fevereiro de 2021, a Merk publicou uma nota dizendo que não existem evidências científicas de que o medicamento funcione para tratar COVID-19. Quem é a Merk? A farmacêutica fabricante de ivermectina e principal beneficiada com as vendas do medicamento.
Além disso, apesar do silêncio dos Conselhos de Medicina do Brasil, muitos médicos fizeram um alerta sobre o surgimento de casos de hepatite medicamentosa causada por excesso de ivermectina. Até mesmo o Conselho Federal de Farmácia se manifestou contra o uso de ivermectina e do “tratamento precoce” como estratégia de tratamento para a COVID-19.
Por fim…
Não existem evidências científicas. Como assim? Não há estudos clínicos que passaram por revisão e publicadas em revistas científicas endossando ou justificando o uso de ivermectina no tratamento da COVID-19. Assim, Não existe tratamento precoce para COVID-19. A Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO), o FDA e a ANVISA não recomendam o uso de ivermectinapara tratamento ou prevenção da COVID-19.
Conclusão: a ivermectina não cura, não trata e não previne COVID-19 e seu uso prolongado PODE LEVAR A PESSOA À ÓBITO!
Para saber mais
- The FDA-approved drug ivermectin inhibits the replication of SARS-CoV-2 in vitro-
- Ivermectin: a systematic review from antiviral effects to COVID-19 complementary regimen. PMID: 32533071; PMCID: PMC7290143
- Lack of efficacy of ivermectin for prevention of a lethal Zika virus infection in a murine system.
- Ivermectin as a potential COVID-19 treatment from the pharmacokinetic point of view: antiviral levels are not likely attainable with known dosing regimens.
- WHO guideline on drugs for covid-19. BMJ. 2020;370:m3379
- Recomendação sobre o uso de ivermectina no tratamento de COVID-19 – OPAS/OMS | Organização Pan-Americana da Saúde (paho.org)
- FDA Letter to Stakeholders: Do Not Use Ivermectin Intended for Animals as Treatment for COVID-19 in Humans
- Agência Nacional de Vigilância Sanitária: nota de esclarecimento
- Merck: remédio em teste reduz infecção por covid-19, aponta dado preliminar.
- Médicos alertam sobre uso de ivermectina contra Covid-19, após suspeita de paciente com hepatite aguda-contra-covid-19-apos-suspeita-de-paciente-com-hepatite-aguda
- TrateCov: sistema do governo que sugere cloroquina não explica uso de dados
- López-Medina E, López P, Hurtado IC, et al (2021) Efeito da ivermectina no tempo de resolução dos sintomas entre adultos com COVID-19 leve : um ensaio clínico randomizado, JAMA, Publicado online em 04 de março de 2021.
- Busca de fórmulas milagrosas contra a Covid-19 continua impulsionando vendas de medicamentos
A autora
Tatyana Tavella, Farmacêutica pela Universidade de São Paulo, doutora em Genética e Biologia Molecular pela Unicamp, atualmente trabalha na área de descobrimento de fármacos no Laboratório de Doenças Tropicais da Unicamp.
Este texto é original e exclusivo do Especial Covid-19
47 comentários
Caetano · 29/03/2021 às 06:38
Precisamos contar isso ao FDA. Olha só o que eles pensam: https://doi.org/10.1016/j.antiviral.2020.104787
Ana Arnt · 29/03/2021 às 15:40
Prezado Caetano,
este artigo é conhecido por nós e, inclusive, faz parte do que apontamos no histórico da postagem.
https://drive.google.com/file/d/1f2xOrymeyWLxZ3Ni2i1HuW6TYRfO2SyO/view?usp=sharing
Obrigada pela leitura.
Gilberto Amorim Moura · 29/03/2021 às 20:01
Eu li com interesse o texto. Como leigo, me restou uma dúvida: Como devo receber a opinião ou receituário do médico que vier a me acudir, quando e se necessário, num caso de covid19 e ele prescrever ivermectina?
Ana Arnt · 30/03/2021 às 00:50
Gilberto,
Eu, no seu lugar, negaria o tratamento precoce, pediria evidências científicas, perguntaria se ele se responsabilizaria por uma possível hepatite medicamentosa (por escrito e assinada), indicaria este texto e, assim que possível, buscaria outro médico.
🙂
Suzana · 02/04/2021 às 22:05
Hepatite medicamentosa? Vejamos: a dose de Ivermectina usada para o tratamento da Covid é compatível com a posologia para tratamento de outras doenças, confirme descrito na bula do medicamento. Esse medicamento é amplamente utilizado há décadas. Nunca houve relato de hepatite medicamentosa por conta de seu uso. Aliás, apenas 2% da substância é metabolizada no fígado. A droga é mais segura do que paracetamol. Já que o assunto é ciência, traga as evidências científicas que correlacionem o uso da Ivermectina ao desenvolvimento de hepatite. Fico no aguardo!
Ana Arnt · 06/04/2021 às 01:28
Na bula da Ivermectina, consta:
"A metabolização é hepática e a maior concentração tissular é encontrada no fígado e no tecido adiposo. Níveis extremamente baixos são encontrados no cérebro, apesar da lipossolubilidade da droga. Isto se deve ao fato de a Ivermectina não atravessar a barreira hematoencefálica dos mamíferos em situações normais."
Declaração de não eficácia da Merck:
https://www.merck.com/news/merck-statement-on-ivermectin-use-during-the-covid-19-pandemic/
Bula em inglês:
https://www.merck.com/product/usa/pi_circulars/s/stromectol/stromectol_pi.pdf
Atenciosamente,
Ana Arnt (coordenadora do Especial COVID-19)
Eluane nivaes · 30/04/2021 às 00:54
Que essa bióloga da uni amo deve ter sido comprada
Ana Arnt · 30/04/2021 às 08:28
Como funcionária da Unicamp eu sou estatutária - isto é, fiz concurso público para estar ocupando o cargo que ocupo atualmente na universidade.
Não existe compra de ninguém 🙂
Obrigada pelo comentário.
marlon · 05/04/2021 às 19:27
é só não tomar. fique esperando com muita paciência em casa, e se piorar antes de algum estudo 100% seguro e com anos de testes e confirmações chegar, torcer muito pra não ser caso grave. mas se for e começar a ficar sem ar e taquicardico, grite pra todos ouvirem: eu não aceito o remédio do bozo,..., se morrer pelo menos você não tentou se render ao negacionismo de quem quer precocemente evitar que a população evolua pra complicações mais severas, blz
Ana Arnt · 06/04/2021 às 01:32
A questão é simples, Marlon...
Não ter tratamento e ter consciência disto é o que possibilita também termos uma atitude preventiva efetiva contra a doença: isolamento social, uso correto de máscaras, higienização, frequentar a menor quantidade de ambientes fora de casa possível - e preferencialmente áreas externas.
Tomar um medicamento por eu "querer" me curar, não faz com que eu me cure.
Não é "só não tomar". Somos um veículo de divulgação científica, com informação baseada na ciência: seguiremos pautando nossos textos em informações técnicas, científicas e seguras à população.
Atenciosamente,
Ana Arnt (coordenadora do Especial COVID-19)
Geraldo Bohessef · 27/04/2021 às 10:00
Qual tratamento no caso do Covid seria o indicado, se nenhum tem comprovação científica de sua eficácia ? Todas as pessoas que conheço e fizeram tratamento precoce, que é o feito no início da doença e se curaram, melhor fazer o tratamento no início da doença do que depois pra ser entubado.. Se nenhum medicamento tem sua comprovação científica aprovada, a solução qual seria então ? 10 mil médicos que atuam na linha de frente e que curaram milhões de pessoas dizem que o tratamento funcionou, tanto que assinaram um manifesto apoiando esse tratamento, será que estão mentindo ? Será que tenho que recusar tratamentos recomendados por médicos, isso é dizer que o médico não tem competência, seria o caso desses 10 mil médicos?
Ana Arnt · 29/04/2021 às 11:53
Bom dia, Geraldo.
Cerca de 80% das pessoas que se contaminam com o SARS-CoV-2 se curam sozinhos, com sintomas leves. Algumas pessoas que vão ao hospital com sintomas severos, precisam de oxigênio. Outros necessitam ser intubados. A solução é diminuir novas contaminações: com isolamento social, uso de máscaras, vacinação.
Milhões de pessoas se vacinaram no mundo e em locais em que a vacinação em massa está ocorrendo a quantidade de mortes e hospitalizações já é observada. No Brasil temos dois exemplos disso: Serrana, com vacinação de todos os adultos e Araraquara com lockdown.
Será que temos que recusar estes dados que mostram a efetividade do isolamento (como em outros locais do mundo fizeram) e da vacinação em massa (como outros lugares do mundo também fizeram) com o salvamento de milhares de vidas no Brasil e milhões de vidas no mundo?
Atenciosamente,
Ana Arnt
Adriano · 01/05/2021 às 16:09
O link do item 12 não está funcionando
Ana Arnt · 01/05/2021 às 17:02
Oi Adriano,
nós corrigimos. Obrigada pelo aviso.
Rafael · 06/04/2021 às 11:32
Obrigado pelo artigo, Ana. Esclareceu muitas das minhas dúvidas.
Gostaria de aproveitar a oportunidade para perguntar qual a sua opinião sobre as pesquisas que tem sido conduzidas por Peter A. McCullough a respeito de um possível tratamento precoce com base em um coquetel de medicamentos. De tudo que tenho lido até agora, incluindo seu texto, não parecem haver evidências científicas que incentivem o uso de quaisquer tipos de tratamentos precoces, porém, como não sou da área, fiquei confuso ao tomar conhecimento das pesquisas de McCullough.
Link de uma reportagem sobre: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/entrevista-peter-mccullough-tratamento-precoce/
Link de um reply escrito por McCullough ao The American Journal of Medicine: https://www.amjmed.com/article/S0002-9343(20)31093-7/fulltext
Agradeço desde já.
Ana Arnt · 06/04/2021 às 19:17
Rafael,
os estudos relacionados ao teu link estão ou em estudos preliminares e pre prints, ou são cartas e notas, de meados de 2020.
Procurando sobre os medicamentos, o estudo mais recente encontrado apontou não ter efeito antiviral significativo.
Atenciosamente,
Rafael · 07/04/2021 às 13:50
Muito obrigado pelos esclarecimentos, Ana.
Poderia postar o link desse estudo mais recente sobre medicamentos, por favor?
Ana Arnt · 09/04/2021 às 14:52
O link está no post:
http://10.1001/jama.2021.3071
Antônio Mendes Pereira Neto · 13/04/2021 às 23:42
Parabéns!!
Rafael · 06/04/2021 às 16:14
Pelo visto, meu comentário pedindo sua opinião a respeito das pesquisas do Peter A. McCullough foi excluído...tudo bem. Como minha intenção é realmente me informar melhor sobre o assunto, peço que, por gentileza, me responda ao menos por e-mail.
Fico no aguardo.
Ana Arnt · 06/04/2021 às 19:19
As vezes a administração está apenas trabalhando, lendo, organizando novos materiais e precisa de tempo, calma e cautela antes de responder. Como todo o veículo que trabalha com divulgação científica que não propaga desinformação, prega.
Atenciosamente,
Ana Arnt
Rafael · 07/04/2021 às 13:46
Desculpe, entendo perfeitamente. Quando acessei a página o comentário não apareceu mais, acabei acreditando que havia sido excluído, como já vi acontecer em outros veículos de divulgação cientifica. Em seguida, atualizei e o comentário apareceu, mas já havia postado sobre a exclusão e não havia como apagar.
Parabéns pelo trabalho de vocês.
Ana Arnt · 09/04/2021 às 14:51
Todos os comentários são moderados, pois existem xingamentos recorrentes e ataques aos autores.
Todo e qualquer comentário precisa ser analisado sobre se vale a pena ser veiculado, especialmente para proteger nossos colaboradores.
Além disso, quando precisa de resposta técnica, precisa de um tempo de estudo e análise de dados - o que demanda tempo.
Tudo o que fazemos neste veículo é embasado na ciência e tem revisão e debate. Neste sentido, as vezes demoramos o tempo que precisamos para realizar estas etapas.
Atenciosamente,
Ana Arnt
Rafael · 10/04/2021 às 11:29
Compreendo e agradeço novamente pelo trabalho de vocês.
Daylton Jonnes Cavalcante Barros · 08/04/2021 às 12:34
Hepatite medicamentosa? O post é até interessante, traz algumas informações, mas a credibilidade é duvidosa quando menciona hepatite medicamentosa, se considerarmos a dose usual. O professor Satoshi Õmura é uma das únicas pessoas do mundo que tem propriedade pra falar nesse medicamento, aliás ganhou até prêmio Nobel por isso. Os argumentos contrários à eficácia não tem comprovação científica também.
Ana Arnt · 09/04/2021 às 14:48
Daylton,
Não é realidade que só quem desenvolveu o medicamento que tem autoridade para falar sobre o mesmo. No caso, a pesquisa realizada para COVID-19 é uma pesquisa que se desenvolve para um fim específico - diferente do que o inicialmente projetado e que culminou na premiação do NOBEL.
Ter feito uma pesquisa tão importante como esta te torna referência do tema da pesquisa, o que é o caso.
Entretanto, a pesquisa é feita de questionamentos. A doença é nova, a ivermectina é um remédio usualmente estudado como prática de pesquisa de reposicionamento - já publicamos sobre isto também - ninguém é dono da verdade sobre o medicamento, a ciência funciona pelo debate e em busca de consenso. Que neste momento indica que a Ivermectina NÃO FUNCIONA para covid-19.
braulio · 12/04/2021 às 17:54
Vocês teriam estudos que comprovam a eficácia de uso de máscara e a adoção de lockdown? Que sejam controlados, randomizados e com os possíveis fatores externos de influência muito bem delineados e descritos nos estudos. Obrigado!
Ana Arnt · 26/05/2021 às 17:58
Não faz sentido estudos randomizados para adoção de lockdown. O desenho dos experimentos para situações assim não é igual ao experimento de uso de medicamentos, por exemplo.
Sobre Lockdown nós temos os dados de países como Vietnã (que fez lockdown no início, aliado a quarentena de viajantes e testagem com rastreamento em massa). Também tivemos Nova Zelândia e Austrália, que conseguiram zerar os casos nos países.
No Brasil o único caso em que tivemos lockdown foi Araraquara - que viu os casos despencando e as internações drasticamente menores, incluindo zerar mortes no pior momento da nossa pandemia.
Este estudo aponta o cenário de lockdown em vários países e aponta algumas saídas para "medidas restritivas" que não sejam lockdown. Perceba que as aberturas vêm com políticas públicas e anúncios públicos eficientes, claros e sem rodeios à população - nada disso nós temos aqui em nosso país.
https://link.springer.com/article/10.1007/s10668-020-00867-y
Lago · 21/05/2021 às 22:36
Ana você poderia responder a pergunta abaixo. Obrigado.
Alexandre · 16/04/2021 às 01:32
Achei interessante o trabalho vou analiza-lo melhor mas vou fazer uma afirmação e uma provocação.
1 - Eu me tratei com Ivermectina apenas quando contrai a doença. Afirmo sem nenhum interesse escuso que em menos de 5 minutos após tomar a primeira dose de 3 comprimidos, pelo meu peso, o sintoma de perda de olfato e posteriormente TB o paladar voltaram. Fiz por três dias consecutivos e a febre, calafrios que vinha tendo foram sumindo até desaparecerem. Me curou! Nesse período estava responsável por 4 pessoas em confinamento na mesma casa. Idades 84 minha sogra, 76 minha mãe , minha esposa 46 e meu filho de 11. Nenhum deles contraiu a covid19 pois eu durante meses dei uma dose a cada um deles preventivamente inclusive eu que não contrai mais o vírus. Minha sogra teve outra experiência na cidade natal dela, depois que voltou, a filha dela que cuidava dela se infectou e ela não se contagiou.
2- Quem não acredita, caso um parente próximo contraia a doença e ela evolua, podendo "tentar" o TRATAMENTO deixaria esse parente à própria sorte já que não tem TRATAMENTO? Reze, espere um milagre ou morra? É isso?
Obrigado!
Ana Arnt · 16/04/2021 às 12:54
Olá, Alexandre, obrigada pela leitura do texto.
Vamos a alguns pontos:
- "tomei e me curou": tratamentos com medicamentos são provenientes de estudos clínicos estruturalmente organizados para obtenção de respostas precisas acerca de sintomas e eliminação do vírus do nosso organismo. Os medicamentos demoram mais do que este tempo para fazer desaparecer completamente os sintomas.
De qualquer modo, não consegues estabelecer uma relação direta, a partir de uma análise pontual e única, como as que estás afirmando. As relações causais não são factíveis e não consegues traçar linearmente uma relação direta. Os estudos clínicos comprovatórios da eficácia do medicamento estabelecem quais mecanismos químicos e fisiológicos de cura.
Grande parte das pessoas vai ter COVID-19 sem apresentar sequelas ou sintomas graves e há possibilidade de convivência - embora raro - e não contaminação. Nada em tua fala comprova que foi a ivermectina.
- Quem não acredita, caso um parente próximo contraia a doença e ela evolua, podendo "tentar" o tratamento deixaria este parente à própria sorte já que não tem tratamento? Reze, espere um milagre ou morra? É isso?
Não ter tratamento de CURA não significa não ter indicação de terapias que minimizem sintomas e possam controlar a doença em determinados casos. Infelizmente não termos CURA para a doença nos traz esta insegurança e a ideia de que "tomar algo que dizem não ter efeito é melhor do que nada". Não, não é "melhor do que nada", pois ainda podemos ter efeitos adversos deste medicamento e agravar alguma situação que já se encaminharia para a necessidade de internação hospitalar (eventualmente até ADIAR a busca por médicos por estar se tratando e acreditar que vai melhorar à revelia do medicamento não ter função terapêutica para esta doença). Ao contrario do que pode parecer, não desejamos piora e não temos qualquer intenção de afirmar que não nos entristece a possibilidade de agravamento do quadro de saúde das pessoas. Mas jamais indicaríamos um tratamento ou coadunaríamos com uma indicação de tratamento que a ciência tem reiterando que não tem funcionalidade.
No mais, ao ter sintomas da doença e ao sinal de qualquer agravamento, nossa indicação é buscar profissionais de saúde que sigam recomendações científicas para a COVID-19.
Abraço, ficamos contentes em saber que não houve agravamento de tua situação, ou contaminação de teus familiares e pessoas próximas.
luis mario martins · 29/04/2021 às 00:09
Isso procura um profissional da saúde q ele vai te mandar pra casa e tomar paracetamol !! E morra . Foi o que aconteceu com um amigo meu, ficou 2 dias em casa tomando paracetamol e morrendo aos poucos , aí a filha dele foi numa farmácia q vendia sem receita médica comprou azitromicina , ivermectina e predinisolona e começou trata-lo em 3 dias estava curada já nem levantava mais da cama . Aliás é um crime ter q ter receita médica para comprar antibioticos ( mas isso é outra conversa ) acho q vocês está aí neste site só para contar os defuntos e ainda recebem para isso .
Ana Arnt · 29/04/2021 às 11:42
Luis Mario,
obrigada pelo comentário respeitoso e com desejo de saúde a todos que tem trabalhado para informar a população.
Vamos lá, nós aqui não desejamos a morte de ninguém. Entretanto, isso não nos faz com que indiquemos medicamentos que não sejam eficazes. Há inúmeras doenças que não possuem tratamento como "cura", e sim como paliativos. Isto quer dizer que existe um controle dos sintomas e a tentativa de minimizar os riscos de morte. Com a dengue, por exemplo, temos cuidados paliativos, que diminuem a dor, o mal estar. Mas não curam. Não é a primeira vez que nos deparamos com uma doença que não conseguimos a cura (nem será a última).
Casos individuais não comprovam a eficácia do medicamento, Luis. A ciência trabalha com análises de muitos casos, para conseguir avaliar os desvios padrão e conseguir "normalizar" os resultados. Isto é, precisamos avaliar as resposta MAIS COMUNS e aqueles que divergem (e como divergem).
Não é crime precisar de receita médica para antibióticos, isto evita a automedicalização e protege o uso indiscriminado de medicamentos.
Ao contrário do que acontece em determinados imaginários pessoais e sociais, a imensa maioria dos profissionais que atuam neste site o fazem de modo VOLUNTÁRIO. Não recebemos para contar defuntos e não recebemos, em grande parte das pessoas aqui, para divulgar ciência.
Espero que a vida te seja mais suave e perceba que a agressividade e desejo de morte a outros não ajuda em nada.
Atenciosamente,
Ana Arnt
Dalton · 29/05/2021 às 04:16
Casos individuais? A srta pelo visto parece estar um pouco mal informada, são dezenas de casos de pessoas que tomaram os remédios supra citados e tiveram exito na recuperação, muito provavelmente ainda não ouviu falar nem acompanha de perto o trabalhos das dras Raissa Soares, Roberta Lacerda, dra Lucy Kerr e tantos outros, já procurou se atualizar a respeito? Estes sim profissionais respeitados por seus trabalhos cujo âmbito de estudo e práticas se estendem para fora do nosso país, o seu discurso parece estar um tanto alinhado a um tipo de discurso do monopólio da verdade mas as pessoas já acordaram e viram o que esta acontecendo e não é bem assim como diz. Além disso, não vejo lógica se intrometer em um assunto que não lhe diz respeito, já que não acredita, deveria deixar isso para quem quer, se não quer, omita-se e digo mais, da mesma forma que se alega que "não existe comprovação de que não funciona", é possível afirmar também que "não existe comprovação de que NÃO funciona, assim sendo sugiro que a srta publique algo que venha a somar e ajudar as pessoas, ao invés de publicar descrenças e fake news. DEIXE AS PESSOAS DECIDIREM O QUE QUEREM E SEREM LIVRES PARA PENSAR. obg
Ana Arnt · 31/05/2021 às 21:45
Olá, Sr. Dalton,
obrigada pelo comentário respeitoso, embora confuso.
Veja, ou eu me intrometo e produzo conteúdo técnico, eu fico na minha fazendo vários nadas.
Eu não consigo, de fato, obrigar ninguém a absolutamente nada (isso inclui minhas gatas). Mas sou editora deste veículo e seguirei escrevendo, editando e selecionando conteúdos tecnicamente e cientificamente válidos e verificáveis. Dizer que "se não tem comprovação" tudo vale é uma falácia que pode, inclusive, ser fatal por uma intoxicação medicamentosa. Não faz sentido e não é deste modo que funciona a ciência. Te convido a ler os textos sobre o que é um teste experimental e como funciona, na biologia.
Atenciosamente,
Ana Arnt
Márcio Luiz Vargas Barbosa Filho · 17/04/2021 às 21:50
Que maravilha de texto e que didática ao explanar nuances do empreendimento científico infelizmente ainda tão pouco conhecidos do público leigo.
Parabenizo Ana, também, pela paciência e responsabilidade em seguir respondendo pacientemente cada questionamento, mesmo aqueles sem o mínimo de bom senso e educação. Que Deus te proteja e te dê força!
E viva a ciência, que nos permitiu o desenvolvimento de fármacos que combatem diversas moléstias que acometem a nós humanos , a exemplo dos parasitas intestinais e do piolho!
Ana Arnt · 19/04/2021 às 11:45
Obrigada Marcio 🙂
Monica · 18/04/2021 às 20:44
Discordo do seu posicionamento ... não ter comprovação cientifica da eficácia de um medicamento não quer dizer que ele não traga respostas satisfatórias para o tratamento de uma doença nova como é o caso da Covid ainda sem estudos mais amplos já que estamos tratando de uma Pandemia; simplesmente demonizar o tratamento precoce pode incorrer em "crime" se considerarmos que estamos negando a possibilidade de uso de medicamentos aprovados para tratamento de outras doenças com índices de segurança atestados em seres humanos.... quanto a efeitos adversos no caso da "Ivermectina" uma medicação já está em uso a mais de 40 anos e fácil perceber em sua bula que essa apresenta menos efeitos colaterais graves do que diversos analgésicos existentes no mercado.... falar em só fazer uso de tratamentos "com comprovação cientifica" tem aumentado índice de pacientes em UTIs e consequentemente de óbitos... Essa ladainha de não tome nenhuma medicação sem comprovação cientifica está matando pessoas que poderiam ter sido salvas caso tivessem sido tratadas no estagio inicial da doença... Dra. Ana , sem desmerecer seu trabalho vi que você tem formação em biologia, genética e imunologia e sem nenhum curso voltado para a área médica ... como sabemos a analise e prescrição de medicamentos, são de responsabilidade de médicos, esses sim com formação e estudos voltados para tratamento e cura de doenças.
Ana Arnt · 19/04/2021 às 12:05
Oi Monica,
Discordar segue sendo uma das grandes vantagens da ciência - ela funciona por discordâncias e análise das possibilidades de estarmos erradas sempre.
No entanto, a não comprovação não deve ser indicativo de uso de qualquer medicamento. Ela pode ser indicativo de ANÁLISE e PESQUISA sobre a possibilidade de uso. Isto tem sido feito a partir do que conhecemos como "reposicionamento de fármacos" (nós temos alguns textos sobre isto!). E parte das pesquisas são a análise in vitro que depois não se confirmaram in vivo. Estas pesquisas laboratoriais, ao contrário do que muitas pessoas imaginam, possuem muito poucos profissionais médicos envolvidos!
As pesquisas laboratoriais de medicamentos têm como grande parte de seus profissionais de saúde, cientistas que são farmacêuticos, químicos, bioquímicos, biomédicos e biólogos (por exemplo). Então a "análise" de medicamentos é feita, em realidade, por cientistas - que pouquíssimas vezes são médicos.
Quanto aos medicamentos terem mais de 40 anos de uso: sim. No entanto, não funcionam para Coronavírus, que é uma doença nova. Enquanto não houverem confirmações de eficácia, seguiremos pontuando isto neste editorial. Tens razão em falar que prescrição de medicamentos ser de atribuição médica. Nossos artigos indicam quais medicamentos a ciência tem apontando como NÃO FUNCIONAIS. E isto é o que embasa (ou deveria embasar) o trabalho de médicos. Lembrando que médicos clínicos não são cientistas. Estamos falando de ciência e como ela obtem os dados e nos indica funcionalidade de medicamentos.
Sobre minha formação e meu trabalho, vamos lá...
Meu trabalho aqui tem sido na coordenação do projeto de divulgação científica sobre saúde. Eu trabalho como profissional de Divulgação Científica há mais de 15 anos. Especialmente no campo da Educação em Ciências, envolvendo Genética e Biologia Molecular. Eu trabalho em laboratórios de pesquisa em saúde, a partir da Educação e Divulgação Científica desde 2001 (vinte anos, portanto). Eu sou pesquisadora em um grupo de Medicina Experimental e coordeno este projeto do Especial Covid-19, focado completamente em Covid-19 em todas as áreas de conhecimento. Todo o meu trabalho de pesquisa e divulgação se dá a partir da intersecção destas áreas.
Todas as postagens aqui - e as respostas - são revisadas e dialogadas entre cientistas das áreas específicas. Então quando EU, Ana Arnt, respondo para vocês é a partir da consulta de pesquisadores e confirmação de resultados e análises.
Nenhuma resposta daqui está isolada dos preceitos científicos e expressam a opinião isolada de autores e coordenação, mas fazem parte de uma equipe e comitê editorial com uma linha editorial coerente e vinculada às pesquisas científicas.
Grata pela leitura do nosso material, nos colocamos à disposição para quaisquer esclarecimentos acerca da COVID-19
Ana Arnt
Célia · 23/04/2021 às 15:44
Tatyana Tavela é mulher de pesquisa e não tem trabalhado dia a dia com a população doente , por isso não tem experiência nenhuma com a droga . Fala do que não esperimentou pois não trata pessoas reais. Me surpreenderia nada se fosse adepta da ideologia de esquerda que assola as universidades.
Ana Arnt · 23/04/2021 às 17:10
Oi Célia,
Pesquisadoras nesta área não tratam de pacientes, mas estudam e analisam a eficácia dos elementos químicos para o tratamento. Todos os tratamentos têm etapas que vão do in vitro até o in vivo, esta última tem como etapa final seres humanos doentes sim. Todas estas etapas de trabalho e testes de medicamentos é analisada - em sua grande parte - por profissionais como a Tatyana Tavela.
Estudar medicamentos não tem ideologia partidária. Poderíamos falar, filosoficamente, de ideologias como sistemas de pensamento. Neste caso, a ciência se posiciona como positivista, iluminista, popperiana, dentre outras correntes (que inclusive não são contrárias e contraditórias entre si). Ser de esquerda ou de direita não faz, nem deveria, fazer com que nos afeiçoássemos a medicamentos e elementos químicos. tendo em vista que as moléculas que nos curam ou nos prejudicam não o fazem em função de nossas preferências político-partidárias, ou ideologias vinculadas a sistemas econômicos.
Espero ter ajudado.
Atenciosamente,
Ana Arnt
Rafael de Pádua Del Corona · 27/04/2021 às 21:55
Parabéns pelo trabalho Ana! Precisamos de mais profissionais como você e sua equipe! Admiro muito sua paciência em responder tantos comentários os quais o artigo já respondeu. Infelizmente devido a propagação da desinformação as pessoas estão considerando o argumento de um pós-doc em virologia no mesmo patamar que alguém formado em direito etc... Acredito sim que toda opinião é válida, porém alguém que dedicou mais de 10 anos da sua vida sobre um determinado assunto provavelmente entende mais sobre esse determinado assunto que você que leu alguma coisa em uma mídia social...
Rafael · 29/04/2021 às 10:13
Bom dia Ana, qual a sua opinião sobre as vacinas? Não é verdade que uma vacina necessita de anos para comprovar sua eficácia em humanos? Os medicamentos precisão de mais estudos comprobatórios que as vacinas? Qual a vacina mais eficiente para covid 19? Qual delas possue menos efeitos colaterais? Mesmo ainda não tendo resposta para todos estes questionamentos eu já tomei a primeira dose da vacina. Estou certo?
Ana Arnt · 29/04/2021 às 11:22
Bom dia, Rafael,
Como bióloga, cientista e divulgadora científica eu sou favorável à vacinação e defensora das vacinas. Não é verdade que uma vacina necessita anos para comprovar sua eficácia. As vacinas precisam cumprir etapas para sua comprovação. As etapas de pesquisa, para a COVID-19 foram cumpridas. Há mais de 250 vacinas sendo analisadas e testadas neste momento, no mundo. A grande diferença da COVID-19 e outras doenças que demoraram foi o esforço do mundo inteiro buscando a vacina de forma emergencial. E, claro, uma boa resposta do vírus à vacina (a nosso favor, no caso). Há doenças que não temos tratamento eficaz (apenas paliativo, como a dengue) e não conseguimos finalizar a vacina. A AIDS é outro exemplo: temos dificuldades técnicas para finalizar o desenvolvimento de uma vacina. Isto vai depender do vírus e da biologia da doença. Há pesquisas que chegam até o final da etapa 3 e precisam voltar etapas pois não funcionam ao serem aplicadas em seres humanos. Reinicia-se, assim, o processo.
Os medicamentos precisam também passar por etapas clínicas para serem comprovadas. Não é apenas uma questão de tempo, mas de etapas mínimas a serem cumpridas. Neste momento, para a COVID, os medicamentos estão sendo analisadas via reposicionamento. Temos vários textos sobre isto. Reposicionamento, via de regra, é uma prática de emergência, de teste de medicamentos já conhecidos e que cumpriram determinadas etapas de testes em animais e humanos. Também estão buscando medicamentos novos - e isto sim leva tempo, pois demanda testes clínicos de segurança, toxicidade e eficácia em cobaias, antes dos testes clínicos em humanos.
Quanto às vacinas, as mais eficazes atualmente tem sido apontadas como da Pfizer e Moderna. Entretanto, qualquer vacina funciona a partir do pacto social de vacinação em massa. Isto é: quantidade de pessoas vacinadas na população. A eficácia individual não é tão impactante quanto o processo da vacinação em uma massa populacional.
Os efeitos colaterais de todas as que estão sendo aplicadas, em geral, são baixíssimos, indo de "dor no local da aplicação" e "febre" por um ou dois dias.
Que bom que tomaste a primeira dose. Mesmo após a segunda dose, é fundamental seguir tomando os cuidados necessários para proteção tua e de quem está próximo de ti.
Atenciosamente,
Rodrigo Lapuente Troina · 29/04/2021 às 21:23
Tenho visto inúmeros depoimentos de médicos relatando pleno sucesso com tratamento precose. Muitas vidas foram salvas e isso é o que importa. Porque esperar um estágio avançado da doença então disputar um leito pra ser entubado (a)? Esperar o que!? Muitas pessoas apostam numa vacina que por ser extremamente recente, não tem comprovação científica!!!! Qualquer pessoa sabe que uma vacina pra ter comprovação científica, necessita de muitos anos de pesquisas, décadas até.
Ana Arnt · 30/04/2021 às 08:27
Oi Rodrigo,
vacinas não são desenvolvidas em anos, são desenvolvidas em etapas. Todas as etapas das vacinas que temos usado foram cumpridas, publicadas, desde o início de seu desenvolvimento.
O que não tem comprovação para cura da COVID-19 são os medicamentos usados neste conhecido como "kit covid". O uso por médicos não torna cientificamente comprovado. Torna apenas medicamentos usados por médicos.
E dizer que os medicamentos não curam não quer dizer que desejemos que as pessoas morram ou fiquem esperando ser intubadas. Quer dizer apenas que não indicamos cientificamente medicamentos que, cientificamente, não tem resultados.
Grande parte das pessoas contaminadas desenvolverão sintomas que se resolverão pelo próprio organismo - o que não indica que o medicamento atuou NA DOENÇA.
Grata pelo comentário.
Arthur Fróes · 14/05/2021 às 17:08
Parabens pelo texto. Didático e de simples compreensão. Tive Covid 19 e a única coisa que tomei foi Azitromicina e vitaminas. Porque tomei Azitromicina? Tomei porque a covid ataca os pulmoes e pensei que um antibiotico poderia evitar uma certa "piora " da minha situação. Sabe o que aconteceu? Fui hospitalizado no 12° dia do Covid, 50% do pulmão comprometido e tomei oxigenio por 3 dias pra melhorar minha saturação ( estava 87%). Deu tudo certo e sai do hospital no 6° dia de internação. Os pacientes que fiz amizade quando estavam internados relataram que usaram kit covid e que estavam surpresos e chateados porque achavam que esses medicamentos do kit poderiam evitar o pior. Na minha percepção ( SENSO COMUM) o que difere alguem que piora ou fica estável com covid em casa é quantidade de carga viral do vírus na corrente sanguínea e/ou na capacidade responsiva do combate do virus no corpo. Enfim! É isso!