Search Results for: rio+20

Comentário

Fiquei muito feliz de receber esse comentário…

Cláudia, sou fã do seu blog e sempre que posso dou uma passada por aqui.

Só queria te dizer que após o Live Earth eu redigi um projeto para a coleta seletiva do meu prédio que pretendo entregar para o meu síndico. Aqui em casa o lixo começou a ser separado, mandei e-mails para meus amigos fazerem o mesmo. Reduzi o meu banho para 20 min e por aí vai.

Tenha mais fé nas pessoas. Às vezes um show como esse pode atingir muita gente, eu fui apenas uma. Queria te contar para que vc saiba que pelo menos para uma pessoa serviu.

Mais uma vez parabéns pelo blog, pela dedicação e pelo trabalho!

Beijos

Realmente Isabel, não tenho muita fé nas pessoas, mas acho que o meu post e minha visão cética pode ajudar a provocar as pessoas para fazer alguma coisa. Fico muito contente que o show tenha ajudado você a tomar atitudes melhores, o show conseguiu atingir seu objetivo!! Que fantástico!

Obrigada por comentar aqui e tentar me mostrar que as pessoas podem mudar!

Mais um ativista famoso, mais um documentário a caminho…

Estive de férias mês passado nos EUA e dando uma olhada nas bancas de jornal e revistas me deparei com a “edição verde” da Vanity Fair. E quem está na capa?? Leonardo DiCaprio. Fiquei pensando: o que ele tem a ver com isso? No fim da viagem já no aeroporto resolvi dar mais uma olhada nas revistas e os assuntos em pauta e resolvi comprá-la para ver o que a Vanity Fair tinha a dizer na sua “segunda edição verde anual” e é claro, o que o Leonardo DiCaprio fazia na capa.

Leonardo DiCaprio está fazendo um documentário chamado The 11th Hour que trata das doenças do meio ambiente e suas possíveis curas. DiCaprio está produzindo, é o co-roteirista e narrador do filme.

Nesse novo documentário o físico Stephen Hawking e outros famosos ambientalistas americanos falam sobre o aquecimento global e as mudanças climáticas.

O filme The 11th Hour terá sua premiere no Festival de Cannes.

Uma das coisas que me surpreendeu foi o site do Leonardo DiCaprio, na página principal você tem do lado esquerdo o link para o site dele, com filmografia, novidades da carreira de ator, etc e no lado direito um link para o Eco-site. Esse Eco-site eu entendi como o site da Fundação Leonardo DiCaprio que trata de assuntos relacionados ao meio ambiente como o aquecimento global, energias renováveis e alternativas e a preservação da biodiversidade, você encontra ainda um site para crianças. Tudo bem que eu nunca procurei nada a respeito, um site sobre meio ambiente para crianças em português, mas será que tem alguma coisa parecida? Esse eu achei fantástico!!

No Eco-site você pode encontrar 2 videos muito legais um sobre aquecimento global e outro sobre Planeta Água, ambos narrados pelo ator (uma pena não conseguir colocar o link aqui). Vídeos curtos que alertam sobre esses problemas de forma bastante inteligente.

Interessante ver mais uma pessoa famosa e com alcance global preocupada com o assunto e aproveitando da sua imagem e poder pra tentar fazer alguma coisa. Entendo que nos EUA se tenha muito mais dinheiro pra poder fazer coisas do tipo, mas aqui no Brasil eu não consegui pensar um artista que parece preocupado com os rumos do Planeta, talvez eles possam até estar, mas nenhum que tenha se mobilizado a respeito ou divulgado sua preocupação. Eu vejo muito mais as empresas tentando fazer alguma coisa do que algum “formador”de opinião que tenha abraçado a causa.

Por favor, digam que eu estou errada e que tem alguém com um alcance maior que o meu querendo mostrar para as pessoas que temos de mudar de comportamento se quisermos continuar nesse Planeta.

Seminário Brasileiro Sobre Sequestro de Carbono e Mudanças Climáticas

Divulgando…

Seminário Brasileiro Sobre Sequestro de Carbono e Mudanças Climáticas
10 e 11 de abril de 2007 – Natal – RN – Brasil

Eu fiquei bastante interessada, só nao sei se será possível participar, infelizmente ainda não trabalho na área e não tem como pedir uma dispensa do trabalho pra poder participar.

Se alguém for, me conte depois como foi! 🙂

Cartão verde da Coreia do Sul

Durante a Rio+20 um dos stands dos países no Parque dos Atletas que eu mais visitava era o da Coreia do Sul, por ser fã da revolução educacional que eles fizeram eu fiquei super interessada em conhecer mais sobre o que eles pensam sobre meio ambiente.

Entre os amigos voluntários conheci o André que fez um semestre lá na Coreia durante a graduação e o que ele contou sobre o país no quesito ambiental não é das coisas mais empolgantes 🙁 Assim como qualquer outro lugar do mundo (com raríssimas exceções) meio ambiente não é a prioridade deles e nem sempre as decisões levam a melhor solução ambiental em conta (coisas da democracia?).

De tanto ir no stand eu ganhei um pen drive com vários documentos e vídeos e um dos vídeos que eu vi me deixaram meio “assustada” seguem:

Por que eu fiquei assustada? Ele é um pouco complicado por que não tem legenda, mas não dá uma sensação de consuma a vontade, desde que seja com selo verde tudo bem. Economia verde é consumir produtos verdes e só? Nem passa perto da redução de consumo ou repensar hábitos? Me decepcionei um pouco com isso, mas…

Ai ontem lendo a Página 22 vi a entrevista do presidente do Instituto de Tecnologia e Indústria Ambiental da Coreia do Sul (Keiti, na sigla em inglês) falando do cartão verde do país.

E aí os videos abaixo fizeram mais sentido.

Um mascote fofo (que eu ganhei de pelúcia) pedindo para as pessoas economizarem água e energia.

Será que um cartão desses cria consciência nas pessoas? Pensando na forma de consumir talvez faça as pessoas escolherem melhor o que consomem e como consomem, mas será que isso evolui para consumir menos, que na minha opinião é o mais importante de fato? Alguém conhece algum coreano (a)?

A Amazônia por um herdeiro

Desde o lançamento do livro Arrabalde – Em busca da Amazônia estou curiosa para saber o que um herdeiro como João Moreira Salles tinha a dizer sobre o assunto. Eu sei que ele é documentarista, produtor de cinema e fundador da revista Piauí, mas nada disso seria possível se ele não tivesse antes de mais nada nascido herdeiro de uma das maiores fortunas do Brasil. Acontece, nascer na classe trabalhadora ou na classe dona dos meios de produção é uma loteria.

Pois bem, dito isso vamos ao livro…

Passei boa parte do início da leitura procurando o que eu estava esperando, histórias sobre a Amazonia hoje, sobre a experiência do homem rico ir viver por lá um tempo para poder escrever sobre sua experiência. Ele começa o livro com um resgate histórico de como o Brasil iniciou sua exploração da região, histórias que muitas vezes me entediaram, mas por certo ele achou necessário, só não era o que eu esperava.

Quando ele começa a relatar dados, fatos e causos da Amazonia hoje, começou a me interessar mais, mas isso só começou lá pelo meio do livro. Seja paciente.

Talvez eu não seja a pessoa mais desinformada sobre a região, acompanho mais ou menos o que se passa, tenho amigos que moram ou moraram por lá e posso dizer que boa parte do que li no livro não me foi totalmente novo ou uma grande descoberta, mas o fato de ter tudo isso em detalhes e compilado em um só lugar é muito importante e necessário. Para pessoas que não entendem a Amazônia, o que se passa por lá ou a complexidade de lidar com a floresta o livro é muito bom, porém ele é escrito por um intelectual para outros intelectuais, ok, um livro, por si só já é coisa para intelectual nos tempos de hoje, uma pena.

Fiquei imaginando um livro menos cabeçudo e com menos divagação para pessoas comuns lerem e não morrerem de tédio. Por que se você não quiser saber mesmo sobre a Amazônia, você se distrai fácil e não engata a leitura ali. Enfim, não é um livro para pessoas comuns, e tá tudo certo.

É triste a constatação de que o Brasil nunca teve um plano decente para a região. Todas as vezes que o Estado tentou alguma ação por lá a opção sempre foi derrubar a floresta e fazer outra coisa. Me pergunto quando esse ponto de vista sobre desenvolvimento vai ser superado e vamos todos concordar que manter a floresta de pé e conseguir usufruir de suas benesses sem destruir é possível e a melhor opção. Clamo para que consigamos chegar nesse consenso logo, na verdade acho que já estamos atrasados.

O livro é uma ótima referência sobre como o Brasil tem lidado com a Amazônia ao longo do tempo. Você encontra referências históricas e muita coisa recente, o livro foi lançado em dezembro de 2022. Se fosse escrito de forma mais simples eu recomendaria para alunos do ensino médio, mas a verdade mesmo é que o brasileiro médio se interesse pouco pela floresta amazônica, é algo tão distante que parece que ela nem nos pertence ou dela dependemos aqui no Sudeste. Então só pessoas metidas a intelectual como eu vão se interessar por essas 424 páginas que pedem por um melhor tratamento para o ar condicionado do mundo que muito em breve vai começar a dar defeito.

Em tempo, para quem não sabe, assim como eu não sabia, arrabalde segundo o Aurélio significa: Cercanias de uma cidade ou povoação; subúrbio. Entende o que eu quero dizer quando esse é um livro pra intelectual?

Greenwashing urbanístico

No meu passado como servidora pública paulistana, sim em trabalhei no executivo e legislativo da capital paulistana em 2 momentos distintos, parques lineares foram assunto quando se falava de solução para córregos da cidade. Sinceramente não tenho bem certeza de como isso foi levado pra frente pela Prefeitura. Existiam vários projetos, não sei se todos se tornaram realidade e dos que foram pra frente quais ainda sobrevivem hoje. É, sofremos desse mal na gestão pública, alguns projetos são abandonados ao longo do caminho (pelos mais diversos motivos) ou simplesmente não saem do papel.

Mas o que me faz escrever esse post é o “caso de sucesso” que ouvia naquela época. Era um córrego no centro de Seul, na Coreia do Sul, que foi canalizado e coberto no passado e construído um viaduto elevado, tipo o minhocão em São Paulo ou a falecida perimetral no Rio de Janeiro. Esse rio corta a cidade leste-oeste passando pelo centro e tem 8,4km de extensão no total. Esse rio chama-se Cheonggyecheon. Você pode dar um passeio por ele nesse vídeo aqui abaixo:

A obra foi iniciada em 2003 e foi entregue em 2005. Gastou-se na época algo em torno de US$280 milhões.

Confesso que fiquei maravilhada com o resultado, mas não se iludam, isso tudo é apenas um cenário construído que custa por ano mais de US$7 bilhões de dólares em manutenção (dados de 2010). Apenas os 5,8km finais do rio Cheonggyecheon foi restaurado, o trecho inicial continua fechado e serve de esgoto. A água que corre nesse canal vem de outro rio, o Han, são bombeadas sem parar 120.000 toneladas de água diariamente. Ou seja o que vemos nada mais é que um cenário fabricado. O artigo do professor Myung-Rae Cho, da Universidade de Dankook : The politics of urban nature restoration -The case of Cheonggyecheon restoration in Seoul, Korea, de onde eu tirei essas informações aponta todos os problemas da obra e diz ainda que ela foi uma obra política com o intuito de eleger o então prefeito da cidade como presidente da Coreia do Sul 2 anos depois da entrega.

Podemos chamar essa obra de um greenwashing urbanístico? O professor Myung-Rae Cho chama o local de parque público decorado com o tema natureza. No projeto, a restauração ecológica não foi levada em conta, apenas aspectos de engenharia. O que se tem ali é uma obra de engenharia para evitar problemas de inundação com um projeto paisagístico de natureza. É melhor do que era antes? Veja algumas fotos:

Esse é uma daquelas soluções que eu diria que odeio amar. Num dá pra dizer que ficou ruim, melhorou a paisagem milhões de vezes, porém não foi escolhida a melhor solução pensando em longo prazo e uma restauração ecológica verdadeira. Só o fato de bombear água de outro rio para passar por esse canal, assim, indefinitivamente já era motivo suficiente para terem pensado melhor a solução, isso não faz nenhum sentido do ponto de vista ambiental, na minha opinião chega ser meio estúpido, ainda mais por ser uma solução de obra pública.

E qual o sentido de restaurar uma parte do rio e largar o trecho inicial como antes? Não dá pra dizer que a razão principal dessa obra era o meio ambiente. Dá pra sentir ai uma vontade maior de parecer verde e ambientalmente correto do que de fato ser. Infelizmente não são só as empresas que sofrem desse mal…

Muitas outras questões sociais também entram na conta dessa obra coreana, como a especulação imobiliária, a gentrificação da região, o esquecimento cultural que ela provocou, etc. Só mais um exemplo do ser humano fazendo “humanice” no planeta.

Mas como eu não sou coreana vou achar tudo lindo se um dia for passear lá! hehehe

Sobre o que o Brasileiro pensa sobre mudanças do clima

Faz um pouco mais de 1 mês (início de fevereiro de 2021) o ITS junto com a Universidade de Yale e o Ibope divulgaram o resultado de uma pesquisa sobre a percepção do brasileiro com relação às mudanças climáticas. Confesso que só fiquei sabendo essa semana, pois o mesmo ITS lançou uma chamada pública para Programa de bolsas da pesquisa “Mudanças climáticas na percepção dos brasileiros”.

Pedi os dados da pesquisa pra eles e resolvi usar meus rudimentares conhecimentos de Tableau (um software de visualização de dados) pra entender melhor os dados dessa pesquisa.

Se você quer saber mais detalhes de como a pesquisa foi feita acesse: https://www.percepcaoclimatica.com.br/

AVISO: Eu só estudei estatística 1 semestre durante a graduação, meus conhecimentos de Tableau, como já mencionei, são rudimentares, mas eu tenho bom senso, é suficiente? Talvez. Veja aí onde eu cheguei com os dados e me corrija se você ver erros.

MINHA “ANÁLISE” – (É muita pretensão minha chamar isso de análise.)

Eu selecionei algumas perguntas que achei mais interessante da pesquisa e resolvi destrinchar melhor como as respostas apareciam regionalmente. Até tentei fazer uns gráficos com a posição política declarada pelos entrevistados, mas achei que a quantidade de gente que não sabia ou não respondeu esta questão era muito grande (quase 25%).

Eis o meu achado.

Quando os entrevistados foram perguntados se concordavam ou não com a afirmação: As queimadas na Amazônia são necessárias para o crescimento da economia, em todo o Brasil a resposta foi que 74% deles discordavam essa afirmação. Achei sensacional esse resultado e ai resolvi fazer um recorte por região. Como a discordância ou não dessa afirmação se distribui pelas regiões do país? Eis que a região com maior número de “concordos” sobre a questão acima veio da região Norte, onde a Amazônia está localizada em sua maior parte. Enquanto no Sudeste nem 15% dos entrevistados concordavam com a afirmação, no Norte quase 30% concorda.

Você pode ver o gráfico melhor aqui: https://public.tableau.com/views/PesquisaPercepoclimaBrasil/Planilha1?:language=pt&:retry=yes&:display_count=y&:origin=viz_share_link

Essa tendência meio que se confirma quando a pesquisa pergunta o que é considerado mais importante para o entrevistado: A) Proteger o meio ambiente, mesmo que isso signifique menos crescimento econômico e menos empregos ou B) Promover o crescimento econômico e a geração de empregos, mesmo que isso prejudique o meio ambiente. No geral o brasileiro respondeu que a alternativa A é mais importante (77%). Mas quando abrimos as respostas por região, é o Norte mais uma vez que detém a maior quantidade de pessoas respondendo a opção B. Na região Norte 24,51% dos brasileiros consideram a alternativa B como mais importante para eles, enquanto que nas outras regiões esse número não chega a 17%.

O gráfico fica melhor de ver aqui: https://public.tableau.com/views/PesquisaPercepoclimaBrasil2/Planilha23?:language=pt&:display_count=y&publish=yes&:origin=viz_share_link

A minha opinião sobre esses dados pode estar muito errada, mas vou manifestá-la mesmo assim. Eu achava que era uma minoria de pessoas na região Norte que é a favor do desmatamento e pensa que pelo crescimento econômico vale tudo. Esses dados me mostram que não é bem assim, ainda tem muita gente por lá com esse tipo de pensamento desenvolvimentista a qualquer custo. E ai temos 2 possibilidades para mim: 1) eu era ingênua de acreditar que os maus eram a minoria, talvez eles até sejam, mas tem uns pseudos bons que os apoiam; 2) eu não sei mexer no Tableau, muito menos analisar dados e isso ai tá tudo errado… Aceito ajuda dos universitários!

UPDATE: Fiz mais uma análise dessa pesquisa aqui.

Copos plásticos usados viram embalagens de Humor

Pena que meu humor não seja dos melhores, Natura!

Sim, a ideia de reciclar os copos plásticos de um festival de música é incrível, aglomerações de gente é algo que gera MUITO resíduo e me pergunto se isso é sustentável. Falei especialmente disso no post que fiz em 2016 quando fui voluntária nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro.

Mas sobre a ação da Natura com a Heineken e o Rock in Rio: a ação tem seu mérito sim, mas não tenho bem certeza se ambiental. O que mais me incomoda nela é a simplicidade com que parece que o problema foi resolvido. E na verdade não foi simples, nem o problema do plástico foi resolvido. O plástico do copo que você usou e virou tampa de perfume só foi adiado para ir para o aterro. O copo que saiu do festival de música e virou tampa de perfume para finalmente chegar no consumidor final fez um rolê considerável. Na breve existência desse plástico ele deve ter rodado mais que muito ser humano com o mesmo tempo de vida. Isso sem pensar no destino da tampa depois que o perfume acabar ou a tampa simplesmente quebrar, pois sim elas podem quebrar.

O mais engraçado é que o Rock in Rio e a Heineken simplesmente repassaram (provavelmente mediante pagamento) uma parte do problema de resíduo deles para a Natura. Ela assumiu o passivo para de fato resolver o problema do ciclo de vida do plástico do copo, que será, sei lá no fim, reciclar novamente a tampa do perfume ou mandá-lo para um aterro?

Me pergunto até que ponto somente adiar a ida de produtos plásticos para o aterro é algo válido, o aproveitamento desse material nunca é 100%. Deve ter a sua validade, mas pra mim não resolve o problema.

O mérito dessa ação está na parceria de um festival de música, uma empresa de bebidas e uma marca de beleza. Uma vez que são 3 grandes corporações, creio que conciliar todos esses interesses deve ser algo bastante complexo.

Mas do ponto de vista ambiental qual seria a melhor solução para o copo de plástico? Penso que usar copos de plástico não descartáveis no festival e permitir que as pessoas usem o mesmo copo várias vezes e os levem para casa e continuem usando-os. Mas um festival de música com milhares de pessoas é algo complexo que eu absolutamente não manjo nada. Só tô dando meus pitacos de velha blogueira de meio ambiente rabugenta.

Old Lady Smoking GIF - Find & Share on GIPHY

De todo modo, bela tentativa Natura, Heineken e Rock in Rock. Continuem tentando, um dia a gente consegue, ou não.

Climate Crisis Judging You GIF - Find & Share on GIPHY

Planet of the Humans

Eis que despretensiosamente fui assistir o último documentário produzido pelo Michael Moore. Pra quem já viu algum dos filmes dele esse Planet of the Humans segue o mesmo estilo, porém o narrador não é ele. Mas o estilo é MUITO igual.

Fui ver o filme meio as cegas sem saber do que se tratava e fiquei contente em saber que era sobre meio ambiente, energia verde, sustentabilidade e afins.

Como todo documentário, ele conta um ponto de vista, uma visão de mundo, entrevista pessoas que interessam para a narrativa e muitas vezes não aprofunda no assunto que pode de alguma forma contradizer a tese. 

O problema do filme é você assisti-lo querendo ver o mundo de forma simplista. E é isso que me incomoda nele, num mundo complexo cheio de problemas cruéis a serem resolvidos não é polarizando a questão ambiental e tratando de forma superficial que vamos chegar num lugar melhor do que estamos hoje. (O detalhe é que essa abordagem hoje em dia parece que tem sido regra para qualquer conflito, seja na política, na economia, na saúde).

Dois pontos que abusam da superficialidade e simplismo

1) carros elétricos. Em 2009 escrevi um post sobre o documentário Quem matou o carro elétrico? E qual foi a minha principal questão naquele post? Qual é a origem da energia produzida para abastecer os carros elétricos? 11 anos depois essa pergunta já foi respondida e superada. O desempenho e o custo por km rodado do carro elétrico é muito melhor que o carro a combustão, ou seja, ele faz mais com menos. Então mesmo emitindo mais CO2 o carro elétrico faz mais. Acho preguiçoso o argumento: “ah se a energia do carro elétrico não tiver origem sustentável, então o carro elétrico não serve”. Você acha inteligente o pensamento de que se toda a produção de comida no Brasil não for orgânica, então nem quero saber de produção orgânica e ela nem deve ser incentivada?

Lembrando aqui que o carro elétrico não é a bala de prata pra problemas de transporte no mundo e tem várias problemas também, mas como a vida já deve ter te ensinado, não há solução única e perfeita no mundo.

2) combustíveis fósseis são a pior opção sempre. Longe de mim querer defender os combustíveis fósseis, eles são um problema sim mas é importante ter claro que o uso deles não vai parar na terra da noite para o dia. É ingenuidade achar que isso é possível e a menos que você seja um indígena isolado na floresta amazônica ou integrante de alguma tribo isolada africana é impossível não depender de combustível fóssil de alguma forma. E o fato de aceitar que ele é parte da vida não significa que você não pode defender que outras formas de energia e matéria-prima sejam usadas e desenvolvidas.

A falsa dicotomia

Ter conhecimento dos problemas da energia dita verde renovável, do consumo de carne, da produção da soja, das viagens de avião, dos bilionários no mundo, do plástico de origem vegetal, da reciclagem como solução para o problema de resíduos no mundo não me fazem uma pessoa que incentiva e apoia tudo isso. Nem me fizeram defensora da energia fóssil, vegana, deixei de separar meu lixo, vão me impedir de viajar de avião ou deixar de acreditar que uma outra solução além da reciclagem é possível. Felizmente o mundo não é feito só de sim ou não, certo e errado, preto ou branco.

Talvez o filme ajude os desavisados a simplesmente passarem a odiar as soluções alternativas de energia, provavelmente ambientalistas e defensores da energia verde se sintam ofendidos e/ou traídos e talvez o filme seja usado pela indústria do petróleo como endosso aos seus produtos. Tudo isso é possível e nem posso dizer que está errado. Talvez se o filme tentasse ao menos seguir no meio do caminho, não só criticando as energias alternativas, mas mostrando que ela tem vantagens e outros aspectos da origem dos problemas ambientais, seria uma maneira de ampliarmos nossas conversas e ajudaria a diminuir a polarização.

É meio estranho o que vou dizer aqui, mas o ponto alto de Planet of the Humans para mim foi a frase da Rachel Carson nos créditos finais

Mais opiniões sobre The Planet of Humans

Achei que esse texto reforça a ideia de dicotomia do filme (em inglês), provavelmente faz parte do grupo ambientalista que se sentiu traído/ofendido com a abordagem.

esse outro texto (em português) sugere que o filme deveria ter focado mais na base do problema: consumo, ideia de crescimento infinito possível e modelos econômicos alternativos. Válido, mas ai acho que seria um outro filme.

EXTRA: No site do filme planetofthehumans.com tem um guia de discussão para professores (em inglês). Gente, queria tanto que no meu tempo de escola tivesse tido esse tipo de discussão sobre os filmes que assisti… Um dos exercícios que mais me empolgaram foi: se esse filme fosse o primeiro de uma mini-série o que você gostaria que fossem os próximos episódios?

Suposições

Vamos fazer um exercício mental aqui. Só por diversão.

Imagina que você tem um produto super inovador que seu cliente adora. Vende super bem, dá lucro e funciona. Mas o produto tem um problema sério de ciclo de vida. Quando ele foi inventado ninguém se preocupava muito com geração de lixo e o problema do seu produto está aí. A vida útil dele é relativamente curta depois que o cliente compra, ele usa e já descarta e não tem muito o que fazer com o produto depois de usado. E como reciclagem não chega em todos os lugares do mundo não é o que acontece com seu produto por mais que você se esforce em recolhê-lo e reciclá-lo. Alguns lugares do mundo até já proibiram o seu produto.

Exercício de possibilidades

E agora responsável pelo produto? O que você faz?

Finge que não é problema seu, afinal, a sua função é oferecer um bom produto para seu consumidor e fim.

Você faz a sua parte de tentar recolher o que é possível e dar um destino correto. Mas joga parte da culpa de não dar um destino correto para toda a sua produção no seu consumidor, afinal ele também não colabora na hora de dar um destino certo ao produto.

Começa a gastar toda sua energia, dinheiro e empenho em desenvolver um produto melhor que não gere mais resíduos pós consumo. Mesmo que depois de todo esse processo e esforço você descubra que tenha que desistir do seu produto já consagrado e criar um novo.

Você pode sugerir outras soluções e opções se você tiver e for mais criativo que eu.

Adendo: seu produto não é único no mercado. Ele é apenas uma forma diferente e cômoda de obter o mesmo resultado obtido de outras formas um pouco mais trabalhosas ou apenas mais diversas.

Alguma pista de que produto é esse? Fiquei impressionada que pude pensar em outros produtos além do qual eu tinha em mente originalmente.

E você consumidor do produto o que faz? Qual a sua atitude? Para de usar o produto? Cobra uma atitude da empresa que produz? Finge que nada disso é com você ou sequer tem consciência que usar esse produto gera um impacto e existem outras soluções?

English version.