Paleocurtas! Duas novidades do mundo da Paleontologia!

Uma nova espécie de mamífero fóssil foi encontrada e para surpresa: ela parece o Scrat da série de filmes ‘Era do Gelo’! Cara de um, focinho do outro. Além disso, temos uma novidade brasileira: mais um dinossauro tupiniquim. Confira: Aelosaurus maximus, mais um titã do Brasil.


Encontraram o fóssil do Scrat !?



Acima: Foto do personagem Scracth, dos filmes “Era do Gelo”. Direitos autorais da 20th Century Fox.

É fato que foi publicado ainda esta semana na revista Nature, um trabalho descrevendo um pequeno mamífero muito semelhante ao bichinho engraçado dos filmes da série “Era do Gelo”. O crânio do pequeno animal foi encontrado em afloramentos do início do Cretáceo Superior, em camadas de aproximadamente 93 milhões de anos, em uma região conhecida como “La Buitrera”, localizada na belíssima província de Río Negro, sul da Argentina. 

O que assemelha o novo mamífero cretácico ao carismático esquilo da “Era do Gelo”, são os formidáveis “dentes de sabre” e o longo focinho. Todavia, o novo animalzinho tem muito pouco a ver com o personagem do desenho animado. Ele pertence a um grupo de mamíferos extintos não aparentado com nenhuma espécie vivente e nem de longe enfrentou a temida Era do Gelo de Scrat: Dezenas de milhões de anos separam as glaciações pleistocênicas do pequeno mamífero cretácico argentino. Ah! E naquela época não existiam bolotas de carvalho…


Imagens originais do artigo ilustrando o crânio do novo mamífero do Cretáceo argentino
A respeito da idade do animalzinho, ele traz um panorâma novo para a idade cretácica sulamericana. Antes da presente descoberta, conheciam-se apenas mamíferos do início desse período geoglógico na América do Sul. Com a descoberta de Cronopios dentiacutus, como foi batizado o novo animal, temos uma idéia de como teria sido um momento diferente dentro do Cretáceo sulamericano para os mamíferos.

Reconstituição artística de como seria em vida Cronopio dentiacutus, por Jorge Gonzalez
Sobrevivendo entre os gigantes dinossauros patagônicos, especialmente os colossais saurópodes, o animal seria diminuto. Teria uma dieta insetívora, a julgar pelos seus dentes peculiares, e muito provavelmente apresentaria hábitos noturnos.

Os paleontólogos Guillermo Rougier, Sebastián Apesteguía e Leandro Gaetano descreveram o novo material com base apenas em evidências craniais e o batizaram como Cronopio em homenagem ao escritor Belgo-Argentino, Cortázar – Cronópio é um personagem conhecido dos livros desse autor.

Cronopio dentiacutus pertenceu a um grupo de mamíferos extintos chamados de ‘Dryolestóides’ e é peculiar por apresentar uma dentição muito especializada. Está proximamente relacionado com formas do Jurássico da Laurásia, porém denota um possível endemismo de formas gondwanicas que deve ser melhor revelado com a continuidade das prospecções fossilíferas mundo a fora.


Novo dinossauro brasileiro!! Aelosaurus maximus

Materiais de titanossauros são elementos muito comuns na Bacia Bauru. Essa unidade geológica de idade cretácica cobre uma extensa área do país, incluindo os estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O novo dinossauro é paulista. Foi encontrado no interior do estado, em uma cidade já famosa pelos fósseis de dinossauro: Monte Alto.

A história desse bicho é antiga. Ele foi encontrado há muitos anos pelo Prof. Antônio Celso de Arruda Campos e sua equipe do Museu de Paleontologia de Monte Alto, que tiveram um árduo trabalho para recuperar o material. Os fósseis estão em exposição no museu da pequena cidade há anos, porém só agora, o paleontólogo Rodrigo Santucci o descreveu formalmente como um novo animal.


Finalmente com identidade, pela primeira vez formaliza-se, com vasta descrição, a presença de titanossauros do grupo Aelosaurini no Brasil. O novo animal foi batizado de Aelosaurus maximus. Maximus‘ devido ao seu tamanho.

Muitos trabalhos já haviam citado informalmente a presença de ‘aelossauros’ em território brasileiro, porém este é o primeiro que discute a questão de forma ampla e fornece inclusive um novo panorâma filogenético para esse grupo de dinossauros saurópodes como um todo.  Esses animais foram primeiramente encontrados na região patagônica da Argentina e o gênero Aelosaurus já é até mesmo conhecido. A. maximus seria apenas uma nova espécie dentro desse gênero, que inclui outras duas de nacionalidade ‘hermana’.


Parabéns ao colega Rodrigo e a toda equipe do Museu de Paleontologia de Monte Alto!!!

Acima: Reconstrução de Aeolosaurus. Direitos autorais do Museu de História Natural de Londres.
Acima: Localização dos achados e fósseis de Aeolosaurus maximus, a disposição dos fósseis como foram encontrados no afloramento e a reconstituição do animal evidenciando os elementos ósseos encontrados. Santucci & Arruda-Campos, 2011.


 —-
Bibligrafia:

Rougier, G.W.; Apesteguía, S. & Gaetano, L. C. 2011. Higly specialized mammalian skulls from the Late Cretaceous of South America. Nature, 479, 98-102.

Santucci, R.M. & Arruda-Campos,A.C. 2011. “A new sauropod (Macronaria, Titanosauria) from the Adamantina Formation, Bauru Group, Upper Cretaceous of Brazil and the phylogenetic relationships of Aeolosaurini”. Zootaxa 3085.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *