>Novo Croc gigante do Paleoceno Colombiano e pistas sobre a origem dos Dyrosauridae

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Ilustração acima: Danielle Byerley, Florida Museum of Natural History

A Formação Cerrejo, no Nordeste Colombiano, estimada como do Paleoceno Médio-Tardio – baseado em estudos de isótopos de carbono e palinomorfos – apresenta o primeiro bom registro de ecossistemas continentais terrestres para essa brecha no tempo na América do Sul.

As descobertas mais recentes, feitas numa área de exploração de carvão, indicam não só a mais antiga evidência macrofóssil de florestas neotropicais, como também, a presença da maior serpente fóssil já descoberta, Titanoboa cerrejonensis. Além disso, há registros de cágados gigantes, peixes dipnóicos e elopomorfos e de um raro Crocodiliforme Dyrossaurídeo de focinho curto, conhecido como Cerrejonisuchus improcerus.

Num trabalho recém-publicado de Alexander Hastings, Jonathan Bloch e Carlos Jaramillo, um novo dyrossaurídeo de focinho longo, Acherontisuchus guajiraensis foi descrito para a região. O material fóssil havia sido coletado em 1994, mas ficou retido na mina de carvão até 2004, quando foi levado a Universidade da Flórida para estudos. O que chama atenção, é o tamanho do animal.

Há 60 milhões de anos atrás, Acherontisuchus guajiraensis, de 9 m de comprimento, coexistiu com a gigantesca Titanoboa cerrejonensis em um sistema de rios semelhante ao atual Amazonas, atravessando uma as primeiras florestas tropicais úmidas do mundo, até desembocar no que seria um dia o Mar do Caribe.

O focinho longo do Acherontisuchus deve ter sido utilizado para capturar peixes e os autores ainda sugerem que o animal deveria ter competido com Titanoboa por alimento.

As análises nos fósseis descritos no artigo mencionado ecaixam Acherontisuchus em um grupo de Crocodiliformes chamado de Dyrossaurídeos, animais que usualmente habitavam ambientes marinhos e fluviais costeiros. 

Vale à pena checar o artigo também porque os autores realizam uma nova análise cladística para os Dyrosauridae, utilizando 82 caracteres do crânio e mandíbula para encaixar Acherontisuchus guajiraensis em sua posição dentro do grupo. Eles incluem dyrossaurídeos do Novo Mundo e do Velho Mundo como Hyposaurus rogersii, Congosaurus bequaerti, Atlantosuchus coupatezi, Guarinisuchus munizi, Rhabdognathus keiniensis e Rhabdognathus aslerensis.

Os resultados são consistentes com relação a origem africana dos Dyrosauridae, com dispersões para o Novo Mundo durante o Cretáceo Tardio, passando por uma transição de habitats marinhos em taxa ancestrais, para ambientes fluviais em taxa mais derivados.

Bibliografia:
. HASTINGS, A.K., BLOCH, J. I., JARAMILLO,.C.A. 2011. A NEW LONGIROSTRINE DYROSAURID (CROCODYLOMORPHA, MESOEUCROCODYLIA) FROM THE PALEOCENE OF NORTH-EASTERN COLOMBIA: BIOGEOGRAPHIC AND BEHAVIOURAL IMPLICATIONS FOR NEW-WORLD DYROSAURIDAE. [Palaeontology, Vol. 54, Part 5, 2011, pp. 1095–1116]

>Quando a vida quase acabou

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Hoje, comemorando o regresso das postagens nos Colecionadores de Ossos, depois de um período acadêmico conturbado para todos os integrantes, teremos a revisão do livro “When Life Nearly Died” (‘Quando a vida quase acabou’), de Michael Benton, por Tito Aureliano:


Eu gosto da maneira que o Dr. Mike Benton escreve, não só porque o meu primeiro livro de Paleontologia da infância, aos nove anos, foi um dos livros dele, mas também porque é uma leitura didática e com um bom ritmo.

No caso de “When Life Nearly Died”, Dr. Benton nos conta sobre a famosa e estrondosa Extição Permo-Triássica. Entretanto, esse livro se diferencia das outras literaturas à respeito pois dá uma geral em aspectos conceituais diversos que vão além dos fósseis do Permiano. Ele descreve primeiros estudos de Geólogos e Zoólogos europeus e seus intermináveis debates para aceitarem o conceito de Extinção em Massa, que seria o de uma perda de um grande número de Famílias em um curto período de tempo. E ele vai fundo nos debates, argumentos e contra-argumentos durante os dois séculos de pesquisa sobre o assunto.
Apresenta também conceitos gerais a respeito de extinções em massa. Muito bem ilustrado com gráficos informativos. Em um segundo momento da leitura, Dr. Benton dá enfoque especificamente à fauna permiana encontrada em algumas localidades.
Eu aconselho esse livro para os que desejam saber não só à respeito da grande Extinção Permo-Triássica, como também conceitos gerais diversos que orbitam esse assunto.
Está aprovado!
Vocês podem encontrar esse livro usado em bom preço aqui:

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Boa leitura!!

>A Estante do Tio Price

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Inaugurada hoje a ESTANTE DO TIO PRICE!!!
“A Estante do Tio Price” é uma livraria on-line voltada para venda de livros de Paleontologia e áreas afins.

Criada por meio de uma parceria entre os Colecionadores de Ossos e Titossauro.com, essa loja on-line tem o intuito de atender tanto aos profissionais da área, quanto ao público geral interessado em literatura sobre o assunto.
    
Utilizamos o sistema integrado do famoso site Amazon.com, e a forma de pagamento é segura, por meio do sistema interno deles. Todos os fornecedores originais dos livros são vistoriados pela equipe do Amazon.com e apenas repassamos as ofertas do site a fim de organizar a literatura disponível e tornar mais prática a busca e facilitar o acesso.

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Xixi de Dinossauro? – O Paleo-deserto Botucatu Parte IV

Dando continuidade a série de posts sobre os icnofósseis da Formação Botucatu (Veja as outras publicações AQUI), hoje vamos apresentar a última parte da história: A verdade sobre o URÓLITO, o vulgo “xixi fóssil”.

 
Figura 1. Laje de arenito com preservação de extrusão líquida: Urólito. Foto por Marcelo Adorna Fernandes.
 
A descoberta foi feita em Araraquara, interior de São Paulo. Trata-se da primeira evidência de que os dinossauros pudessem urinar.
 
Marcelo Adorna Fernandes (paleontólogo e professor do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da UFSCar) e sua esposa, Dra. Luciana Bueno dos Reis Fernandes, descobriram no ano de 2001, em uma pedreira local de Araraquara, nos arenitos da Formação Botucatu, uma marca fossilizada supostamente deixada pela urina de um dinossauro. Essa estrutura preservada, com cerca de 140 milhões de anos (Período Jurássico), foi analisada pelo paleontólogo especialista em Coprólitos (fezes fossilizadas), Dr. Paulo Roberto de Figueiredo Souto, da UFRJ, Rio de Janeiro, que confirmou a identificação inusitada.
A descoberta de Marcelo e Luciana foi apresentada pelos pesquisadores à comunidade científica em congressos nacionais e internacionais, até que em 2004, eles e o Dr. Paulo Souto finalmente publicaram o achado na Revista Brasileira de Paleontologia (acesse o artigo AQUI).
 
Até então a única evidência da ocorrência urina associada a dinossauros havia sido apresentada à comunidade científica no ano de 2002, durante o 62o Congresso da Sociedade Norte Americana de Paleontologia de Vertebrados em Oklahoma, nos Estados Unidos, por um casal de geólogos, McCarville & Bishop. Nenhum trabalho científico foi publicado desde então e nem tão pouco sugerida uma terminologia específica para classificar essa estrutura de escavação produzida por fluxo de líquido dessa natureza.
 
Figura 2. Imagem retirada do site “Ciência Hoje”.
 
O termo urólito, composto por duas palavras de origem grega, “uro” que significa urina e “lithos” que significa pedra, foi sugerido para nomear a estrutura com 34 cm de comprimento; trata-se de uma pequena cratera elíptica de escavação provocada pelo impacto de líquido em queda, com um escorrimento de sedimento depositado gravitacionalmente em um plano inclinado (Figura 1, 3 e 7).
 
Figura 3. Urólito – Por Marcelo Adorna Fernandes.

 

As pegadas deixadas por dinossauros ornitópodes e terópodes que caminharam através das dunas do paleodeserto são bem diferentes da estrutura correspondente ao urólito. Ao caminhar, os animais compactavam a areia onde pisavam, deixando preservadas, além da depressão da pegada, uma elevação em forma de meia-lua nas bordas de maior esforço.
 
Figura 4. Pegada de dinossauro terópode da Fm. Botucatu. Foto por Marcelo Adorna Fernandes.
 
Simulando-se as condições pretéritas, um simples teste experimental foi realizado, onde certa quantidade de água foi derramada em um plano inclinado, o que produziu uma estrutura de escavação e escorrimento muito semelhante ao urólito (Foto abaixo).
 
Figura 5. Ao derramar-se certa quanti
dade de líquido em um plano inclinado, a estrutura formada é semelhante a do urólito. Foto por Marcelo Adorna Fernandes.
Os estudos referentes a paleofauna da região atestam a presença de pequenos mamíferos e de dinossauros, porém o urólito só poderia ter sido produzido por animal de médio à grande porte, neste caso só poderia ser um dinossauro.
 
Comparando e analisando o comportamento de aves ratitas atuais, como o Struthio camelus (avetruz), foi possível verificar um forte fluxo de extrusão líquida (urina) produzida por estes animais antes da excreção da parte sólida. Nos avestruzes, antes da eliminação, a urina fica armazenada no urodeum, que tem uma função semelhante à bexiga urinária dos mamíferos. A parte sólida fica armazenada no coprodeum e são eliminadas posteriormente à eliminação da urina. Assumindo que certos grupos de dinossauros tivessem uma fisiologia parecida a do avestruz, eles poderiam provocar uma erosão na superfície do sedimento inconsolidado quando eliminassem certas quantidades de líquido na forma de urina.
 
Figura 6. Extrusão líquida em avestruzes. Foto por Marcelo Adorna Fernandes.
Uma bexiga urinária nos tetrápodes é muito importante na conservação de água sendo que em alguns grupos de animas como sapos, rãs, pererecas, jabutis e em alguns lagartos, admite-se que a reabsorção de água pela bexiga seja essencial para impedir a dessecação quando em ambiente terrestre de pouca umidade. A eliminação de urina da bexiga desses animais ocorre através de um orifício cloacal comum.
O fato desse urólito estar associado à fauna dinossauriana da Formação Botucatu, que corresponde a um antigo ambiente desértico, sugere que a presença de uma estrutura responsável pelo armazenamento e reabsorção de água seja aceitável e possível, corroborando com a idéia de que haveriam grupos de dinossauros que pudessem urinar.
 
Este urólito é o primeiro registro deste tipo de vestígio fóssil no Brasil, sendo também uma das primeiras evidências do modo de extrusão líquida atribuída a dinossauros no mundo.
– Para a Formação Botucatu são conhecidas pelo menos duas ocorrências de urólitos.
Figura 7. Detalhe do Urólito (Esquerda)
 
Entre em contato com o Paleontólogo Dr. Marcelo Adorna Fernandes:
Laboratório de Paleoecologia e Paleoicnologia – Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva – Universidade Federal de São Carlos, UFSCar
Contatos pelo telefone: +55 (16) 3351-8322
E-mail: mafernandes@ufscar.br
 

>"Sea Dragons"

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“Sea Dragons:
predators of the prehistoric oceans”
(Richard Ellis, 2003)


Meses atrás estava procurando literatura científica para enriquecer o conhecimento sobre os grandes grupos de répteis marinhos do Mesozóico – Ictiossauros, Plesiossauros e Mosassauros. Descobri o livro “Sea Dragons – predators of the ancient oceans”, de autoria de Richard Ellis: uma verdadeira bíblia para interessados no assunto, a qual recomendo para qualquer paleontólogo de vertebrados ou entusiasta na área.

O livro descreve detalhes sobre fauna Mesozóica dos três maiores grupos de répteis marinhos, incluindo peculiaridades sobre cada espécie encontrada e seus respectivos paleoambientes. Ele tem um panorâma mundial, não se limitando-se a regiões geográficas específicas como outros livros encontrados na literatura sobre o assunto.

Figura acima: Plesiossauro – elasmossaurídeo predador. Richard Ellis.

Ellis realizou suas próprias ilustrações em nanquim, tanto para os materiais fósseis apresentados, quanto para as reconstruções dos animais. Para quem aprecia Paleoarte, portanto, esse livro torna-se ainda mais interessante.

O mais fantástico é o fato de o autor ser um artista plástico e não um ‘cientista/paleontólogo’ propriamente dito. Apaixonado pelo tema, Ellis fez um ótimo trabalho, tendo recebido consultoria e auxílio de várias sumidades no assunto. O resultado final foi amplamente aprovado! Isso é prova de que não é necessário ser um ‘Doutor na área’ para produzir literatura científica de qualidade – basta o esforço, muita dedicação e profissionalismo.

O livro possui um rico levantamento de dados e bibliografia para quem deseja buscar informações mais aprofundadas e mantém uma linguagem, que apesar de técnica, é acessível para o público geral.

Observação: “Sea Dragons” foi escrito em 2003, portanto o leitor deve ter em mente que algumas poucas teorias citadas no livro já foram derrubadas. Alguns animais descritos mais recentemente também faltam nas listagens. Entretanto, o livro é um must com todo o conhecimento adquirido até a data que foi publicado.



Eu Aprovei!

Figura acima: Mosassauro. Richard Ellis.

Onde comprar?
Eu comprei esse no site da AMAZON. Você encontra por US$ 6,90!
Confira no link abaixo: