Hipótese delta: Viajando pelo mundo


Car@ leitor@, para acessar o capítulo anterior, clique aqui.


Viagem do tempo! Viagem ao mundo! É tempo de aliviar as dúvidas que nos surgem! Agora não sou mais fotógrafo. Sou um viajante!

Caminho sobre as paisagens arquitetônicas e vejo pessoas caminhantes.

 

Meu olhar dançarino ainda vê os corpos se comunicando pelas idas e vindas das pessoas pela calçada, a maioria são olhares desviantes, dizendo que nem o contato ocular dará certo. Ninguém se olha, ninguém dança. Já não é tempo de improvisar um novo movimento, a velocidade é a sensação do momento. Será uma viagem ao tempo relógio? As pessoas são carros que buzinam um oi, e não param para socorrer aquela dança que daquele carro que parou sozinho no meio do transito.

Cada vez as pessoas caminham mais rápidas, mais depressa. Os olhos viraram lanternas automotivas, que apenas direcionam farol para a sua direção, os faróis altos convidam ou xingam. O coração virou um motor de fumaça, sempre atrás de um posto de fast food. Os braços são as portas, mas estão sempre travados por segurança, Ninguém pode se machucar! As pernas redondas giram sem parar em círculos, não tem mais freios, até o breque de mão já não funcionam mais.

Meu deus! Não consigo mais sentir os sentimentos das pessoas, todos já colocaram insulfilmes. Tudo é um mistério, quem será que dançará?

As praças vazias! Os shoppings viraram rodovias cobertas, com um monte de postos de gasolinas.

O que eu fiz?? Me livre disso!! Prefiro as dúvidas dos sentimentos! Quero sentir as emoções, mesmo que elas me machuquem, elas me fazem viver!!
Nããão quero mais isso! Não suporto ser uma máquina e ver o relógio de ponteiros como o destino ou o ser superior.

 

 

Ps: Eu como estudante de arquitetura e urbanismo preciso sempre me lembrar desse texto, para que o futuro não caminhe assim! É preciso que as danças contagiem as nossas dúvidas mais do que a dúvida de tudo ser “certinho” e cada um no seu cubinho arrumado, sem querer improvisar nas danças da vida.

Hipótese delta – Criação de Constanza Paz Espinoza Varas

Encontre os capítulos anteriores que compõe esta novela em https://www.blogs.unicamp.br/mucina/category/series/hipoteses-para-o-leitor-uma-novela-performatica-gestual/. Para receber as notificações no seu email, cadastre-se no RECEBA A MUCíNá na barra lateral. Ou siga pela página no Facebook. E não se esqueça de deixar o seu comentário abaixo!;)

+ posts

A cada dança, meu corpo se revela, a cada caminhada meus olhos capturam a beleza das paisagens, a cada traços escritos, desenhados revelam a poesia da voz do coração. Nem mesmo eu sei quem eu sou. Mas sou um desejo de descobrir e sentir a cada movimento, improvisos e contatos com corpo e alma.
Minha aventura com Contato Improvisação (de Steve Paxton) começou no começo de 2016, quando sentia uma desconexão com uma outra parte de mim que segue a rotina padrão, imposta pela sociedade, fazendo o curso de Arquitetura e Urbanismo, na Unicamp. Cheguei a um ponto das dúvidas não caberem mais dentro de mim. Principalmente por não entender como "construir" um mundo em que as pessoas vivem mais afastadas do que unidas.
Diante do afunilamento de um foco, resolvi escalar o funil de baixo para cima para redescobrir o universo vasto que é banhado de diversidade cultural, emocional, natural e energético. Encontrei na dança minha criança interna que sempre queria dançar, mas no tempo de relógio de infância não entendia essa brincadeira, encontrei na poesia com a Biodanza (sistema Rolando Toro); o gosto por ler, não as palavras, mas as pessoas, os sentimentos; encontrei na Bioconstrução e Agroecologia a conexão com a natureza, como elas também dançam e a gente pode improvisar com elas mais próximo da gente. E encontrei no Contato Improvisação, o desejo de conhecer as partes do meu corpo, e percebi que eles falam a doçura que a alma e o coração expressam a cada movimento.
Neste projeto, CIPer (Contact Improvisation Performance) encabeçada pela Marília Carnieiro, aventurei me como um telescópio registrando as cenas em fotografia, como um microscópio escrevendo as pequenas célulinhas no papel e minhocas de traços artísticos, e também pude me moldar como um vento sólido nas danças de improvisação. Também não esqueço dos sons que descobri no piano e na voz durante as ventanias.
Sou muito grato por esse projeto em comunhão com os improvisadores e dançarinos que partilharam momentos especiais.

Dessas aventuras, tento me redescobrir como estudante de Arquitetura e Urbanismo, buscando descobrir como unir as pessoas nos espaços para que os viajantes contem suas histórias pelos corpos, olhos, abraços, seja pelo Urbanismo, Bioconstrução. Desejo trazer a natureza mais próxima das pessoas com a Bioconstrução e Agroecologia. Também o meu corpo deficiente quer trazer mais união e acessibilidade para as pessoas com outros talentos (que são esquecidas no preconceito) nos espaços e nos abraços. Aventuro me nas fotografias de registrar empaticamente a mensagem dos sentimentos das pessoas e natureza

Compartilhe: