Um pólo de Contato-Improvisação em Campinas – ano 2015 – n.5

Primeira sistematização

O ano iniciou com minha segunda ida a Maputo, para período de 3 semanas de trabalho de campo, desta vez associada ao Grupo de pesquisa da Unifesp Ehpala – Etnografia e História das Práticas Artísticas e das Línguas das Áfricas, com o qual colaborei durante um período.

Em março começou a oficina de Contato Improvisação na Casa do Lago, cujo tema foi “Iniciação ao Contato Improvisação” e o foco “desenvolveremos a sensibilidade do dançarino que toca um instrumento na dança”, documentado no fotoprint abaixo.

Dentro da trajetória de construção de entendimento pedagógico em torno do CI, a oficina do primeiro semestre de 2015 marca a primeira sistematização metodológica que fiz para o ensino aprendizagem de CI a novatos e iniciantes, sendo novatas as pessoas sem nenhuma experiência, inclusive com Dança.

Dois anos mais tarde estaremos diante de um processo educacional maduro de formação em Contato Improvisação, inédito e controverso, como era possível imaginar que seria. O currículo e a pedagogia que desenvolvi são minha metodologia, um desdobramento autoral, original, no qual minha trajetória com esta prática desemboca, mas não pára.

Jam sessions 

A esta altura somamos três anos de sustentação do projeto de Jam sessions mensais na Casa do Lago, associada a oficinas semestrais para aprendizado coletivo, ambos espaços de prática do CI. 

As Jams se consolidaram como espaço de encontro de nossa incipiente comunidade de prática e passei a receber proposições de focos específicos para as sessões.

Mariana Gonçalves, propôs uma Jam Orgânima, parte de seu trabalho de conclusão de graduação em Artes Visuais na Unicamp. Cecília Fiorini, à época mestranda no PPG em Genética, propôs uma Jam Morton Feldman.

Eu tematizei de diferentes forma a relação entre dança e música. Na Casa do Lago tínhamos um piano de cauda que participa das aulas e das nossas improvisações. Todo mundo sentou ao piano pelo menos uma vez para experimentar fazer música para as improvisadoras em ação. A Round Robin, uma estrutura específica para a prática de duetos, se tornou um clássico e figurou novamente como foco de Jam. 

As danças foram se modificando a olhos vistos. Todo mundo percebia o aprendizado dos novatos e pessoas mais antigas começaram a perceber a própria pedagogia agindo. A espiral pedagógica da minha metodologia, começou a se revelar. Repetir as aulas, com os mesmos conteúdos, com pessoas novas, ampliava a compreensão e as habilidades de dançar.

A seguir documentos que registram as divulgações de algumas das Jams sessions.

Primeiras performances de Contato-Improvisação

A partir desse ano a direção da Casa do Lago passou a convidar para apresentar ao público o que trabalhava com os improvisadores nas oficinas. Começaram as criações artísticas a partir dos estudos de Improvisação a partir de “Contato-Improvisação & outros métodos geniais”.

Apresentamos “Os ninjas” (Carneiro, 2015) diante do público.


A próxima postagem traz o ano de 2016 – ano do primeiro projeto semestral de performances a partir dos estudos de Improvisação e Contato-Improvisação, o Ciper, como ficou conhecido.

————– Projeto histórias e temporalidade do processo de consolidação de Campinas como um pólo de ensino e pesquisa em Contact Improvisation. Realização Mucíná – Aquela que Dança, produzido para o canal Cultura Abraça Campinas, com apoio de recursos da Secretaria Municipal de Cultura de Campinas ————— Inclui a série no blogs.unicamp.br/chao e o perfil na rede social instagram @ciforadoeixo

Mucíná - Aquela que Dança | marilia.carneiro@alumni.usp.br | Website | + posts

Doutora na área de Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte (Brasil/UNICAMP, Canadá/UQAM e Moçambique/UEM), dançarina e coreógrafa indisciplinar, bacharelou-se em Dança na Faculdade Angel Vianna (Rio de Janeiro) e bailarina criadora no Ateliê Coreográfico sob a direção de Regina Miranda (RJ/NYC). É especialista em Saúde Pública pela Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, mestre em Ciências da Saúde pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz e atuou por 10 anos nas políticas públicas de saúde, inclusive a implantação do programa integral de atenção à saúde dos povos indígenas aldeados no Parque do Xingu, pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. Na área da Dança trabalhou com muita gente competente no meio profissional internacional da dança contemporânea. É improvisadora mais do que tudo, bem que gosta de uma boa coreografia. Esteve em residência artística em Paris por 3 anos, com prêmio do Minc. Mulher de sorte, estudou de perto com Denise Namura & Michael Bugdahn, da Cie. À fleur de peau (Paris). Pela vida especializou-se no Contact Improvisation (Steve Paxton), onde conheceu as pessoas mais interessantes do mundo. Estudou pessoalmente com Nancy Stark Smith, Alito Alessi (DanceAbility), Daniel Lepkoff, Andrew Hardwood, Cristina Turdo e toda uma geração de colegas que começou ensinar Contact na mesma época que ela. Interessa-se por metodologia de pesquisa em arte, processos de criação de obras e ensino-aprendizagem e formação profissional em Improvisação de Dança. Estudou no Doctorat en études et pratiques des arts (Montreal, no Canadá) com o privilégio da supervisão de Sylvie Fortin. É formada no Método Reeducação do Movimento, de Ivaldo Bertazzo (BR). Seu vínculo com a Unicamp é de ex aluna da Faculdade de Ciências Médicas e da Faculdade de Educação. Suas pesquisas triangulam a dança contemporânea no Brasil, Canadá e Moçambique. Idealizou, fundou em 2016, e dirige a plataforma interdisciplinar de ensino e pesquisa em prática artística Mucíná - Aquela que Dança. E-mail: marilia.carneiro@alumni.usp.br

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