O Núcleo Audiovisual da UFPE-PROEXT (NAV-CVT UFPE) fez uma série de curtas de pouco mais de 1 minuto sobre Paleontologia, que serão exibidos diariamente na programação da TVU/Canal Brasil. Os Colecionadores de Ossos participaram desse projeto, junto ao PALEOLAB UFPE, coordenado pela Profa. Alcina Barreto, com o objetivo de divulgar a ciência paleontológica e as riquezas dessa ordem que temos em nosso país.
Ainda é uma pequena parcela da sociedade que tem conhecimento sobre a definição de Paleontologia, a existência de núcleos de estudo dessa ciência em nosso país, a sua importância e a extensão do patrimônio fossilífero brasileiro. É por essas e outras razões que a riqueza paleontológica de nosso país é pouco e explorada e quando explorada, feita de forma danosa.
Os Colecionadores de Ossos se aliaram à equipe da Profa. Alcina Barreto em prol da desenvolver uma consciência paleontológica para a sustentabilidade. Esse recurso além de ajudar a produzir conhecimento, pode fornecer uma alternativa sócio-econômica sustentável para a população. A ideia é que os fósseis sejam abrigados em museus locais que ajudem a atrair turismo para a região, além de apoiar as escolas e universidades e promover o desenvolvimento de uma identidade local da comunidade com os fósseis.
Assista os curtas:
Veja mais no canal do Youtube dos Colecionadores de Ossos: CLIQUE AQUI.
É com muita satisfação que podemos dizer que o PaleoLab (Laboratório de Paleontologia da UFPE, Recife) está aos poucos mudando o cenário do sertão do Araripe pernambucano.
Abaixo está a entrevista com a paleontóloga responsável pelo projeto, Dra. Alcina Barreto, publicada no Jornal do Comércio nesse último domingo.
Em breve, a região terá seu primeiro Museu Paleontológico e os Colecionadores de Ossos têm o prazer de acompanhar todo esse desenvolvimento.
Haverá mais documentários sobre essa região em 2014. Fiquem atentos.
Nós já vínhamos pensando em desenvolver um canal de VideoCasts há um bom tempo… mas é claro: havia uma série de empecilhos. Para começar, o tempo do qual dispunhamos para organizar isso, segundo, a vergonha, terceiro, o material (“mas que câmera horrível!”, “eu não sei mexer nesse programa!”, “putz, que amador!”) e quarto, o medo de não dar certo.
É claro que isso não ia levar a gente a lugar nenhum… Então, já que tudo tem que ter um ponta-pé inicial, arregaçamos as mangas, enchemos o peito de coragem e deixamos de nos preocupar com o amadorismo nesse primeiro momento.
O resultado??
Bom, aqui está – depois de algumas crises – o nosso primeiro videocast!!!!!!!!
Resolvemos batizar o canal de PaleoCast, para não perder o costume dos paleontólogos de utilizarem esse sufixo para tudo. Este será nosso canal de multimídia de agora em diante e procuraremos sempre trazer novidades. A idéia é fazer documentários que mostrem a Paleontologia brasileira na prática e de forma descontraída.
Para estrear o PaleoCast, iremos apresentar o capítulo introdutório de um documentário que gravamos em nossa última saída de campo ao Cariri. Ele será dividido em vários capítulos de 5 minutos cada um.
A expedição foi realizada em busca de fósseis na Chapada Araripe, no interior do nordeste brasileiro.
Filmamos e editamos esse material com orçamento zero, pelo simples prazer de divulgar conhecimento. =)
Esperamos que gostem!! Os erros se consertam com o tempo!
O polêmico paleontólogo inglês David Martill pronunciou-se uma vez mais contra as leis de proteção do patrimônio fossilífero brasileiro. Desta vez, ofendendo não apenas a competência de nossos profissionais, como a soberania da Nação – vejaAQUI.
No final do século XIX e início do século XX era muito comum a exploração de fósseis brasileiros e o seu envio para coleções museológicas e particulares no exterior. Porém, a partir de 1942, o Decreto-lei 4.146 proibiu o comércio e a retirada irregular do país de qualquer material dessa natureza. A partir deste marco, os fósseis passaram a ser entendidos como bens da uniãoe a sua exploração passou a ser regulada por um órgão governamental, o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). Nas décadas que seguiram, outros instrumentos legais passaram a reforçar e complementar tal decreto e, na atualidade, os fósseis são vistos como partes do patrimônio cultural e natural da Nação (clique AQUI para ler mais sobre os aspectos legais de proteção ao patrimônio fossilífero brasileiro).
É inegável que os fósseis são itens de valor inestimável cultural e intelectual. Baseado nisso é que as leis de proteção aos mesmos foram criadas no Brasil. Estrangeiros não são proibidos de pesquisar fósseis brasileiros. O que nossas leis garantem, apenas, é que esses fósseis permaneçam no Brasil e sejam estudados em parceria com instituições brasileiras. Porém isso parece irritar David Martill. Ele acredita que essa condição atrapalha o avanço da ciência como um todo e se recusa a aceitar que conhecer e preservar a própria história é direito de um país.
David Martill é conhecido por ter descrito uma série de fósseis brasileiros suspeitos de tráfico (i.e. suspeitos de terem sido retirados irregularmente do Brasil depois de 1942). A última polêmica gira em torno de Tetrapodophis, uma suposta serpente fóssil com patas proveniente dos depósitos da Formação Santana, Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil. A fúria de Martill expressa na carta mencionada acima é referente aos questionamentos que surgiram sobre a legalidade do fóssil de Tetrapodophis, espécime que pertence hoje à um museu particular alemão.
Fósseis brasileiros sendo vendidos no e-bay – DENUNCIE (Basta clicar em REPORT ITEM, então selecionar: Prohibited and restricted items, Illegal items, Other illegal Activity). Se tiver um tempo, escreva ainda para o DNPM (órgão responsável por averiguar essa questão), ouvidoria@dnpm.gov.br.
Qualquer viagem ao passado precisa começar em algum lugar aonde encontramos evidências de tempos antigos ou de vidas passadas, como por exemplo: a tumba de um faraó, o leito de morte de um mastodonte ou ainda um cemitério de trilobitas… É verdade também, que qualquer viagem no tempo começa, geralmente, em algum lugar empoeirado, muito frio ou muito quente e – quase sempre – … distante.
Essa nossa viagem no tempo nos levou por quase 2.200 km de estradas Brasil a dentro, para um lugar muito quente, onde a água que cai do céu é um verdadeiro tesouro. Chegamos lá na estação das chuvas, todavia, eu mesma – que já estive lá por outras vezes – nunca vi o Sertão tão verde.
O interior do nordeste brasileiro guarda pedaços de vários momentos da história geológica de nosso planeta. É o paraíso de qualquer geólogo ou paleontólogo. Trata-se de um lugar tão especial, que foi escolhido para abrigar o primeiro Geopark brasileiro: o Geopark Araripe.
A história que esta terra semi-árida guarda é tão fantástica, que parece até ironia do destino: a profecia de que “o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão“, sim, é verdadeira. Na escala do tempo geológico isso é quase uma brincadeira…
Neste mês, vocês terão a oportunidade de acompanhar aqui no “Colecionadores” uma série de pequenos posts sobre a paleontologia do nordeste brasileiro. Vamos falar um pouco sobre a diversidade e a peculiaridade desse patrimônio nacional e esperamos que isso ajude a formar uma identidade entre o povo e mais um tipo riqueza natural que muitos poucos reconhecem…
O sertão no tempo dos dinossauros – Parte 1
Nós, paleontólogos, cientistas que estudamos o passado remoto, damos a lugares com evidências de vidas antigas, uma multiplicidade de nomes: Afloramentos, seções estratigráficas, exposições, estratos, camadas…etc. Todos são nomes para indicar rochas que possivelmente abrigam fósseis e que, por muito tempo, esconderam segredos do passado.
Lugares assim são muito comuns, o que são raros mesmo são o que chamamos de ‘afloramentos-modelo’. Aqueles, cujos estratos guardam muitos fósseis ou fósseis bem preservados, bem articulados e sob todos os aspectos, considerados excepcionais…
O nordeste brasileiro possui lugares assim. Hoje vamos conhecer um deles, os conhecidos afloramentos do Membro ou Formação Crato (o título depende da proposta litoestratigráfica que você adotar…).
O Membro Crato representa um dos estratos da Formação Santana, unidade estratigráfica da bacia sedimentar do Araripe* (Veja imagem). Seus fósseis são conhecidos internacionalmente e posso apostar, que você, com certeza, já deve ter visto um….
A qualidade de preservação de seus fósseis é tão impressionante, que detalhes da pele ou dos órgãos internos dos organismos ficaram conservados. Além do mais, é muito comum também a preservação de impressões de membranas alares de pterossauros, penas de aves (ou dinossauros) e o padrão de coloração das asas de insetos fósseis.
Depósitos com essa qualidade são conhecidos como Lagerstätte. Uma denominação de abrangência internacional, que caracteriza depósitos fossilíferos excepcionais (assim como aquele aonde foi encontrado o Archaeopteryx – o primeiro dino-ave com penas conhecido).
A idade do Membro Crato foi atribuída como pertencente ao Cretáceo, o último período da ‘Era dos Dinossauros’ (A Era Mesozóica). Com base em estudos aplicados de estratigrafia, acredita-se que os seus estratos sejam, mais especificamente, de idade Aptiana-Albiana (~120 milhões de anos).
O que tudo nos indica é que a região aonde hoje são encontrados estes fósseis, tenha sido, no passado, um enorme lago, que em alguns pontos poderia atingir mais de 50 km de extensão (!).
Este paleo-lago apresentava condições perfeitas para preservação de fósseis: águas calmas e um fundo anóxico (com ausência de oxigênio), que impedia a ação de bactérias na decomposição dos cadáveres de organismos.
São comuns fósseis de peixes (principalmente do gênero Dastilbe), insetos, aracnídeos, moluscos, crustáceos, quelônios, anfíbios, pterossauros, crocodilos, lagartos e aves, assim como fósseis de vários tipos de vegetais (algas, gimnospermas e angiospermas).
A unidade é hoje caracterizada por calcários laminados de coloração amarela a creme, avermelhada ou cinza, com estratificação plano-paralela. A sua beleza atraiu desde o início muitos mineradores, que ainda hoje extraem as rochas para o uso na construção civil – principalmente de aplicação ornamental (utilização como azulejos).
De forma cotidiana, essas lajes de pedra são conhecidas como “Pedras Cariri”.
A região de ocorrência desses afloramentos engloba o entorno da Chapada do Araripe, principalmente o interior do estado do Ceará.
Destacam-se os arredores das cidades de Santana do Cariri, Nova Olinda, Crato, Barbalha, Missão Velha, Porteiras e Jardim.