O café nosso de cada dia
Cena comum nos institutos de pesquisa (e, suponho eu, firmas, redações, etc, etc…): chega o estudante e vai direto, como um zumbi, para a máquina de café e com este em sua xícara para sua mesa de trabalho.
Cena igualmente comum e concomitante: o café espirra da xícara para o chão, tampo da mesa, teclado, roupa…
Isso é uma verdade absoluta, a menos que o nosso personagem esteja minimamente acordado (ou escolado) e ande da máquina de café à sua mesa equilibrando a xícara para o café não espirrar.
Apesar de estas serem verdades do nosso dia-a-dia, nunca antes tinham sido estudadas sistematicamente. Até agora.
Hans Mayer e Rouslan Krechetnikov, escrevendo para o Physical Review E desta semana estudaram o café nosso de cada dia e os motivos pelos quais ele espirra para fora da xícara. Eles mostraram que o modo fundamental como o café oscila na xícara é facilmente atingido pelo caminhar normal de um ser humano. E que “equilibrar a xícara” significa andar de um forma a não excitar esse modo de oscilação ou pelo menos contra-balançar o tal modo à medida que se anda. No trabalho, eles desenvolvem um modelo matemático simples e eficiente para modelar os dados experimentais, medidos com pessoas de verdade e câmeras que observavam o café à medida que estas andam, tomando cuidado, ou não. Ah! Eles inclusive mostram que se você tropeçar, corre o risco de derrubar todo o café… e ter que voltar pra máquina pra começar tudo de novo… 😛
O trabalho pode ser lido em Phys. Rev. E 85, 046117 (2012). Infelizmente, eu não achei uma versão de acesso gratuito… 🙁
Discussão - 3 comentários
Esse trabalho é um forte candidato ao Ig Nobel.
Assim que vi que o post tratava de uma pesquisa real e publicada pensei "IgNobel!" =)
Eu seguro a caneca por cima, pela borda, e deixo o braço relaxar, formando um pêndulo natural que se opõe ao movimento do resto do corpo.
Mas, como essa técnica é de difícil execução num utensílio quente, eu coloquei uma cadeira ao lado da minha cafeteira.