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>A MEGA Importância dos MICRO e NANO organismos

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Há quem diga que estudar os microfósseis não tem nada de interessante ou não seja tão emocionante como encontrar um grande crânio ou fêmur de dinossauro. Oras, eu também poderia pensar o mesmo. Entretanto não é bem assim. O estudo de microfósseis é extremamente importante para a Paleontologia, e não deve ser subestimado, muito pelo contrário. Veremos logo abaixo, de maneira bastante sucinta, alguns dos por quês!


São considerados microfósseis todos aqueles vestígios microscópicos de organismos vAdicionar imagemivos, que representam ou o organismo todo ou partes deles – como ossos, unhas, dentes, conchas, fragmentos do exoesqueleto ou pólen. Os mesmos podem não só ajudar, mas são essenciais à paleoecologia e à paleoclimatologia, sendo muitos, peças fundamentais para determinar como se estruturava o ambiente primitivo. São peças-chave também na bioestratigrafia, ajudando a correlacionar estratos entre os depósitos sedimentares por todo o Planeta.


Alguns Microfósseis: diatomáceas, ostracodes, radiolários, espícula de esponja,foramíniferos planctônicos e cocólitos

Microfósseis e o Petróleo


A utilização de microfósseis na petrologia se dá pela correlação, a partir de estudos, de espécies de determinados microorganismos em diferentes camadas sedimentares. Esses microorganismos, na maioria dos casos, são representados por microfósseis carbonatados ou calcários. Tratam-se de foraminíferos, ostracodes e cocolitóforos. Abaixo tratarei mais especificamente dos cocolitóforos.

Os nanofósseis calcários são um conjunto de partículas de calcários, com dimensões menores que 50 micra, com grandes variedades de formas, mas geralmente constituem-se de placas arredondadas conhecidas como cocólitos. Parece redundância, mas esses cocólitos formam a cocosfera e são encontrados nos cocoliforídeos, seres unicelulares, biflagelados, fotossintetizantes, geralmente planctônicos e predominantemente marinhos.

O primeiro registro de cocoliforídeos se dá no Triássico Superior. Sua importância na indústria do petróleo está no fato de apresentarem grande diversidade biológica, alta taxa evolutiva, especificidades ecológicas e muito de seus representantes serem cosmopolitas, o que os torna fantásticos indicadores cronoestratigráficos e elementos identificadores de zonações ecológicas.

Nanofóssil Calcário: Cocolitoforídeo

Cocólitos apresentam características ideais para o estudo de camadas sedimentares. Um pesquisador estudando um bolsão de combustível fóssil em qualquer parte do mundo pode saber com uma boa margem de segurança qual a época de sua formação. Por exemplo, se uma espécie tal qual a Braarudosphaera chalk, for encontrada em uma determinada camada estratigráfica, o pesquisador logo saberá que esta pertence ao Oligoceno – época marcada por esta espécie. Então, se o mesmo ou outro pesquisador encontrar essa espécie em outra camada estratigráfica em outra parte do mundo, ele pode caracterizar aquele estrato como também pertencente ao Oligoceno, descartando muitas vezes a necessidade de uma datação radiométrica.

Outros objetos de estudo da Micropaleontologia: Palinologia e os Microfósseis de vertebrados

Dentro da micropaleontologia encontramos vertentes importantíssimas, tal qual a Paleopalinologia, ciência que dedica-se a estudar os grãos de pólen e esporos fósseis. É um ramo paleontológico extremamente importante para o estudo de paleoclimas e paleoecossistemas. Uma vez que cada espécie vegetal possui tipo particular de pólen ou esporo, torna-se possível determinar a composição vegetal e as características climáticas de Eras passadas e como foi sua evolução ao longo do tempo geológico.

Não menos importante, é o estudo dos microfósseis de vertebrados, Além de ajudar a entender melhor a diversidade de vida do passado e estabelecer marcos estratigráficos (como acontece com os dentes de conodontes), eles podem em alguns casos auxiliar a reconstruir características de ambientes extintos. Microfósseis de roedores cenozóicos oferecem essa possibilidade, por exemplo. Esses animais têm exigências ecológicas específicas e estudando a sua assembléia fóssil em uma localidade, podemos reconhecer como eram fisionomias vegetacionais do passado, mais abertas ou florestais por exemplo.

Concluindo, não devemos subestimar o “poder” dos microfósseis. eles são, na verdade, as principais ferramentas da paleontologia. A importância não está no tamanho, mas nas informações que eles são capazes de fornecer sobra a nossa fantástica e misteriosa história evolutiva.

Quando se fala em paleontologia, a primeira coisa que se vem a cabeça, são os fantásticos e imponentes dinossauros do mesozóico, mas o que as pessoas não sabem, ou ignoram, é que a paleontologia é muito mais que isso. Ela é abrangente assim como a genética, que não se baseia só no estudo de relações de paternidade entre indivíduos, ou a ecologia, que não estuda somente as relações entre organismos, ou ainda a bioquímica, que esta além do funcionamento do ciclo de Krebs. Essa abrangência se confirma em congressos de paleontologia, com temas diversificados em todas as escalas, nano, micro, macro ou mega. Considerando a diversidade dentro da micropaleontologia e o seu fantástico poder de predição, muito do que é discutido nesses congressos tem sim por base esse ramo paleontológico.

Em outras oportunidades voltaremos ao assunto, abordando outros grupos de microfósseis bastante importantes na Paloentologia.

Refêrencias

Alves, C.F.; Wanderley, M.D. Utilização dos Nanofósseis Calcários na Industria do Petróleo. 2º Congresso Brasileiro de P&D em Petróleo & Gás.

Carvalho, I.S. 2004. Sumário. In: Carvalho, I.S.(ed). Paleontologia. Vol 1. Rio de Janeiro: Interciência.

Fauth, G. ; Fauth, S.B., 2009. Microfósseis. Livro digital de paleontologia na sala de aula, UFRGS. Disponivel em: http://www.ufrgs.br/paleodigital/Microfósseis.html.

SEED, 2009. Geology: Microfósseis. Disponível em: http://www.seed.slb.com/v2/FAQView.cfm?ID=970&Language=PT

Aqui vai uma dica de site para quem se interessa por micropaleontologia, o criador, Jere H. Lipps, aborda sobre os mais comumente e importantes microfósseis estudados dentro da Micropaleontologia. Boa leitura!
http:/www.ucmp.berkeley.edu/fosrec/Lipps1.html