RNAm Expresso vol. 1

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Café contra AlzheimerAgência Fapesp
Bancada Verde: substituindo reagentes de laboratório por outros menos agressivos – The Scientists
The New Journalism: considerações sobre as mudanças no jornalismo científico – NeuroLogica Blog
A Ciência é melhor que a pseudociência: excelente texto do Carl Sagan sobre as “vantagens” da Ciência – via Twitter pelo @kenmori (do 100Nexos) e @UNAbr (União Nacional dos Ateus)
Livro desmitifica o câncer, discute tratamentos e chances de cura (leia capítulo): já que há muitos leitores do blog que se interessam bastante pelo assunto (vide a briga de foice que virou o tópico sobre o bicarbonato, que até o dia de hoje tem 280 comentários), fica aqui a dica de um livro com conteúdo acessível a todos – FolhaOnline
National Geografic para crianças! Só em inglês… – National Geografic, via @clauchow
Testing Evolution’s Role in Finding a MateNYTimes
Concurso de vídeos científicos da revista The Scientist – Muito legais
Autoajuda ‘não beneficia pessoas com baixa autoestima’: antes de sair reproduzindo “O Segredo” e afins, tenha certeza do seu estado espírito, ou as coisas podem não sair como planejado… – BBC Brasil
Link tosco do dia:
Harmonize seu carro de acordo com seu signo: nunca mais compro carros sem consultar o horóscopo – Yahoo! Autos, via @flavioney

Jornal vs. Internet. Dicas evolutivas para o embate

homem das cavernas betocampos.jpgEsta semana o programa MTV Debate (segunda vez que ele aparece aqui no RNAm) discutiu o futuro incerto da mídia impressa, frente ao mundo digital da internet e seus gadgets, como e-books, i-phones etc. A pergunta era: o jornal e os livros de papel acabam ou não acabam?

E o engraçado foi perceber que a discussão das novas mídias se adequando aos novos tempos nos remete a natureza de nossa própria espécie e a leis que regem o mundo natural. Vamos tentar traçar este paralelo então.

Até agora fomos desenvolvendo de forma bem calma, e se pode pensar até em certa estabilidade. Foi assim no jornalismo desde a década de 20 até recentemente e foi assim por pelo menos 100 mil anos na nossa história como espécie de caçadores coletores nas savanas africanas.

O que mudou? Como reagir?

Tudo estava muito bom até que os tempos mudaram. No jornalismo surgiu a interatividade e a geração de conteúdo pelos não-profissionais do jornal. A interatividade por telefone depois pela internet, os blogs e o twitter. Já na nossa espécie tudo começou talvez pela agricultura, pecuária, formação de cidades e tudo que isto acarreta. Mudanças que nos deram um chute no traseiro e nos fazem andar cada vez mais rápido.

Como nos adaptar a isso? Como preparar os futuros jornalistas para um mundo em rápida mudança? Do mesmo jeito que os organismos têm que estar preparados para ambientes em constante mutação.

Escolha evolutiva jornalismo.jpg

Nos espelhando na evolução do mundo natural podemos achar a resposta. E a resposta é: não há como nos adaptar! Exatamente isto. É impossível nos adaptar a ambientes que mudam. Sempre nos adaptamos ao passado, seja o passado ontem ou milhões de anos atrás.
A sociedade, incluindo aqui o jornalismo, está adaptada ao passado. Sim, porque sofreu as pressões do passado. Suas características refletem o que lhes aconteceu e não ao que está para acontecer. Nossos professores nos ensinam o mundo deles, que já passou.

E dizer que qualquer organismo está adaptado ao seu ambiente é muito arriscado. Ele está sempre contando com a sorte de aproveitar suas adaptações ao passado e fazer que elas funcionem no presente.
E no futuro? Bom, sem bola de cristal fica difícil se adaptar a algo que não aconteceu ainda.

Dica da evolução para a melhor estratégia

Mas a observação do mundo natural pode sim nos dar uma dica preciosa que ajude a lidar com essa confusão do dia-a-dia. E a lição é esta: em momentos de mudanças drásticas, sempre os generalistas se dão melhor.

Organismos hiper-especializados são os primeiros a se extinguirem. Isto explica porque neste momento os jornalistas mais polivalentes estão se destacando. Foi-se o tempo que ter uma coluna semanal na Folha de S. Paulo sobre política externa francesa garantia seu futuro.

Os jornalistas agora têm que ser multi-plataforma, com disse na MTV o professor Cláudio Tognolli. Saber escrever artigos, notas, blogs, twitter, editar imagens e sons. Afinal nunca se sabe qual destas mídias prevalecerá. Claro que se algum entusiasta se hiper-especializar no Twitter, achando que este será o futuro do jornalismo, duas coisas podem acontecer com ele: acertar em cheio e ficar com os louros da vitória, ou aparecer algo melhor que o Twitter e ele ter que vender cachorro-quente na esquina.

Então façamos nossas apostas! E que vença o mais sortudo. Afinal quem apostaria que aqueles bichinhos peludos que andavam por entre os pés dos dinossauros um dia dominariam a Terra?!

Atualizando o Twitter com o “movimento” dos neurônios.

neuronio twitter.JPG

Ache o erro na frase da matéria da Folha:
Segundo o jornal “The Daily Telegraph”, o sistema trabalha por monitoramento eletroencefalográfico (ou EEG), que consiste na atividade elétrica perceptível no couro cabeludo, realizada pelos movimentos dos neurônios dentro do cérebro.

Movimento?! Dos neurônios?! Taí uma coisa que eu nunca vi.

Poxa, acho que vou mudar o foco deste blog e me dedicar SÓ ao “observatório da imprensa científica”. É muito material…

O brinquedo científico mais legal.

Está dáda a largada. Veja aqui, no fantástico Blog do Brinquedo, os brinquedos mais fabulosos, separados aqui nos de ciência.

Escolha o seu predileto e conte porquê escolheu o tal.

Mesmo eu sendo biólogo molecular e tendo na lista um kit de extração de DNA, o que eu achei mais bacana é esse de desenterrar um fóssil!
esqueleto-dinossauro-kit-01.jpg
Nada mais didático e estimulante do que fazer exatamente o que paleontólogos fazem. Deve dar quase a mesma emoção do fato real.

Vídeos de cirurgias no Youtube

É um estudante de medicina com preguiça de sair de casa ou apenas tem uma psicopatologia de serial killer? Então assista a operações muito didáticas pela internet!
10 delas foram selecionadas aqui pela WIRED.
Aviso: tirem as crianças da sala.
Aqui uma das operações: operação de um coração batendo

Analisando a Polêmica “Palhaçada Científica” de Ruth


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Um pequeno tufão varreu a blogosfera científica nacional. Ele foi gerado pelo texto da jornalista Ruth de Aquino, diretora da revista Época. Neste texto, Aquino diz que “Ler sobre pesquisas científicas de universidades respeitadas é uma receita certa para dar risada”, e cita algumas pesquisas que, por exemplo, constatam que crianças canhotas vão pior na escola, corpos femininos sem rosto vistos por homens são processados por eles nas áreas destinadas a objetos. Enfim, a crítica dela é que as pesquisas “descobriram” o óbvio.

Vários colegas de divulgação científica reagiram (links abaixo). Como não tenho o que acrescentar ao que já foi dito, preferi analisar a discussão em si.

Que mecanismos os cientistas e divulgadores têm para reagir nestes casos de discordância com a mídia? Neste caso, comentários na própria página da matéria são permitidos. Tentei resumir e classificar como foram conduzidas as discussões.

O que foi comentado
Muitos comentários mostrando na maioria indignação; pedidos de retratação; explicação de conceitos tidos como errôneos na reportagem; comentários apelativos de cunho pessoal; algumas críticas estendidas a outras matérias da revista Época.

Casos interessantes: um comentário conclama blogueiros para uma ação conjunta para “puxar a ficha” da autora, analisar a relevância da revista e do jornalismo em geral; um senhor se diz cientista e mostra apoio a crítica da autora da pesquisa do “óbvio”; uma resposta em favor do texto veio de um socialista crente (adjetivos meio paradoxais, não?).

A falta de experiência em escrever sobre ciência para não-cientistas gerou problemas clássicos, como por exemplo, o leitor invalidar a pesquisa dos canhotos irem mal na escola simplesmente por conhecerem um canhoto inteligente. Fato que não invalidaria um estudo com um número grande de sujeitos e com análise estatística robusta.

Leitor vulnerável
Não é raro ver deslizes de jornalistas não especializados em ciência quando têm que escrever sobre este tema. Mas até que ponto uma informação errada ou opinião distorcida pode afetar o cidadão-leitor comum?

Os comentários de concordância se acumulam mais próximos da data de publicação, mostrando que o leitor não-cientista, que provavelmente lê de rotina a revista, está muito vulnerável aos erros cometidos por ela. Dois dias depois da publicação só há críticas nos comentários, gerados por pessoas que provavelmente não lêem a revista mas se interessaram pelo texto.

Silêncio que incomoda
Nenhuma resposta, retratação ou comentário foi feito pela própria repórter ou pela revista. Fato comum para quem costuma criticar artigos nessa mídia “pseudo-interativa” que são os sites de notícias. Isso mostra uma inserção apenas parcial do jornalismo na internet. Afinal, a interação entre autor e leitor é plenamente possível, mas esta possibilidade está sendo desperdiçada, possivelmente fazendo com que leitores se frustrem e, no caso dos cientistas, realmente ignorem este tipo de mídia.

Este silêncio é provavelmente o causador, ou um catalisador, do sentimento de descaso e impunidade sentido por muitos divulgadores de ciência, leitores e cientistas neste debate.

(Por isso, continue lendo seus blogs científicos de confiança.)

Crítica aos críticos de Ruth

Minha crítica aos críticos de Ruth é no tom da discussão, muitas vezes excessivamente exaltado e passional. Parece mostrar um pouco de ingenuidade pelo espanto com a situação da divulgação de ciência no Brasil, que é sabidamente muito problemática, e é com este tipo de acontecimento que um divulgador de ciencia mais vai se deparar. (veja aqui uma outra crítica.)

Não sei até que ponto o artigo de Ruth de Aquino, por ser uma opinião, deveria ser respeitado por isso. Mas ao lidar com ciência, opinar de forma temerária e ingênua como foi feito, ainda mais numa área em que o cidadão-leitor é tão vulnerável, foi irresponsável, sem dúvida.

Pergunta:
É papel das sociedades científicas, como a Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC), opinar sobre ou até fiscalizar este tipo
de artigo?

P.S.:
Por falta de tempo não comentarei os artigos de blogs gerados pelo tema, mas citarei os mais relevantes. Sugiro fortemente a leitura:

“Mas isso eu já sabia!” – 100Nexos (Este é HiperRecomendado!!!)

Em prol dos cientístas, idiotas e dos “ridículos” – Ciência Brasil

Conselho de Darwin para Ruth – Ecce Medicus

É muito fácil ser um jornalista frívolo – Geófagos

Nunca é tarde para uma autocrítica – n-Dimensional

Candidato a santo– Boca do Inferno

Ciência e o óbvio – Rainha Vermelha

Ciência é besteira? – Discutindo Ecologia

Pesquisas científicas me fazem rir! – Rastro de Carbono

Cara Ruth de Aquino, – Brontossauros

Ruth de Aquino já é a segunda colocada em comentários na Revista Época – SemCiência

(copiei sua lista, 42. Me processe!)

Um biólogo no Campus Party


Ahhh, nada como o cheiro de silício pela manhã!
O calor dos processadores, o barulho dos coolers e aquele bando de homens!
É… o meu inferno se parece bem com isso. E isso é a CampusParty, o maior encontro de internet do Brasil.

Pra que serve? Bom, muita gente vai pra usar a internet de 10 Gb. Serve também de pauta para todos os meios de comunicação (procure por aí e veja). Afinal passaram por lá Gilberto Gil, o criador da web Tim Berners-Lee, o governador Serra, o prefeito Kassab e as coelhinhas da Playboy (foto ao lado).
Mas por que este biólogo que vos escreve estaria participando? Por dois motivos (além das coelhinhas, claro):
1- Fui convidado para uma mesa-redonda na Quinta-feira, 22/01, 21h-23h, junto com o Igor, e um dia antes o Atila também se apresenta (sinta-se convidado);
2- Precisamos fazer amigos para continuar com este blog sério em meio ao mar de entretenimento inútil que é a internet.
Além disso, muitas palestras interessantes neste primeiro dia. Duas em especial:
A influência das mídias sociais nas publicações
Com gente de peso na mesa, Silvia Bassi (IDG), Sandra Carvalho (Editora Abril), Marco Chiaretti (Grupo Estado), Marcelo Gomes (Meio & Mensagem), falou-se sobre a interação da mídia tradicional com a internet.
Eu tive que perguntar. “Porque os grandes portais de notícias ainda não põem os links das fontes e porque há tanta notícia repetida de grandes agências traduzidas de forma tão displicente muitas vezes errada?”
A mesa respondeu que o jornalismo está numa fase de transição, e que apesar de mudar, realmente não pode esquecer os princípios do jornalismo tradicional. Desde a ética até o uso correto do português.

Os temas da blogsfera brasileira
Alex Primo é um comunicólogo especializado em cibercultura e educação, e estava a falar de sua pesquisa recente sobre blogs. Ele pegou os 50 blogs com maior autoridade no Brasil e tirou alguns dados. Me chamou atenção quando ele falou dos temas mais recorrentes nos posts destes blogs. Segue aqui a tabela de temas e o link para o blog do Alex (com mais análises imprescindíveis pra quem quer entender a blogsfera nacional):

Perceberam? NÃO?! CADÊ A CIÊNCIA AE?!?!?!?
Ela apareceu em 0,33%.
E agora? Nós do Lablogatórios ficamos tristes, porque ninguém quer saber de ciência, ou ficamos alegres por existir um nicho totalmente inexplorado pelos blogs nacionais?
E amanhã tem mais Campus Party. Claro, depois de uma muito produtiva manhã toda no laboratório, eu prometo chefe!

Carro movido a lixo, como em De Volta Para o Futuro


Quem não queria ter o carro do De Volta Para o Futuro?
Vários motivos:
1- Viajar no tempo. Quem não quer? (se eu tivesse feito engenharia ao invéz de biologia minha vida seria bem diferente, pelo menos com mais dinheiro)
2- o carro é estilo com aquela porta vertical
3- a versão voadora dispensa comentários
4- esta versão voadora também tem o Mr. Fusion
O Mr. Fusion era um aparelinho que usava lixo pra mover o carro. Sonho de qualquer ativista do Greenpeace.
E não é que um cara fez isso?! Olha só:

Vi no Gizmodo Brasil. E lá tem um videozinho explicativo. (valeu Abacaxi!)
Claro que exagerei quando disse que é o sonho de qualquer ativista ambiental, porque a queima de gás gera carbono na atmosfera.
Mas CO2 é bem menos pior para o clima do que o metano. Por isso queimar o metano da biomassa é melhor que deixá-la decompondo e liberando a gás no ambiente.
Tanto que no começo desta história de vender créditos de carbono, muita gente ganhou dinheiro com projetos de lixões com queima do metano gerado. Coisa que já se faz a muito tempo. Mas só a troca de metano por CO2 já valia alguns créditos de carbono. Dinheiro fácil esse.
Pergunta: Alguém sabe se queimar a biomassa direto é melhor ou pior do que esperar e queimar o metano de sua decomposição?

A internet e o ensino no século 21

Vídeo interessante, que tenta discutir temas polêmicos na interação ENSINO/INTERNET.
Aborda assuntos como inclusão digital, mídias sociais, crítica ao sistema escolar atual, e que diferença faz termos o famoso computador de 100 reais nas escolas.
Sobre o vídeo:

Para que serve uma monocotiledônea? (nerds, mídias sociais e a escola do século 21) – por Luli Radfahrer
Palestra final da terceira edição do projeto Descolagem realizado no NAVE (www.nave.oi.com.br) em 22 de novembro de 2008 com curadoria de Beto Largman em parceria com o instituto Oi Futuro

E ae, o que acha? A internet resolve os problemas? E escola é assim mesmo como o cara fala?

Valeu a dica Gabriel.

Ciência na cultura útil e na inútil


Finalmente está no ar o Blog Citrus, nova proposta de blog que tem por princípio “interceptar e injetar ciência onde quer que seja”: na arte, na sociedade, enfim, na cultura em geral. A propósta partiu do Victor Vasques do Comlimão, e tem como editor o blogueiro que vos escreve, Rafael Soares. Portanto os jabás recíprocos (que chamarei agora de “retrojabás”) serão frequentes.
Nessa linha artística do Citrus, está acontecendo um movimento no tema Fotografia e Imagens de Ciência: qual é arte?
Modéstia parte, vale a pena dar uma conferida.