Confiram “Histórias da Medicina”
A repórter de ciência Luciana Christante escreve sobre o pai da farmacologia brasileira, médicos pré-históricos, plagiadores renascentistas, uma campanha anti-tabagismo ilustrada pelo Ziraldo, uma obsessão insana por raios X no começo do século passado, o viagra tosco dos anos 80 e por ai vai, em seu blog Histórias da Medicina. Já está na lista dos meus favoritos. LINK
Misteriosa “correnteza escura” arrasta galáxias
Mapa da radiação cósmica de fundo. As cores representam diferenças de temperatura ao redor de 2,7 graus Kelvin. Os pontinhos brancos são as posições no céu de 700 aglomerados de galáxias emissores de raios X. A região cor-de-rosa é para onde a “correnteza escura” está arrastando os aglomerados. Crédito: NASA/WMAP/A. Kashlinsky et al.
Astrônomos descobriram uma tendência sutil, quase imperceptível, no movimento de galáxias distantes. O fenômeno foi batizado de “correnteza escura”, para combinar com o nome dos outros dois mistérios que mais tiram o sono dos cosmólogos: a matéria escura e a energia escura.
A matéria escura é um material hipotético, invisível, mas cuja massa influencia o movimento das galáxias e a expansão do universo. Ninguém sabe de que partículas ela é feita.
A energia escura é ainda mais misteriosa. Postulada para explicar a aceleração da expansão do espaço cósmico, a energia escura não é feita de partículas, e sua natureza ainda é uma incógnita.
Já a correnteza escura é um pequeno movimento que centenas de galáxias estão fazendo em direção a um trecho no céu, entre as constelações do Centauro e de Vela.
De acordo com um dos autores da descoberta, Alexander Kashlinsky, da Nasa, não há nada no universo observável que arraste galáxias dessa maneira. “A distribuição de matéria do universo não explica esse movimento”, diz Kashlinsky. CONTINUE LENDO
A alegria do tédio
Gente curiosa não morre de tédio. Mas um pouquinho de tédio não mata ninguém. Faz até bem a saúde mental, segundo reportagem sensacional de Carolyn Y. Johnson para o Boston Globe.
Johnson entrevistou vários pesquisadores sobre como tecnologias para aliviar momentos de “microtédio”–um conceito, aliás, criado pela indústria de telefones celulares multimedia–está afetando nossa resistência ao tédio e o pouco que restou da nossa capacidade de reflexão, de ruminar, processar, desenvolver, conectar pensamentos e sentimentos.
“As pessoas mais criativas”, diz o psicólogo Richard Ralley a Johnson, “são conhecidas por terem uma grande tolerância a longos períodos de incerteza e tédio.”
Descubra o segredo dos grãos na cozinha
Discos fotoelásticos na capa da Physical Review Letters, em janeiro de 2007
Mistérios do Universo você encontra até mesmo quando coloca um monte de grãos de arroz e feijão em uma lata de óleo vazia. Meu ex-colega de graduação Ricardo Vêncio achou este artigo da Revista Brasileira de Ensino de Física com dicas de experimentos simples para fazer na cozinha de casa e observar fenômenos cuja explicação completa vale um Prêmio Nobel.
Um desses fenômenos é o “Brazil Nut Effect” (“efeito castanha-do-pará”). Quem come cereais no café-da-manhã talvez já reparou que nos sacos com cereais sortidos, as castanhas-do-pará estão em geral por cima dos grãos de aveia. Tente mexer e virar de cabeça para baixo o saco para embaralhar os cereais. Em seguida, chacoalhe o saco repetidamente e você vai ver as castanhas subindo até chegar a superfície. Veja uma simulação do efeito no YouTube.
Físicos estudam ressurreição da Hidra
Crédito: Rita de Almeida, UFRGS
Pesquisadores da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) realizaram simulações por computador que explicam as primeiras etapas da regeneração total de um animal simples de água doce, de tamanho milimétrico, que fascina os cientistas desde o nascimento da biologia, no século 18.
A hidra–batizada com o nome do monstro mitológico que ganha outra cabeça sempre que lhe decepam uma de suas muitas—tem um poder fantástico de se recuperar de mutilações em seu ambiente natural. Mas é em laboratório que o bicho realmente impressiona.
A física Rita de Almeida, da UFRGS, ensina a receita. Pegue de 20 a 50 hidras e pique-as em pedacinhos. Coloque-os em uma solução que desgruda as células umas das outras. Ponha a solução em uma centrífuga, para embaralhar completamente as células.
Depois de algumas horas, as células que não morreram se juntam. Disforme no início, o agregado de células se organiza, assumindo a forma de uma esfera, feita de duas camadas. A camada externa (ectoderme) e a interna (endoderme) são feitas de células de dois tipos. Após dois ou três dias de movimentos e transformações, surge uma nova hidra.
A primeira fase da regeneração, em que as células de dois tipos—endodérmicas e ectodérmicas—se separam, é o que o modelo de Almeida e seus colaboradores explica.
“Todos os modelos anteriores supunham que os dois tipos de células grudam uns nos outros de maneiras diferentes”, conta Almeida. Os modelos, porém, não explicavam o que Jean-Paul Rieu observou em 1998, em seu laboratório na Universidade Claude Bernard, em Lion (França): a rapidez com que as células se organizam e os movimentos giratórios que fazem.
As novas simulações, publicadas em junho na revista “Physical Review Letters”, explicam as observações de Rieu.
Os pesquisadores perceberam que faltava levar em conta que as células são “maria-vai-com-as-outras”. Elas seguem as suas vizinhas como peixes em um cardume.
O colega de Almeida na UFRGS, Leonardo Brunnet, já estudava um modelo desse tipo de movimento coletivo, chamado de “boids”, criado em 1986 por Craig Reynolds, da empresa Sony, para animações por computação gráfica. O primeiro filme a usar os boids foi “Batman Returns”, de 1992, onde as partículas do modelo (os “boids”) representavam um bando de morcegos.
Cada “boid” se move de olho nos “boid
Miscelânea Marciana
Cratera Galle, em Marte. Crédito: ESA
Deixa eu compartilhar com vocês alguns links aleatórios de imagens da superfície de Marte que venho colecionando, como a imagem acima, da região do “rosto feliz”, na cratera Galle, divulgada em 2006 pela sonda Mars Express, da Agência Espacial Européia (ESA).
A ESA divulgou em julho deste ano imagens da região de Echus Chasma, um canion com quilômetros de extensão, largura e altura (aqui ,via Wired Science Blog).
Também no site da Wired, achei um artigo interessante de 2002, escrito por Oliver Morton, atual editor-chefe de jornalismo da Nature, sobre os lugares de Marte que os especialistas na superfície do planeta gostariam de visitar.
Fuçando no site da Mars Express e no site do instrumento HiRiSe, da sonda Mars Reconnaissance Orbiter, da Nasa, dá para viajar pelos cânions, crateras e dunas de Marte
As dunas de Marte, em especial, são muito interessantes. Veja que estranha esta foto tirada em setembro de 2007 que achei por acaso no começo do ano nos arquivos do HiRiSe:
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona
O físico Eric Parteli, da Universidade Federal do Ceará, me explicou por email que essas “cobrinhas” que aparecem em cima das dunas são feitas de partículas escuras e pequenas sobre a areia. Os padrões desses riscos escuros muda ao longo de horas e dias, a medida que o vento carrega as partículas, enquanto a areia das dunas, mais pesada, permanece imóvel.
Uma sonda anterior, a Mars Global Surveyor, pegou no ato um redemoinho de vento formando um desses riscos, na imagem abaixo, de 1999. Repare na trilha de desenhos espiralados:
Foto da região de Promethei Terra, em Marte. “Dust devil” é o redemoinho de vento. “Shadow” é a sombra do redominho. “Dark Streak” é o risco escuro. Crédito: NASA/JPL/Malin Space Science Systems
Ah, já ia me esquecendo do Google Mars, outra boa fonte de viagens imaginárias.