>As muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental
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O título deste post, frase famosa de Vinícius de Morais, complementa um pouco a discussão por trás do post passado (leia aqui: “O estranho mundo quântico”). No fundo, quando afirmamos que a luz (energia num sentido mais amplo) e os elétrons ou os átomos, enfim, o que nós chamamos de “matéria” se comportam da mesma maneira, estamos afirmando que há uma simetria fundamental permeando todas as coisas. Todas as entidades físicas se comportam da mesma forma.
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Simetria = Beleza |
O mesmo vale para o desenvolvimento das famosas teorias da relatividade de Einstein, a especial e a geral. No fundo, ele colocou todos os fenômenos físicos sob um mesmo chapéu, obedecendo as mesmas leis. Ele recobrou a simetria que esteve em dado momento perdida.
O mesmo vale para a teoria eletromagnética: se você vai um pouco mais a fundo, sabe que todas as equações de Maxwell podem ser escritas numa forma muito simplificada, elegante e que, acima de tudo, reforça a simetria entre os campos elétrico e magnético.
Enfim, a busca por simetrias, comportamentos universais, leis fundamentais são alguns dos “grandes objetos de desejo” dos que levam sua vida estudando a natureza mais fundamental das coisas. Uma busca tão grande quanto a busca pelas quebras espontâneas de simetria, desvios do comportamento universal, quebra das leis que se acreditavam fundamentais. De fato, estas últimas acabam, em última instância, por levar as primeiras a outros níveis, de modo a englobar tudo de novo e mais uma vez. Mas esse é uma outra história. 😉
Num nível mais geral, a busca por simetria na ciência é a busca por beleza, por uma consistência entre as partes de um todo bem amplo, por algo que agrade aos nossos olhos, a nossa mente, o nosso entendimento do mundo. Então, tal qual Vinícius falou, se referindo às mulheres, poderíamos falar nós, nos referindo às teorias físicas: as muito feias (pouco simétricas) que nos perdoem, mas beleza, simetria, é fundamental.