O fim do mundo começou!!!

Imagens inéditas do fim do mundo!!!! Elas podem ser horríveis, mas não é necessário pânico. Pegue sua toalha e seu chapéu de papel alumínio e corra para a banheira mais próxima.

Godzilla invade favela no Rio e causa terror!

godzilla RIO

Duzentos e trinta e quatro flamenguistas morreram até agora. Vai Godzilla!!

Greve de Dodos e Neandertais no congresso causa pânico em Brasília

brasilia

Sobrecarregados, dodôs e neandertais exigem condições mais justas de trabalho e ameaçam: Se não houver aumento salarial eles vão começar a exterminar deputados e senadores.

O Brasil apoia essa causa!!

Mapiguaris invadem o Acre

rio branco

Mapiguaris demoníacos invadem o Acre e sequestram governador Peter Pan. A calamidade, todavia, tem cara de golpe de estado! A Fada do Dente, atual líder do partido opositor, diz que não vai dar entrevista.

Gwangi ataca a Avenida Paulista e causa mais de mil mortes

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Milhares de paulistanos não chegarão a Santos nesse feriado…..

Mamutes lanosos sitiam Teresina para tomar sol

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Cansados dessa história de Era do Gelo, mamutes resolvem invadir Teresina e transformam as margens do Rio Parnaíba em praia.

Moa gigante é avistado em Serra Catarinense

santa catarina

………. Esse sim, é o sinal do apocalipse.

 E qual a ciência do fim do mundo? A Terra vai continuar orbitando o Sol por muito tempo ainda…

http://scienceblogs.com.br/colecionadores/2012/02/477/
Cheers!!

Por que estudar o passado é tão importante?

iconÉ quase uma regra as pessoas se surpreenderem com minha resposta a uma pergunta tão comum: “Qual sua profissão?”. Depois de responder ” Paleontóloga!”, me deparo com os tímidos olhares de indagação e logo depois a maioria exclama: “Nossa, você é tipo Indiana Jones?!?”, ou: “Ah! você estuda múmias!!!”.

Só os mais corajosos se aventuram a perguntar: “Paleoquê?”…

Foto por Aline Ghilardi
Foto por Aline Ghilardi

Paleontologia, “o estudo da vida antiga”

Depois de explicar pacientemente o que eu faço e ressaltar a clara (para mim) diferença entre Arqueologia (Indiana Jones!) e a Paleontologia, eu normalmente aguardo pela próxima reação: “Mas para que serve estudar o que já morreu?”. Essa pergunta geralmente vem acompanhada de um tom de deboche*

Por maior que seja meu aborrecimento, eu entendo que esse é um questionamento comum para quem não está acostumado com o universo da ciência ou que está por demasiado inserido na filosofia da vida prática/cotidiana. Até mesmo alguns cientistas se atrapalham e negam o valor da ciência base! Tendo isso em vista, considerei importante elaborar este post para discorrer sobre alguns pontos e esclarecer essa questão:

– O que estuda a Paleontologia?

Para começar a Paleontologia não estuda só dinossauros, como já ressaltei diversas vezes aqui no blog. Apesar dos “lagartos terríveis” serem a vedete da nossa Ciência, a Paleontologia estuda tudo o que está relacionado com a vida antiga. Desde seres microscópicos e seus rastros químicos, até organismos macroscópicos e sua organização em ecossistemas. Isso, sem esquecer dos estudos de biomecânica, de interpretação de paleoambientes, de eventos de extinção, de paleopatologias, de estratigrafia, de sistemática e evolução, de mudanças climáticas, de biogeografia…. etc.

– Olhar para o passado, na verdade, é vislumbrar o futuro

Estudar o passado tem tudo a ver com a nossa vida. Não é possível entender “de onde viemos” se não olharmos para trás. São os eventos do passado que determinam o que somos hoje.

As leis da física que regem o nosso planeta foram essencialmente as mesmas. Procurar compreender o que já aconteceu é uma forma de compreender o que vai acontecer.

As respostas biológicas, dadas algumas restrições, também seguem essa regra, e a Paleontologia procura entender isso ao longo do tempo:

A diferença da Paleontologia e da Biologia é o seu nível de resolução temporal. A Paleontolgoia pega emprestada a dimensão do tempo profundo de sua ciência mãe, a Geologia. Em uma perspectiva quadri-dimensional, diversas respostas emergem com maior facilidade. Assim torna-se possível avaliar mais criticamente questões como: “Como surgem as espécies?”, “Como elas desaparecem?”, “Como elas se adaptam?”, “Como evoluem?” ou “Como se comportam em momentos de crise?”. Entender esses processos nos coloca em foco com a história da vida na Terra.

Qualquer avaliação tomada a partir do restrito limite temporal humano seria uma grande tolice.

– Ciência de Base

Para muitos, as justificativas que forneço não passam de meros devaneios filosóficos. Afinal, não estou curando nenhuma doença e nem produzindo computadores novos.

– Então é perda de tempo e dinheiro investir nessa área?

Não, de forma alguma. Muito pelo contrário, esse é um investimento absolutamente seguro, mas tem uma resposta a longo prazo.

A ciência que não produz um benefício imediato para sociedade, como é o caso da maior parte dos estudos paleontológicos, pode ser chamada de ‘ciência de base’. A ciência de base não é menos importante que a ‘ciência aplicada’. Na verdade, esta última se apoia absolutamente no que produziu a primeira. O problema é que isso nem sempre fica tão claro…: Veja, por exemplo, o trabalho de Gregor Mendel. Quem diria que seu estudo sobre ervilhas fosse a base da engenharia genética atual? É importante lembrar que ciência se constrói uma peça por vez. Até que pudéssemos chegar ao ponto de compreender tão bem o nosso genoma, à que pudessemos manipulá-lo, muitas pesquisas tiveram que ser realizadas: tanto com coloração de ervilhas, como com mutações em moscas-da-fruta e o tipo de pelagem em coelhos.

A teoria da evolução de Darwin, por exemplo, se apoiou em muitos estudos paleontológicos. Assim como os atuais modelos de deriva continental, de evolução climática, de extinção de espécies, entre outros.

É muito difícil chegar à resposta essencial para tudo de uma só vez. Os estudos devem ser feitos com tal resolução que possam ser testados criteriosamente e, se somados todos, possam produzir o retrato mais próximo da realidade. A ciência precisa de tempo e sua ‘aplicabilidade’ sempre se apoia em ombros de gigantes. Pense neste processo em como construir um muro: cada tijolo deve ser colocado um de cada vez.

– A Paleontologia Aplicada

É claro que existe também um lado diretamente aplicável da Paleontologia.

Algumas indústrias petrolíferas da atualidade utilizam essa ciência como ferramenta para buscar o seu ouro negro. Nessa área, o conhecimento paleontológico pode ser entendido como diretamente aplicável e é absolutamente rentável para o paleontólogo (Sim! É possível ganhar dinheiro com a Paleontologia! Oh!).

O petróleo, como resíduo orgânico, é originado dos restos de organismos que morreram há muito tempo atrás. Ele é produzido em condições específicas e geralmente está associado a determinados paleo-ambientes. O que o paleontólogo faz é procurar pistas desses paleo-ambientes por meio dos fósseis de microorganismos ou rastros de suas atividades.

– O Verdadeiro valor da Ciência

A ciência é um produto social, criado para beneficiar a sociedade e aliviar as misérias humanas.

Nesse cenário, a Paleontologia vem ajudar a responder algumas das questões mais fundamentais: “De onde viemos?”“Para onde vamos?”.

A nossa história está associada a de cada organismo que já viveu e entendê-los é como buscar entender a nós mesmos. Cada um deles tem uma história para contar e desvendar seus mistérios é acumular sabedoria para saber como agir no futuro.

Olhar para o passado biológico nos faz entender a origem de nossas limitações e a natureza de nossas vantagens – assim como as de outros organismos. O mundo funciona como um grande ciclo: espécies vêm e vão. Banidas por eventos catastróficos, alvo de suas próprias atividades, alvo da ironia do azar ou, pressionadas, evoluem como sucateiros desesperados. Vislumbrar esses processos nos faz refletir sobre a existência humana e o impacto de nossas atitudes. Fazemos parte do mundo natural e só na perspectiva geológica podemos enxergar a nossa verdadeira pequenez e fragilidade, apesar de tudo que construímos.

Nós que aqui estamos, por vós esperamos
Nós que aqui estamos, por vós esperamos

A lição da Paleontologia é aprender a ouvir os mortos. Os ossos falam e tem muita história para contar. Eles, que já se foram, podem nos revelar o mistério sobre o nosso próprio propósito (ou despropósito), além de serem modestos profetas sobre o futuro que nos espera.

Com cada mistério revelado, afastamos um pouco a névoa do nosso caminho e assim podemos enxergar direito os nossos objetivos. Olhar para o passado não é tão ruim afinal, é acender uma lanterna no escuro: é ouvir a voz da sabedoria.

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O Viajante sobre o Mar de Névoas

Sou cientista. Sou *paleontóloga*. E com muito orgulho, obrigada!