Paleontologia Mirim: Dando asas aos sonhos

Fabio Davi tem 19 anos e mora em Pires Ferreira, sua cidade natal, um município com pouco mais de 10.000 habitantes, no interior do Ceará. Ele é apaixonado por Paleontologia, mas confessa que nunca teve a oportunidade de visitar um museu.

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Fabio Davi e seus alunos

Fabio gosta de todo tipo de arte e é fascinado por escrever. Está temporariamente cursando Administração em sua cidade, mas seu sonho é se especializar em algo no ramo das ciências paleontológicas ou da arte. Ele acredita que existem muitas crianças talentosas no mundo, o que falta é “só um pouquinho de estímulo para desabrocharem“. Uma das coisas que mais lhe trazem alegria é “poder alimentar sonhos e ajudar jovens talentos“.

O Colecionadores de Ossos convidou Fabio Davi para conversar um pouco sobre o lindo trabalho que ele vem realizando com jovens de sua região. A nossa expectativa é que o seu relato inspire atitudes semelhantes a se proliferarem ao redor de nosso Brasil, e que pessoas como Davi se sintam ainda mais confiantes em continuarem buscando realizar seus sonhos.

Texto por Fabio Davi:

“A Paleontologia sempre me fascinou. Desde a infância desejei estar em um sítio paleontológico e ver surgir em meio à fragmentos de rocha e areia uma descoberta que pudesse contribuir com o quebra cabeça gigantesco e complexo que são os mundos esquecidos que a paleontologia revela.

Durante algum tempo comecei a desenvolver algumas técnicas para construir meus próprios fósseis e fazer reconstituições de animais. Cinco anos se passaram e a cada dia me envolvi cada vez mais com essa atividade, criando um forte vínculo com a área da Paleontologia. Com o tempo, percebi que mais do que produzir e descobrir, a sensação mais gratificante é a de compartilhar conhecimento com o próximo.

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Alunos da Escola Joaquim Gomes de Lima, Pires Ferreira, CE

Desenvolvi um projeto junto à Escola Joaquim Gomes de Lima com as crianças do 4º e 5º ano na Cidade de Pires Ferreira, no Ceará, onde foram realizados um total de dois encontros. Esses encontros só foram viáveis por meio do apoio dos professores e coordenadores locais, como Dona Francisca Gomes e Sra. Núbia.

No primeiro encontro, os alunos puderam conhecer o universo da Paleontologia, envolto estranhos nomes e muitas curiosidades. Eles foram apresentados também ao conceito até então estranho de Paleoarte.

Nessa ocasião tudo foi muito fascinante pra eles e pude identificar muito empenho e vontade de aprender.

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Tudo tem uma pitadinha de diversão aos olhos das crianças, o que deixa o ambiente leve e agradável.

No segundo dia de estudos, as crianças tiveram contato com o que seria um ‘sítio paleontológico’. Esse foi preparado cuidadosamente com réplicas que produzi. Os olhinhos estavam ansiosos por descobrir o que havia embaixo dos sedimentos. Como a sala continha 21 estudantes, tive que dividi-la em equipes, para que todos pudessem escavar um pouquinho os diversos ‘fósseis’ que ficavam espalhados pelo local.

Cada equipe era organizada entre os que trabalhavam nas anotações, os que faziam o diário de campo, os que escavavam e os descreviam as características do ser.

Os sorrisos expressam o momento da descoberta.
Os sorrisos expressam o momento da descoberta.

Os fósseis eram, na verdade, placas de cimento que esculpi cuidadosamente, já as réplicas menores foram produzidas com argila.

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Esta equipe de ‘pesquisadores’ ficou muito intrigada com o que conseguiu escavar: vestígios de um réptil há muito extinto!

Curiosidade, ânimo e muitas comemorações. Acredito que a experiência desses jovens não tenha sido muito diferente das emoções que envolvem um paleontólogo ao encontrar algo tão raro e precioso.

Seguem aqui alguns depoimentos a respeito das aulas realizadas, para que se conheça como foi experiência para eles:

Paulo Átila, 09 anos de idade, 4º ano.

“O que eu mais gostei foi quando os ossos começaram a aparecer no meio da terra e quando descobrimos como eles se chamavam”.

Maria Eduarda, 11 anos de idade, 5º ano

“Gostei muito porque aprendi a escavar os fósseis de animais extintos. Foi muito interessante”.

Francisco Heliton, 10 anos de idade, 4º ano.

“Gostei muito da Paleoarte, é muito interessante descobrir os seres que já existiram na terra”.

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Estes são alguns dos momentos do meu trabalho, espero poder continuar à disseminar ainda mais sobre esse mundo tão vasto, admirável no passado e o presente, a Terra.”

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Fabio Davi, parabéns pelo esforço e pelo belo trabalho!!
É maravilhoso ver como a Paleontologia, em qualquer meio em que se desenvolva, inspira os jovens, instiga sua curiosidade e desperta nas crianças o gosto pela ciência e pela descoberta.
Quem quiser conhecer mais sobre as realizações de Fabio Davi, visite o seu incrível blog: daviartesemanias.blogspot.com.br – onde ele fala mais sobre suas artes e manias!
Alimentar sonhos vale a pena!