Síndrome do impostor
Você concorda com as afirmações abaixo?
- Os outros me acham mais competente do que eu realmente sou.
- Só alcancei meu status atual porque as circunstâncias colaboraram. Estava no lugar certo e na hora certa ou alguém me ajudou.
- Temo que as pessoas que eu considero importantes descubram minhas verdadeiras falhas.
- Quando comparo meu desempenho aos dos outros, e faço sempre isso, percebo como todos são mais competentes do que eu.
- Receber elogios para mim é um fardo porque tenho medo de não atender às expectativas de quem me elogiou.
Esse questionário foi elaborado a partir das pesquisas da psicóloga Pauline Clance sobre a Síndrome do Impostor. Se você respondeu afirmativamente a muitas delas talvez valha a pena responder o questionário completo (que você encontra aqui) e ter consciência de quão suscetível você está a essa síndrome.
A síndrome do impostor é a sensação forte e constante de que você não merece o status que alcançou durante sua carreira, de que cometeu alguma coisa errada e está prestes a ser desmascarado e perder o reconhecimento que tinha. Uma das melhores descrições dessa síndrome foi dada pelo escritor Neil Gaiman num famoso discurso de paraninfo para alunos de artes. Ele confessa que sonhava que alguém batia à sua porta para dizer-lhe que ele tinha sido descoberto e que tinha acabado para ele. Ele teria que parar de inventar histórias e escrevê-las e arranjar um emprego de verdade. Um que ele tivesse que acordar cedo e usar uma gravata. Até a estrela Emma Watson, a Hermione Granger de Harry Potter, confessou à revista Rookie se sentir uma impostora com relação a sua carreira.
Essa realidade não é diferente na academia. De fato, muitos casos de síndrome do impostor começam na universidade ou na pós-graduação, quando os níveis de exigência mudam drasticamente de patamar. Se mesmo sob maior pressão a pessoa se sai bem, e se existem ingredientes de depressão e baixa autoestima nela, a manifestação mais comum é a síndrome do impostor. Essa síndrome se manifesta mais frequentemente em mulheres do que em homens.
Cientistas frequentemente têm a sensação de que não mereciam um artigo naquela revista consagrada. Que seus co-autores se dedicaram mais do que eles próprios. Que não têm competência para dar a palestra para a qual foram convidados num congresso e subir no palco só exporá quão despreparados são. Sentem que não merecem o título, a vaga de emprego ou o aceite do artigo. Mesmo que exista um histórico de realizações, quem é acometido por essa síndrome credita cada sucesso à sorte, a alguma ajuda externa ou às circunstâncias. Essas pessoas tendem a justificar seus sucessos. Por outro lado, quem sofre de síndrome do impostor irá reconhecer como merecidos seus fracassos: um artigo rejeitado de forma grosseira, uma avaliação ruim numa disciplina. Falhar é parte do processo de aprendizado e é uma ótima oportunidade para aprender em vez de remoer o erro e sofrer com isso.
A síndrome do impostor irá acometer 70% das pessoas pelo menos uma vez na carreira, segundo Pauline Clance. O problema fica mais grave quando a pessoa não consegue sair da síndrome nunca. Ter consciência de suas qualidades e limitações é um primeiro passo importante para superar o problema, mas uma ajuda psicológica pode ser necessária. É preciso ter consciência da síndrome e saber reconhecer quando ela está se manifestando. Hugh Kearns, psicólogo da Think Well consultoria acadêmica, conta que a pessoa em síndrome do impostor pensa “Será que ninguém percebe que eu não sou tudo isso?”; enquanto deveriam estar pensando que, como aquelas pessoas são inteligentes e críticas, não se deixariam enganar facilmente por um impostor.
Será sempre possível atribuir seus êxitos a fatores externos: ter conhecido o colaborador ideal para escrever aquele projeto, ter dado a sorte do noticiário colocar em destaque sua linha de pesquisa bem na época que seu artigo chegou na mão dos revisores, casualmente ter caído na prova de conhecimentos o tema que você mais estava preparado para escrever. No entanto, é importante reconhecer que mesmo nesses casos sua competência (de manter uma rede de relacionamentos eficiente, de concentrar-se numa área de estudos interessante ao grande público ou de saber prever o que estudar) foi posta à prova e teve êxito. Parabéns pelo seu sucesso. Acredite, você o merece. Se consegue perceber falhas em si mesmo, ótimo, trabalhe essas falhas, mas não se deixe convencer que suas falhas são a parte mais importante de você.
Professores financeiramente educados
Por esses dias ocorre no Brasil a Semana de Educação Financeira. Até o fim de semana acontecem em diversas cidades atividades voltadas à educação financeira (veja a agenda aqui), assunto tão importante para essa categoria que praticamente faz um voto de pobreza, o cientista. Se essa não é sua aspiração para a vida, não deixe de dar uma olhada no material que o Banco Central preparou sobre gestão financeira pessoal (nesse link). Aí é possível se inscrever num curso online sobre o tema. Se você já é um orientador, pode usar os vídeos produzidos pelo BACEN, também no link acima, para discutir o assunto com seus alunos. Outra opção são os games muito bem elaborados pela Comissão de Valores Mobiliários. Os games estão disponíveis para android através do Google Play (clique aqui). Divirtam-se, aprendam e, acima de tudo, cuidem dos bolsos.
Resoluções de ano novo
Faltam alguns dias para o ano novo, então resolvemos sugerir aqui uma ferramenta para ajudar a formular suas resoluções para 2015. O problema das resoluções de ano novo é que elas geralmente são esquecidas antes do carnaval e acabam nunca sendo cumpridas. Com esse modelo talvez seja mais fácil realizar o que precisamos melhorar.
De volta ao laboratório
Por diversos motivos, pessoas se afastam da ciência todos os anos. Uma crise familiar, a decisão de ter um filho, desejo de experimentar uma carreira diferente, entre diversos outros, são motivos convincentes para deixar a carreira acadêmica. Muitas dessas pessoas pensam em voltar algum tempo depois, mas realizar essa ideia é uma tarefa frequentemente intimidante. Voltar a um laboratório povoado por jovens quando já se passou dessa faixa etária pode te fazer sentir desconfortável, mas as barreiras são geralmente mais imaginárias que reais. Um pesquisador principal dificilmente se importará em ter um membro mais velho na equipe. Aliás, a diversidade de histórias de vida e experiências tem se mostrado uma poderosa ferramenta na constituição de laboratórios produtivos e originais. Aproveite os prós da sua condição de sênior: ter uma visão de mundo mais realista (e menos ansiosa) e ter experiências de vida mais diversas. Você será bem vindo de volta.
Suzana e o Ponto Facultativo
Na sexta-feira passada a Prof. Suzana Herculano-Houzel, uma excelente cientista e divulgadora da ciência, publicou em sua página no Facebook um desabafo sobre o comportamento da equipe que trabalha em seu laboratório. Segundo ela, dos 14 membros da equipe, todos os dez brasileiros enforcaram o feriado e todos os quatro estrangeiros estavam trabalhando. Como o texto está cheio de pontos polêmicos relacionados à gestão da carreira acadêmica, resolvemos discutir aqui o assunto.
E por que você se sobrecarrega de revisões?
Esses tempos um de nós estava assoberbado por um número impraticável de revisões e pareceres num prazo estreito. Ficamos pensando em como tínhamos chegado àquele ponto e lembramos de um texto antigo. Retiramos do extreme reviewing o texto que se segue.
Apresentação em Público 2
No primeiro post desta série destacamos que o ato de falar em público pode abranger várias situações, desde um bate papo com um amigo até uma apresentação formal para uma seleta plateia. Além disso, falamos sobre como deve ser um processo de comunicação eficiente.
A partir de agora vamos focar nossos posts nas apresentações formais que podem ter diferentes formatos: aulas, seminários, palestras, apresentação de painéis em congressos, entre outros. Independente do formato desta apresentação é fundamental que você consiga “vender o seu peixe”, ou seja, é importante que você consiga convencer seu público sobre a mensagem transmitida sem nenhum ruído, ou pelo menos com o mínimo possível. Continue lendo…
É cedo para pensar em se aposentar?
Boa parte dos pesquisadores que conhecemos são tão apaixonados pelo que fazem que pouco pensam na aposentadoria. Isto, no entanto é um erro. Planejar sua aposentadoria não significa que você odeia o que faz e está contando os dias para parar. Aposentar-se é o momento no qual você poderá escolher a que irá se dedicar mais. Você pode, por exemplo, pular as reuniões e as correções de provas e dedicar-se só ao laboratório, ou esquecer os relatórios de prestação de contas e passar os dias interagindo com jovens universitários com uma energia contagiante.
Apresentação em Público
Apresentação em público deixou de ser uma incumbência destinada apenas a grandes executivos, personalidades públicas ou professores e passou a ser uma atribuições de qualquer profissional, independente da carreira em que atua, no entanto muitas pessoas tremem ou têm calafrios só de pensar na possibilidade de ter que se expor diante de uma plateia, por menor que ela seja.
Crises e prioridades
Um dos principais empecilhos à produtividade é a dificuldade de definir prioridades. Aí está uma coisa que frequentemente percebemos nos cursos e palestras nos quais abordamos gerenciamento do tempo. Um pesquisador encara uma lista de itens que precisa realizar naquela semana, percebe que a somatória do tempo estimado para sua realização excede em muito 40 horas de trabalho, mas não consegue avaliar quais itens da lista seriam dispensáveis. Continue lendo…