Vagas para designers em laboratórios

A arte com dados

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Não se assuste se logo mais começarem a aparecer anúncios de emprego como “vagas para designers – tratar no laboratório Fulano”

Ajuda dos designers

Hoje os dados das pesquisas científicas estão cada vez mais complexos. E como visualizar uma montanha de números ou mesmo compará-la com outras montanhas de dados? É aí que precisamos de designers. Artistas mesmo que ajudem os cientistas a visualizar seus próprios dados.

O nosso cérebro não se sente confortável olhando para uma tabela ou uma matrix de números. Para isso construímos computadores, para lidarem com esta nossa limitação. Transformar estas informações em algo mais confortável e visual é o que permite que encontremos padrões e relações importantes dentro dos dados de uma pesquisa.

E nada do velho gráfico de pizza ou das barras verticais. É hora de novos formatos, afinal os dados são realmente muito pesados.

Veja este exemplo. Circos, um visualizador de genomas que permite visualisar e até comparar dois ou mais genomas inteiros entre si.

Dados complexos – ajuda da arte

Parece hoje em dia que as grandes descobertas já foram feitas. Coisas como a penicilina, que ao serem descobertas revolucionaram o tratamento de doenças, abriu um campo novo dos antibióticos e deu um salto na nossa saúde.

Mas hoje as descobertas parecem andar mais devagar. E realmente cada vez mais os esforços são maiores para ganhos menores. Porque o que é fácil está na cara. Já foi descoberto por ser muito simples.

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As novas fronteiras do conhecimento estão nos detalhes e em entender coisas complexas.

Por isso os dados que temos que analizar também são muito detalhados e complexos. A coleta de dados deixa de ser um problema, mas a análise deles sim é o pulo do gato.

Não só na visualização de dados que o design pode ser útil para a ciência. E claro que a ciência também pode ser útil ao design, sendo que as duas têm por objetivo servir ao ser humano em suas necessidades.

promo_seed-design-series.pngPara mais exemplos desta interação entre ciência e design, veja esta série de vídeos promovidos pelo Museu de Arte Moderna, MoMA e disponíveis no site da revista SEED.

Se repararmos sob a superfície de nossa sociedade, veremos que durante seus percursos, ciência e design permearam todo o nosso mundo, gerando desenvolvimento, beleza, praticidade,… enfim, cultura.

Leia mais:
Both science and design–forward motors, providers of perspective, guardians of beauty and truth

Câncer em quadrinhos: verdades inconvenientes

Para quem não conhece, PhD comics é uma das coisas mais engraçadas feitas sobre a ciência. Principalmente sobre os bastidores de um laboratório.

Aqui vai uma tirinha que traduzi falando sério sobre o câncer. Clique na imagem para ler inteira

phd cancer1.JPG“Piled Higher and Deeper” by Jorge Cham
www.phdcomics.com

Atualizando o Twitter com o “movimento” dos neurônios.

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Ache o erro na frase da matéria da Folha:
Segundo o jornal “The Daily Telegraph”, o sistema trabalha por monitoramento eletroencefalográfico (ou EEG), que consiste na atividade elétrica perceptível no couro cabeludo, realizada pelos movimentos dos neurônios dentro do cérebro.

Movimento?! Dos neurônios?! Taí uma coisa que eu nunca vi.

Poxa, acho que vou mudar o foco deste blog e me dedicar SÓ ao “observatório da imprensa científica”. É muito material…

O brinquedo científico mais legal.

Está dáda a largada. Veja aqui, no fantástico Blog do Brinquedo, os brinquedos mais fabulosos, separados aqui nos de ciência.

Escolha o seu predileto e conte porquê escolheu o tal.

Mesmo eu sendo biólogo molecular e tendo na lista um kit de extração de DNA, o que eu achei mais bacana é esse de desenterrar um fóssil!
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Nada mais didático e estimulante do que fazer exatamente o que paleontólogos fazem. Deve dar quase a mesma emoção do fato real.

Robôs são naturais?

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Aquele robô movido pelo pensamento, noticiado no começo da semana, tem dado o que falar até hoje. Muitas pessoas têm discutido as possibilidades dessa tecnologia. E muita gente tem falado que “isto não é natural”. Ler pensamentos seria algo inaceitável por não ser algo da natureza humana.

Vamos então olhar o mundo “natural”. Temos castelos de cupins, represas de castores e até motéis de pássaros, cujos machos constroem e enfeitam ninhos gigantescos que só servem para acasalar, pois os ovos mesmo são chocados em um ninho funcional construído pela fêmea. Chocante, não? Mas são considerados naturais por terem sido feitos por animais.
Às vezes esquecemos da nossa própria natureza animal (que as vezes pode ser uma animosidade, mas nem sempre).

Tudo que estes animais, castores, pássaros e Homo sapiens, construímos não é por acaso, tem uma orientação biológica e cultural. E a cultura é natural. Os rituais e ferramentas que usamos são um aprimoramento de necessidades biológicas básicas. Dawkins pôs um nome nisso: Fenótipo Estendido. Fenótipo é a característica detectável de um organismo, como a forma, cor, fisiologia e também o comportamento. Se nossas ferramentas influenciam tanto o nosso comportamento, eles são parte de nosso fenótipo, ou seja, da característica natural de nossa espécie.

Facas e robôs: ferramentas que são partes de nós
Tenho fixação por facas. Nada psicótico, porque minha fixação é pela funcionalidade delas. Foram as primeiras ferramentas feitas pelo homem e as mais importantes com certeza. Mais do que a roda ou mesmo o controle do fogo. A humanidade sem facas seria completamente diferente. Seria outra espécie, provavelmente. A faca, portanto, é parte integrante da espécie Homo erectus, e foi transmitida aos Homo sapiens pela cultura: um meme (uma idéia que pode se propagar pela cultura, como um gene).
O arqueólogo Lembros Malafouris até mesmo cunhou o termo “mente extendida”(minha tradução), que trata as ferramentas como extensões da mente, assim como um cego é indissociável de seu bastão, e nossa memória está se fundindo ao google como uma muleta.

Ora, a muito que fugimos das savanas que nos criaram e migramos para cidades ou campos que nós próprios construímos. Viver em apartamentos com geladeira e acesso a internet é natural? É natural para nós, Homo sapiens do século 21. E é muito menos natural viver isolado no mato. Ler pensamentos é natural? Se conseguirmos tal façanha, será natural sim. Agora, se será vantajoso, isso é outra pergunta que só o tempo e a seleção responderão. Afinal, quantas “rodas quadradas” não devem ter sido feitas antes da redonda?

O Robô e o Fantasma na Máquina

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A notícia do robô da Honda que pode ser controlado pelo pensamento fez bastante barulho na mídia e nas mesas de boteco. Mas por quê?

Porque a maioria das pessoas ainda acredita, mesmo que inconscientemente, na separação entre mente e corpo, o chamado dualismo. Afinal, como a carne pode pensar? Um evento tão complexo e abstrato como o pensamento não pode ser simplesmente cerebral, celular, enfim, material.

O fantasma na máquina

Existe para os dualistas o que se chama fantasma na máquina (ghost in the shell, em inglês), sendo o corpo a máquina, e a mente um fantasma, algo imaterial que habita e controla o corpo.

Mas quanto mais nos aprofundamos no funcionamento cerebral, mais percebemos a ligação e a causação entre comportamento e corpo. Afastando assim o fantasma da máquina e tornando cada vez mais distante o dualismo. Afinal, se simples remédios ou danos ao cérebro podem alterar a personalidade das pessoas, este fantasma parece não mandar muita coisa.

Do que é feito o pensamento

Não sabemos exatamente como o pensamento é formado. Mas sabemos do que é feito: Padrão de ativação de neurônios. Sim existe um padrão. E ao monitorar este padrão podemos saber ou “ler” o que se passa na cabeça do indivíduo.

Exemplo: Mostrando para as pessoas desenhos básicos, como uma flor ou uma estrela, pode-se monitorar a atividade dos neurônios, e percebe-se que sempre que é mostrada a estrela, o mesmo grupo de neurônios se ativa. E mostrando a flor o padrão é outro. Depois de treinar um computador desta maneira, flor igual padrão X e estrela igual padrão Y, o computador pode descobrir para qual das duas um indivíduo está olhando simplesmente analisando a atividade dos neurônios. Esta pesquisa já foi feita, mas me perdoe por eu não ter achado agora para por o link aqui.

O princípio desta pesquisa é o mesmo para o robô da Honda e também para as pesquisas do professor Nicolelis, que fez um macaquinho mover um braço mecânico e até um robô andar com o pensamento.

Interessante notar que para a máquina-robô nosso pensamento é realmente o fantasma controlador, assim descobrimos que para os robôs o dualismo existe!

O fantasma de Matrix

Expulsando o fantasma da máquina nos deparamos com outras assombrações. Se conseguirmos ler totalmente a mente das pessoas, como fica nossa privacidade? E o fantasma de Matrix (que faz 10 anos em 2009, e que aliás foi muito inspirado num mangá chamado justamente Ghost in the Shell) está muito presente. Afinal, se pudermos mapear o pensamento, será que poderemos induzi-lo, criando realidades virtuais perfeitas e mesmo controle mental? Se isso acontecer, como distinguir realidade de realidade virtual?

Antes de mais nada, é importante dizer que este tipo de tecnologia não tem nem previsão para se realizar. Nicolelis acha que implantes robóticos controlados pela mente podem estar sendo testados em 10 anos. Mas esta é a parte fácil. Saber o que uma pessoa está pensando é um salto maior, e controlar isto maior ainda, claro.

Por isso não temos pressa para decidir sobre a questão ética deste tipo de pesquisa, mas um dia nós certamente nos depararemos com ela.

Mais no Chi vó, non pó e no Xis Xis

Vídeo infame: A física do PETREFIOLISMO(???).

Essa nem o pessoal da física aqui do ScienceBlogs vai saber. Na parte de imunologia eu boiei.
Fantástico.

Isso é pra quem só tem visto vídeos de americanos falando absurdos (que também são ótimos, não fossem trágicos).
Pena que não tem nem como traduzir pro inglês uma coisa dessas. E mostrar para os brothers em que pé anda o conhecimento do povo no Brasil.
Mas a pergunta que fica é: o que impede a pessoa de falar “Não sei”?
Valeu a dica, Gus

PlayStation 3 a serviço da ciência

PS3 com mil e uma utilidades

Isso que é trabalho! Você numa sala com 12 Playstation 3 em rede! Pena que sem nenhum joystick ou jogo.
Pra que tanto PS3? Cálculo, meu amigo. Muitos cálculos.
Quando você quer analisar muitas informações ao mesmo tempo, um só processador não agüenta. Daí você junta mais um, e mais um, e mais outro, até que eles agüentem fazer todos os cálculos num tempo hábil.
É para isso que a pesquisadora Monica Pickholz da UNICAMP usa as máquinas tão desejadas pela molecada (de 10 a 40 anos): calcular a interação de anestésicos locais com membranas biológicas.
Disse ela ao G1:
“São muito mais estáveis que qualquer cluster [aglomerado de PCs] com que já trabalhei”, diz Monica. Os videogames funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana. Só pararam uma vez, quando “acabou a força e o gerador não funcionou”. Durante todo o tempo, os videogames fazem cálculos para simular dinâmicas de comportamento entre átomos.
E saíram mais barato, claro. Afinal, esse é o único argumento que realmente convenceria o órgão financiador a comprar umas belezinhas dessas.
Interessante como o mercado define áreas a serem desenvolvidas. Desenvolver poder de processamento para a área de pesquisa? Não. Jogos é que dão mais retorno.
O mesmo acontece com o repasse posterior de tecnologia militar para usos pacíficos. Desde o avião, até o microondas e o teflon. Todos eram usados militarmente antes de terem suas aplicações no dia a dia.

O cometa e a astrologia da crise.

Cometa Lulin

Vou tentar imaginar o clima na redação da Folha de S. Paulo nessa semana:
Quinta feira, 18 de fevereiro: O ar já está mais leve pela proximidade do carnaval mas ainda há trabalho a fazer. Então aqui vai a notícia do cometa Lulin que passará pela Terra na segunda-feira.

Cometa se aproxima e será visível da Terra na próxima semana
Sexta-feria, 20 de fevereiro: Véspera de carnaval, aquela espectativa pelo feriado, ou uma falta total de notícias mais pertinentes invade a redação.
Deu no que deu:
Passagem de cometa na segunda influencia até a crise, dizem astrólogos
Ressalto aqui alguns “fatos” explicados pelos astrólogos associados a Folha:

“Se ele (cometa) está perto de Saturno no momento, vai afetar a oposição planetária Saturno-Urano que estamos vivendo e que é responsável pela atual crise financeira mundial.” (Marisilda Magagna)

Os bancos americanos escaparam de mais essa responsabilidade. Esses nasceram virados pra lua mesmo.

“Se adicionalmente já existirem outros sinais astrológicos (e não necessariamente astronômicos, veja bem!) então essa tendência pode ser mais ou menos reforçada.”(Barbara Abramo, horoscopista da Folha de S.Paulo, Folha Online e UOL)

Ainda bem que esta ressaltou a diferença, que é IMENSA, entre astrologia e a ciência astronômica

“A conjunção com Saturno no signo de virgem mostra uma influência muito ruim para os empregos dentro dum quadro de recessão e pessimismo, e creio que isso está muito claro mesmo sem o cometa.”(Antonio Facciollo Neto)

E eu acho que está claro até se tirar Saturno da jogada!

“Esse quadro já foi previsto por nós desde o início de 2007, nas reuniões técnicas da ABA, que mostravam essa crise até 2011 e com desdobramentos até 2014.”

Opa, então com esses e outros dados de previsões podemos ver o quanto que elas acontecem e provar se astrologia funciona ou não! Porque ninguém fez isso ainda?! Mande os dados por favor.

Tom Hanks, Anjos e Demônios e o LHC


Saiu na Folha:

O ator Tom Hanks aceitou o convite para apertar o botão que religará o acelerador de partículas gigante LHC, na fronteira da Suíça com a França. Hanks protagoniza o filme “Anjos e Demônios”, cuja história se passa em parte no Cern, o laboratório europeu que abriga o projeto.

Alguém pode me explicar por quê? Por acaso o livro tem algo a ver com o CERN mesmo?
Desculpem, mas eu não li “Anjos e Demônios” do Dan Brown, e ainda não vi o filme.
Para mim “O Código DaVinci” já foi muito.
O pior talvez tenha sido o que o Tom Hanks respondeu quando perguntado sobre o que achava sobre o LHC: “Adoro ver ficção científica se tornando um fato científico.”
Bom, a única ficção envolvendo o LHC é a história de mini buraco negro e fim do mundo. E imagino que este mito já foi definitivamente relegado apenas à ficção.
Sério, preferia que fosse alguém mais ligado à ciência ou política para apertar o botão. Nada contra atores. Eu adoro interação arte-ciência, mas isso está me parecendo mais uma jogada barata de marketing.
No futuro, quando ainda se estiver sentindo as mudanças do experimento do LHC, o mundo se perguntará quem era o tal Hanks que apertou o botão que mudou o mundo.