A Paleontologia e a Mídia no Brasil

A Paleontologia é uma ciência carismática, que desperta curiosidade, admiração – as vezes assombro -, mas sobretudo, nos faz refletir sobre uma questão muito importante – e até filosófica: ‘De onde viemos‘?
Essa busca talvez esse seja o verdadeiro tempero da ciência que ‘estuda os seres antigos‘…

Pa.le.on.to.lo.gi.a (do grego: palaiós – antigo; onto – ser; lógos – estudo)
Paleontologia é a ciência natural que estuda a vida do passado na Terra e o seu desenvolvimento ao longo do tempo geológico, bem como a integração da informação biológica no registro geológico (isto é: a formação de fósseis).
O enigma que a Paleontologia busca resolver constitui uma das maiores dúvidas que angustia a humanidade. Sob esta perspectiva, esta ciência desempenha um papel muito importante no amadurecimento intelectual da sociedade. O mais importante é que na atualidade ela tornou-se uma ciência aberta e não mais hermética, exclusiva dos acadêmicos. Todos se interessam pela história da Terra e tem ânsia por conhecer suas origens.
A informação sobre a vida no passado geológico está contida nos fósseis e na sua relação com as rochas e os contextos geológicos em que ocorrem. O mundo biológico que hoje conhecemos é o resultado de muitos milhões de anos de evolução. Somente estudando-se o registro fóssil é que é possível entender e explicar a diversidade, afinidade e distribuição dos grupos biológicos atuais.
É importante entender que paleontologia não é feita somente de montros gigantes com garras afiadas e inúmeros dentes. Ela também estuda os pequenos e os muito pequenos (micropaleontologia).  Principalmente: Ela não é feita só de dinossauros – eles são só um ‘grupo bandeira’ – e nem tudo que viveu no passado é um dinossauro; e ela não é Arqueologia. A divulgação apropriada faz com que o público entenda isso.

A Paleontologia divide-se basicamente em Paleobiologia, Tafonomia e Biocronologia. A primeira estuda a vida do passado geológico propriamente dita, a segunda, a integração da informação biológica no registro geológico e a terceira, estuda o desenvolvimento temporal dos eventos paleobiológicos. A Paleobiologia, por exemplo, apresenta inúmeras subdivisões e estas, por sua vez, outras mais (Paleozoologia, Paleobotânica, Paleoicnologia, Paleoecologia, Paleopatologia, etc.). Algumas áreas de estudo da Paleontologia – não se pode deixar de dizer – são fundamentais para a prospecção e exploração de recursos geológicos como o carvão e o petróleo.

É muito interessante, e importante, observar que a Paleontologia está ganhando espaço na mídia brasileira. Como ciência já bem consolidada no Brasil, em franca expansão e avançado estágio de amadurecimento acadêmico, ressaltar a Paleontologia Nacional e trazer as informações produzidas por cientistas brasileiros ao público, é mais do que um dever.
É muito recompensador saber que há um conjuto de pessoas que se interessa e busca informação sobre o tema. Todavia, acreditamos que ainda há um longo trabalho a ser feito. A população precisa ser estimulada de outras maneiras. Peças paradas em museus podem ser legais, mas não são interessantes por muito tempo. São estáticas, e paleontologia, apesar de estudar fósseis sem vida, é muito dinâmica! Os paleontólogos brasileiros devem se esforçar para procurar outras maneiras de tocar e atrair o público, além dos museus tradicionais. O trabalho do paleontólogo é excitante e o público deve conhecer também os bastidores dos seus resultados (veja a ‘Caderneta de Campo‘).
É com júbilo que nós paleontólogos recebemos o interesse por documentários, reportagens especiais, eventos e até novelas.

Falando em novela, esta tem abordado de um jeito bastante realista o trabalho do paleontólogo: Como é a vida de um acadêmico nesta área, como é executar um projeto sob financiamento, como ocorrem as atividades de campo, além de expor algumas das dificuldades que o profissional da paleontologia enfrenta, como o problema real do tráfico de fósseis. É interessante também, que a região de Marília tenha sido escolhida, já que realmente é uma área prolífera em fósseis. As informações paleontológicas estão bastante condizentes e a acessoria técnica fez um bom trabalho.

Tudo vai funcionar em harmonia quando o ‘espectador’ compreender que a paleontologia não é só um conjunto de curiosidades, mas sim uma grande resposta para várias de suas perguntas.
Saudações dos Colecionadores de Ossos.

Sobre o(a/s) autor(a/es):

Aline é bióloga, especialista em paleontologia de vertebrados e criadora da rede de divulgação científica "Colecionadores de Ossos". Atualmente é professora adjunta de Paleontologia do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em Natal, RN.

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