“Uma sinfonia de imagens abrevia em 60 segundos o trabalho de Paleontólogos. Passo a passo, essa ciência se desnuda ao espectador por meio de um frenético balé visual. Fotografias capturadas ao longo de 5 anos de pesquisas ilustram a árdua e extensa jornada em busca de fósseis. Em meio a uma coleção de ossos – de dinossauros e outros seres pré-históricos -, o paleontólogo escava o tempo em busca suas respostas. Sua epifania, como não poderia deixar de ser, é a construção do conhecimento.”
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Não tão famoso mundialmente quanto o Monstro do Lago Ness, mas pelo menos, muito melhor documentado.
O Misterioso Monstro de Tully (e suas lições para Paleontologia):
Diferente do lendário monstro escocês, o Monstro de Tully é um fato.
Encontrado unicamente na região de Illinois, Estados Unidos, a criatura bizarra acabou por tornar-se símbolo desse Estado americano.
O tal monstro desafia a literatura da zoologia de invertebrados:
Trata-se de uma criatura de corpo mole, fusiforme, segmentado e com um longo rostrum, que mais se assemelha a uma tromba. Essa ‘tromba’ é coroada por uma boca em pinça, com duas estruturas em formato de ‘garras’.Dois prolongamentoscom função desconhecida se projetam lateralmenteda sua parte ventral, assim como um achatamento e alargamento lateral de sua região posterior formam de uma espécie de “nadadeira”.
Os maiores exemplares não ultrapassam 35 cm de comprimento, e o mais interessante:nenhuma outra criatura viva ou fóssil já encontrada se assemelha a esse animal…
Afinal:
O QUE É O MONSTRO DE TULLY??
E PORQUE “MONSTRO“??
Sem pânico. Eles não são criaturas sugadoras de cérebros ou devoradores de carne rastejantes e asquerosos. Apesar do nome e de sua descrição levarem a uma quase imediata associação aos filmes trash de monstros dos anos 70 e 80…
O “Monstro de Tully”, na verdade, é conhecido somente por meio de fósseis.
Pois é, não fique tão decepcionado…
A foto acima não passa de uma brincadeira. Uma brincadeira muito bem bolada, devo admitir!
O autor da pegadinha é Bryan Patterson, então professor da Universidade de Havard, que enviou esta foto ao colega Eugene Richardson, do Field Museum of Natural History, no Natal de 1968. A foto vinha com a seguinte legenda: “O fim da caçada”.
A graça da brincadeira estava no ar de mistério que então envolvia os fósseis apelidados de “Monstros de Tully”: Ninguém fazia a menor ideia do que ele se tratava.
Eugene foi quem apresentou à Bryan esta criatura pela primeira vez.
Bryan ficou tão impressionado e intrigado com o animal misterioso, que resolveu pregar uma peça no colega. Inventou uma fantasiosa história sobre estranhos “vermes dançantes” em Turkana, na África, que tratar-se-iam de criaturas muito semelhantes ao tal “Monstro de Tully”…porém ainda viventes.
A história do fóssil era tão problemática, que a possibilidade de existirem animais viventes aparentados seria simplesmente fantástica! Porém, foi tudo uma brincadeira. A foto criada por Patterson representaria o registro de uma bem sucedida caçada ao animal fantasioso.
A descoberta do monstro
Mr. Francis Tully e seu ‘monstro’
Descobertos no final da década de 1950 por Francis Tully em uma mina próxima a Braidwood, Estado de Illinois, os fósseis desse estranho animal deixaram perplexos os pesquisadores da época. Aparentemente abundantes no registro local, mas distintos de qualquer outro ser vivente ou fóssil conhecido até então, não havia como estabelecer qualquer afinidade para a criatura.
Perante o mistério que envolvia o animal, ele foi apelidado de “Mr. Tully’s Monster” e depois, batizado formalmente por Eugene Richardson como Tullimonstrum gregarium, uma forma latinizada do apelido informal recebido anteriormente (“gregarium” significando “comum”).
Aparentemente encontrado única e exclusivamente no Estado de Illinois (EUA), Tullimonstrum provém de depósitos estuarinos com idades de 300 milhões de anos (Período Carbonífero). –> Nessa época, por exemplo, os vertebrados encontravam-se ainda no início de sua conquista do ambiente terrestre e enormes florestas de samambaias e licopódios prosperavam ao redor do mundo. – Estas imensas florestas, que viriam a formar as nossas mais ricas reservas de carvão mineral.
Uma excepcional preservação
Os fósseis de Tullimonstrum foram preservados de uma maneira muito especial. Animais de corpo molesão raros no registro fossilífero, enquanto que partes duras, mineralizadas (como conchas, ossos, escamas e dentes) são mais recorrentes porque resistem mais facilmente aos processos tafonômicos (i.e. necrofagia, decomposição, desarticulação, sepultamento, etc.). Então o que pode ter havido com os fósseis de Tullimonstrum?
Tullimonstrum pertence a uma famosa assembléia fóssilífera de animais de corpo mole e plantas muito bem preservados provenientes de uma unidade conhecida como como Mazon Creek. Devido a qualidade excepcional de seus fósseis, Mazon Creek é considerada um Konservat-lagerstätte (clique aqui e leia mais sobre isso).
Condições químicas especiais no ambiente de fossilização é que favoreceram a preservação detalhada de tantas plantas e invertebrados. Íons dissolvidos na água salgadareagiam com a lama e a matéria orgânica dando início a formação de um nódulo ao redor dos corpos sepultados de organismos (Veja a foto a seguir). Foram esses nódulos, compostos de siderita, que ajudaram na preservação do registro da vida antiga. Hoje eles são encontrados entremeados em um pacote de folhelho, que apresenta entre 25 e 30 metros de espessura e é recoberto por uma valiosa camada de carvão.
Tulimonstrum, molde e contra-molde
Esquesitice inigualável
Sem dúvida, Tullimonstrum é o maiorincertae sedis até hoje. Mesmo depois de décadas desde o seu descobrimento e milhares de exemplares bem preservados terem sido coletados, não foi possível reconhecer qualquer caráter compartilhado com filos modernos. Semelhanças, todavia, já foram observadas em fósseis de idade Cambriana, como Opabinia* e Vetustovermis, porém tais apontamentos não passaram de especulações até agora. Nenhum estudo se aprofundou nessa questão.
Sua bizarrice é tamanha, que tornou-se carismática. Acabou por virar uma lenda da Paleontologia. Trata-se de um dos principais exemplos sobre as mais diversas e excêntricas experimentações da vida durante sua radiação e evolução no planeta. Quantos grupos de organismos não terminaram em uma um “beco sem saída” como o Tullimonstrum? Seria ele um dos últimos raros sobreviventes de um filo de origem Cambriana?
As lições do monstro
O monstrinho de Tully nos deixa algumas lições:
A Paleontologia é sempre cheia de lacunas. Principalmente aquela que estuda os invertebrados.
Temos que lembrar, que o registro fóssil é descontínuo! Tanto no tempo, quanto no espaço… e que, além disso, e talvez PRINCIPALMENTE, sofre um desvio brutal por aquilo que chamamos de processos tafonômicos (leia mais sobre isso AQUI e AQUI ***). Esses, muito mais cruéis com os pobres animais de corpo mole….
O que conhecemos por meio dos fósseis hoje, é apenas a pontinha de um gigantesco iceberg de tudo que já existiu.
Se as afinidades mais próximas de Tullimonstrum realmente forem com criaturas de idade Cambriana, pelo menos mais de 210 milhões de anos de história desse grupo de animais se passou sem que um único fóssil de um representante de sua linhagem fosse preservado.
É bem provável que nunca teremos conhecimento de uma imensa quantidade de páginas da história da vida e é um fato, que milhares de personagens se perderam para sempre. No meio dessa história, o monstro de Tully vai continuar sendo um mistério… até que a próxima peça do quebra-cabeça seja revelada.
Referências
Johnson, R.G, and Richardson, E.G. 1969. Pennsylvanian invertebrates of the Mazon Creek area, Illinois: The morphology and affinities ofTullimonstrum. Fieldiana: Geology 12 (8): 119–149.
Simiosauria!!! Isso mesmo. Na imagem do enigma está representada a ponta da cauda de um Simiosauria. Esses bichinhos são répteis típicos do período Triássico e viveram entre 220-216 milhões de anos atrás. Pouca gente já ouviu falar, mas eles têm tem uma história muito interessante pra contar.
Ainda no início do Era Mesozóica os répteis começaram a dominar todos os cantos do planeta, seja terra, água ou ar. Por mais de 150 milhões de anos, eles seriam reis absolutos de todo ecossistema terrestre. Do seu reinado, os personagens mais famosos são os dinossauros, os pterossauros e os répteis marinhos. Ora, entre tantos gigantes, quem daria atenção algo tão pequeno e discreto quanto um camaleão…? Os Simiosauros não tem quase nenhuma relação com esses répteis da atualidade, mas sabiam fazer muito bem uma coisa que os camaleões também sabem: escalar árvores!
Os Simiosaurios deveriam ser mestres da escalada. Uma série de adaptações favoreceu a conquista a copa das árvores como a presença de dedos opositores nas mãos – e em alguns casos nos pés – e o auxílio de uma poderosa cauda preênsil (com exceção de uma única espécie, Hypuronector). Foi o inferido comportamento arborícola desses animais, que rendeu o nome ao grupo, que signica, nada mais, nada menos, que “réptil macaco”.
Na ponta da cauda preênsil de pelo menos duas espécies – das seis conhecidas – está uma das mais curiosas modificações: Uma “garra”! Não é uma garra verdadeira. Na verdade as últimas vértebras foram fundidas para formar uma estrutura semelhante a uma garra, cujo formato também lembra muito a do aguilhão dos escorpiões. A função? Possivelmente ajudar a manter o animal firme no alto das árvores.
Fóssil de Drepanosaurus, proveniente do norte da Itália. Clique na imagem para ampliar e ver o detalhe da “garra” na ponta da cauda.
Outra curiosidade sobre os Simiosauria é o formato do seu crânio. Veja bem a imagem ao lado. Lembra muito o crânio das aves. Alguns pesquisadores chegaram inclusive a sugerir que os Simiosauria poderiam ser bons canditados a ancestrais desses animais emplumados. O que mostrou-se um grande engano, todavia.
Evidências mais do que suficientes indicam que os dinossauros são a verdadeira origem aviana. Ou seja, que aves são nada mais que dinossauros com bico, sem dente e penas. O que aconteceu no caso dos Simiosauria é um exemplo de convergência evolutiva. Isso quer dizer: o seu ancestral não é comum ao das aves, mas ambos os grupos desenvolveram características semelhantes independentemente.
Fósseis de Simiosauria são conhecidos da Itália (Megalancosaurus,Drepanosaurus e Vallesaurus), dos Estados Unidos (Dolabrosaurus e Hypuronector) e há um único registro na Inglaterra. O bicho da foto do enigma só podia ser da Itália, já que os únicos simiossáurios com a tal “garra” na cauda foram encontrados ali..
O estudo mais recente sobre simiossáurios foi publicado em 2010 por Silvio Renesto e colaboradores. No trabalho, a equipe de cientistas descreve uma nova espécie de Vallesaurus e refaz o estudo filogenético do grupo inteiro. Eles destituem o clado Simiosauria e criam um novo, Drepanosauromorpha, que inclui Elyurosauria e Hypuronector, a espécie mais bizarra das 6 conhecidas (Veja a última figura deste post).
Elyurosauria englobaria as duas espécies de Vallesaurus, além de Dolabrasaurus, Drepanosaurus e Megalancosaurus (Veja imagem abaixo).
Elyurosauria=“réptil de cauda enrolada”.
Clique para ampliar!Megaloncosaurus por Emilio Rolandi. Visite o Portifolio: http://rolandi.deviantart.com/O estranho Hypuronector por Alain Beneteau. Visite o Portifolio: http://dustdevil.deviantart.com/
Esses animais possivelmente se alimentavam de insetos e tinham um bote poderoso a julgar pelo pescoço flexível e as vértebras fusionadas sobre os ombros, que formavam um tipo de corcova fornecendo uma superfície ampla para a fixação dos músculos cervicais. Essa adaptação permitiria uma movimentação rápida e precisa na hora de capturar a presa.
Devido ao fato de quase todas as espécies apresentarem um certo nível de achatamento caudal e serem encontradas unicamente em depósitos lacustres, chegou-se a propor – no início dos estudos – um hábito de vida aquática para esses animais. Essa hipótese hoje é absolutamente descartada, frente o melhor conhecimento anatômico do grupo.
Espero que tenham gostado! Enquanto isso, fiquem espertos e se preparem para o próximo paleo-enigma!! Para saber mais: Renesto, S., Spielmann, J.A., and Lucas, S.G. (2009). “The oldest record of drepanosaurids (Reptilia, Diapsida) from the Late Triassic (Adamanian Placerias Quarry, Arizona, USA) and the stratigraphic range of the Drepanosauridae.” Neues Jahrbuch für Geologie und Paläontologie Abhandlungen, 252(3): 315-325. doi: 10.1127/0077-7749/2009/0252-0315.
Renesto, S. (2000). “Bird-like head on a chameleon body: new specimens of the enigmatic diapsid reptile Megalancosaurus from the Late Triassic of northern Italy.”Rivista Italiana di Paleontologia e Stratigrafia, 106: 157–180. Abstract
Senter, P. (2004). “Phylogeny of Drepanosauridae (Reptilia: Diapsida).” Journal of Systematic Palaeontology, 2(3): 257-268.
Colbert, E. H., and Olsen, P. E. (2001). “A new and unusual aquatic reptile from the Lockatong Formation of New Jersey (Late Triassic, Newark Supergroup).” American Museum Novitates, 3334: 1-24.
Renesto, S. (1994). “Megalancosaurus, a possibly arboreal archosauromorph (Reptilia) from the Upper Triassic of northern Italy.” Journal of Vertebrate Paleontology, 14(1): 38-52.
Silvio Renesto, Justin A. Spielmann, Spencer G. Lucas, and Giorgio Tarditi Spagnoli. (2010). The taxonomy and paleobiology of the Late Triassic (Carnian-Norian: Adamanian-Apachean) drepanosaurs (Diapsida: Archosauromorpha: Drepanosauromorpha). New Mexico Museum of Natural History and Science Bulletin. 46:1–81
O antigo post do Colecionadores de Ossos sobre Simiosauria está AQUI.
Os colecionadores decidiram lançar uma brincadeira para seus leitores, paleontólogos ou não! Periodicamente vamos lançar um enigma para vocês solucionarem. Você deve deixar o seu palpite nos comentários e se quiser, uma breve explicação.
Para cada enigma, dependendo da dificuldade, haverá um tempo para encontrar a solução. Passado o tempo previsto, revelaremos a resposta correta para aqueles que participaram!
O enigma de hoje é fácil!! Ou não…
Você sabe dizer que criatura é essa????
Fácil demais? Então responda: Que parte do animal está representada na foto?De onde é o fóssil e qual sua idade geológica??? Ahá!
Aposto que você já ouviu falar de “Parque Jurássico” ou Jurassic Park, mas será que conhece o Parque Cretácico? Pois é, o primeiro é fruto da incrível ficção de Michael Crichton, em que, financiados por um milionário excêntrico, cientistas recriam dinossauros para compor um tipo de zoológico pré-histórico, que acaba em desastre… Mas o segundo é absolutamente real e está localizado aqui, logo ao lado do Brasil, na Bolívia!
Entrada do ‘Parque Cretácico’
Sucre é uma pequena cidade na Bolívia central, que poucos sabem constituir-se da capital constitucional deste mesmo país. Com um estilo colonial muito charmoso, é destino comum de viajantes do mundo todo. Possui diversos atrativos turísticos, entre eles museus, belas praças, igrejas históricas e paisagens incríveis.
Nós, todavia, fomos visitá-la por um motivo um pouco diferente…
Paisagens de Sucre
Sucre é bastante conhecida no universo paleontológico por possuir um dos mais incríveis afloramentos de pegadas de dinossauro do mundo. Trata-se do mais extenso e está todinho na vertical! Possui mais de 1500 x 110 metros de exposição, com pistas dos mais variados dinossauros, entre eles saurópodes (gigantes de pescoço longo), terópodes (os carnívoros), ornitópodes (que incluem os dinos “bico-de-pato”) e possivelmente anquilossauros (dinos de armadura). É quase uma Avenida Paulista do tempo dos dinossauros!
Até o último estudo eram mais de 5055 pegadas individuais de 8 icnoespécies diferentes. São 456 pistas no total, sendo que muitas delas que se cruzam, formando uma trama incrível do passado. – Sherlock Holmes iria se deliciar…
Afloramento
As pegadas são do final do período Cretáceo e pertencem a Formação El Molino. Elas retratam justamente o período de tempo logo antes da extinção em massa dos dinossauros (entre 70 e 65 milhões de anos atrás). A importância deste sítio reside não somente na sua extensão e idade geológica, mas na sua importância paleobiológica. Pegadas constituem um registro muito especial, pois guardam informações sobre o comportamento de animais extintos, coisas que dificilmente podem ser obtidas com um punhado de ossos.
Ao que tudo indica os animais em questão se reuniam no entorno de um grande palolago e nas suas margens foram preservadas as pegadas. A orientação preferencial das pistas, por exemplo, pode ajudar a desvendar antigas rotas de migração, assim como a forma como se dispõem as pegadas pode ajudar a evidenciar comportamentos gregários e a constituição e conformação de “manadas”(p.ex. adultos e jovens. Os jovens seguiam os mais velhos ou eram protegidos por eles?). Outra informação importante é a postura e a velocidade dos dinossauros. Por meio da distância entre as pegadas, tudo isso pode ser inferido. Entre outras coisas, é por isso que as pegadas de Sucre são tão importantes.
Vista do mirante
O afloramento está em terras da empresa boliviana de cimento FANCESA, que se responsabiliza por seus cuidados. A administração da empresa recém reformou a infraestrutura existente no entorno do afloramento para os turistas que desejam visitá-lo. Um maravilhoso parque foi montado, que conta com belíssimas e acuradas esculturas de dinossauro em tamanho real, além de um museu, atraentes painéis explicativos, um mirante, uma sala didática com biblioteca para as crianças, um pequeno cinema, um restaurante e uma loja. A entrada custa alguns bolivianos e cobra-se também para utilizar a câmera fotográfica. Apesar disso, vale a pena passar a tarde admirando a incrível paisagem do afloramento, logo atrás do jardim tão bem cuidado com as réplicas quase vivas de dinossauros.
Pegadas na vertical
Você deve estar curioso, todavia, sobre como este afloramento pode estar na vertical. Os dinossauros por acaso subiam pelas paredes?
Na verdade não. O que acontece é que esta região está localizada em uma área muito tectonicamente ativa e as suas rochas foram prensadas de forma a dobrarem-se umas sobre as outras. Isso ocorreu ao longo de milhões de anos na Era Cenozóica, durante o processo de elevação dos Andes. O pacote inteiro de rocha em questão foi colocado quase na vertical – a 72 graus, para ser mais preciso. Ocasionalmente, por erosão natural, o horizonte das pegadas foi revelado e um sortudo fez a descoberta.
Até agora nenhum resto corporal de dinossauro foi encontrado na área. Nem um ossinho sequer. Porém novas camadas com pegadas estão surgindo! Abaixo da camada principal podem ser identificadas pelo menos umas outras 3, que também contêm pegadas. Além disso, podem ser vistas marcas de onda e outras estruturas sedimentares de fluxo aquoso. Isso pode ajudar a contar detalhadamente a história deste paleolago. Quanto tempo ele durou? Qual era sua extensão? Os níveis de água? E quanto a fauna, ela mudou ao longo do tempo?
Este afloramento é realmente uma raridade.
Se você gosta de turismo paleontológico, este é um destino certo. Se estiver passeando pela Bolívia, não deixe de visitar.
Para mais informações sobre o parque: http://parquecretacicosucre.com/esp/ * Todas as fotografias deste post tem direitos autorais. Se utilizar, cite a fonte e o autor: Aline M. Ghilardi.