Ecos da Múmia
Atenção: este não é um post sobre ciência. Ou pelo menos não a ciência que você costuma ver por aqui comumente. Este post é uma reflexão que surgiu da discussão com o Igor Santos, meu vizinho aqui do 42, no post sobre a Múmia, aí embaixo. Avisado está.
A discussão lá no outro post gira em torno de uma questão apenas, no meu modo de ver: até onde nós humanos nos reconhecemos como uma espécie em separado? Que o ser humano é diferente dos ratos (alguns nem tanto) ou dos macacos, isso é óbvio e eu sei que há formas de caracterizar e catalogar tudo isso. Este não é o ponto aqui. Mas quando eu e você nos relacionamos com o restante das espécies e entre nós, esse fator de sermos diferentes entra na equação? Levando para a questão específica do post: alguns podem se incomodar com um corpo humano preservado em exposição em um museu mas não ver qualquer problema quando um macaco ou qualquer outro animal é exposto. Outros podem não ver qualquer problema em expor um cadáver. O mesmo vale para um zoológico: muitos se chocam quando, por alguma “ação conscientizadora” colocamos homens em jaulas, mas não se chocam por fazermos o mesmo com qualquer animal. Provavelmente há quem não veja problemas em expor homens vivos em zoológicos. Ou não há? O que há, com certeza, são aqueles que vêem o outro lado completamente: encarcerar e expor animais é tão errado quanto expor um homem.
Bom, no fundo, a meu ver, isso retrata até que ponto nós nos identificamos como uma espécie única, diferente, superior e que “tem direito” de subjugar as outras. Não nos vemos, normalmente, como parte da natureza, não nos sentimos como apenas mais uma éspecie, semelhante a todas a outras. Se fosse esse o caso, ou seja, se nos víssemos realmente como uma espécie como todas as outras (e todas as outras como nós), não haveria exposição de qualquer ser vivo em museus, ou haveria, quem sabe, mais homens em zoológicos. São situações equivalentes? Eu não sei. Na prática, quanto mais penso no assunto, mais noto que preciso pensar mais.E não sei se tenho a bagagem necessária pra ir mais a fundo no tema
Provavelmente há estudos psicológicos sobre o tema. Algum psicopata psicólogo de plantão que queira se pronunciar aí nos comentários e nos iluminar sobre o tema me faria muito feliz.
P.S.: O Igor está fazendo um trabalho muito bacana ciceronando a segunda temporada do Dispersando, o podcast do Science Blogs Brasil. Já há duas entrevistas por lá, inclusive a deste blogueiro que vos escreve. E há mais por vir. Não deixe de conferir!
Diários de Lindau, dia 5
Hoje, uma vez mais “old school” ou, pelo menos sem vídeo meu, porque hoje tem vídeo de música.
Dudley Herschbach, prêmio Nobel de Química, terminou sua apresentação com uma música de Cole Porter, composta em 1933, sobre experimentos e ciência. Eu fui atrás da letra completa e da música pra compartilhar com vocês! Vai aí embaixo:
————–
EXPERIMENT
From the London Stage Musical “Nymph Errant” (1933) (Cole Porter)
Before you leave these portals
To meet less fortunate mortals
There’s just one final message
I would give to you
You all have learned reliance
On the sacred teachings of science
So I hope, through life you never will decline In spite of philistine
Defiance
To do what all good scientists do
Experiment
Make it your motto day and night
Experiment
And it will lead you to the light
The apple on the top of the tree
Is never too high to achieve
So take an example from Eve
Experiment
Be curious
Though interfering friends may frown,
Get furious
At each attempt to hold you down
If this advice you’ll only employ
The future can offer you infinite joy
And merriment Experiment And you’ll see
Eu deixo vocês com uma foto do pôr-do-sol aqui em Lindau.
E lembrando: amanhã é o último dia, mas vai ser bem complicado postar à noite, pós-conferência. Então a última edição dos Diários de Lindau vai chegar, mas provavelmente com alguns dias de atraso! Espero vocês lá!
Diários de Lindau, dia 2 #lnlm12
Cosmologia,
Aquecimento global: realidade ou mentira?,
A relação entre política e ciência
E todos os canais por onde você pode acompanhar a conferência aí da sua casa,
Tudo isso e algo mais no vídeo de hoje! 🙂
[youtube_sc url=http://www.youtube.com/watch?v=nR0DxVUu7ug]
P.S.: o dia foi cheio e o vídeo ficou longo, quase 10 minutos, mas deu pra resumir bem o que aconteceu. Se você tiver paciência, assista e me conte o que pensa aí nos comentários.