O Mundo visto de cima (e os cortiços de São Paulo…)
Terreno montanhoso próximo a Maelifellssandur, região de Myrdalsjökull , Islândia (63°51’N, 19°18’W). Foto de Yann Arthur-Bertrand
O fotógrafo francês Yann Arthus-Bertrand apresenta as fotos de sua série “Terra vista de cima” em Nova York, segundo o Boston Globe, ( via Seed Daily Zeitgeist).
As fotos maravilhosas podem ser vistas e baixadas no site do fotógrafo. Entre as magníficas fotos da série, que incluem panoramas de savanas, florestas, mares árticos e antárticos, achei duas fotos de de São Paulo, que merecem atenção. Traduzi as legendas originais em inglês. É bom ver o lugar que a gente mora com o olhar de alguém de fora.
Mais de 5 milhões de “paulistanos”–residentes de São Paulo, Brasil–vivem
em subúrbios de classes trabalhadoras em edifícios lotados conhecidos
como “cortiços”. Os distritos de trabalhadores ilustram as mudanças que
vêm acontecendo em São Paulo desde que a cidade cresceu de 250 mil
habitantes em 1900 para 26 19,9 milhões hoje. Atualmente o maior centro
urbano do Brasil e da América do Sul, essa megalópolis ocupa 8 mil
quilômetros quadrados, mais que três vezes o tamanho da grande Paris. É o
lar de 41% da indústria brasileira, fornece metade das mercadorias
manufaturadas do país, e abriga 45% da força de trabalho brasileira.
Mesmo assim, desde 1970 outro tipo de residência tem se espalhado aqui
na cidade mais próspera do país: “favelas”, que hoje abrigam 20% dos
paulistanos. A crescente desigualdade entre ricos e pobres, junto com o
atendimento de suas carências sociais, é um problema em todo o país e o
continente inteiro. Crédito: ©2008 yannarthusbertrand2.org
Onde os jesuitas fundaram uma pequena missão em 1554, agora se
ergue a maior megalopolis do continente, como pelo menos 26 milhões de
habitantes. A cidade cresce a uma taxa de 60 quilômetros quadrados por
ano. Ela cresce para cima também, suas casas térreas primeiro
substituidas por “prédios altos”, depois por “edifícios” e finalmente
pelos orgulhosos “arranha-céus”. Inevitavelmente, essa concentração de
gente trouxe um influxo de carros e engarrafamentos que, igualmente
inevitáveis, pioraram a poluição do ar. Com respeito a isso, o ar de São
Paulo tem se tornado tão irrespirável quanto o da cidade do México, que
é vulnerável por causa de sua altitude, e o de Atenas, onde a inversão
das correntes de ar faz o smog esverdeado estagnar. Em Londres, o smog
que trazia consigo a broquite, a asma, e doenças fatais do pulmão
desapareceu depois que uma lei aprovada nos anos 1960 tornou os filtros
nos escapamentos obrigatórios. Haverá um dia alguém com a coragem de
regular o uso do carro, a deusa dos tempos modernos, e assim reduzir
dramaticamente a poluição? Crédito: ©2008 yannarthusbertrand2.org
Discussão - 2 comentários
Fotos belíssimas! A segunda é o Copam?
Lindo!!!!!!