Todos os posts de Aline Ghilardi

Aline é bióloga, especialista em paleontologia de vertebrados e criadora da rede de divulgação científica "Colecionadores de Ossos". Atualmente é professora adjunta de Paleontologia do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em Natal, RN.

E se o DNA dos dinos de Jurassic World fosse 100% puro?

Já sabemos que recriar dinossauros a partir de sequências de DNA recuperadas do sangue preservado no ‘estômago’ de mosquitos pré-históricos é impossível. O mesmo é válido para “recuperar sequências de DNA a partir de fósseis excepcionalmente bem preservados”. Mas e se acreditássemos na ficção de ‘Jurassic Park’ e realmente pudéssemos recriar dinossauros? Com o quê eles se pareceriam, de verdade?

—- SPOILER ALERT —-

Se você ainda não assistiu o filme “Jurassic World”, não continue lendo a postagem!

Nos filmes, apesar de o genoma dos dinossauros (e outras criaturas pré-históricas, como pterossauros e o mosassauro) ser muito bem conhecido, ele ainda é incompleto. Para solucionar esse problema, os geneticistas da “InGen” completaram as sequências de DNA dos dinossauros com o DNA de algumas espécies vivas nos dias atuais, como rãs e um tipo de sépia – que é um parente das lulas. Como ficou bem claro ao longo da série, isso gerou alguns problemas, como a troca de sexo nos animais (primeiro filme) e a capacidade de se camuflar e controlar a temperatura corporal (no novo filme). Aparentemente, os cientistas também manipularam o genoma dos bichos com a finalidade de cativar mais o público, com dinossauros “maiores e mais assustadores”.

Agora, se os cientistas tivessem conseguido recuperar 100% do genoma desses animais e de fato os tivessem recriado “100% puros”. Com o que eles se pareceriam?

Abaixo fizemos uma listagem das espécies que aparecem no filme ‘Jurassic World’ (não só os dinossauros) e destacamos, a partir dos mais recentes conhecimentos científicos na área, com o que esses animais realmente teriam se parecido:

Gallimimus versão JPxJW
Gallimimus versão JPxJW

Gallimimus: Os Gallimimus teriam o corpo coberto de penas e inclusive deveriam ter penas longas nos braços. Evidências disso foram encontradas em animais bem proximamente relacionados a essa espécie, os Ornithomimus. A propósito, os braços dos Gallimimus seriam um pouco mais longos do que como é mostrado nos filmes.

Considerando a arte desses bichos, em ‘Jurassic Park’, o primeiro filme, os bichos têm uma anatomia muito melhor do que em ‘Jurassic World’. Em ‘Jurassic World’ eles não parecem tão naturais pois têm os braços inseridos no lugar errado do corpo. Além disso, é importante lembrar, que esses bichos não tinham dentes na boca: se você observar com cuidado, pode ver que alguns deles aparecem com pequenos dentes no novo filme da série.

Os punhos também estão errados, e isso se repete para todos os outros dinossauros terópodes dos filmes. Ao invés de dobrarem-se “para frente”, como é retratado, as mãos dobravam-se para a lateral, como nas aves.  Por isso, aos olhos de um paleontólogo, quase todos os dinossauros de ‘Jurassic Park’ parecem ter os punhos quebrados. Essa questão da posição dos punhos somente foi melhor entendida – cientificamente falando – depois da produção dos três primeiros filmes da série.

Acima: como retratado nos filmes. Abaixo: como realmente era.
Acima: como retratado nos filmes. Abaixo: como realmente era.

Por fim, os Gallimimus tinham entre 6 a 8 metros de comprimento. Quando completamente adultos deveriam ser um pouco maiores do que como são retratados nos filmes.

Um ponto positivo foi que mandaram bem na questão dos bandos. É possível que esses animais se organizassem dessa forma, principalmente quando jovens. Há sítios fossilíferos na China que indicam essa estruturação para animais do mesmo agrupamento  filogenético.

Gallimimus by ZeWq
Gallimimus by ZeWq, Deviantart

Dilophosaurus: Em ‘Jurassic World’, o Dilophosaurus aparece somente como um holograma no ‘centro de visitantes’.  A questão da gola coriácea, como observada no lagarto vivente Chlamydosaurus kingii, é muito difícil ser comprovada, pois, até o momento, nenhuma evidência semelhante foi encontrada em qualquer dinossauro. Já a questão de cuspir veneno é quase 100% furada. O único dinossauro encontrado até hoje, que, por meio dos fósseis, permite dizer que seria ‘venenoso’, é o Sinornithosaurus, devido a presença de pequenos canais em seus dentes (semelhantes à canais de veneno). Porém, isso também é apenas uma inferência, já que não temos como ter 100% de certeza sobre qual era a verdadeira função dessas estruturas nos dentes desses animais.

É difícil dizer se o Dilophosaurus possuía penas. Há algum tempo, sugeriu-se que haveriam evidências de penas em uma impressão de repouso atribuída a esses animais. Porém, a má qualidade de preservação do fóssil não permitiu que essa hipótese fosse confirmada. É altamente provável que esse animal tivesse o corpo coberto por filamentos simples, pelo menos. Proto-penas e estruturas semelhantes a penas estão presentes em diferentes grupos de dinossauros, o que indica que essa é uma característica basal do grupo, ou seja, que estava presente desde os primeiros dinossauros. No grupo dos terópodes (o qual inclui o dilofossauro) essa característica é bastante comum em diferentes ramos filogenéticos.

Um Dilophosaurus adulto teria cerca de 2m de altura e aproximadamente 7m de comprimento.

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Dilophosaurus, por stasiuk, em Deviantart.

Pachycephalosaurus: Estes animais chegavam a ter 4,5m de comprimento e pesar até 450kg. Apesar de aparecer bem rápido em ‘Jurassic World’, o Pachycephalosaurs aí retratado parece um pouco grande demais. O resto parece ok.

Apatosaurus: As narinas foram bem colocadas e o tamanho do animal parece estar mais ou menos dentro do esperado. Talvez um pouco maior, apenas, do que esse bicho era na realidade (em média eles teriam 22m de comprimento). A posição do pescoço também está ok. No todo, a anatomia animal está bem próximo do real. A cabeça pode estar um pouco grande proporcionalmente, mas o que faltou mesmo foram as escamas. No filme, o bicho parece ter pele elefante. Temos evidências de impressões de pele de saurópode e eles tinham escamas grandes e arredondadas, alguns, até mesmo osteodermos no dorso (como os titanossauros).

Fora isso, a minha opinião particular é que eles podiam ter usado um pouco mais de cores nesses saurópodes, como listras na cauda ou no pescoço, o que, observando os mamíferos modernos, ajudaria a confundir os predadores. Mas ainda assim está ok!

Pata da frente de um Triceratops
Pata da frente de um Triceratops

Triceratops: Os bebês Triceratops estão mais ou menos corretos, com os chifres apontando para cima, como observado nos fósseis de juvenis desses animais. O ‘closeup’ do pé da frente do bicho, todavia, mostra uma anatomia errada. O mais correto seria como a ilustração ao lado, com o pé mais esparramado, não compacto como o de um elefante.

Os Triceratops adultos, fora talvez alguns detalhes no formado de partes do crânio, também estão com uma anatomia relativamente bem convincente. Todavia, há evidências de impressão de pele para esses animais e eles tinham escamas grandes e mais ou menos hexagonais, não “pele enrugada de elefante (de novo)”.

Devido a alguns fósseis de Ceratopsia basais apresentarem “bristles” na anca (Psittacosaurus), alguns pesquisadores acreditam que é possível que formas derivadas, como os Ceratopsidae (incluindo Triceratops), também apresentassem tais estruturas. É provável, filogeneticamente falando, mas ainda são necessárias melhores evidências.

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Cena de ‘Jurassic World’
Ontogenia de Triceratops.
Ontogenia de Triceratops.
Impressão de pele de Triceratops.
Impressão de pele de Triceratops.
Triceratops com "bristles"
Triceratops com “bristles”, arte de Aaron Doyle

bloggif_55830d185f4baStegosaurus: Estegossauros definitivamente não arrastavam a cauda no chão e nem próximo ao chão. Eles tinham a cabeça *bem* pequena e seriam INCAPAZES de galopar, como retratado no filme. As placas nas costas deveriam ser mais coloridas já que aparentemente, elas têm forte relação com extravagância sexual e comunicação desses bichos.

Impressões de pele desses animais mostram pequenas escamas pentagonais e uma ‘armadura gular’.

'Armadura gular'
‘Armadura gular’

Os Stegosaurus  de ‘The Lost World: Jurassic Park’ são muito mais acurados, cientificamente falando, do que os do novo filme. Os estegossauros que aparecem próximos ao rio em ‘Jurassic World’, também parecem mais acurados do que aqueles que aparecem pastando e galopando nas planícies.

Algumas estimativas indicam que Stegosaurus armatus poderia alcançar até 9m de comprimento. S. ungulatus S. stenops eram bem menores.

Stegosaurus, por John Conway
Stegosaurus, por John Conway
Velociraptor mongoliensos, por John Conway
Velociraptor mongoliensos, por John Conway

Velociraptor: Como todo mundo já deve saber, velociraptores não eram tão grandes como retratados no filme. Os verdadeiros Velociraptor tinham cerca de 60cm de altura e até 2m de comprimento. Além disso, tinham o corpo coberto de penas e evidências da presença de penas de haste longa nos braços, como as aves atuais.

O problema dos punhos é o mesmo do Gallimimus.

Existiram raptores maiores que o Velociraptor, como o Deinonychus e o Utahraptor. No início dos anos 1990, o pesquisador  Gregory Paul chegou a propor que o gênero Deinonychus (espécie que chega a ter 3,4m de comprimento e é encontrada na América do Norte) poderia ser, na verdade, um sinônimo para Velociraptor (espécie asiática). Essa proposta foi considerada inválida, mas isso pode ter gerado a confusão de tamanho observada no livro de Michael Crichton e nos filmes, já que tal hipótese coincide com a época de publicação e estreia dos mesmos.

Estudos com Deinonychus indicam que estes animais utilizariam a “garra terrível” principalmente para escalar, e, secundariamente para abater suas presas.

Os raptores, de fato, eram animais muito inteligentes e poderiam se organizar em grupos. Esqueletos de Utahraptor já foram encontrados em associação.

Ankylosaurus: Eles não tinham espinhos laterais tão pronunciados quanto os que aparecem no filme. O resto parece mais ou menos ok.

Parasaurolophus: Podiam ter colocado mais cores nesses bichos e como bem observado pelo paleontólogo Thomas Holtz, eles aparecem mastigando errado. Parasaurolophus walkeri alcançavam até 9,5m de comprimento.

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Parasaurolophus, por Julius Csotonyi

Tyrannosaurus rex: A anatomia e o tamanho estão relativamente bem aceitáveis nos filmes. Atualmente acredita-se na possibilidade de eles terem apresentado cerdas ou plumas espalhadas pelo corpo como o seu parente próximo Yutyrannus. Mesmo que essas estruturas se perdessem no adulto, é altamente provável que estivessem presentes em bebês, juvenis e até mesmo jovens adultos.

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Mosasaurus, por Andrey Atuchin
Mosasaurus, por Andrey Atuchin

Mosasaurus: No filme reinou a regra do quanto maior melhor. Mosassauros definitivamente não alcançavam esse tamanho. Os maiores espécimes de Mosasaurus hoffmanni encontrados até agora apresentam no máximo 18m de comprimento e eles deveriam levar dezenas de anos para alcançar esse tamanho. Eles tinham os tais dentes palatais, como mostrados no filme, mas provavelmente tinham a língua bifurcada, como muitas cobras e lagartos nos dias atuais.

Pterossauros: Primeiramente, eles seriam muito mais coloridos. Em segundo lugar, a maioria das espécies de pterossauro, mesmo algumas bem grandes, como o Pteranodon, retratado no filme, não seriam capazes de levantar uma pessoa no ar. Eles eram relativamente frágeis e um soco bem dado seria capaz de esmigalhar o seu crânio, principalmente o de um Dimorphodon.

Dimorphodon tinha cerca de 1m de comprimento, no máximo, incluindo a cauda, e até 1,5m de envergadura alar. Seu crânio era mais estreito do que como foi apresentado no filme.

Pteranodon não tinham dentes (no filme ‘Jurassic Park III’ eles são retratados com dentes) e alcançavam até 5,5m de envergadura alar.

Por meio de diversos fósseis de pterossauros muito bem preservados, hoje sabemos que essas criaturas tinham o corpo coberto por estruturas semelhantes a pelos (o que, pelo menos para mim, os torna ainda mais assustadores).

Dimorphodon, por Mark Witton
Dimorphodon, por Mark Witton

É sempre bom aproveitar um filme que a gente gosta para falar um pouco de ciência. Não se chateie muito com as matérias sensacionalistas entrevistando paleontólogos, que acabaram criticando negativamente o filme por aí. Todo mundo sabe que toda série ‘Jurassic Park’ é uma ficção moldada pra o entretenimento. A questão é que os paleontólogos foram os nerds que deram um passo além ;)… E, não se pode deixar de dizer, que em respeito da mídia: uma polêmica vende muito mais do que um elogio.

A série ‘Jurassic Park’ continua sendo uma inspiração para muitos futuros cientistas.
Fique ligado na nossa próxima postagem: “Jurassic Park: a ficção que está inspirando a realidade”.

O contrabando de fósseis e o que perdemos com isso

Recentemente foi veiculada na televisão a apreensão de um lote de fósseis brasileiros pela Polícia Federal dos Estados Unidos (FBI) (veja a notícia aqui), cujo contrabando envolvia até mesmo geólogos e outros profissionais da área. Poucos meses antes, foi noticiada a devolução de *mais de 3 mil* fósseis que seriam levados para fora do país ilegalmente (veja a notícia aqui), sendo que entre eles haviam até mesmo possíveis espécies novas para a ciência. Isso sem contar as dezenas de fósseis brasileiros vendidos pela internet em sites como E-bay e até mesmo o Mercado Livre (veja AQUI, AQUI e AQUI).

fosseis apreendidos policia federal

Qual a melhor atitude a se tomar quando você se deparar com qualquer atividade que envolva o comércio de fósseis brasileiros?

DENUNCIAR.

Fósseis são pedaços da memória biológica do nosso planeta. São, literalmente, fragmentos da vida do passado que se preservaram na forma de rochas. Como figurinhas em um álbum de histórias gigantesco e complexo, os fósseis nos contam a saga da evolução da vida. Cada depósito fossilífero (como o Araripe, por exemplo, de onde a maioria dos fósseis brasileiros traficados são retirados) contêm um capítulo dessa história. Portanto, compreendê-los bem e preservá-los é de importância fundamental para que a crônica toda faça sentido.

Os depósitos fossilíferos, todavia, são finitos. Seus fósseis não são recursos renováveis. O que significa que no dia em que acabarem, acabou para sempre, e nesse momento ter-se-ão perdido não só dados científicos sobre um determinado período de tempo da história da vida no nosso planeta, mas um recurso que, se tivesse sido melhor administrado, poderia ter gerado lucros contínuos para sua região de origem.

Como assim gerar lucros contínuos?

O lucro que as pessoas geram com o comércio (ilegal!) de fósseis é temporário (e arriscado!). Quando esse recurso acabar, acabou a entrada de dinheiro e ponto. Com a extração controlada e o encaminhamento dos fósseis para museus e universidades locais ou regionais, além de ajudar o desenvolvimento educacional e científico da população (o que culmina em melhores condições de vida e melhores oportunidades para essa comunidade), o turismo atraído pelos museus e parques paleontológicos pode gerar renda direta e indireta para a região.

Como assim? Ora, para sustentar a visitação é necessária uma rede de hotéis, pousadas, restaurantes, atrações turísticas, lojas de artesanato, pequenos comércios, da qual TODA a população sai ganhando e de forma contínua e sustentável. Resumindo: é um negócio muito melhor em longo prazo. De tabela, parte da história da vida no planeta vai estar sendo preservada para as futuras gerações conhecerem, apreciarem e estudarem.

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Ainda não entendeu? Vou desenhar.

VALE A PENA preservar o patrimônio paleontológico nacional. Países ditos de primeiro mundo são recheados de museus de história natural e muitos lucram com os nossos fósseis nas paredes e vitrines. As pessoas QUEREM ver fósseis, pois são coisas que despertam a curiosidade. Poderíamos há décadas estar recebendo os benefícios dos museus e parques paleontológicos, mas ainda nos comportamos como colonizados e nos vendemos por muito pouco.

Museus não caem do céu, é necessário um esforço conjunto. O esforço começa preservando o patrimônio. Se não houverem mais fósseis, como haverá museus?

É importante se engajar nessa batalha. Denuncie o comércio ilegal de fósseis (denúncias devem ser encaminhadas à Polícia Federal e/ou ao DNPM de seu estado). Se você tem fósseis em sua região, entre em contato com pesquisadores. Junte-se com a sua comunidade e exija dos governantes medidas para proteção e aproveitamento desse patrimônio. Seu ato ou seu nome podem ficar para a história!

Seja lembrado por uma coisa boa.

Um dinossauro no centro da cidade

Há algumas semanas, recebemos um e-mail por meio de nosso site (www.colecionadoresdeossos.com), de um senhor chamado Luciano Alves, de São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Esse senhor dizia ter encontrado e resgatado materiais fósseis durante a construção de uma obra no centro da cidade. Todos os meses nós recebemos vários e-mails similares, porém, geralmente o que as pessoas encontram são rochas com formatos estranhos ou ossadas de bichos recentes. Todavia, o caso do Sr. Luciano era diferente…

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São José do Rio Preto, SP

A região de São José do Rio Preto é amplamente conhecida pela ocorrência de fósseis do final do Período Cretáceo. Esse intervalo de tempo é conhecido como o auge da “Era dos dinossauros”, entre 100 e 66 milhões de anos atrás. Nas rochas dessa região são comuns restos não somente de dinossauros, mas também de crocodilos, tartarugas, lagartos, cobras e peixes pré-históricos. Foi por isso que o e-mail do Sr. Luciano era tão especial.

Tudo confirmou-se quando vimos as primeiras fotos:

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O osso branco destacava-se da rocha rosada, típica da Formação Adamantina, unidade geológica local na qual os fósseis do Cretáceo são encontrados. O osso estava fragmentado devido às atividades da obra, porém, pelas fotos, era possível reconhecer que o material era grande, bem maior que qualquer osso de vaca. Além disso, suas características morfológicas não eram semelhantes à de nenhum organismo atual e o fato de ele estar entranhado na rocha confirmou sua natureza fóssil.

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Sr. Luciano Alves ao resgatar o material fóssil
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Local onde os ossos foram encontrados

Histórias de fósseis encontrados durante a abertura de estradas, a perfuração de poços artesianos ou construções de edifícios não são raras. É nesse momento, quando as rochas são desbastadas, que os fósseis aparecem, e diferente do que muitos podem pensar, essas atividades muitas vezes acabam ajudando os paleontólogos e podem levar à grandes descobertas. O Sr. Luciano foi um vetor positivo nessa história, que, confesso, nem sempre tem um final feliz. Ao identificar algo diferente, ele imediatamente separou o material para que não fosse mastigado pelas máquinas e fez o que é aconselhável: entrou em contato com especialistas, para identificação das peças. De acordo com ele, haviam mais ossos, porém não foi possível resgatá-los devido ao avanço rápido das atividades.

Sr. Luciano, além de trabalhar dirigindo caminhões, é operador de máquinas. É um curioso por natureza, que gosta de pesquisar e ler, e possui um enorme senso de ética e cidadania. Ao confirmarmos a identificação do material como “ossos de dinossauros” (mais precisamente um úmero de saurópode e fragmentos de costelas) ele prontamente quis que tudo fosse encaminhado para um Museu ou Centro de Pesquisa. De acordo com suas próprias palavras: “Isso não pertence à mim, pertence ao mundo todo, pertence à todos nós, e por isso deveria ser estudado e ficar em um museu”Na mesma semana fomos resgatar as peças e elas foram integradas à coleção do Laboratório de Paleoecologia e Paleoicnologia da UFSCar, aonde o material será estudado.

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O úmero de saurópode resgatado pelo Sr. Luciano, depois de reconstruído
Dinossauro
Em vermelho, a posição do osso em uma reconstituição de um dinossauro saurópode

DSCN0104Essa história somente reforça o importante papel da divulgação científica e também do diálogo entre o cientista/pesquisador e a população. Sr. Luciano, ao ter acesso à informação, propiciou o encaminhamento correto do material e acabou contribuindo com mais uma peça do quebra-cabeça sobre a história da vida no passado de nosso planeta. Além disso, ele acabou dando uma grande lição à todos os seus amigos e alguns familiares: ele não só estava certo sobre a natureza do material, mas também sobre como um cidadão deve agir em benefício de todos. O material em breve ficará em exposição no “Museu da Ciência Prof. Dr. Mário Tolentino” em São Carlos, junto ao nome do seu descobridor, “Luciano Alves”.

Para que mais “finais felizes” se realizem, é necessária a conscientização das pessoas envolvidas. Geralmente, quando obras são realizadas em localidades onde são comuns achados paleontológicos, um trabalho prévio de consultoria deve ser realizado. O resgate do material é fundamental, já que eles são únicos, raros e fazem parte da memória geobiológica de nosso planeta. Para o resgate, especialistas devem ser contatados. Depois de levados à instituições de pesquisa, os materiais devem ser estudados, catalogados e ter seu acesso garantido à toda população. É importante lembrar, que fósseis são bens da União, ou seja, pertencem a todos os cidadãos, e por isso sua comercialização ou escambo é considerada crime. Seu valor é científico e cultural, não podendo ser calculado em termos monetários.

Obrigada por contribuir com a ciência do seu país, Sr. Luciano Alves! Que outros sigam o seu exemplo!

O que há de errado com Jurassic World?

O trailer do mais novo filme da série “Jurassic Park” já foi lançado há algumas semanas, o que levantou muita polêmica entre fãs, dinomaníacos e paleontólogos no mundo todo. A discussão se acalorou até mesmo entre amigos, e os pontos de discórdia foram diversos. Não só quanto à ausência de penas nos bichos (o que já era esperado), mas também quanto às proporções supostamente exageradas de alguns animais, além de críticas quanto ao “não mais tão misterioso” Indominus rex (I-rex), um dino-monstro criado pelos cientistas de Jurassic World, estrela do próximo filme.

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Não podíamos ficar de fora dessa, então, vamos tentar ver o que há de tão errado – cientificamente falando – com o filme e, se no fim, vale a pena assistí-lo.

“Ter penas ou não ter penas?”

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Microraptor zhaoianus, do Cretáceo da China. O fóssil têm evidências de penas alongadas nos braços e pernas do animal.

É FATO que a partir da década de 90, muitos fósseis de dinossauros com penas começaram a ser encontrados desde a exploração dos depósitos de Liaoning, na China. Essa localidade, reconhecida como um lagerstätte pela qualidade de preservação de seus fósseis, ampliou significativamente o nosso conhecimento sobre a aparência em vida dos dinossauros e suas relações com as aves atuais.

Desde que essas descobertas começaram a ser realizadas, muito mais atenção foi dada à preparação e interpretação de fósseis pelo mundo. Antigos fósseis começaram a ser reestudados, e materiais com evidências da presença de penas começaram a ser encontrados em outros sítios fossilíferos.

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Sinosauropteryx, terópode compsognatídeo do início do Cretáceo da China. O fóssil mostra evidências da presença de uma cobertura de penas sobre o corpo do animal.

Hoje, pelo menos 40 espécies de dinossauros apresentam evidências DIRETAS da presença de penas (veja uma lista aqui), ou estruturas semelhantes à penas, no seu tegumento. Dessas, a maioria pertence ao grupo dos terópodes, dinossauros saurísquios que teriam dado origem às Aves. Todavia, estruturas filamentosas que lembram muito penas simples, também foram encontradas em dinossauros ornitísquios, especificamente ceratopsianos e ornitópodes basais.

*Clique aqui para conhecer melhor a classificação dos dinossauros*

O fato de penas e estruturas semelhantes à penas terem sido encontradas nos dois grandes grupos de dinossauros – que se diferenciaram bem cedo na história evolutiva do grupo -, nos leva a crer que essa teria sido uma característica presente no ancestral comum de saurísquios e ornitísquios. Trata-se da explicação mais parcimoniosa para a presença desse caracter nos dois grupos.

É importante observar também, que Pterosauria, grupo irmão de Dinosauria, também apresenta evidências fósseis da presença de estruturas filamentosas (picnofibras) no tegumento. Esse caracter pode ser ainda mais basal na história evolutiva dos Avemetatarsalia do que se pensava há uma década.

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Detalhes das estruturas filamentosas encontradas na cauda de Psittacosaurus sp., um ceratopsiano (Ornitischia) basal. O fóssil é proveniente da região de Liaoning, na China.
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Cladograma mostrando os grupos de saurísquios que apresentam evidências fósseis de penas. Amplie para ver detalhes.

Certo. Qual a relação de tudo isso com “Jurassic World”?

A questão é, que quando os primeiros filmes da série Jurassic Park foram lançados, o conhecimento sobre a presença de penas em dinossauros estava apenas engatinhando. Não sabia-se ao certo como elas se distribuíam pelo corpo do animal, detalhes de sua estrutura ou como ocorriam entre os diferentes grupos. Hoje, esse conhecimento avançou bastante, ao ponto de investigarmos até mesmo as cores das penas desses animais (por mais distante da perfeição que esse procedimento ainda esteja).

O que muitos dinomaníacos e paleontólogos argumentaram é “Por que os dinossauros em Jurassic World não teriam penas?”.

Bem, o filme Jurassic Park, lançado em 1993, foi um exponente em sua época, modificando a visão arcaica que a opinião pública tinha sobre os dinossauros, como lagartões lerdos e burros. Muito do conhecimento paleontológico que se tinha de mais avançado na época foi empregado no filme, como o fato de esses animais formarem bandos, botarem ovos, alguns assumirem uma postura mais horizontal em relação ao chão, serem rápidos e se comportarem quase que como aves. Esse padrão “inovador” de apresentação dos dinossauros também é observado no livro que inspirou o filme, o romance de mesmo nome escrito por Michael Crichton em 1990.

sFSC91LO filme faturou U$915 milhões e ganhou 3 prêmios Oscar. O seu sucesso acabou atraindo a atenção de milhões de pessoas para os avanços na ciência paleontológica, servindo indiretamente como um divulgador de ciência. Além disso, outros milhares de jovens se interessaram em ingressar na carrreira acadêmica para estudar Paleontologia e muitos dos avanços na área nos últimos anos se devem ao “efeito Jurassic Park“.

O que muitos estavam esperando era que o novo filme da franquia, a ser lançado mais de 20 anos depois (junho de 2015), também seguisse esse padrão, abraçando as mais novas descobertas científicas da presente década. A decepção é que os roteiristas e produtores optaram por não fazer assim. Logo que o filme começou a ser produzido, o diretor, Colin Trevorrow,  informou “não teremos penas em Jurassic World”.

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Sinornithosaurus millenii, dromeossaurídeo (grupo que inclui o velociraptor e o tiranossauro) da China, encontrado com penas. Clique para ampliar.

Dinomaníacos e paleotólogos esperaram até o momento do lançamento do trailer (há algumas semanas) para ver se o anúncio era mesmo verdade e o resultado foi uma extrema revolta por parte de muitos: nada de penas. “Seria esse um desfavor à divulgação de ciência?!”, muitos argumentaram.

Com base nos estudos atuais, sabemos que pelo menos alguns dinos terópodes apresentados no filme deveriam mostrar uma cobertura de penas, como é o caso do Velociraptor (clique aqui para saber mais), ou até mesmo do Tyrannosaurus rex, já que ancestrais desse bicho foram encontrados com penas (leia sobre Yutyrannus, um tiranossauróide com mais de 8 metros de comprimento e penas encontrado na China).

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Cena de nudez.

“Deveriam esses animais apresentar penas, se são monstros recriados geneticamente, não dinossauros, por assim dizer?”, responderam os fãs. “Isso é para ser entretenimento, não divulgação científica!”, outros ainda argumentaram. Muitos debateram com razão, mas outros visivelmente se ofenderam com a ameaça à visão que carregavam nos seus sonhos de infância: dinossauros estritamente reptilianos, com escamas cobrindo todo corpo e pupilas verticais.

This is science, Bitch!
This is science, Bitch!

Tamanho é documento?

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Mosasauridae apresentado no trailer de Jurassic World

Outro ponto levantado foi a questão do tamanho exagerado do réptil aquático apresentado no trailer de Jurassic World. Supostamente um mosassauro. O tamanho realmente não é compatível com o de fósseis desses animais encontrados pelo mundo. Os maiores mosassaurídeos são o Tylosaurus e o próprio Mosasaurus, cujos fósseis encontrados indicam que teriam até 15 m de comprimento. É verdade que não sabemos qual teria sido o tamanho máximo desses animais, mas certamente não passaria de 30 m (tamanho de uma baleia azul) e o animal figurado no trailer parece ser bem maior que isso.

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Tamanho máximo de Mosasaurus inferido por meio de fósseis.
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Escala real de um Velociraptor mongoliensis

Bichos fora de escala: isso não é novidade em Jurassic Park, já que o Velociraptor apresentado desde o primeiro filme também é crescidinho demais (o real não teria sido maior que um peru). Quanto a essa questão, alguns argumentam que tudo não passaria de uma grande confusão: o bicho retratado seria na verdade um Deinonichus, animal muito semelhante ao Velociraptor, porém com cerca de 3,5 m de comprimento e 1,20 m de altura.

Há também algumas outras discussões sobre possíveis inconsistências em relação ao tamanho dos Dilophosaurus do primeiro filme (inferências com base nos fósseis indicam que esses animais teriam cerca de 6 m de comprimento), mas os fãs sustentam que, na verdade, os animais não passariam de filhotes.

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Lagardos varanídeos são parentes próximos dos mosassauros.

Voltando a Jurassic World, pelo que se pode ver no trailer, os produtores até que se esforçaram para reproduzir de forma acurada a aparência do suposto mosassauro, representando a dupla fileira de dentes no palato da criatura. Porém, também teriam pecado em não colocar a língua bifurcada, observada em animais atuais pertencentes ao mesmo grupo do monstrão, como o lagarto varanídeo aí ao lado.

Sabemos que animais gigantes excitam o público e é o que mais atrai as pessoas para gostarem de dinossauros e outros bichos pré-históricos. Fazer o mosassuro gigante poderia ser apenas uma jogada do parque para ganhar mais dinheiro. Todavia, fãs de bichos pré-históricos e paleontólogos não gostaram nada da ideia. Muitos acharam que os bichos reais já são por si só suficientemente impressionantes, sem a necessidade de modificações exageradas. Falando em modificações exageradas…

Um monstro que nunca existiu

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“Diabolous rex”

O I-rex, estrela do próximo filme, foi o mais criticado. Resultado da mistura genética proposital de pelo menos 3 espécies de animais diferentes (aparentemente), os geneticistas de Jurassic World parecem que não estavam satisfeitos com a cara dos dinossauros “reais”. Independentemente do porquê da escolha de se criar um animal desses (vamos descobrir apenas com o lançamento do filme), os dino-fãs e os paleontólogos não entenderam a necessidade de usar um bicho que nunca existiu, sendo que temos tantos dinossauros legais para se escolher por aí.

“Pode ser que a trama seja boa, não se pode julgar até entender a história”, argumentaram fãs. Outros disseram: “Isso não é um documentário, mas sim um filme”.. e de monstros, dá bem para entender.

fffefd76e21c8ce1c48d56928b07128dad1f615837f2ebf86497e8c00bb6ca96A mistura genética de espécies diferentes no parque já ocorria desde o primeiro filme, quando foi explicado que DNA anfíbio era usado para completar a sequência genética dos animais. Isso criou defeitos, como o T. rex com a visão baseada em movimentos, o Dilophosaurus venenoso e a possibilidade da troca de sexo nos bichos (“Life finds a way”), características de alguns anfíbios modernos. PORÉM, os cientistas argumentam que com o avanço dos conhecimentos sobre a relação entre dinos e aves, os geneticistas de JW poderiam ter começado a utilizar DNA de ave para completar as sequências. Isso teria corrigido defeitos e justificaria a colocação de dinos emplumados em Jurassic World. Seria uma ótima explicação para se adequar cientificamente, mas para os responsáveis pelo filme não! Nada feito! 🙁

Muitas outras inconsistências

JurassicParkAmberÉ claro que as inconsistências vão MUITO além disso, como encontrar fragmentos viáveis de DNA de criaturas pré-histórias em fósseis de mosquitos no âmbar. Isso por si só já desbanca todo cerne da história de JP. É bom que se saiba que é certamente impossível que sequências úteis de DNA com mais de 10 milhões de anos tenham sido preservadas em um fóssil. O DNA é uma molécula muito estável, mas não por tanto tempo! Estudos sobre a degradação de DNA comprovam isso.

Jurassic World foi além: trouxe a tona possibilidade de se encontrar DNA de criaturas aquáticas. A primeira coisa que disseram foi: “WTF! Como um mosquito sugou o sangue de um Mosassauro?”. E com toda razão. Seja lá qual seja a explicação que vão dar no filme, isso é impossível ao quadrado.

Os únicos animais pré-históricos que poderíamos recriar com base em seu próprio DNA seriam aqules relativamente recentes (menos de 500 mil anos), como os mamutes. Pesquisas sobre essa possibilidade já vêm sendo realizadas nas últimas décadas e logo se tornará possível ter mamutes caminhando por aí… Se você se interessar pelo assunto procure ler artigos sobre “Desextinção”.

Ainda assim, Jurassic World vale a pena

– “COMO?”

– Sim. É isso mesmo que dissemos.

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Ainda com tantas inconsistências e erros, acreditamos que Jurassic World ainda vale a pena. Ao contrário do que muitos dinomaníacos e cientistas ranzinzas podem dizer por aí. Afinal, é entretenimento!

Quase tudo que esse filme traz parece ser um grande desserviço à ciência, pois essa imagem ERRADA será abraçada e adorada pelo público. Para uma parte das pessoas que vão assistir, talvez isso até seja verdade (os alienados e os fanáticos). Porém, Jurassic World abriu, desde já, um importante espaço para discussão: Nunca vi falarem e divulgarem tanto a questão de dinossauros com penas, ou ainda sobre o que é ou não um dinossauro. No facebook, nos canais de notícias e na blogsfera. Sem querer, Jurassic World chegou para mudar paradigmas. Não foi a intenção deles, mas mesmo sendo um filme estilo “retrô”, se você leu essa postagem (e ainda mais se a compartilhou), a missão de “divulgar ciência” atrelada ao entretenimento está cumprida.

A vantagem do entretenimento é que ele tem um alcance amplo. Isso pode ser uma faca de dois gumes, mas é aí que ao invés de só reclamar e se negar a assistir, que o cientista tem que divulgar e se comunicar.

Aqui vamos todos assistir. E usar o entretenimento para discutir ciência!

Leia também “A síndrome de Jurassic Park“, uma opinião de Tito Aureliano

pterossauro com nome de pokémon

(Os fãs de pokémon vão adorar essa.)

O paleontólogo Steve Vidovic e seu colaborador D. Martill recém publicaram um artigo aonde revisam diversos espécimes atribuídos ao gênero Pterodactylus. No artigo eles discutem vários problemas relacionados à interpretação desses fósseis, porém o que mais chamou a atenção no trabalho foi a nomeação de um novo gênero de pterossauro.

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De acordo com os autores, a antiga espécie P. scolopaciceps, antes considerada como sinonímia de outra espécie dentro do mesmo gênero, é, na verdade, um táxon válido, porém que não encaixa dentro do gênero Pterodactylus… para resolver o problema, eles decidiram propor um novo gênero para encaixá-la: Aerodactylus.

Foi isso mesmo que vocês leram, fãs de pokémon. Temos um pterossauro com nome de pokémon!

Veja a justificativa da etimologia do nome dada pelos autores no artigo (publicado na revista PLoS One):

“Aero = wind (Greek) + dactylus = finger (Greek), a common suffix in pterosaur names. The name derives from the Nintendo Pokémon Aerodactyl, a fantasy creature made up of a combination of different pterosaurian features. It seemed a pertinent name for a genus which has been synonymous with Pterodatylus for so long due to a combination of features.” –> Leia no próprio artigo disponível AQUI.

— Os caras zeraram a vida —.

Agora vamos aguardar pelo Blastoise, Bulbasaur, Kabutops, etc.

Curioso quanto ao nome de bichos pré-históricos? Atores de cinema, estrelas do rock, monstros japoneses, desenhos animados e até mesmo a os personagens de Tolkien já foram homenageados. Leia mais nessa antiga postagem de nosso blog: Os nomes mais estranhos da Paleontologia.