Show Business tem consultoria de cientistas top nos EUA

Produtores de cinema e de TV nos EUA agora só têm uma única desculpa para cometer gafes científicas, além da famosa “liçensa poética”: a igualmente famosa “má vontade”. A Academia Nacional de Ciências dos EUA criou um serviço totalmente dedicado a auxiliar o pessoal da indústria do entreterimento a retratar a ciência e os cientistas fielmente, chamado The Science and Entertainment Exchange (SEE) (intercâmbio entre ciência e entreterimento), coordenando pela escritora especializada em física, Jennifer Ouellette (que fala a respeito do SEE em seu blog).

Semana passada, dia 19, o SEE foi inaugurado em um simpósio, em Los Angeles, Califórnia, onde cientistas do calibre de Rodney Brooks, Steve Chu, Robert Full, Lisa Randall e Vilayanur Ramachandran, falaram a uma platéia de artistas do audivisual como Seth MacFarlane, criador do seriado Family Guy, e Lawrence Kasdan, roteirista dos episódios V e VI de Star Wars (fonte: New Scientist).

O que o SEE diz que pode fazer pelo profissional da indústria do entreterimento:

Varrendo o espectro de tópicos cientiíficos, o SEE pode encontrar especialistas que trabalharão com você para identificar e retratar eficazmente os detalhes científicos que complementam um enredo. Podemos ajudar a amadurecer idéias que dependem de detalhes acurados relacionados a insetos, vida extraterrestre, formas de vida terrestres não usuais ou os mistérios dos oceanos. Podemos refinar conceitos relacionados a conceitos científicos emergentes tais como viagem espacial, dimensões múltiplas, nanotecnologia, tecnologia de computadores e engenharia. Podemos encontrar especialistas em questões ecológicas e ambientais, de saúde, medicina e doenças e práticas educacionais nos EUA. Estamos também em boa posição de trabalhar com você em questões de políticas públicas relacionadas à ciência tais como pesquisa com células tronco, mudanças climáticas globais e ensino sobre evolução e a natureza da ciência. LINK

Agora imaginem a SBPC oferecendo consultoria aos roteiristas das novelas da Globo…

Balões na Antártida detectam possível sinal de matéria escura

At an accent rate of 1000ft/minute, the flight train is not visible for very long. Credit T. Gregory Guzik
Balão carregando instrumentos do experimento ATIC sobe nos céus da Antártida subindo a uma velocidade de 300 metros por minuto.
Crédito: T. Gregory Guzik

Um estranho sinal de elétrons de alta energia, registrado por detectores de partículas em balões sobrevoando a Antártida, está fazendo a alegria de físicos e astrofísicos. As duas explicações mais prováveis para o sinal são fantásticas.

Esses elétrons podem ter sido acelerados pelo poderoso campo magnético gerado por uma estrela de neutrons ou um buraco negro, a não mais que 4 mil anos-luz de distância da Terra. Não se conhece nenhum objeto assim tão perto de nós, mas é possível que ainda não o tenhamos observado.

A outra explicação, mais incrível ainda, é a de que os elétrons tenham sido criados durante a aniquilação de partículas de matéria escura.

A existência da matéria escura é a idéia mais aceita para entender uma série de observações astronômicas: o movimento de rotação das galáxias, a velocidade delas em seus aglomerados, a distorção da luz provocada por esses aglomerados (lentes gravitacionais) e as variações na temperatura da radiação cósmica de fundo. Todas essas observações sugerem que, para cada pedaço de matéria “normal”, do tipo de que somos feitos, existe aproximadamente 6 vezes mais matéria de um tipo desconhecido, que não interage com a luz, mas cuja presença no universo percebemos pela sua força gravitacional. Nesse cenário, 85% da matéria no universo deve ser matéria escura.

A descoberta dos misteriosos elétrons, publicada semana passada pela revista Nature, vem da análise dos dados tomados entre 2000 e 2003 pelo experimento ATIC.

Para estudar elétrons e núcleos de átomos de alta energia vindos do espaço, uma equipe internacional de pesquisadores vêm lançando detectores de partículas presos a balões na Antártida, chamados de ATIC (sigla em inglês para “calorímetro de ionização fina avançado”). Os detectores são lançados na Antártida para aproveitar os ventos da alta atmofera que circulam em torno do Pólo Sul–ali não há perigo do balão sair voando mundo afora e cair sabe-se lá onde. O ATIC fica por até 15 dias, a 35 km de altura, acima de 99,5% da atmosfera terrestre, praticamente no espaço, detectando raios cósmicos.

Os detectores do ATIC registraram um excesso de elétrons com energias em torno de 620 gigaeletron-volts (GeV). (Só para comparar, um próton em repouso tem 1 GeV de energia.) Chamou a atenção dos pesquisadores do ATIC o fato de 620 GeV ser mais ou menos a energia esperada para uma das candidatas a partículas de matéria escura.

Observações indicam que a matéria escura é feita de partículas além das conhecidas, que formam o Modelo Padrão das partículas elementares. Os físicos teóricos imaginam várias partículas candidatas a matéria escura e elas são genericamente conhecidas como WIMPs (sigla em inglês para partículas massivas fracamente interagentes).

Os WIMPs que correspondem ao pico de energia observado pelo ATIC são as partículas de Kaluza-Klein, K-K, para os íntimos. Essas tais K-K seriam capazes de viajar por dimensões espaciais extras de tamanho finito e microscópico. A qualquer momento uma partícula K-K pode se transformar em várias partículas mais leves e estáveis, como por exemplo, pares de elétrons e anti-elétrons (pósitrons). Os pesquisadores do ATIC investigaram se a origem dos elétrons podia ser a colisão de partículas K-K e descobriram que sim, mas apenas se o sistema solar estiver passando por uma nuvem de matéria escura com densidade anormalmente alta, o que não é impossível.

Outra evidência tentadora a favor da hipótese da matéria escura são os resultados de outro experimento, o PAMELA (“equipamento para exploração de matéria e antimatéria e astrofísica de núcleos leves”), um satélite que detectou um excesso de anti-elétrons em uma energia próxima à dos elétrons detectados pelo ATIC. (Veja os artigos científicos submetidos respectivamente a Nature e a Physical Review Letters.) É possível que os WIMPs. estejam colindindo entre si por ai e o PAMELA tenha detectado os anti-eletrons resultantes da colisão, enquanto o ATIC tenha detectado os elétrons!

Mais dados são necessários para traçar o perfil desses excessos de elétrons e anti-elétrons com maior precisão, antes de eliminar as hipóteses mais convencionais e dizer que descobrimos as partículas da matéria escura.

Tanto o ATIC, quanto o PAMELA ainda tem mais dados a serem analisados. O telescópio espacial Fermi de raios gama pode também confirmar os resultados de ambos experimentos, detectando os raios gama vindos da aniquilação de WIMPs.

Enquanto isso, o LHC pode acabar produzindo partículas de matéria escura, quando finalmente começar a funcionar. Pode ser também que detectores construídos dentro de minas subterrâneas para detectar raríssimas colisões de WIMPs com núcleos atômicos consigam, como os da mina Boulby em Yorkshire, reino Unido, tenham sucesso.

A bagunça do Einstein

Crédito: Ralph Morse, Time Inc.O escritório do Einstein, em Princeton. Bom para mostrar quando a sua mãe reclamar da bagunça do seu quarto…

A foto tirada em 1955, ano da morte de Einstein, faz parte do arquivo da revista Time Life que foi recentmente aberto ao público via internet. LINK (via Symmetry Breaking)

A dança do doutorado

Dançar na tese de doutorado não quer dizer se dar mal para os inscritos no concurso de dança “científica” promovido pela AAAS (Associação Americana para o Avanço da Ciência). O desafio é expressar teses de doutorado, tais como “entendendo a turbulência para usar fusão magneticamente confinada” e “gerando emaranhamento em um conjunto atômico frio via interação luz-átomo em um resonador óptico” em forma de dança. Dá para ver pelos vídeos da coreografias que os participantes, a maioria dos EUA e alguns da Europa e da Austrália, se empolgaram.

Claro que ninguém vai sair de uma apresentação de dança sabendo tudo sobre mecânica quântica, mas pelo menos vai sentir um pouco do entusiasmo e da diversão com que os cientistas fazem suas pesquisas.

Os ganhadores do concurso em quatro categorias (estudante de pós-graduação, pós-doutorado, professor e juri popular) submeterão um artigo científico publicado em um periódico com revisão por pares de sua autoria. Depois, terão de explicar o artigo a uma equipe de coerógrafos profissionais, que vai preparar uma apresentação de dança para o encontro anual da AAAS em Chicago, dia 13 fevereiro de 2009.

O resultado do concurso será divulgado amanhã, na revista Science. LINK (via Cocktail Party Physics).

Esponja marinha equipada com rede de “fibra ótica”

Tethya aurantium, a “laranja-do-mar”. Fonte: Wikimedia Commons

Tethya aurantium, a "laranja-do-mar". Fonte: Wikimedia Commons

A mãe natureza inventou as fibras óticas, centenas de milhões de anos antes de nós, concluiu um grupo de biólogos alemães. Eles descobriram que esponjas da espécie Tethya aurantium (“laranja-do-mar”) são capazes de absorver a luz de seu ambiente aquático e canalizá-la para dentro de seus corpos. A luz penetra no interior do animal marinho em um zigue-zague de múltiplas reflexões nas paredes internas de canudinhos de dióxido de silício (principal componente dos vidros comuns) que fazem parte de estruturas micoscópicas em forma de estrela, chamadas de espículas.

O princípio de propagação da luz pelas espículas é o mesmo pelo qual um pulso de luz é transmitido pelas fibras óticas. Uma rede de espículas forma o exoesqueleto que sustenta o corpo da esponja–organismo feito de várias células, mas sem nervos, músculos, ou qualquer outro tipo de órgão ou tecido. Apesar de primitivos, são os únicos animais conhecidos com “fibras óticas”. A luz canalizada permite que algas e cianobactérias vivendo no interior da esponja ao redor das espículas façam fotossíntese, produzindo nutrientes essenciais para o crescimento da esponja.

O que os biólogos fizeram para descobrir tudo isso? Em um local escuro, inseriram papel sensível à luz dentro das laranjas-do-mar e, depois, acenderam as luzes. Quando extrairam o papel de dentro das esponjas, viram que os pontos no papel impressionados pela luz coincidiam com as pontas das espículas. No artigo publicado no Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, os pesquisadores ainda observam que a silica de origem biológica pode ser sintetizada em laboratório para aplicações tecnológicas. LINK

Leitor(a), seu pedido é uma ordem

Após problemas socio-econômico-psicológicos, o Universo Físico volta a funcionar semana que vem, com novidades. Para acertar na dose, porém, preciso saber de você–você, leitor ou leitora que acessa constante ou esporadicamente este blog. Preciso até de você que caiu aqui sem querer pelo Google.

Quem é você? Qual sua profissão? Você estuda? Está no colégio, no cursinho, na faculdade, na pós-graduação?

O que você quer ler aqui ? O que você sempre quis saber sobre matemática, física, química, geologia, meteorologia, astronomia e oceanografia? Quais são seus assuntos favoritos? Quais são suas dúvidas?

Que tipo de texto você mais gostaria de ler:

  • Notícias sobre as últimas descobertas científicas publicadas pela Nature e a Science? Notícias de pesquisas de ciências físicas feitas no Brasil?
  • Quer conhecer o dia-a-dia dos cientistas brasileiros através de fotos e entrevistas exclusivas?
  • Ou que tal reportagens respondendo àquelas perguntas estranhas que às vezes pipocam na nossa cabeça, que parecem tão idiotas e ninguém que você conhece sabe a resposta direito, por exemplo, “Como se forma uma nuvem?” “Por que a gelatina treme?” “Por que a chama do fogão é azul?”

Não precisa responder tudo! Quero apenas conhecer vocês melhor para, como está escrito nos saquinhos de pão, “servir bem, para servir sempre.”


Nanobamas – Faces de Obama em nanotubos de carbono

Crédito: John Hart, Sameh Tawfick, Michael De Volder e Will WalkerCrédito: John Hart, Sameh Tawfick, Michael De Volder e Will Walker

Cada rosto do Obama nesta foto tem mais ou menos 500 mil nanômetros de comprimento e é feito de 150 milhões de nanotubos de carbono. O que não surpreende é o candidato escolhido pelos cientistas, Barack Obama,  favorito entre os ganhadores do Prêmio Nobel e de qualquer um com um pingo de juízo. LINK (via Wired Science)

P.S.:  Não resisti…

Fechando para balanço porque a coisa aqui tá preta

Bem pessoal, desculpem os chavões, mas vou realmente fechar o blog para balanço. O motivo é que a coisa no Brasil está preta, como explico mais adiante. Volto a publicar aqui dia 5 de janeiro de 2009.

Estou desempregado, decepcionado com as opções de trabalho oferecidas pelos meios de comunicação nacionais. Salvo raras oportunidades, por mais que se esforce, o jornalista científico no Brasil está condenado a uma rotina de copiar-traduzir-cozinhar-e-colar conteúdo produzido no exterior, e a enfadar os leitores com textos perfunctórios do tipo “pesquisadores brasileiros da Grande Universidade X publicaram mais um artigo científico no prestigioso periódico internacional Y, graças ao dinheiro do Programa de Incentivo W, da Fundação Pública Z”.

Resolvi, portanto, dedicar os próximos dois meses a estudar para os processos de seleção de cursos de mestrado em science writing nos EUA e no Reino Unido. A intenção é se preparar para escrever em inglês para publicações internacionais. Caso até isso não dê certo, largo tudo para vender dvds piratas na Augusta.

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