Cientistas descrevem código genético de dois parasitas da malária

Microgametócito de P. vivax em uma amostra de sangue. Fonte: Wikimedia CommonsMicrogametócito de P. vivax em uma amostra de sangue. Fonte: Wikimedia Commons

Cientistas mapearam os genomas de dois agentes causadores da malária, a doença que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, matou 881 mil pessoas e infectou 247 milhões no mundo todo em 2006.

Os novos dados ajudarão a desenvolver remédios e vacinas para combater a doença transmitida pelos mosquitos Anopheles, afirmam os dois grupos de pesquisadores que publicam hoje seus trabalhos na revista “Nature”.

“Será uma ferramenta poderosa”, disse Jane Carlton, da Universidade de Nova York, principal autora do mapa do genoma do Plasmodium vivax, em reportagem da agência de notícias Reurters.

Entre os que colaraboraram com o estudo de Carlton estão o técnico de nível superior Márcio Yamamoto, da Universidade de São Paulo, e Hernando del Portillo, atualmente no Centro Internacional de Pesquisa em Saúde de Barcelona, mas que estava na USP quando participou do estudo.

A equipe de Carlton descreveu a sequência completa do código genético do animal unicelular que é o responsável pela maior parte dos casos de malaria na América Latina e grande parte da Ásia. No total, de todos os casos de malaria no mundo, 40% são provocados pelo P. vivax –2,6 bilhões de pessoas correm risco de serem contaminadas por ele.

Embora o tipo de malaria que o P. vivax provoque não seja normalmente fatal, os sintomas são mórbidos: febres que somem e reaparecem de hora em hora, dor de cabeça, cala-frios, suor excessivo, vômito, diarréa e inchaço do fígado–justamente o órgão onde o parasita se instala no corpo.

Depois da primeira aparição da doença, o vivax pode permanecer adormecido no fígado por meses ou anos, até voltar a atacar. Os pesquisadores descobriram genes que podem ser os responsáveis pelo adormecimento, o que talvez ajude os cientistas a encontrarem uma maneira de estragar o “sono” do parasita. Outros genes descobertos pelos pesquisadores parecem ajudar o parasita a invadir as células vermelhas do sangue e escapar da polícia do corpo–o sistema imunológico. O P. vivax está se tornando resistente a alguns remédios antimalária.

A maioria da mortes por malária na África são causadas pelo Plasmodium falciparum, cujo genoma foi mapeado em 2002.

Os pesquisadores descobriram que o genoma do vivax se parece de várias maneiras com o do falciparum, o que significa que certas estratégia para vacinas sendo testadas contra o parsita africano podem ser úteis no combate ao vivax.

Outra equipe, liderada por Arnab Pain, do Instituto Wellcome Trust Sanger (Reino Unido), fez o mesmo tipo mapeamento completo para o genoma do parasita de macacos Plasmodium knowlesi.
Esse parasita está rapidamente se estabelecendo como o quinto mais importante causador de malária em pessoas.

Os pesquisadores descobriram um truque usado pelo P. knowlesi para evitar a detecção pelo sistema imune. Alguns de seus genes são muito parecidos com o gene humano envolvido na regulação dos sistema imune.

Para saber mais

Um perfil engraçado de Jane Carlton, uma “viciada em genômica”, publicado na Inkling Magazine, conclui falando do trabalho sobre o P. vivax:

Embora não seja tão letal quanto o P. falciparum, essa espécie de malária einfecta muito mais gente no mundo inteiro e tem um alcance muito maior, persistindo na África, Ásia e América do Sul. Ela [Carlson] planeja lançar o genoma do P. vivax como uma comporação entre quatro espécies diferentes de malária. Ela espera encontrar pistas de alvos para remédios comuns a todas as espécies e ganhar intuição nas diferenças de suas virulência e letalidade. Por favor, note que apenas um usuários experiente do calibre de Carlton poderia tentar tal estudo intenso. E que Carlton seja um exemplo para todos considerando fazer genômica: cuidado, você pode se viciar.

Tudo o que você sempre quis saber sobre o Plasmodium vivax e malária em geral, mas nunca encontrou alguém para lhe explicar, está no Vivax Malaria, um site mantido por Carlton.

Discussão - 1 comentário

  1. João Carlos disse:

    E é bom que alguém descubra logo uma vacina contra a malária... O uso abusivo de antibióticos (inclusive como tratamento preventivo) tornou essa doença praticamente imune aos medicamentos existentes...

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