Imagens do Lab

… ou “porque eu amo tudo isso”…

Bonito, né? (clique na foto para vê-la ampliada)

>Vende-se

>Eu sempre falei que para a gente se tornar professor na universidade, temos que desenvolver duas características essenciais: primeiro, a capacidade de explorar ao máximo liderar e motivar um grupo de estudantes. Segundo, a capacidade de tirar dinheiro aprovar projetos de todo o lugar possível para financiar as pesquisas.

Essa semana eu adicionei mais uma pra lista: a capacidade de ser um vendedor padrão “funcionário do mês”.

Explico: medimos umas coisas bacanas aqui no laboratório, mas nada que possa ser dito “revolucionário”, estupendo, digno de uma publicação de altíssimo impacto. Mas ainda assim, digno de uma publicação decente. Pois bem, reunião esses dias para dar um rumo pro trabalho: qual revista, qual enfoque e tal. Não é que meu chefe me vem dizer que nosso sistema é tal e qual “uma bomba atômica”? E que isso, essa analogia com algo tão distante mas ao mesmo tempo de tanto apelo, poderia eventualmente nos levar pra uma revista bem melhor que as imaginadas inicialmente.

É isso que eu chamo de capacidade pra vender um produto. Lábia de vendedor levada ao extremo. Vamos ver no que dá. Se vender bem, eu conto aqui. Se não, eu conto também.

P.S.: Não tem nada de radioativo na história, é só o mecanismo de ignição de uma bomba que pode muito bem ser comparado ao mecanismo de ignição do processo que estamos estudando…

>O que se espera de um professor?

>

O professor ideal? Ele dava aula,
fazia pesquisa de campo e a extensão…
bom, essa era pouco convencional: 
enfrentar nazistas de vez quando.  
Este post nasceu de uma reflexão que venho fazendo a algum tempo já, sobre como deve se portar, agir e que tipos de atividade deve desenvolver um professor universitário durante a sua vida acadêmica. Bom, como eu sou do tempo em que a gente aprendia que a Universidade contruía-se, existia até, sobre um tripé de funções essenciais: ensino, pesquisa e extensão, me parece natural que o professor, como parte integrante e, por que não dizer, parte fundamental da estrutura universitária tem que ter as suas atividades norteadas por esse trio de princípios.
Algumas considerações sobre cada um deles separadamente.
Ensino. Não é sobre dar uma aula decente. Isso, com um pouco de prática e treino, qualquer um dá. O comprometimento com o ensino é o de dar uma aula empolgante, que desperte nos alunos a vontade de saber mais, querer mais. O comprometimento com o ensino, é o comprometimento com transmitir o conhecimento, formar novas gerações capazes não de reproduzir, pura e simplesmente, aquele conhecimento, mas capazes de pensar, de saber (e querer) procurar mais respostas e outras perguntas. Parodiando uma conhecida minha, é dar aos alunos a infra-estrutura, o “serviço de água e esgoto”, sobre o qual eles vão poder construir, sobre essa base sólida, seu próprio conhecimento.
Pesquisa. Se no ensino, transmite-se conhecimento, aqui é o lugar de produzí-lo. Não importa o impacto. A pesquisa pode ser pequena ou revolucionária. De base ou aplicada. O importante aqui é produzir conhecimento. Novo. De fato, pesquisa e ensino andam de mão dadas muitas vezes pois, normalmente, se somos capazes de transmitir conhecimento bem, somos capazes de produzí-lo bem. Ainda tem, a pesquisa, uma outra face: a formação de novos pesquisadores. Pensadores independentes, com vontade de saber, capazes de dominar técnicas e conceitos avançados porque você, como professor/orientador, soube direcioná-los assim.
Extensão. O patinho feio do nosso trio, muitas vezes negligenciado, mas pelo qual eu tenho carinho especial. A extensão é a atividade onde a universidade se abre à comunidade externa e busca se integrar com ela. As formas de agir aqui são as mais variadas: um site sobre ciência, a produção de vídeos educativos, programas com estudantes de ensino médio, crianças ou pessoas de terceira idade. Não importa muito. A Universidade, especialmente a pública é financiada por todos e não pode se furtar, como o faz muitas vezes, de devolver para a comunidade parte desse financiamento, na forma de divulgação de ciência ou o que quer que seja.
É óbvio que as atividades de um professor não se restringem, nem poderiam, à esse trio. Sempre é preciso buscar fontes de financiamento, participar da administração da própria Universidade, organizar reuniões científicas, buscar colaborações, enfim, contribuir para o crescimento da instituição de uma forma ou de outra. Mas é naquele trio ali em cima onde, na minha forma de ver, residem os requisitos essenciais para que um professor se torne alguém que deixará uma marca no mundo, seja nos seus alunos, seja no crescimento do conhecimento científico, seja na sua comunidade.

>Professora, qual a resposta certa?

>

Um causo que eu ouvi esses dias: uma professora, no desejo de envolver um dos seus alunos em uma pesquisa que está realizando, pediu que ele usasse seu novo, recém-nascido, ultra-rápido código computacional para simular algo que ela tinha feito com um código mais antigo, mais lento, mas que já tinha se mostrado bem sucedido em outras situações. Os resultados são virtualmente idênticos, a menos de um ponto no qual o código do aluno fornece um valor diferente e não esperado do ponto de vista físico. 
A conclusão da professora: o código do aluno ainda tem algum probleminha.

A resposta do aluno: “Como você sabe que o seu resultado é o correto?! Como você pode ter certeza que não é o seu código que está errado?”
Na resposta da professora reside uma das faces mais belas e fascinantes da pesquisa científica: 
“Não sei”
Em pesquisa científica não há uma resposta certa. Muitas vezes, de fato, a gente nem sabe se a pergunta que fez está correta. E isso é fascinante. Um salto dentro do desconhecido. Escuro e silencioso, mas definitivamente cheio de coisas novas para se tocar, cheirar, conhecer, descobrir. Literalmente, fazer pesquisa é levar ao fim e ao cabo o lema da série Jornada nas Estrelas: “audaciosamente ir onde nenhum homem jamais esteve”. 
Sob essa óptica, publicar um paper, dar uma palestra sobre novos resultados, enfim, divulgar o que se descobre, seja no laboratório, seja numa simulação computacional, é um ato de coragem e tanto, é dar a “cara a tapa”. Sempre. Simplesmente porque é impossível dizer que aquela resposta é a correta. No máximo, é a melhor resposta naquele momento, baseada nos conhecimentos existentes naquela época e tudo sob as condições específicas nas quais a pergunta foi feita. E salve-se quem puder!
Olhando assim, parece até que o edifício da ciência é de gelatina: construído sobre bases pouco sólidas e que vai tremer ao menor toque, afinal ninguém tem absoluta certeza de nada. 

Mas aí uma outra característica essencial à ciência salta aos olhos: ela é auto-consistente e auto-corretiva. Trocando em miúdos: cada novo tijolinho no edifício do conhecimento é colocado com argamassa ligando-o ao(s) anterior(es), seja para sedimentá-los, seja para “dar prumo” para algo que vinha torto. Mas o mais importante: sobe-se um degrau e só é possível subir esse degrau porque o anterior estava lá. E quanto mais degraus se sobe, mais se corrige o que estava errado e/ou mais se sedimenta (confirma/tem-se certeza/acredita-se) no que estava certo. O que vale é sempre continuar subindo.  Veio à mente de alguém aí: “Se enxerguei longe, foi porque me apoiei nos ombros de gigantes“? Pois é.

Para arrematar este post, que já está ficando muito longo, uma situação bem corriqueira, pelo menos em cursos de graduação de ciências: alunos “bons de prova”, aqueles com as melhores notas, que sabem fazer/reproduzir todos os exercícios do livro, nem sempre (quase nunca) se tornam os melhores pesquisadores. Normalmente são esses os alunos que sabem “a resposta certa” para as perguntas dos professores mas que ao se depararem com perguntas sem resposta, ou mesmo tendo que formular as próprias perguntas, não se saem tão bem. Coincidência?

>O Nobel de Física

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Não!
Ele não ganhou o Nobel!
“Our whole universe was in a hot dense state, Then nearly fourteen billion years ago expansion started–Wait!” Não, a academia de ciências da Suécia não ficou maluca e começou a dar prêmios para séries de TV em vez de pesquisa séria! (se você não reconhece a música, clique no link). 

Acontece que a música tem muito a ver com o Prêmio Nobel de Física 2011. Saul Pearlmutter, Adam Riess, ambos americanos e Brian Schmidt, australiano, ganharam o Prêmio por revelarem, em 1998, não como a expansão do Universo começou, mas como ela continua hoje.

Explica-se: o Universo começou com uma explosão, certo? Então, mais que natural, no começo de tudo ele expandir e expandir e expandir. Evidências de que o Universo expandia-se datam do início do século passado. De fato, a descoberta de que ele expande-se é que leva à conclusão de que, voltando no tempo, ele deve ter começado com uma explosão. 

Passado o período de expansão, a expectativa natural dos cientistas era de quê o Universo desacelerasse sua expansão e tomasse um dos três rumos possíveis: continuasse a se expandir à uma velocidade constante, parasse completamente, tornando-se estático ou começasse a se contrair, fazendo o caminho de volta e acabando sua vida de volta ao ponto inicial. Ingenuamente, ninguém poderia imaginar que o Universo acelerasse sua expansão, já que para isso deveria haver uma fonte de energia que continuasse a empurrar e empurrar mais o Universo.

Pois os cientistas premiados neste ano descobriram exatamente o que não era esperado: o Universo continua a expandir-se e está acelerando. Para isso eles tiveram que medir estrelas, na verdade a explosão de estrelas, muito distantes e relacionar essas medidas com a sua velocidade e… surpresa até mesmo para eles: o Universo expande-se aceleradamente!

Aí você vai me perguntar o porquê. A explicação, até o momento, recai sobre a intrigante, desconhecida e inobservável “energia escura”, parceira, amiga-de-fé-irmã-camarada da matéria escura que, juntas, recebem a responsabilidade de carregar 95% da energia do Universo. Mas, apesar de tamanha responsabilidade e, aparentemente, efeitos observáveis, ninguém foi ainda capaz de ver, medir ou quantificar as duas. Muita água ainda vai rolar debaixo dessa ponte…

Para mais informações você pode ir direto ao website do Nobel, clicando aqui (em inglês).

>O valor das idéias

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Se você é como eu, gosta de tecnologia e tem olhado para essa nova era de telefones inteligentes, tablets, gadgets de todos os tipos, qualidades e tamanhos com um pouco mais de atenção, deve ter notado um movimento interessante (e crescente) nos últimos meses/anos: a luta por propriedade intelectual.

Processos explodem todos os dias na ânsia das empresas em proteger suas invenções contra outras. De fato, o “capital intelectual” das empresas hoje chega a ser muito mais valioso do que qualquer outro ativo, propriedade, produto.

Sobre isso, duas notícias que li essa semana saltaram aos olhos: a primeira, a aquisição da Motorola pelo Google. O comentário geral é que a verrdadeira razão da aquisição é ter a posse, não da empresa, mas do seu portfolio de patentes! A segunda, sobre a Kodak, em crise a anos e que vale hoje, no mercado de capitais (valor=número de ações em circulação X preço de uma ação), um quinto (isso mesmo, 20%!!!!) do valor estimado de suas patentes!

Enfim, toda essa introdução, essencialmente para mostrar que hoje a máxima “toda ideia tem valor” tomou um outro sentido, bem mais palpável. Quem trabalha com ciência básica, usualmente não se preocupa com isso, ao contrário, quer mais é ver suas ideias originais publicadas, divulgadas e replicadas, de preferência com o maior estardalhaço possível (ouvi alguém dizendo “muitas citações”? Ou foi “publicação em revista de alto fator de impacto”?). No entanto, quem trabalha com ciência aplicada, é bom abrir o olho… sua pesquisa pode render bem mais que um paper, pode render patentes, propriedade intelectual, enfim: dinheiro.

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