Poucas pessoas têm a dimensão formal do meu campo de atuação, que é a formação do improvisador e da improvisadora de Dança. É por estar aí que chego até os estudos avançados de Contact Improvisation (Paxton, 1972), de forma a me considerar uma especialista num meio em que afirmar tal coisa é irremediavelmente controverso. Nunca foi, entretanto, a controvérsia motivo para deixar de realizar o que quer que seja.
Estou terminando de preparar os detalhes do módulo 4 de uma de minhas turmas de treinamento e pesquisa em Contato Improvisação e consolidei uma lista de perguntas, que é algo que cultivo pedagogicamente nas aulas. Pedi aos improvisadores formularem as perguntas em nossos primeiro e segundo módulos de estudo e pesquisa, com intervalo de 1 mês cada um e há seis meses do dia de hoje. A pergunta é direcionada à própria prática de movimento e não a mim, na qualidade de professora.
Acabei de escutar uma gravação que fiz da leitura de um artigo de Nancy Stark Smith publicado na CQ em 1989, no qual ela fala fala sobre o ato de listar. Compartilha no artigo uma certa lista que fez nos preparatórios pedagógicos de um workshop de longa duração que oferecia na época. O Artigo foi lido em tradução simultânea para o espanhol por Violeta durante o LAB de princípios do CI, durante o EIMCILA 2018. Tenho o áudio bruto e em breve pretendo disponibilizar aqui no Chão de Dança.
Decido publicar essa lista de perguntas para os curiosos e curiosas sobre de que nos ocupamos nas aulas de improvisação a partir de Contact Improvisation.
Lista de Perguntas
- Como se organiza e desorganiza a relação com a gravidade?
- Empatia é a mesma coisa que sintonia?
- Dança, dentro de você onde estou e para onde vou?
- Quem sou eu na prática e por que queria ser alguém na prática?
- De que modo propor movimentos generosamente?
- Como desenvolver a escuta na dança?
- Como as preparações na chegada energética e na chegada física (UnderScore de NSS) podem ser guiadas para um corpo com maior escuta, favorecendo as qualidades empáticas?
- Como se conectar mais e melhor com os outros improvisadores?
- O que produz empatia?
- Como perceber uma possível sistematização do estudo quando este é mais orgânico?
- O que você tem a oferecer ao grupo?
- Como fluir com?
- Existe um movimento para o entre, nos possíveis alinhavos entre os múltiplos de dois?
- Como desenvolver a percepção? Como aceitar?
- Onde eu vou chegar com você?
- Como sair da minha zona de conforto na minha prática?
- Como ser generoso sem ser só conduzido?
- Como eu me desequilibro no outro e para o outro?
- O que fazer com o olhar que espera, o olhar espectador?
- É necessário manter uma intenção no movimento para que a prática mantenha uma qualidade?
- O que há entre o jogo e a sensação?
- Como transformar a intuição em movimento?
- Como sustento a improvisação quando cai minha energia?
- Como escutar o sim e o não do contato?
- Em que espaço eu posso arriscar mais?
- Como introduzir as pausas nas danças?
- Quais são as vias de melhor acesso no meu corpo que me colocam em atenção ou potencializa minha atenção?
- Durante a última roda noturna a observação dos que dançavam produziram alguma inspiração estética?
- Como incorporar os diferentes elementos trabalhados do CI, como os que percorremos ontem (toque, pequena dança de Steve Paxton, exercícios de jogo em cena, música) simultaneamente durante a dança?
- O que é um princípio?
- Como romper padrões de movimentação e emocionais que impedem maior entrega e desenvolvimento das improvisações a fim de criar cenários mais complexos?
- Numa JAM eu espero o espaço ou eu devo buscar o espaço que quero ocupar?
- O idioma energético é fractal em movimento?