NUDEZ no Piauí

Em junho estive com Matanyane e Benjamim Manhiça, vindos de Moçambique, no  Junta Festival Internacional de Dança 2016. O duo apresentou o trabalho NUDEZ no encerramento do Junta e ministrou uma oficina de 3 dias e danças tradicionais moçambicanas. O espetáculo foi muito bem aceito pelo público, levando ladeira abaixo o estereótipo do africano primitivo, revelando a contemporaneidade da criação coreográfica que existe em Maputo, a capital do país.

NUDEZ foi criado em 2008, num workshop conduzido por Panaíbra Gabriel Canda, um dos nomes mais importantes do meio da dança na atualidade, natural do norte de Moçambique, e Walter Verdum, artista visual natural da Bélgica.

O duo tem 40 minutos de duração e desenvolve-se em torno de um único motivo, o corpo nu. A cena é de extrema beleza e os corpos negros iluminados em âmbar, revelam-se dourados. A peça é ouro em silêncio, sem trilha sonora. Escuta-se o som dos movimentos e algumas falas em português e changana. Após a apresentação, os comentários sobre a contemporaneidade da obra não deixam dúvidas sobre a expectativa do público de que veriam o retrato do africano primitivo em cena, com tambores, palhas, saltos e requebrados. A não perder. 

 

 

Doutora na área de Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte (Brasil/UNICAMP, Canadá/UQAM e Moçambique/UEM), dançarina e coreógrafa indisciplinar, bacharelou-se em Dança na Faculdade Angel Vianna (Rio de Janeiro) e bailarina criadora no Ateliê Coreográfico sob a direção de Regina Miranda (RJ/NYC). É especialista em Saúde Pública pela Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, mestre em Ciências da Saúde pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz e atuou por 10 anos nas políticas públicas de saúde, inclusive a implantação do programa integral de atenção à saúde dos povos indígenas aldeados no Parque do Xingu, pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. Na área da Dança trabalhou com muita gente competente no meio profissional internacional da dança contemporânea. É improvisadora mais do que tudo, bem que gosta de uma boa coreografia. Esteve em residência artística em Paris por 3 anos, com prêmio do Minc. Mulher de sorte, estudou de perto com Denise Namura & Michael Bugdahn, da Cie. À fleur de peau (Paris). Pela vida especializou-se no Contact Improvisation (Steve Paxton), onde conheceu as pessoas mais interessantes do mundo. Estudou pessoalmente com Nancy Stark Smith, Alito Alessi (DanceAbility), Daniel Lepkoff, Andrew Hardwood, Cristina Turdo e toda uma geração de colegas que começou ensinar Contact na mesma época que ela. Interessa-se por metodologia de pesquisa em arte, processos de criação de obras e ensino-aprendizagem e formação profissional em Improvisação de Dança. Estudou no Doctorat en études et pratiques des arts (Montreal, no Canadá) com o privilégio da supervisão de Sylvie Fortin. É formada no Método Reeducação do Movimento, de Ivaldo Bertazzo (BR). Seu vínculo com a Unicamp é de ex aluna da Faculdade de Ciências Médicas e da Faculdade de Educação. Suas pesquisas triangulam a dança contemporânea no Brasil, Canadá e Moçambique. Idealizou, fundou em 2016, e dirige a plataforma interdisciplinar de ensino e pesquisa em prática artística Mucíná - Aquela que Dança. E-mail: marilia.carneiro@alumni.usp.br

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