>Nobel chegando… façam suas apostas!

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E anotem no calendário pra não perder…

03/10 – Fisiologia e Medicina
04/10 – Física
05/10 – Química
07/10 – Paz
10/10 – Economia

??/?? – Literatura

Por aqui vamos tentar seguir a divulgação tão perto quanto possível!

>Ser referee… A arte da pureza

>Antes de mais nada um aviso: vou usar ao longo do texto o termo em inglês referee – árbitro em português – e ainda paper – trabalho científico na nossa língua – já que estes são termos mais que comuns na linguagem científica. Aviso dado, de volta à vaca fria.

Recebi esta semana um artigo para ser referee. Não, não é a primeira vez e também não, não é tão comum que se tornou banal. Longe disso. Acho que com esse eu encho uma mão, ou um pouco mais. Voltando ao ponto, eu recebi um artigo essa semana para ser referee e isso acabou por me fazer praticar um dos meus esportes prediletos: refletir sobre o processo.
Neste caso, por processo, eu quero dizer como deve se portar um referee para julgar um trabalho com imparcialidade e justiça? No fim das contas, como eu devo me portar ao me deparar com uma situação dessas? 
Confesso que a minha primeira resposta era que ser referee era um exercício de humildade. Conversando com ela, deu pra concluir que humildade não era a melhor palavra. Pensei em desapego… mas também não… no fim, cheguei à pureza como uma boa definição do estado de mente/espírito de um referee ideal frente a um paper. Os motivos? Seguem abaixo:
(1) é preciso se livrar dos preconceitos. E aqui eu nem me refiro a preconceitos do tipo “no Chile não se faz pesquisa de qualidade” (só um exemplo, não me entendam mal) e o paper é do Chile, então já vou lê-lo com viés de baixa. Ou ainda, um dos autores é super-ultra conhecido por trabalhos de qualidade, então este novo trabalho vai ser bom de qualquer jeito. Não, eu não me refiro a esse tipo de preconceito. Ser cego pro nome/grupo/país dos autores é absolutamente fundamental. O meu conceito de preconceito é com a ciência que está sendo descrita ali naquele trabalho. Você pode achar que teoria das cordas é uma besteira completa, ou que difração de raios-x é “ciência velha” (de novo, só exemplos genéricos!), ou ainda que relatividade geral é o supra-sumo do que há de mais perfeito em ciência. Nada disso pode importar. A ciência contida ali tem que ser julgada pelo que ela representa, dentro do seu próprio contexto e independente das suas opiniões.

(2) não se deve descontar uma frustração no cientista errado. Você teve um paper recentemente recusado? Ou tem um paper submetido e o seu referee está levando o triplo do tempo pra responder? (caso real e beeeeem atual) Os autores do trabalho que você vai julgar não tem nada com isso. É preciso esquecer as frustrações científicas passadas ou presentes para julgar um paper. (Adendo: não se deve descontar frustrações em caso nenhum)

(3) ser referee não é um exercício de poder e/ou arrogância. Uma vez eu soube de uma história de um pesquisador que se orgulhava por nunca ter aprovado um trabalho para uma determinada revista prestigiada… Outro que adorava reprovar e/ou criticar duramente trabalhos simplesmente pela diversão de exercer o seu poder de recusar, pisar nos outros, enfim, ser arrogante.
(4) é preciso se livrar da condescendência. É isso mesmo. Não se pode ser propositadamente mau. Mas também não se pode ser propositadamente bom. Aquele grupo não publica a muito tempo? Ou você conhece um dos autores e ele está precisando MUITO de um trabalho publicado? (isso vale igualmente para projetos pedindo bolsa, auxílio, etc…). Não importa. Ser referee é julgar sem viés qualquer, venha este da cabeça ou do coração.

Enfim, julgar a qualidade científica de um paper é um belo exercício de limpeza, quase como se fosse muito necessário um banho mental e espiritual para julgar com justiça. Não é fácil, mas não custa nada tentar. 

E você, acha que tem mais alguma “sujeira” que deve ser expelida antes de partir pra julgar um trabalho? Deixe sua opinião aí nos comentários… E agora deixa eu ir lá porque o prazo pra devolver meu parecer é semana que vem! 😉

>Mais veloz que a luz…

>Oi… Saudade de escrever aqui. Muita coisa acontecendo, sinto muito. Vou tentar ser mais presente.

Mas esse notícia eu não podia deixar de comentar. Pipocou na rede inteira um notícia que pesquisadores no CERN, em Genebra, mediram partículas mais rápidas que a luz…

Dito assim nem parece grande coisa. Mas é a primeira vez (repetindo: A PRIMEIRA VEZ) que um experimento contradiz em 106 anos (veja bem, 106! cento-e-seis!) a teoria especial da relatividade, que é uma das bases da ciência moderna. Nada mais que isso.

Nessas horas é preciso calma, repetir o experimento independentemente (os próprios cientistas já fizeram isso alguns milhares de vezes) e checar cada mínimo detalhe, o que com certeza eles fizeram, visto que já está em todo lugar na internet. Vamos ficar de olho no desenrolar dessa história. Porque eles podem estar fazendo história…

>Refletindo: é tão ruim ser audiência?

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Estive em um workshop recentemente. Público restrito a especialistas, tópico idem. O que você espera de uma reunião assim? O óbvio: que cada uma das palestras cative a imensa maioria da platéia.

Mas quando, por qualquer razão, você olha para a audiência, uns poucos gatos pingados estão realmente atentos ao apresentador. Uma grande parte está mais preocupada com ler e-mails, navegar na internet, ou distraído com alguma outra coisa.

Até aí, nenhuma novidade: nos grandes congressos ou reuniões científicas, essa é (infelizmente) uma cena comum. Normalmente, coloca-se a culpa no orador ou no tema da palestra: este é muito distante do que se faz ou o aquele não consegue manter a atenção da platéia, etc, etc. Até aí, eu consigo entender, afinal, nessas reuniões muito grandes, os temas são variados e o tempo escasso, não é possível agradar a todos e a cada um. Mas numa reunião pequena, onde quem está lá na frente pode até nem ser um orador maravilhoso, mas com certeza é um especialista, falando de um tópico intrisicamente relacionado à sua área de pesquisa… Não, eu não consigo entender.

Se você olha o lado de quem está na platéia, haverá sempre argumentos: um projeto de pesquisa que precisa ser terminado e/ou remendado, um parecer a dar ou responder, um artigo a ser escrito, o e-mail de um colaborador/aluno/professor que precisa ser respondido. Em princípio, são argumentos válidos… mas se era pra ir para a conferência para fazer isso, então que nem fosse… Economizaria o tempo de translado.

Enfim, eu realmente acredito que (nem sempre) a culpa da falta de atenção da platéia é do orador. E por isso a pergunta no título desse post: é tão difícil assim ser platéia? Manter a atenção e o foco por 15, 30 ou 45 min que seja?

P.S.: Um adendo… O workshop era no ICTP – International Center for Theoretical Physics. Se você é brasileiro e trabalha com ciência no Brasil, fique de olho no programa deles, geralmente bem interessante e variado. Além disso, você é elegível para receber deles todo o custeio da sua viagem, da passagem aérea à aliementação e hospedagem, pois eles financiam participantes de países em desenvolvimento. Fora que o lugar é lindo…

>O valor das idéias

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Se você é como eu, gosta de tecnologia e tem olhado para essa nova era de telefones inteligentes, tablets, gadgets de todos os tipos, qualidades e tamanhos com um pouco mais de atenção, deve ter notado um movimento interessante (e crescente) nos últimos meses/anos: a luta por propriedade intelectual.

Processos explodem todos os dias na ânsia das empresas em proteger suas invenções contra outras. De fato, o “capital intelectual” das empresas hoje chega a ser muito mais valioso do que qualquer outro ativo, propriedade, produto.

Sobre isso, duas notícias que li essa semana saltaram aos olhos: a primeira, a aquisição da Motorola pelo Google. O comentário geral é que a verrdadeira razão da aquisição é ter a posse, não da empresa, mas do seu portfolio de patentes! A segunda, sobre a Kodak, em crise a anos e que vale hoje, no mercado de capitais (valor=número de ações em circulação X preço de uma ação), um quinto (isso mesmo, 20%!!!!) do valor estimado de suas patentes!

Enfim, toda essa introdução, essencialmente para mostrar que hoje a máxima “toda ideia tem valor” tomou um outro sentido, bem mais palpável. Quem trabalha com ciência básica, usualmente não se preocupa com isso, ao contrário, quer mais é ver suas ideias originais publicadas, divulgadas e replicadas, de preferência com o maior estardalhaço possível (ouvi alguém dizendo “muitas citações”? Ou foi “publicação em revista de alto fator de impacto”?). No entanto, quem trabalha com ciência aplicada, é bom abrir o olho… sua pesquisa pode render bem mais que um paper, pode render patentes, propriedade intelectual, enfim: dinheiro.

>Oi? Esse negócio funciona?

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Este é um teste simples para saber se esse bichinho mobile funciona para postar no blog… 🙂

Teste após foto!

>Estou sumido esta semana…

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…porque estou num lugar muito chato, numa conferência científica… Afinal, de vez em quando a gente tem que trabalhar um pouquinho… Volto semana que vem com nossa programação normal…

>Não esquecer…

>Nota pessoal: preparar um lembrete em algum lugar visível com os dizeres abaixo:

“Sugira com sabedoria os referees do seu próximo paper.”

>Refletindo – O quê nos motiva a fazer ciência?

>Olhe em volta: artigos científicos, relatórios, projetos, de iniciação científica a grandes centros de pesquisa, tudo têm alguma motivação. E aqui quero dizer no sentido literal: há sempre uma seção, um parágrafo, um slide, algo para descrever, justificar, motivar aquele trabalho, verba, viagem.

Nada contra ter objetivos grandiosos. Entender as correlações entre genomas e comportamentos sociais complexos, construir um computador quântico, desenvolver novos métodos de deposição de filmes controlados átomo por átomo, são todas razões válidas, dignas e merecedoras, em princípio, de financiamento, para serem pesquisadas, publicadas, realizadas. O que me incomoda, de verdade, é que tudo, ou quase tudo, hoje, precisa, necessariamente de alguma motivação grandiosa por trás, mesmo que seja algo a longuíssimo prazo. Pede-se uma bolsa de iniciação científica, por exemplo, para se construir uma cavidade de transferência, por exemplo, seja lá o que isso for. A motivação? Construir um super sistema de sincronização entre diversos pontos da Terra e a estação espacial. Se alguém realmente se preocupar em olhar as minúcias da cadeia que leva de um ao outro vai ver que ela é tão longa quanto um super-polímero.

Parênteses: quando eu era um jovem estudante (não que não seja mais jovem, mas não sou mais estudante…) dizia-se que para passar qualquer projeto nas agências de fomento bastava que no título/motivação do trabalho houvesse as palavras “nano”, “bio” ou “computador quântico”. Assim, o projeto “Nano computador bioquântico” seria financiado ad eternum.

É aí que está meu ponto, é realmente precisa uma motivação grandiosa para se realizar um trabalho de pesquisa ou ser financiado? É realmente necessário querer “mudar o mundo” com ciência só pra se poder fazer ciência? Eu acho que não.

Mas isso não quer dizer, de forma nenhuma, que não é preciso ter motivação. Ao contrário, quando se quer pesquisar algo, seja o que for, é preciso de objetivos, claros e bem definidos, um fim motivador. Um desconhecido que se quer tornar conhecido. Mas o motivo pode ser tão simples quanto isso. Imagine só, o palestrante começa e fala:

“Eu vou mostrar para vocês os meus últimos resultados. Eu fiz isso porque este era até então um ponto em aberto. Eu fiz isso porque é um pedaço bonito e inexplorado de conhecimento científico que precisa ser investigado.”

Lindo não?

Ou imagine um projeto de pesquisa: “Desenvolveremos essa pesquisa porque é um tema ainda inexplorado pela ciência e os resultados contribuirão para o desenvolvimento do nosso conhecimento fundamental a respeito da natureza.”


Trocando em miúdos: fazer ciência, pura e simplesmente para engrandecer o conhecimento humano é sim, na minha opnião, motivação mais do que digna para… fazer ciência. É preciso quem faça visando um objetivo maior, mais concreto, mas é absolutamente essencial, que também se faça ciência pela própria ciência. Ciência para colocar mais um peça do quebra-cabeças, encaixá-la e poder admirar a beleza do quadro que se completa.

Eu confesso minha ignorância sobre como essa questão é tratada em nosso país ou mesmo fora. Especialmente por quem financia ciência. Mas eu realmente espero que um balanço saudável  entre pesquisa básica, pesquisa básica com fins aplicados e pesquisa aplicada seja privilegiado, porque é realmente difícil dizer qual contribui mais para o desenvolvimento de um país, de uma sociedade.

>Frase Geek do dia

>É sabido que na ciência, muita gente é meio “geek”, viciado em tecnologia e também, de alguma forma, anti-Microsoft, Windows e Bill Gates. Por diversas razões é mais “descolado” nesse mundo fazer uso de Linux, Mac e afins… Pois veja o que eu vi numa camiseta aqui na Uni hoje:

“In a world without fences and walls, why we need Gates and Windows?”


(“Num mundo sem cercas nem muros, por quê precisamos de Portões e Janelas?”), numa clara brincadeira com o nome do dono/fundador da Microsoft e o seu sistema operacional.

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