O livro sobre dinossauros que você estava procurando

No início deste mês, estivemos na 24ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo para o lançamento do Livro “Realidade Oculta”, de um dos integrantes de nossa equipe, o paleontólogo Tito Aureliano.

O livro, uma ficção cheia de suspense e aventura, conta a história de um grupo de pessoas, que, acidentalmente, viaja no tempo para o Período Cretáceo. Lá, eles procuram compreender que fenômeno foi responsável pelo seu deslocamento temporal, enquanto tentam sobreviver aos perigos da Era Mesozoica.

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“Realidade Oculta” traz uma visão realista e atualizada sobre os dinossauros. Enquanto você mergulha na trama envolvente da história,  acaba por aprender sutilmente uma série de conceitos sobre geologia e paleontologia.

Falar sobre dinossauros em livros ou filmes de ficção nunca foi tão difícil como depois da década de 1990. Depois do filme “Jurassic Park” (e suas sequências), absolutamente tudo que fosse relacionado à dinossauros, tanto no cinema, como na literatura, passou a ser considerado como uma “uma cópia de Jurassic Park” (pelo menos para os insuficientemente versados no tema “ficção científica”…).

Após 1993, Jurassic Park tornou-se a principal (talvez única, para alguns) referência sobre dinossauros e paleontologia, e assim tem sido até hoje (acredite!). A força memética do filme é tão grande, por exemplo, que pouca gente sabe que a história de ‘Jurassic Park’ é inspirada em um livro. Não é curioso?

A mídia cinematográfica hollywoodiana tem um impacto gigantesco em nossa sociedade. Sem entrar em detalhes sobre o despotismo a influência cultural do cinema produzido pelos Estados Unidos, a linguagem audiovisual por si só é mais atrativa e penetrante.

‘Jurassic Park’ foi a maior bilheteria da história, na época, e o sucesso se deve, em grande parte, à Steven Spielberg. O icônico diretor conseguiu fazer uma obra primorosa, com efeitos especiais inovadores e ultra-realistas. Foi um verdadeiro marco na história do cinema. O filme trouxe também uma visão diferente sobre os dinossauros: até então, o público geral ainda guardava uma ideia vitoriana dessas criaturas (como lagartos estúpidos e lentos), enquanto que no filme ‘Jurassic Park’, vislumbramos o que se tinha mais atual na paleontologia de dinossauros do início dos anos 1990.

A agilidade dos "novos dinossauros" era assustadora, assim como o fato de eles não serem tão estúpidos quanto imaginávamos.
A agilidade dos “novos dinossauros” era assustadora, assim como o fato de eles não serem tão estúpidos quanto imaginávamos.

O mérito de transmitir a visão atualizada dos dinossauros em ‘Jurassic Park’, todavia, não é essencialmente de Spielberg. Ele é, na verdade, de Michael Crichton, autor do livro ‘Jurassic Park’. Médico e professor de profissão, Michael Crichton dedicou-se imensamente à divulgação científica por meio da publicação de livros de ficção. Para escrever sua novela ‘Jurassic Park’ (mesmo que a história tratasse sobre criaturas geneticamente modificadas e não dinossauros propriamente ditos), Michael Crichton fez uma ampla pesquisa, consultando, não só livros acadêmicos sobre paleontoljurassic-parkogia (alguns dos mais atualizados para sua época), como também paleontólogos eminentes dos anos 1990.

Crichton não só se preocupava com a qualidade da informação que seria transmitida em suas obras, mas ele também tinha um incrível talento para envolver o leitor em tramas inteligentes, excepcionalmente criativas e muito bem-amarradas. Não é à toa que o livro ‘Jurassic Park’ arrebatou meu coração, quando jovem, e também o de Spielberg, que decidiu por transformar a história no filme homônimo. Filme, que por sua vez, conquistou tanta gente de todas as idades.

Conheça outras obras de sucesso de Michael Crichton clicando aqui. Além de ‘Jurassic Park’, muitas outras obras dele também viraram filmes.

Na minha opinião pessoal, o livro ‘Jurassic Park’ é muito melhor do que o filme. É por isso que sempre aconselho a sua leitura. Porém, o filme teve um alcance muito maior, um apelo muito maior, e foi ele que marcou as pessoas de verdade. Marcou TANTO, que tornou-se, na cultura popular, a referência quase isolada para ficção-científica com dinossauros. Mesmo muitas outras obras envolvendo ‘répteis terríveis’ (“dinossauros”, do grego) terem sido produzidas antes dele, como os clássicos “O Mundo Perdido” (1925) (baseado na obra homônima de Sir Arthur Conan Doyle, publicada em 1912), “The Beast from 20.000 Fathoms” (1953), “Godzilla” (1954 a 2016) “King Kong” (1933 a 2005), “O Vale de Gwangi” (1969), entre outros.

Esses filmes precursores  acabaram obscurecidos (no conhecimento geral) pela popularidade alcançada por ‘Jurassic Park’. E essa fama também viria a oprimir qualquer tentativa posterior, cinematográfica ou literária,  que envolvesse dinossauros. Qualquer obra, invariavelmente, seria comparada com ‘Jurassic Park’, e considerada, quase sempre, uma cópia ou imitação.

Em 2005, quando foi lançada a releitura de ‘King Kong’ por Peter Jackson, por exemplo, houveram críticas insinuando que o filme era uma imitação de ‘Jurassic Park’. Especialmente o portão de entrada da ilha e o fato do gorila lutar contra dinossauros. O que não faz sentido nenhum, pois Peter Jackson estava sendo, nada mais, nada menos, que fiel ao primeiro ‘King Kong’, de 1933, que também apresentava dinossauros e, a propósito, era o filme onde o tal portão apareceu pela primeira vez! Spielberg fala em diversas entrevistas, inclusive, que quis homenagear ‘King Kong’ com o portão de ‘Jurassic Park’. O portão do parque, que vemos no primeiro filme, não está presente no livro original, e foi algo acrescentado por Spielberg. Pessoas pouco conhecedoras da literatura e do cinema de monstros e seres extintos, simplesmente acreditam erroneamente que tudo depois de ‘Jurassic Park’ será simplesmente uma imitação.

Cartaz do filme “O Mundo Perdido” (1925), baseado no livro de Arthur Connan Doyle. O tema dinossauros não era uma novidade nem no cinema e na literatura, quando foi lançado ‘Jurassic Park’.

A notoriedade de ‘Jurassic Park’ (o filme) teve outra grande consequência: ela fez com que a visão dos dinossauros para o público geral parasse nos anos 1990. Independente das novas descobertas da Paleontologia, o visual dos dinossauros para a maioria das pessoas ainda é aquele mostrado em ‘Jurassic Park’ (os filmes). Isso é um pouco frustrante para os paleontólogos, já que houve um avanço significativo na paleontologia de dinossauros desde então.

Mesmo que muitos digam saber que se tratam de 'monstros', ainda os chamam de dinossauros: T. rex, Velociraptor, Dilophosaurus, etc.
Mesmo que muitos fãs digam saber que se tratam de ‘monstros’, ainda os chamam de dinossauros: T. rex, Velociraptor, Dilophosaurus, etc.

‘Jurassic Park’ (o filme) foi uma faca de dois gumes. Na época, fez um imenso serviço à Ciência, disseminando conhecimentos de ponta da Paleontologia e também atraindo centenas de jovens para a carreira científica. Porém, hoje, ainda se arrasta como a principal referência para dinossauros entre o público geral, propagando uma imagem desatualizada dessas criaturas.

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“Caminhando com Dinossauros”, de 2013.

Desde ‘Jurassic Park’ (e sequências), nenhum outro livro ou longa cinematográfico (de sucesso) conseguiu efetivamente atualizar a imagem dos dinossauros. Os que tentaram, foram excessivamente infantis ou até mesmo muito conservadores.

Finalmente, é aqui que eu gostaria de falar sobre o livro recém-lançado na Bienal de São Paulo: “Realidade Oculta”.

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‘Realidade Oculta’ veio para quebrar paradigmas. É um livro que fala sobre dinossauros e outros seres extintos, como tantos outros que já foram escritos antes dele, MAS que transformará sua visão sobre sobre o passado. Mesmo sendo inspirado em histórias anteriores sobre dinossauros, incluindo ‘Jurassic Park’, o enredo do livro é original e a trama muito envolvente.

” Esqueça essa história de cópia ou imitação de ‘Jurassic Park’, histórias de dinossauros existiram antes e vão continuar a ser produzidas com muita originalidade mesmo depois de ‘Jurassic Park’.”

Essa é uma narrativa sobre dinossauros, que traz muitas novidades. A primeira, é que os dinossauros não são apresentados necessariamente como monstros, mas como animais de comportamentos complexos, que você terá a oportunidade de conhecer como se estivesse vivendo a aventura. A segunda, é que você deverá se acostumar com o novo visual dos dinossauros, porque eles lhe serão apresentados aos olhos das últimas descobertas científicas. Ou seja, prepare-se para ver penas! Afinal, você vai se deparar com dinossauros segundo a ciência do século XXI. Neste ponto, eu garanto, as penas não tornam os dinossauros não-avianos menos assustadores. Os personagens humanos continuam tendo que correr muito para sobreviver e passam por situações de extremo terror. Além disso, já estava mais do que na hora de encararmos as Aves como dinossauros e o livro também apresenta isso muito claramente.

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Apesar de muita gente associar dinossauros ao público infantil, definitivamente essa não se trata de uma história para crianças. Eu não aconselharia para menores de 10 anos. Como o livro é narrado em primeira pessoa (em formato de diário), toda história gera muita tensão. Além disso, algumas cenas exigem estômago forte.

Como o livro foi escrito por um cientista, é importante ressaltar que toda a discussão têm muita credibilidade e uma sessão de referências pode ser encontrada no final do livro, para aqueles que quiserem se aprofundar mais sobre cada assunto.

Um dos pontos que mais me conquistou em ‘Realidade Oculta’ foi o fato da história se passar em um lugar diferente dos Estados Unidos (e que não envolva personagens estadunidenses!). Afinal, esse E.U.A.centrismo já se tornou maçante em filmes e histórias de aventura ou ficção científica. A trama do livro se passa aqui mesmo, no Brasil, com personagens brasileiros e sobre a fauna cretácica do nosso país. As descobertas feitas por paleontólogos nacionais são valorizadas pelo autor e você poderá de vez enterrar aquela “síndrome de vira-lata”. Tem muita coisa interessante que você poderá descobrir sobre os dinossauros do Brasil, que não deixam nada à desejar em relação ao velho T. rex (temos “vilões” tão terríveis quanto!). E mais: uma história de ficção científica de qualidade produzida no Brasil!

Enfim, o livro vale a pena cada página da leitura. Que por sua vez é bastante fluida, já que cada capítulo é curto, com não mais que 8 páginas. Os capítulos geralmente te deixam com frio na barriga, esperando pelo próximo, e você acaba, que não consegue desgrudar do livro.

Esse era o livro de dinossauros que você estava precisando. Essa era a cara dos dinossauros que todos esperávamos depois de ‘Jurassic Park’.

Confira mais sobre ‘Realidade Oculta’ na fanpage do livro (AQUI). Você pode adquiri-lo através da internet, pelos sites de várias livrarias do Brasil, ou garantir um exemplar autografado pelo autor, com direito à marca página temático, clicando em “Comprar agora” , no botão do aí em baixo! Você será redirecionado para o site do Paypal, para loja oficial dos Colecionadores, a Mesozoika. O valor total do livro autografado com o marcador e também o envio para qualquer lugar do Brasil é de R$44. Preencha os dados de envio corretamente. Essa é uma promoção exclusiva dos Colecionadores de Ossos!

Em breve, ‘Realidade Oculta’ também estará disponível nas lojas físicas de todas as grandes livrarias do país.