O menino Darwin

Charles Darwin aos 7 anos de idade

Charles Darwin aos 7 anos de idade

A Ciência Hoje das Crianças deste mês homenageia Darwin e os 150 anos da teoria evolutiva. São várias matérias pra lá de interessantes que contam um pouco sobre a vida de Darwin, a viagem no Beagle e  explicam, em uma linguagem de fácil entendimento, o que é Evolução.

Um dos textos da revista é de minha autoria, e está disponível para leitura aqui. Me convidaram para escrever sobre uma parte não muito conhecida da vida de Darwin, sua infância. Quem diria que o pai da evolução, lembrado quase sempre como um senhor de barba branca comprida, um dia foi uma criança que não gostava de tomar banho e tinha o apelido de “Gás”!?

DVDs sobre Evolução e Revistas sobre a Amazônia

Não estou ganhando nada pela propaganda, mas acho que vale a pena repassar as dicas.

A Scientific American Brasil está relançando uma ótima coleção de DVDs sobre Evolução. São sete episódios que cobrem diversos tópicos, indo desde a vida de Darwin até o “conflito” Evolução Religião.  A coleção faz parte de um grande projeto lançado em 2001 pela  emissora de tv americana PBS que além dos DVDs,  inclui também um excelente livro escrito por Carl Zimmer (lançado no Brasil pela Ediouro, com o título ” O Livro de Ouro da Evolução”) e um fantástico site que pode ser acessado por aqui.

A coleção com quatro DVDs, cada um com duas horas de duração, pode ser comprada em bancas de revistas e jornais, ou pelo site da  Scientific American Brasil. A coleção completa sai por quase R$ 120,00,  o preço não é lá muito acessível, mas o investimento vale a pena, acabei ontem de assistir todos os episódios e vale cada centavo pago!

Outra boa dica que está nas bancas é uma coleção de três revistas sobre a Amazônia que também está sendo lançada pela Scientific American Brasil, transcrevo abaixo uma breve descrição sobre a série retirada do site da Scientifc American.

Qual o futuro da maior floresta tropical do planeta? Como compatibilizar desenvolvimento com sua preservação? Para responder a estas questões SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL ouviu pesquisadores das principais instituições da própria Amazônia: o INPA Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Museu Goeldi e das universidades federais do Amazonas e Pará. Cientistas que vivem o dia-a-dia da floresta e conhecem como poucos a intrincada rede de relações desse fascinante universo natural. O resultado está nesta série de três edições, um amplo retrato da Amazônia desde as origens de sua história natural e humana até a ocupação atual, incluindo seus tesouros e o futuro do maior bioma do país.

Deixo aqui registrado os parabéns do Caapora para Scientific American Brasil por estar promovendo divulgação científica de qualidade e acessível.

“O menino passarinho virou ornitólogo”

Sempre gostei muito de ler OECO, mas nunca imaginei que um dia eu pudesse virar reportagem.

Clique aqui e leia o texto escrito por Bernado Camara diretamente no site do OECO e veja também uma galeria com algumas das minhas fotos.

Gostaria de aproveitar o ensejo e agradecer a todos aqueles que contribuíram ao longo destes dez anos para que “o menino passarinho virasse ornitólogo”. Não vou citar nomes para não correr o risco de esquecer ninguém, mas estejam certos que cada um de vocês foi indispensável ao longo da caminhada.

Foto da semana: “Adelphobates quinquevittatus”


Ornitólogos são criaturas que quase sempre andam olhando para cima. Se por um lado este hábito nos auxilia na hora de encontramos nossos objetos de estudo, por outro, pode ocasionar alguns efeitos colaterais indesejados. Não me importo muito com os torcicolos que vez ou outra me deixam de pescoço duro, especialmente em área de florestas na Amazônia com copas de árvores de 40 metros de altura, afinal,  são os “ossos do ofício”. O que me incomoda mesmo é a sensação constante de passar batido por muito bicho pra lá de interessante.

O belíssimo sapo-flecha da foto acima, um Adelphobates quinquevittatus, é endêmico da região próxima ao rio Madeira, e ia ser mais um animal incrível que ia me passar despercebida se ela não tivesse pulado em cima da minha bota durante um trabalho de campo em Rondônia. Sempre quis muito ver um dendrobatídeo ao vivo e a cores e acabou que não fui eu que o encontrei, mas ele que pulo em cima de mim.

Da bota ele pulou de volta para o chão e logo me apressei em tirar a máquina da mochila, quando olhei para o chão de novo ele havia sumido. Passaram-se alguns desesperadores segundos até encontrá-lo novamente e quando o achei lá estava ele fazendo pose no meio dos fungos, só faltou pedir: “ei macaco esquisito, tira uma foto minha aqui!”.

Foto da Semana: “Poente Ornitológico”

Era um final de tarde e eu estava de saco cheio de ficar dia inteiro no laboratório sentado em frente ao computador. Ainda me restava uma hora de luz do dia e antes que me desse conta eu já estava dentro do carro dirigindo rumo a uma lagoa que fica na beira de uma rodovia.

Quando cheguei ao meu destino o sol já ameaçava sumir entre as montanhas, foi então que percebi que um grande bando de marrecas-irerê (Dendrogyna viduata) se aproximava ao longe. Antes de pousar na lagoa elas fizeram questão de passar bem em frente ao pôr do sol, dai foi só clicar…

Tchau e bença urso-polar!

Segue abaixo notícia publicada ontem na BBCBrasil.com:
E tem gente que não acredita em aquecimento global…

Derretimento no Ártico atingiu nível crítico, dizem cientistas

Cientistas americanos advertiram que a área coberta de gelo no Ártico se reduziu a seu segundo menor nível desde o início dos registros por satélite, há 30 anos – o pode indicar que o derretimento chegou a um nível em que seus efeitos começam a se tornar irreversíveis.

O derretimento este ano foi medido mais cedo que o normal. Por isso, os cientistas acreditam que a área pode diminuir ainda mais, para uma superfície menor que a registrada em setembro do ano passado, a menor já registrada.

“Podemos muito bem estar em uma rápida trajetória rumo a superar um ponto sem volta”, disse o cientista sênior do Centro Nacional de Monitoramento de Neve e Gelo (NSIDC, sigla em inglês), no Colorado, Mark Serreze. “Estamos passando agora por esse ponto.”

Em 26 de agosto, a área coberta de gelo do Ártico media 5,26 milhões de quilômetros quadrados.

Em 2005, foi registrada uma área coberta semelhante, de 5,32 milhões de quilômetros quadrados – mas a medição desse ano foi feita em setembro, um mês antes da medição deste ano.

No recorde de derretimento, registrado em setembro de 2007, o gelo cobria apenas 4,13 milhões de quilômetros de quadrados. A título de comparação, a extensão de 1980 era de 7,8 milhões de quilômetros quadrados.

A maior parte da cobertura atual consiste em uma camada relativamente fina de gelo, formada durante um só inverno e que derrete mais facilmente que o gelo formado ao longo de muitos anos.

Verões sem gelo

Independentemente de o recorde de 2007 se manter ou ser quebrado nas próximas semanas, a tendência no longo prazo é evidente, dizem os cientistas: o gelo está declinando de forma mais acentuada que há uma década, o que transformará progressivamente o Ártico em uma região de mar aberto durante o verão.

Uma previsão feita há alguns anos estimava que até 2080 o verão ártico se caracterizará por ser uma estação sem gelo.

Posteriormente, modelos de computador começaram a antecipar as datas para algo entre 2030 e 2050; hoje, alguns cientistas crêem que isto pode ocorrer dentro de cinco anos.

Um fenômeno que trará novas oportunidades, incluindo a chance de explorar petróleo e gás na região. A queima deste combustível elevaria o nível das emissões de gases que causam o efeito estufa na atmosfera.

A ausência de verões gelados no Ártico teria impactos locais e globais. A imagem do urso polar em busca de gelo já é familiar; mas outras espécies, como focas, também sofreriam mudanças em seu hábitat, assim como muitos habitantes do Ártico.

Globalmente, o derretimento do gelo ártico reforçaria o fenômeno do aquecimento, já que águas abertas absorvem mais energia do sol que o gelo.

Morcegos e Energia Eólica

Embora seja considerada uma das fontes de energia mais “ecologicamente” corretas, as turbinas responsáveis pela geração da energia eólica representam um grande risco a animais voadores, como aves e morcegos que frequentemente são “fatiados” vivos ao se chocarem com as lâminas das turbinas.

No entanto, o problema pode ir um pouco além das consequências óbvias do choque físico entre animais e turbinas. Em um recente estudo publicado no periódico Current Biology, pesquisadores canadenses demonstraram que a causa da morte da maioria dos morcegos vitimados por turbinas eólicas deve-se a hemorragia interna. O problema é causado por uma diferença de pressão atmosférica existente próximo as lâminas, matando os animais mesmo que eles não venham a se chocar com as mesmas.

A rotação das turbinas causa uma queda da pressão atmosférica na região próxima a extremidade das lâminas. Quando um morcego passa por essa zona de baixa pressão seus pulmões sofrem uma expansão repentina, o que resulta no rompimento dos vasos capilares do órgão causando hemorragia interna, algo similar ao que acontece com mergulhadores que experimentam mudanças repentinas de pressão.

Embora também sejam vítimas frequentes das turbinas eólicas, as aves são menos impactadas que os morcegos, pois, graças ao seu sistema respiratório mais robusto, não sofrem com o problema de despressurização.

As alternativas das celebradas “energias alternativas” estão aumentando, agora podemos escolher se preferimos matar os animais afogados ou fatiados e com hemorragia interna.  “Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come”…

Referência:

Erin F. Baerwald, Genevieve H. D’Amours, Brandon J. Klug and Robert M.R. Barclay. 2008. Barotrauma is a significant cause of bat fatalities at wind turbines. Current Biology; Vol 18, R695-R696 [link]

Há dez anos atrás…

As pessoas costumam metaforizar a vida em um livro e suas páginas, no meu caso o melhor seria uma caderneta, e aí embaixo está a página mais importante da minha vida.

Parece que foi ontem, mas a data no topo da página não me deixa esquecer, era uma manhã fria de inverno e pouco antes das 7:00 da manhã já estávamos de pé Bruno, Pedro e eu esperando pelo Bosco. Em 1998 nós éramos três bons amigos na sexta-série do ensino fundamental e não fazia nem uma semana que havíamos conhecido o Bosco durante uma feira profissional e universitária no ginásio da nossa escola. Ele também era aluno, mas diferente da gente já estava acabando sua faculdade de Biologia e na ocasião estava responsável por um dos estandes da feira.

Faculdade parecia ser uma coisa muito distante para três moleques entre 13 e 15 anos,  por isso caminhávamos sem muito propósito pela feira durante a hora do recreio. Não demorou muito e nos deparamos com o estande da universidade do Bosco e meia duzia de aves empalhadas estrategicamente posicionadas sobre uma mesa para atrair possíveis alunos do terceiro ano interessados em Biologia. Se as aves atingiram seu propósito não sei, mas me lembro bem no efeito que elas tiveram sobre mim, um menino fanático por passarinho que sem saber muito bem expressar sua paixão, passou a infância de estilingue e alçapão na mão.

Depois de um bocado de perguntas o Bosco se deu conta da nossa empolgação com as aves e disse que no dia seguinte traria alguns livros para vermos. No outro dia, enquanto folheávamos maravilhados aqueles livros com fotos e mais fotos de passarinhos ele nos explicou que observar aves era um passatempo praticado por muitas pessoas no mundo inteiro e nos convidou para uma saída de campo no próximo final de semana.

Como eu dizia… Parece que foi ontem, era uma manhã fria de inverno e pouco antes das 7:00 da manhã já estávamos de pé Bruno, Pedro e eu esperando o Bosco. Logo que ele chegou seguimos rumo ao nosso destino, uma estrada de chão que começava no final da rua do Bruno. Enquanto caminhávamos o Bosco foi nos apresentando passarinho por passarinho que cruzava o nosso caminho, nunca vou me esquecer de como fiquei impressionado de ouvir ele falando o nome científico de cada um deles.

Já era quase meio dia quando voltamos para casa do Bruno e o Bosco ditou e soletrou os nomes científicos das aves que havíamos observados naquela manhã de 22 de agosto de 1998 e eu cuidadosamente  os escrevi na minha primeira caderneta de campo. Antes de terminar de escrever o último nome eu já havia me decidido, “quando crescer quero ser um cientista estudioso de passarinhos”.

Acho que consegui…

Aquecimento global afeta habitats de aves, diz estudo

Notícia publicada ontem na seção Ambiente da Folha Online.

Aquecimento global afeta habitats de aves, diz estudo

da France Presse, em Paris

Os habitats de espécies de aves selvagens estão mudando em razão do aquecimento global, mas não o suficiente para aliviar os efeitos das altas temperaturas. A informação é de um estudo publicado nesta quarta-feira (20).
“A flora e a fauna ao nosso redor estão mudando ao longo do tempo devido ao aquecimento global”, afirmou Victor Devictor, principal autor do estudo e pesquisador no Museu Nacional Francês de História Natural.
“O resultado é uma falta de sincronismo. Se pássaros e as espécies de que eles dependem não reagem do mesmo modo, nós rumamos para uma mudança drástica na interação entre as espécies”, afirmou o pesquisador.
O estudo mostrou que a área geográfica de 105 espécies de pássaros na França –o que representa 99,5% do total de aves selvagens do país– se moveu, em média, 91 km para o norte, entre 1989 e 2006.
Mas, as temperaturas médias, mudaram em uma área de 273 km ao norte durante o período –cerca de três vezes mais rápido.
O fato de alguns pássaros responderem à mudança climática já havia sido notada em algumas espécies. O que surpreendeu Devictor foi o fato de essas mudanças afetarem praticamente todos os pássaros na França, e o descompasso com a elevação das temperaturas está cada vez maior.
Esses “desencontros” tendem a se intensificar durante o tempo e podem levar algumas espécies de pássaros à extinção.

Migração do Caapora

Como todos já devem ter percebido, o Caapora migrou em busca de condições mais favoráveis para sua sobrevivência, comportamento que não é de se estranhar em se tratando de um blog com “um leve viés ornitológico”.

O Caapora aceitou o irrecusável convite para se juntar ao portal de blogs científicos Lablogatórios e a partir de agora esse passa ser seu hábitat natural. Embora já com novo conteúdo, o blog ainda deve passar por algumas transformações no visual e ganhar novidades nas próximas semanas.

As postagens antigas continuarão disponíveis no endereço anterior (www.caapora.blogspot.com).

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