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Hoje, começou o segundo ciclo do Ciper. A diretora nos oferecerá um preparo

corporal para exploração de pesquisa em CI a partir do material para coluna
desenvolvido por Steve Paxton, assim, quando este ciclo tiver terminado, teremos
adquirido técnica/consciência corporal/ material/ uma corporalidade.
Ela começou com um aquecimento. Primeiro um trocadilho nos dedos. Mimese
do movimento, estimulando reflexo por visualização. Outros exercícios estimulavam o
tônus alto, a força vinda da coluna, ou melhor, a mobilização do nosso corpo para
mantermos o tônus resistente ao ambiente, assim, diminuindo o esforço da força -fazer
menos força. A intenção dos exercícios é fazer que o movimento surja da musculatura
de dentro e não das extremidades. Ter a consciência dessas qualidades de movimento
ajuda a integração do corpo. Também, trabalhou com o toque no osso, rotação, formas
circulares. Tipos de corporalidades que tiram as resistências no movimento para
aproveitar o máximo possível da energia cinética contida nele.
Outra parte da preparação corporal foi feita pela ensaiadora. A metodologia
usada veio de teatro, chama-se View points, pontos de vistas. Os primeiros exercícios
de andar, correr, parar ao mesmo tempo com o grupo exercita nossa escuta coletiva e
focalizar nossa atenção para o movimento do grupo, diferente do preparo da diretora
que foca a nossa atenção para dentro do nosso corpo. Senti que os jogos propostos pela
ensaiadora estimulam mais a nossa atenção para o de fora- grupo. Não interessa tanto se
o movimento parta de dentro. Tanto que um dos exercícios era fazer movimento
simples- sem explorá-los no nível de dentro da musculatura- como andar, sentar, deitar
e pular. Explorá-los em relação aos movimentos externo.
Explorar o movimento a partir de fora, como o último exercício proposto,
produz uma dinâmica interna do movimento. Ou seja, ouvimos/
recebemos/apreendemos/absorvemos o movimento de fora, essa informação passa
dentro da gente e produzimos outro movimento a partir dele. Ouve e responde. Há um
milésimo de segundo entre essa transição do ouve e responde ao que ouviu. Então, de
certa forma, acaba sendo um movimento que parte de dentro também. Há um
movimento/dinâmica dentro dos movimentos.
O CI exige que trabalhemos “de onde surge o nosso movimento” dos dois ao
mesmo tempo e constantemente. Um fluxo tornando uma coisa só. Obvio, que na dança
podemos explorar mais ora um ora outro, mas há o risco da pessoa que dança perder o
contato e/ou a improvisação.
Também tem os movimentos que não estamos em lugar nenhum.
Sem escuta não há resposta. Escuta propositiva- reflexiva (uso reflexiva opondo
ao mental). Resposta cinética- escuta cinética.
Encontre os capítulos anteriores que compõe esta novela em https://www.blogs.unicamp.br/mucina/category/series/hipoteses-para-o-leitor-uma-novela-performatica-gestual. Para receber as notificações no seu email, cadastre-se no RECEBA A MUCíNá na barra lateral. Ou siga pela página no Facebook. E não se esqueça de deixar o seu comentário abaixo!;)
Nascida em São Paulo, em uma família tradicional japonesa, que me incentivava quando criança às artes orientais, odori e karaokê. Depois de uma caminhada que tomou trajetos inesperados, me formei em Ciências Sociais, Bacharelado em Antropologia, pela Unicamp, em 2015. Nesse período, encontrei o meu corpo em uma aula de Contato Improvisação oferecida por Marília Carneiro, na Casa do Lago, em 2014. Corpo desperto, ele se tornou o seu próprio caminho. Em busca de novas aventuras, encontrei a Cia. do Circo, onde meu corpo foi transformado em um campo com potência e pode experimentar diferentes relações com o peso, espaço e limites no tecido, trapézio e contorção desde novembro de 2014. Em 2015, comecei a me apresentar com a Cia. do Circo em eventos. O meu corpo também está sendo transformado com as técnicas de Klauss Vianna apreendidas nas aulas de Jussara Miller há um ano. Incorporei-me no projeto dirigido por Marília Carneiro, o Ciper- ContactImprovisation&Performance, grupo de pesquisa em performance de Contato Improvisação, em que participei como improvisadora e escritora.